Edgar FassiniQuando o Lucca nasceu, encontrei ali a minha redenção... Recebi uma segunda chance e nem sei o porquê. Só sei que agarrei com unhas e dentes a minha nova vida ao lado da mulher que é e sempre será tudo pra mim. Rose era a minha força. Nunca conheci na vida mulher mais forte e determinada. Ainda me lembro da sua imagem ofegante, toda suja de sangue e segurando o meu filho que acabara de nascer em seus braços. No rosto era nítido o pavor que sentia, mas tinha o olhar decidido. Uma mão segurando firme a arma que destruiu de uma vez por todas o homem que nos separou por décadas.Eu chorei quando segurei o Lucca pela primeira vez nos meus braços. Definitivamente foi a melhor sensação que eu tive em anos. Ele chorava. Era tão pequenino e tão frágil. E ao mesmo tempo tão forte. O meu herdeiro. Ele e a Ana eram a imagem do nosso amor que se refletia para o mundo.Vê-lo crescer, ouvir as primeiras palavras, ensinar seus primeiros passos...Eu amo o meu filho, mas o que me irrita
Edgar Fassini— Um dia Jéssica. — A lembro. — Estarei aguardando o resultado dessa nossa conversa. Acredito que não vai querer me ver outra vez, não é? — Ela faz um não apavorado com a cabeça.Sorrio.— Imaginei que não. Tenha uma ótima noite! — Digo e saio em direção da porta.Essa foi fácil demais.***Nunca pensei que pisaria os meus pés nesse lugar um dia, mas está na hora de baixar a crista e entender que ele nasceu pra isso. Embora o príncipe tenha um reinado muito grande para assumir, ele deseja ser um plebeu. Dou de ombros. Que seja assim. Ele quer ser um bombeiro, e será um, até que se canse dessa brincadeira.Aqui de dentro do meu carro, consigo ver uma quadra de basquete, alguns homens estão se aventurando nela... Vejo o meu filho conversar e sorri para um deles. Sinto falta disso. Das nossas conversas, da amizade que tínhamos antes da nossa primeira conversa sobre quartel de bombeiros. Me lembro que no impulso da raiva gritei com ele... Disse coisas impensadas... Isso nu
Edgar Fassini—Não vai me mostrar o seu local de trabalho? — Indago, mudando de assunto. Ele me olha por um tempo.— Quer mesmo conhecer? Olha, se for só para me agradar...— Eu quero conhecer, Lucca. — O corto. Ele assente sério, mas consigo ver uma fagulha de felicidade ali.Ele sai da sua cadeira e vem até mim. Fazemos um tour rápido pelo lugar. A cozinha, uma sala de TV, como eles costumam dizer. Uma garagem… Lucca fala com um orgulho estampado do seu caminhão e da sua equipe... Lucca realmente gosta do que faz. Dá para sentir o amor, a paixão e a excitação na sua voz quando fala do quartel 101. Por fim, conheço alguns dos seus amigos. Rafael, Elahi, Dilan… desse eu não gostei muito.— Devia aparecer lá em casa para jantar. Amanhã é domingo e como sempre nos reunirmos... — Suspiro. — Sua mãe iria gostar de te ver lá. — Digo por fim.— Vou falar com Alice... — Arqueio as sobrancelhas—Alice? A coisa está séria entre vocês — retruco surpreso.Ele sorri. É um sorriso diferente. Cheio
Lucca— Boa sorte filho! — Ele diz em meio a um abraço forte.— Obrigado pai!Assisto o meu pai sair da corporação e entrar no seu carro e dali seguir o seu caminho. Solto um suspiro. Estou feliz e pela primeira vez me sinto aliviado em relação as minhas escolhas. É a primeira vez que ele vem no meu local de trabalho... E de verdade? Porra! Estou feliz pra caralho. Finalmente Edgar Fassini aceitou os meus ideais. Sorrio dando meia volta e indo direto para a sala do meu chefe. De frente para a porta de vidro fosco, dou duas batidas leves e adentro a sala. Ele me encara surpreso por trás da sua mesa.— Ocupado? — Inquiro.— Não. Já ía mesmo te chamar. Sente-se. — Pede. Eu sigo para a cadeira a sua frente e me sento segurando o envelope que Alice me deu mais cedo. Respiro fundo e penso em como começar essa conversa.— Queria falar comigo? — Pergunto diretamente.Ele assente e me encara sério.— Recebi um telefonema hoje cedo da repartição do corpo de bombeiros e fui informado de que Jéss
