AliceAinda consigo sentir o hálito daquele imbecil em minha pele. Ai que ódio! Como ele pôde insinuar que eu subir aqueles degraus da minha profissão por causa da minha beleza? Eu quase morri por isso! Dei o meu sangue por isso! Enfrentei o inferno! Sou boa no que faço! Desgraçado!Bufo de modo audível.Me viro na cama e encaro o conhecido teto do meu antigo quarto. Essa é outra coisa que não sai da minha cabeça. Por que estou de volta a casa dos meus pais? Isso não faz sentido! Estou regredindo na vida profissional e na vida pessoal também!Que saco!Alguém bate à porta do meu quarto e eu olho na direção dela. A porta se abre devagar e minha mãe passa por ela com um sorriso meigo que não me convence. Em suas mãos há uma caixa de papelão. Eu me sento na cama e ela se acomoda na beira do colchão.— Acabaram de entregar. — Ela diz me estendendo o objeto.Eu a seguro e vejo os porta-retratos novos que havia levado para minha tão sonhada sala de chefe de redação. Solto um suspiro audível
AliceProcuro algo que talvez seja a cara do meu afilhado. E escolho um avião do estilo do filme infantil Relâmpago McQueen com rostinho sorridente e tudo mais, a cor azul bebê e branco e os detalhes pretos deixam o brinquedo charmoso. Acabo me empolgando e comprando outros brinquedos e uma roupinha que tenho certeza de que ela vai amar. Mas, quando estou saindo da sessão vejo um par de sapatinhos que me chamam a atenção.Sorrio e penso no Lucca. Portanto, vou em direção da vitrine da loja, mas uma louca esbarra com força em mim e eu caio no chão. Automaticamente sinto uma dor forte no meu quadril.— Você está bem, Senhora? — Uma atendente pergunta e me ajuda a levantar. Entretanto, olho ao meu redor a procura do trator desgovernado, mas não a vejo em lugar nenhum.— Estou bem. Obrigada! — sibilo, passando a mão em volta do meu quadril e vou para a vitrine.— Pronto? — Camila pergunta, quando a atendente está embalando os sapatinhos.— Pronta. Ai! — Solto um gemido dolorido.— O que f
AliceMas é quando o beijo para que a minha ficha realmente cai.Definitivamente há algo acontecendo e eu preciso saber o que é. Não estou gostando de estar de volta a casa dos meus pais. Tão pouco de tê-lo distante de mim assim... Quer dizer, eu sei que o seu trabalho também toma muito do seu tempo. Mas até nas folgas?— Lucca? — O chamo baixinho, acariciando a sua nuca.— Hum?— A gente precisa conversar.— Eu sei. — Diz baixinho. — Me afasto e o olho bem nos olhos.— Preciso de um banho rápido e quando voltar, quero que me diga o que está acontecendo, ok? — Pergunto carinhosamente.Ele apenas assente para mim. Parece cansado. Esgotado, na verdade. O olho por um tempo e pego a bolsa do chão, indo direto para o banheiro. Ligo o chuveiro e antes de entrar na água na morna, ponho uma toca protegendo os meus cabelos. O banho é rápido e quando termino, me seco e vou até a bolsa que está sobre uma cadeira. Quando me curvo para a abrir a bolsa, sinto um leve incômodo no meu quadril. Eu olh
AliceO julgamento de Renan Backer. Primeira parte.Vocês já entraram em um tribunal federal antes? Eu não, mas, aqui estou eu. E para a minha felicidade, não estou sozinha. A Camila e a Adriana estão me acompanhando. E é claro que o meu pai fez questão de estar presente. Devo admitir, Daniel Ávila é uma onça extremamente irritada quando se trata das suas crias. O Lucca aperta levemente a minha mão e eu desperto. A nossa frente o juiz adentra o salão e todos ficamos de pé... É algo automático e quando ele se senta nos concede o direito de fazer o mesmo.O julgamento em si não é aberto ao público. O que eu acho estupidamente hipócrita, já que o homem julgado ali, feriu a população acima de tudo. Um julgamento longo, cansativo, arrastado. Primeiro os delatores são ouvidos. E Deus do céu! Se eu fosse o juiz desse tribunal, mandaria decepar as mãos dos infelizes. Você não faz ideia. Vai muito, muito além dos papéis que eu entregue nas mãos do promotor de justiça. Em algum momento Lucca p
