Boa Leitura
“A luz fraca da lua invadiu o quarto escuro através das cortinas semiabertas. Ele entrou silenciosamente, passos leves no chão de madeira, aproximando-se da cama onde ela dormia tranquilamente. Um brilho frio refletiu na lâmina enquanto ele a levantava, hesitando apenas por um momento.— Por quê, Matthew? — Ela sussurrou, olhos ainda meio fechados, reconhecendo a sombra familiar.— Eu não tenho escolha, Clara — respondeu ele, sua voz carregada de tristeza.”⚜️Darío já tinha visto muitas coisas em sua vida, mas aquilo o assombraria por longos dias, a mulher esfaqueada na cama, porém, como nas outras cenas, tudo era perfeitamente arrumado, perfeitamente controlado e nada estava desordenado.April se aproximou e como se fosse em uma conversa silenciosa, eles sabiam que aquele era o verdadeiro assassino que como sempre, deixava a página um pouco escondida, porém que hora ou outra seria encontrada.— Já podemos chamar o Huang ou vamos encontrar com ele na delegacia? — James perguntou se ap
— O corpo já está no necrotério? — Dominic ouviu Hayden conversar ao telefone — ok... já estou indo!O médico desligou o telefone e suspirou parecendo cansando, ainda sem camisa, suas costas tinham marcas das unhas de Dominic, o mais novo sorriu ao se lembrar da noite maravilhosa que tiveram depois do primeiro banho que tomaram. O mais velho se virou para Dominic e o viu de olhos abertos.— Você tem que trabalhar! — Dominic sorriu quando viu o outro concordar.— Mas, tenho uma hora para tomar o café da manhã que eu preparei para nós! — Ele sorriu ficando de pé e estendendo a mão para o outro que a pegou para usar como apoio e se sentar — vou te esperar lá embaixo!Dominic se levantou e caminhou até o banheiro, ele se olhou no espelho e viu seu pescoço repleto de marcas, assim como seu tronco e coxas.O escritor se apressou em usar o banheiro e lavar o rosto e escovar os dentes com a escova que o mais velho o deu na noite anterior, saindo do banheiro e usando apenas uma calça de moletom
Aaron tateou seus bolsos até pegar seu celular e com certo pesar, escrever uma menagem para Dominic, sabendo que não poderia vê-lo por pelo menos três dias.Eu:Oi, garoto, sinto muito, mas vou ter que cancelar nosso jantar... eu estou muito ocupado e agora conseguir ficar mais ocupado ainda por pelo menos três dias. Me desculpe! Garoto: Que pena, queria te ver ☹Posso te ver na sua casa ou você quer ficar sozinho? Eu:Me espera em casa, vou te passar o código da garagem e você pode ficar à vontade! Devo dormir com você... até de noite, garoto! Garoto:Até 😊Aaron guardou o telefone com um pequeno sorriso nos lábios.— Que sorriso é esse? — Kyan, irmão mais novo de Aaron perguntou parado em sua porta.Aaron estava em seu escritório na sede do FBI, era comum ele esbarrar com seu irmão pelos corredores, Kyan era um AES agente especial sênior, recém promovido, diferente de Aaron, Kyan era parecido com sua mãe e tinha poucos traços orientais, seus olhos verdes-água eram marcantes e s
— Vou adorar comer com você — Aaron sorriu — mas eu quero muito tomar um banho!— Vai lá, vou arrumar a mesa para nós dois... vinho? — Dominic sugeriu e recebeu um olhar repreensivo.— Não pode misturar sues remédios com álcool! — O lembrou, vendo o mais novo sorrir sem graça.— Então, eu ainda não comecei a tomar porque quero beber vinho com você, não hoje..., mas, outro dia, sabe? — O mais novo sorriu vendo o outro negar com um manear.— Você não tem jeito, não é?— Só uma noite, hum? — Dominic sorriu quando o outro concordou se afastando — alguma novidade no caso... — Dominic tentou arrancar o mínimo de informações.— Sim! Suspeito que esse assassino está agindo bem antes de você escrever ou apenas pensar nisso! Acho que ele não tem os autores como alvo, só mistura literatura e realidade, usa isso como inspiração! Você até então, não é um alvo! — Aaron contou, vendo Dominic arregalar os olhos.— Isso me deixa mais assustado, porém aliviado! — Brincou.Aaron caminhou até o banheiro
