Lucca— Não acredito nisso! — Alice retruca frustrada, entrando no meu carro em seguida. — Esse é o quinto apartamento que visitamos e a resposta é sempre a mesma. — Ela põe o cinto de segurança e pega o jornal, fazendo mais um rabisco nele. — Mais que droga está acontecendo?Estamos a algumas horas fazendo algumas visitas aos apartamentos que ela mesma pesquisou nos classificados. Contudo, antes da visitá-los, ela ligou para os corretores marcando o horário para analisar o apartamento que estava disponível e por incrível que pareça, antes mesmo de ela chegar a olhá-lo, somos informados de que o apartamento não está mais disponível.— Eu não faço ideia — resmungo, ligando o carro para entrar no trânsito. — E se o seu pai estiver envolvido nisso? — Jogo um questionamento perigoso. Ela me encara extasiada.— Acha que o meu pai faria uma coisa dessas comigo? — Dou de ombros.— Ele é o único que não quer que você saia de casa — retruco evasivo. Ela parece ponderar as minhas palavras.— Dr
LuccaLuccaUm acidente?Mas como isso aconteceu?Me pergunto enquanto corro feito um louco pelo trânsito caótico do Rio, praticamente colado no carro de Daniel. E quando estaciono bruscamente no acostamento, encaro a poucos metros alguns cones do resgate no meio da pista, impedindo a circulação dos outros carros.Meu coração acelera violentamente e ando apressado para o local. Apavorado, levo minhas mãos a cabeça, quando vejo o seu carro destruído e virado de ponta cabeça. Alice está desacordada, suja de sangue e presa ferragens. O tal do Guto está do seu lado e em um estado bem pior do que ela. Tento aproximar-me, mas Joe me segura no lugar.— Me solta, Joe! — Faço força para me libertar. — Me deixe ir ajudá-la! — peço com desespero.— Voc&eci
AliceMomentos antes do acidente…Uma bela vista, uma sala só minha e uma deliciosa xícara de café com leite para acompanhar. Penso, apreciando o meu escritório e a sua calmaria. Na minha frente, a tela do computador mostra a imagem de Renan Backer. Um candidato exemplar que implantou mais uma causa a sua nobre campanha; crianças que sofrem abusos sexuais.Filho da puta, escroto do caralho! Xingo mentalmente e respiro fundo, bebericando mais um gole do meu café.Devo dizer que a atração pela curiosidade sempre foi algo forte em mim desde criança. E foi exatamente isso que me trouxe até aqui."Jornalista Alice Ávila, transmissora de informações." Era assim que eu me chamava quando brincava de intervistas com as minhas amigas. E agora essa coisa tornou-se bem real.Só não esperava
Alice— Ah, acho que estou perdidamente apaixonada! — Ela resfolega.— Você acha? — rio. — Você com certeza está perdidamente apaixonada e eu estou muito, muito feliz por vocês. E já tem ideia de quando será o casório? — Ela dá de ombros.— Ainda não. Mas o Léo já deixou bem claro que não quer demorar muito com isso.— Olha lá, hein? Não seja ingrata comigo. Eu quero ser a sua madrinha.— Ah, quanto a isso não tenha dúvidas. — Rimos. — Ok, vamos ao que interessa. Qual a emergência? — Ela pergunta, arrancando o meu sorriso feliz. No entanto, a encaro procurando um jeito de iniciar essa conversa.O que estou dizendo? Não existe uma maneira menos dolorosa de falar sobre esse assunto. Penso e vou direto ao ponto.— Renan Backer. — Mila
Alice— Perfeitamente entendidos— diz sério demais.— Ótimo! Agora, foco no que precisamos fazer!Observo Renan Becker tirar algumas fotos próximo de algumas faixas que carregam o tema da festa beneficente:“Diga não ao abuso sexual contra crianças e adolescentes!”Meu sangue ferve quando ele sorrir, fazendo um gesto do seu bordão.Como pode defender aquilo que ele mesmo pratica?— Olha, é o senador Mário Azevedo. Soube que ele está se reelegendo. — Guto comenta, tirando a minha atenção de cima do homem.— Vamos ver o que ele tem para dizer sobre o desvio do dinheiro público? — ralho um tanto sarcástica. — Verifique a câmera.— Relaxe, está tudo em ordem. Eu testei no caminho para cá.&mda
Alice— Que tal tirar as suas mãos de cima de mim agora, Senhor Backer? — Ele olha sutilmente ao seu redor, soltando o meu braço e ajeita o terno caro.— Escuta aqui, menina, se eu fosse você não me meteria em assuntos ao qual não foi chamada. Isso não é saudável.— Está me ameaçando, candidato? — inquiro com ousadia.— É só um aviso.— Gravou tudo, Guto? — pergunto, encarando o meu acompanhante.— Cada palavra. — Renan parece completamente aturdido agora. Contudo, ele me lança um olhar quase assassino.— Não diga que eu não te avisei! — Ele rosna, se afastando. Tira o celular do bolso e começa a falar com alguém.Solto a respiração que estava presa dentro dos meus pulmões, dispensando toda a tensão sobre mim.
Alice— Ai! Ai! — resmungo quando tento me mexer em cima da cama e quando abro os olhos, percebo que não estou no meu quarto. — Mas o que… — Fito um intravenoso na minha mão direita e fico apavorada quando percebo o gesso de canto a canto da minha perna. — Ai, droga! — resmungo outra vez quando o meu corpo reclama um movimento brusco.— Filha?— Mamãe? — Só então percebo Isabelly sentada do lado da cama estreita. E o meu pai em pé próximo de uma janela.— Que bom que você acordou, querida! — Ele diz, abraçando-me com cautela.Me pergunto o que aconteceu comigo e por que estou em um hospital… As lembranças caem como uma chuva pesada sobre a minha cabeça. Eu e Guto saindo da festa a altas horas da madrugada. Nós entramos no meu carro. Eu estava tensa. Sabia que havia cutucado Renan sem qualquer receio, que enfiei uma estaca na sua impinge. E por isso alguém estava nos perseguindo.… Quero que passe todo o material para a nuvem do meu celular.… Faça o upload para algumas contas que mant
AliceÀ tarde…— Olha você! — Cris adentra o quarto de hospital acompanhado da sua pequena família. Contudo, o seu olhar preocupado me faz sentir culpada. — Como você está, Pinga Fogo?— Bem melhor. Já não sinto mais dor de cabeça. E a Jenny?— O que você acha? — Arqueio as sobrancelhas.— O que? Não!— Sim! — Cris não segura a sua empolgação. — Aconteceu na noite passada. Por isso não vim te visitar.— Menino ou menina? — Seu sorriso se alarga. — O que você acha?— Ah meu Deus! É um menino?— E se chamará Miguel.— E a Nicole?— Está em casa com a babá e ansiosa para conhecer o irmãozinho.— Meus parabéns, Cris! — O abraço do jeito que posso.— Onde ela está? — pergunto ansiosa.— No quinto andar. Aqui mesmo no TaoVida. E se o médico liberar, posso te levar de cadeira de rodas para ir vê-la.— Sim, por favor! Quero muito ver o meu sobrinho e a minha cunhada também.Diferente do primeiro parto de Jenny e apesar do susto da noite passada. Esse foi bem mais tranquilo. Visto que foi o Cr