Lucca— Nós temos que tentar, Rafa. Nunca se sabe quando um milagre vai acontecer — ralho.— Quer ir até lá? — sugere.— Não acho que tenha alguém por lá — retruco desacreditado. — Melhor irmos, já está escurecendo.Ele assente.Entretanto, após três passos em direção ao nosso ponto de encontro, ouço uma batida forte em um metal. O Rafa e eu nos entreolhamos.— Isso foi na asa do avião, não foi? — questiona esperançoso. Sinto a habitual adrenalina percorrer o meu corpo e corremos em direção da asa do avião. Engulo em seco quando vejo uma garota de aproximadamente doze anos ainda presa ao cinto e a um dos bancos do avião. Ela não me parece nada bem. Seus olhos claros e pesados me encaram esperançosos.— Meus pais… — Ela diz quase sem forças.— Chefe, mande os paramédicos. Encontramos uma vítima viva. — Passo o rádio para o chefe— Me passe a localização, Lucca.— Lado sul da mata. Perto de uma ribanceira.— Quantas vítimas?— Uma garota de aproximadamente doze anos e... há outras pesso
— O que está insinuando? Eu não fiz isso com o Dilan! — Ela tenta explicar. Sam puxa a respiração de modo audível.— Chefe eu admito que agi pelo impulso do ciúme. Na época, o Lucca e eu estávamos envolvidos. E eu... droga, eu só fiz por ciúmes! Mas me arrependi...Sinto uma vontade louca de pegar a sua garganta de destroçá-la com as minhas próprias mãos. Puxo a respiração e desvio o meu olhar dela.— Eu me arrependi e já fui punida por isso...— Sabe que isso é caso de cadeia Samantha. — O general diz em um tom seco. Ela começa a se tremer.— Por favor! Eu faço qualquer coisa. Eu peço desculpas se for preciso. Eu juro que não sei o porquê que o Dilan fez isso, mas eu não o ajudei! Não tenho nada a ver com o incêndio. — Sam diz.Sua voz entoa um desespero, uma súplica.—Ok! — Nosso general diz olhando as horas em seu relógio de pulso. — Eles chegaram.— Avisa encarando o meu chefe que está do outro lado da mesa.— Lá fora tem uns policiais que os levarão até a delegacia. Vocês serão in
AliceMal entro em minha sala e Carla, a assessora do senhor Cristóvão Lamborghini entra sem bater. Ela olha o pequeno espaço... Os objetos sobre a minha mesa e por fim se aproxima pegando o porta-retratos que tem a foto da minha família reunida. Ela faz um cara de desdém e me olha por fim.— Alice Ávila. — Diz dando um meio sorriso. — Você caiu nas graças do chefão. — Franzo o cenho confusa com o comentário evasivo.— Vi o seu blog. Quem diria, mais de dois milhões de visualizações. — Diz para o meu espanto.Dois milhões? Isso em que? Faz pouco mais de uma hora que o olhei.Cacete!— O senhor Lamborghini deseja vê-la. — Eu Balbucio alguma coisa. E me sinto uma idiota diante dessa mulher sem palavras para lhe dizer.Puxo a respiração e me forço a dizer alguma coisa.— Claro, eu só...— Agora Ávila! — ordena com um tom seco.Merda, será que agora estou encrencada?Cristóvão Lamborghini é um mega CEO e dono da emissora de TV mais prestigiada no Brasil inteiro. O homem é uma potência n
AliceUau, definitivamente eu não esperava por isso. É uma oportunidade única na vida de uma jornalista recém-formada. Eu deveria subir um degrau de cada vez, mas ao invés disso, estou subindo confortavelmente de elevador.— Eu aceito! — Digo sem titubear. Ele sorri.Eu já disse que o sorriso dele é uma perfeição?— Perfeito! — Ele olha para Carla atrás de mim e faz um gesto para ela se aproximar.— Quero que solicite para os meus advogados um novo contrato para Alice Ávila. Veja a questão da mudança de função, salário, gratificações, horários, e mudança de sala. E peça a Henrico que venha a minha sala, antes do meio-dia. Há e prepare a minha viagem para a Irlanda, veja o horário com o piloto. — Carla assente sutilmente e sai.Minutos depois, saio da sala do meu chefe superior praticamente suspensa do chão. Entrei aqui com o rabo entre as pernas, certa de que seria demitida. No entanto, saio promovida e dona da porra toda... Pelo menos da porra toda do segundo andar.Sorrio amplamente