Julgamento do Renan Backer - Segunda parte.Tenho notado o Lucca mais estressado ultimamente. Ele quase não para em casa e quando chega, passa horas trancado no escritório do meu pai. No último incêndio ele perdeu mais um integrante da corporação. Saio do banheiro e noto que ele já não está mais no quarto. Eu não sei dizer como me sinto em relação a isso. É frustrante não poder ajudá-lo. Não saber o que fazer.Poxa, ele está sempre vindo em meu socorro. Está sempre me ajudando. E quando é a minha vez de retribuir, estou de mãos atadas. Pego a minha bolsa que está sobre o pequeno divã cor de rosa que fica ao pé da cama para ir ao fórum. Hoje é o segundo dia do julgamento de Renan Backer. Mas antes de sair, pego o meu MacBook e abro o meu blog. Um amplo sorriso se espalha pelo meu rosto quando vejo que as visualizações subiram de milhões para bilhões.Ah sim. não pude deixar de por lá algo nada sutil sobre o julgamento do dia anterior. Os, meus seguidores precisam saber o que está acont
— Cristóvão Lamborghini é o único herdeiro das infinitas empresas Lamborghini. Jovem de 35 anos, multimilionário, que só está tomando conta de um jornalzinho aqui no Rio e eu nem sei o porquê, pois é a única empresa pequena quantidade e o pai tinha e que digo de passagem, que ele amava e que até cinco meses atrás o filho pensava em vender.Me engasgo com a bebida sem álcool.— Como assim, pensava em vender? — Ela me encara com desdém.— Alice, não seja ingênua. Cristóvão nunca teve interesse no jornal. As empresas que o pai deixou para ele são grandes potências. É claro que esse jornal não gera lucro para ele. Não o lucro que ele está acostumado a ter.— Eu não entendo. Ele me falou tão bem do jornal e dos sonhos do pai que queria continuar, e tudo mais. — Paro de falar quando ela arqueia as lindas sobrancelhas de modo irônico para mim.— Deixe-me adivinhar? Eu fui ingênua — resmungo demasiadamente chateada. Logo eu que sou tão esperta! Lamento mentalmente.— Não fique chateada. Você
Lucca— Precisamos de você aqui na corporação o quanto antes.— Por quê? O que houve?— Recebemos uma mensagem, mas está criptografada, não conseguimos abri-la.— E porque acham que eu…— Porque ela tem o seu nome Lucca. — Meu chefe responde à pergunta que eu nem terminei de fazer.Olho para trás. Para Alice sentada ao lado da melhor amiga assistindo o julgamento Becker. Droga, não é uma boa hora! Não queria deixá-la sozinha.— Tudo bem. Eu chego em vinte minutos.Volto para perto de Alice e aviso que preciso ir. Saio do fórum em seguida e entro no meu carro dirigindo como um louco pelo asfalto. Disse que chegaria em vinte minutos, o que é quase impossível, porque eu estou do outro lado da cidade. O trânsito a essa hora ajuda muito. Paro o carro na frente da corporação com quase dez minutos de atraso. E quando adentro a sala do meu chefe, ele me mostra a tela do computador. Olho a tela, mas simplesmente não sei o que fazer. Tento algumas senhas que tem a ver comigo. Tipo, o número do
— Não escuto os batimentos cardíacos — falo, verificando a mulher desacordada. — Rafa, peça os paramédicos. Eu vou fazer algumas compressões.Levo as mãos uma sobre a outra ao peito da mulher e faço força pressionando o seu tórax, sempre contando até dez e paro para força uma respiração boca a boca. Mais compressões. Mais respiração boca a boca e outra sequência de compressões. Ela puxa a respiração com força.— Precisamos levá-la! — Digo.Com a ajuda dos homens, os paramédicos finalmente adentram o freezer, eles a põe sobre uma prancha e a leva para fora do prédio.— Atenção, parem o que estão fazendo agora e saiam agora! — Ouço a ordem pelo rádio. Contudo, ainda tem muita gente para resgatar e não posso deixá-los para trás.— Ok, temos cinco bombeiros aqui. Formem uma fila única. Dois bombeiros irão na frente da fila. Mais um no meio e dois no final. As chamas com certeza são assustadoras, mas quero que confiem em nós ok? — Peço para as pessoas, que assentem formando a fila imediata