— Quantos anos? — April perguntou olhando a criança morta na beira do rio.— Não sabe? — Hayden perguntou paralisado — April, não reconheceu esse rosto?— Não... — a mulher olhou com um pouco mais de calma e forçou seu cérebro a resgatar qualquer memória que tivesse daquele doce garotinho de cabelos loiros e pele branca, traços delicados e bochechas fofas — não... ele é o—— Oliver! — James praticamente empurrou qualquer um que tentasse entrar em sua frente, caindo de joelhos diante do corpo infantil — não! Por que ele?Oliver era o garoto que a um pouco mais de um ano e meio, Darío e James visitavam no orfanato, tentando a todo custo adotar a criança que eles não tiveram chance de chamar verdadeiramente de filho, pelo menos não diante da lei, mas ambos já sentiam que aquela criança era o filho que eles sempre sonharam.— James, não pode tocar no corpo... — Hayden o lembrou com muita calma em sua voz — por favor!James ergueu seus olhos negros em direção ao amigo, vendo um pesar sincer
Dominic sabia que hora ou outra enfrentaria a difícil tarefa de contar a sua família a situação que estava passando!Mas, naquele momento, ele tinha um choro não contido enquanto esperava sua mãe abrir a porta da entrada, quando sua mãe fez isso e colocou seus olhos no filho, ela rapidamente o abraçou.— Meu amor... — a mulher deixou escapar por seus lábios enquanto acariciava o cabelo castanho do mais novo — a mamãe está aqui...— É minha culpa, mãe! — Ele murmurou abraçando mais forte a mulher — é tudo minha culpa!— Por que não me conta o que está acontecendo, hum? — Ela sugeriu dando passos para dentro da casa, trazendo seu filho caçula com ela — eu estou aqui, pode levar o tempo que precisar...— Cadê o papai?— Na sala esperando você!Os dois caminharam até a sala que trazia ótimas memórias a Dominic, sua infância inteira foi ali, ele brincava com seus irmãos, brincava com seus pais, trazia amigos para aquela sala, foi ali que escreveu seu primeiro livro.A sala era simples, mas
James entrelaçou seus dedos aos do marido, a passos lentos, os dois caminharam até o elevador que por sorte se abria naquele momento.Quando o casal entrou, ambos olharam Dominic, o escritor sentiu tanta, tanta culpa que apenas pôde murmurar para eles.— Me perdoa... — pediu tentando entender em que momento que tudo aquilo aconteceu em sua vida.— Não é sua culpa, menino! — James falou antes das portas se fecharem por completo.— Abre a boca! — A voz de Aaron o trouxe de volta, fazendo o que foi mandado e sentindo o sal embaixo de sua língua, logo depois sentiu um copo de água ser colocado em sua boca e viu que foi Hayden a fazer aquilo.— Respira fundo! — Hayden aconselhou.Dominic fazia aquilo tudo, mas sua mente ainda estava nos olhos de Darío, aquele olhar tão machucado, o choro intenso, as palavras...Dominic não conseguiria esquecer daquilo!Afinal, ele concordava com ele, a culpa era sua e ele não poderia dizer nada contrário à realidade que se encontrava.Todos pensavam a mesma
DIAS DEPOISAaron tocou no ombro de Darío, vendo os olhos castanhos irem até si, James estava do outro lado do caixão, encarando Oliver que parecia estar tão em paz.Todos da delegacia estavam ali em apoio ao casal que mal disseram duas palavras desde que todo o enterro começou. Mas, Aaron e Darío eram melhores amigos, o psiquiatra seria padrino de Oliver, ele inclusive já estava planejando quais brinquedos dar ao primeiro afilhado.— Você seria um ótimo padrinho, não é? — Darío perguntou segurando -tentando- o choro.— Não faz isso com você... por favor, Oliver sabia que era amado! Não pode controlar tudo ao redor e nem o que as pessoas vão fazer! — Aaron o acalmou — não se torture!— Mas dói tanto! — Darío murmurou — tanto que não sei quando vou parar de sentir...— Não é parar de sentir, é se acostumar e aprender a viver com essa dor! — Aaron e Darío caminharam até estarem ao lado de James, o casal entrelaçou seus dedos e ficaram em silêncio, o psiquiatra viu quando Hayden se aprox