Capítulo 05

Maria West

E Matteo Ricci parecia ser um homem de poucos amigos. Pela postura ser misteriosa, como se guardasse um grande segredo; perigoso e desafiador.

— A empresa que garantia o programa de bolsa foi incorporada a outra e o novo proprietário ainda não se pronunciou quanto ao programa. E pelo andar da carruagem, será cancelado.

— Muito bem… Preciso de uma secretária para ajudar a Martha, ela está sobrecarregada. — Ele se encostou contra a cadeira, me olhando intensamente e me deixando consternada — E para essa vaga, o que preciso é de alguém que ajude tanto com os trabalhos organizados aqui, mas principalmente com meus trabalhos pessoais, que não envolvam exclusivamente a empresa. Você está disponível para viagens?

— Que tipos de viagens, senhor? Como já falei, minha condição final…

— A empresa bancará qualquer custo durante suas viagens. Juntamente com seus honorários, então não se preocupe com isso, senhorita West. — Antes que eu possa falar algo, ele continuou: — Está disposta a cumprir regras rígidas e trabalhar sob pressão? — Descansou a caneta sobre papelada, juntando as mãos sobre a mesa e a forma com que ele olha para mim, me faz esquentar. E de repente comecei a suar. Seus olhos verdes se prenderam nos meus, assim como fazia todas às vezes que a intensidade se apropriava de nós dois. Ele me encarou e eu o encarei de volta. Não é normal essa atração fatal que sinto por esse homem.

O senhor Ricci tinha um sorriso lascivo em seu rosto e me contive para segurar um gemido. 

O que está acontecendo comigo?

O gostoso… quer dizer, o senhor Ricci pigarreou esperando minha resposta para uma pergunta que eu mal escutei.

— Desculpe, o senhor me perguntou alguma coisa?

Sorriu.

— Perguntei se a senhorita estaria pronta para me satisfazer… — A pausa em sua fala me fez perder o ar.

— O-o quê?

— Sou caprichoso nas coisas que faço, senhorita West. Gosto que seja pontual, metódica e extremamente profissional. Não aceito envolvimentos entre funcionários. E que esteja disponível quando eu precisar. Então, a senhorita topa?

— É claro — respondi toda empolgada.

— Pois bem, a senhorita está contratada.

— Ah, meu Deus! — Sorri e ele imitou meus gestos. Quando se levantou, veio até mim e se aproximou estendendo a mão para me ajudar a levantar. 

O perfume dele envolveu tudo ao meu redor, e sem conseguir me conter, respirei profundamente. Ele abaixou seu rosto, próximo ao meu, mas não tão próximo ao ponto de ser um decoro. Seus olhos percorreram meu rosto e pararam em minha boca, não me contive e os umedeci com a língua, vendo seu pomo de Adão se mover. 

Por fim, ouvimos as batidas na porta atrás de nós e nos afastamos rapidamente um do outro. Ele voltou para trás de sua mesa, enquanto vi o meu tutor entrar. 

— Maria, o que faz aqui?

— A senhorita West é minha nova secretária, Romeo. 

— Ah, que bom. Ela é uma ótima aluna. — Fiquei sem graça e senti minhas bochechas ficarem vermelhas. Quando desviei meus olhos do meu tutor, a carranca que estava no rosto de Matteo me desconcertou.

— Obrigada, professor — agradeci depois de alguns segundos constrangedores. 

— Por favor, Maria —  Ele tocou gentilmente meu braço — Pode me chamar de Romeo, afinal seremos colegas de trabalho agora.  

Concordei com um gesto de cabeça. 

— Pois bem, senhorita West, Martha entrará em contato informando todos os documentos de admissão. Por enquanto é somente isso, a senhorita já está dispensada. 

— Obrigada, Senhor Ricci. 

Me despedi dos dois homens e saí da entrevista super feliz porque  agora vou conseguir guardar dinheiro para finalizar o meu curso e a oportunidade de estagiar na Ricci Law me abrirá muitas portas.

Matteo Ricci

Dar aula para universitários só me provou que eu nunca teria paciência com alunos. Entretanto, uma aluna me chamou a atenção. 

Entre uma turma de vinte e cinco pessoas, lá estava ela parada na porta, estática, simplesmente como se tivesse visto fantasmas na sua frente. As cores de sua roupa mostravam um pouco de sua personalidade, como se ela fosse o próprio sol ao iluminar tudo ao seu redor. Olhos azuis que me tiraram do eixo. A postura inocente, que fez com que o meu pau vibrasse na calça, fato que me deixou surpreso, pois ela não faz nem um pouco meu tipo.

Ela fixou seus olhos nos meus e foi como eu tivesse sido arrebatado para outra dimensão, onde existia apenas eu e ela. 

E porra! Que conexão inexplicável era aquela?

Assim que tive sua prova em mãos, reparei em seu nome: Maria West.

Em meus sonhos, ela veio e me atormentou. Sonhei tendo ela debruçada sobre aquela mesa de sala de aula, sem me importar que outros estivessem ali e nos vissem. No sonho pude euvir seus gemidos enquanto ela gozava, mas em um certo momento em que ela olhou sobre o ombro, não era mais a jovem, mas sim a porra da minha ex, Aurora. 

 A irritação por ter sonhado com aquela vagabunda me tirou toda a probabilidade de ter um bom dia, então decidi evitar mais uma discussão sem fim com meu pai e ir direto para o escritório.

— Senhor Ricci, bom dia! — Martha saudou assim que me viu saindo do elevador.

Buongiorno, Martha.

— Vou preparar o seu café, senhor. — Martha sabe que quando chegou bem antes do meu horário é porque provavelmente não tomei café em casa.

— Obrigado! — Desabotoei meu paletó assim que entrei em minha sala, me jogando na poltrona que ficava no canto da sala. 

A voz de meu pai nunca está silenciada em minha cabeça, reiterando o tamanho da responsabilidade que tenho que assumir. Ser a porra do chefe. Cresci sendo treinado pra isso, houve um tempo em que eu estava excitado com essa ideia, mas agora, quando enfim a realidade está caindo sobre mim, eu só queria me enfiar em um buraco e sumir. 

— As pastas com os dados das candidatas estão em sua mesa. — A doce voz de Martha me trouxe de volta a realidade, juntamente com o cheiro do café que me fez sentir água na boca. 

— Certo!  

Martha se sentou ao meu lado para passar minha agenda do dia. Essa deveria ser a função da nova secretária, já que Martha trabalha mais na parte empresarial e o que estou precisando urgentemente era de uma secretária pessoal. 

— O senhor tem reunião às quatro com o comitê trabalhista para discutir os novos projetos selecionados aos novos empregadores.

— Remarque essa para a próxima sexta, por gentileza. Preciso ler mais uma vez o contrato, há algumas cláusulas que são infundadas e que tem que ser refutadas. 

— Ok! Às seis o senhor terá uma reunião para remanejar o quadro de funcionários da Gossip, a nova empresa que o senhor comprou.

— Certo. 

— Aqui estão os currículos. — Estendi o braço e peguei a pasta parda, abrindo para olhar os currículos. 

— Alguma indicação? — Sinalizei para a pasta em minhas mãos com o queixo e Martha estreitou os olhos para lembrar. Isso é quase um tique seu. 

— Tem uma candidata que gostei do perfil dela, não sei, senti uma boa aura. O Senhor sabe que sou mais ligada com esse negócio de energia. — Assenti— Candidata número quatorze.  

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