Alex— Sabia que quando você está bêbado fala mais que a boca? Teve um dia que você ficou chorando por ele aqui no balcão até aquele gostosão do seu segurança te levar daqui. — Ela apoiou seu rosto em uma mão. — Eu já vi de tudo por aqui, mas fiquei surpresa em descobrir que o meu cliente mais assíduo sofre por um homem. Inclusive, imaginei muitas coisas, algumas até excitantes.— Você é uma pervertida! — Ri antes de beber um gole da bebida.— Ah... você não faz ideia. Mas então, esse Yuki é a razão para um homem bonito e bem sucedido como você viver em um bar enchendo a cara?— Sim e não.— Que resposta confusa.— Acredite, para mim também é.— Hum...Não era mentira, Yuki era uma razão para o meu declínio, mas não era a única. O grande problema foi que eu fiquei dependente dele também, emocionalmente, assim como eu era dos meus pais. Foi por isso que adiei tanto aquela conversa, eu tinha medo de ser rejeitado, de perdê-lo, mas no fim, foi exatamente isso o que aconteceu.Acontece qu
AlexYuki tinha se formado há poucas semanas, ele não postou nada, mas os amigos e o irmão, sim. Ele estava tão lindo que quase me entreguei ao impulso de ligar. Quando vivíamos juntos eu sonhava em participar desse momento com ele, pensava no seu rosto constrangido ao ganhar um presente extravagante.Ele me desbloqueou do aplicativo de mensagens e nem acreditei quando vi, porém, não recebi nenhuma mensagem dele, por mais que eu sentisse falta e tivesse muita vontade de falar com ele, não o fiz.Yuki me apagou da sua vida, essa que é a verdade, se ele quisesse, falaria comigo. Mas se eu pensar com mais clareza, não devemos nos falar, eu preciso esquecê-lo e manter contato com ele não vai ajudar.Parei em uma foto que ele estava olhando para o mar. Não sei quem tirou, mas ele está lindo com os cabelos bagunçados pelo vento, a paisagem atrás dele em nada se comparava aos seus traços.Desliguei o celular e encarei os prédios da cidade iluminada, a bebida já não descia tão amarga, minha c
YukiDepois de um tempo, desbloqueei seu contato, mas não na intenção de falar com ele e sim de virar a página. Foi importante para mim e me esforcei muito para superar essa mágoa. Se ele viu, não sei, mas se ele falasse comigo, talvez respondesse.Não desejava o seu mal, queria que ele seguisse em frente e fosse feliz. Eu já tinha o perdoado, se não fizesse isso, não ficaria em paz. Não sei o que Alex pensa de mim hoje, não sei se lembra do pouco tempo em que estivemos juntos. Talvez lembre, afinal, segundo ele, eu fui o primeiro homem de sua vida, isso não é algo fácil de esquecer, porém até nisso eu não tinha certeza, nossa relação foi uma grande mentira, embora meus sentimentos tenham sido bem reais. Eu realmente entreguei meu coração pra ele. — Yuki, tá me ouvindo?— Sim.— Mesmo? E essa cara de paisagem?— O que você quer? — Cutuquei os legumes cozidos no pequeno recipiente com impaciência.— Quero saber se você não quer ir com a gente nesse fim de semana na churrascaria.— Pr
Yuki— Bom dia. Estou procurando por Nakamura Yuki. — A voz feminina foi audível assim que Kaito abriu a porta.A mulher parada na porta não era uma total desconhecida, eu a vi em uma foto há um ano. Era uma mulher de presença, cabelos médios ruivos e olhos azuis, uma roupa social em tons sóbrios junto com os sapatos altos. Era a imagem perfeita da elegância e riqueza.— Sou eu — respondi depois que Kaito saiu do meio da porta.— Eu me chamo Victória Langley. Gostaria de falar com você, se possível.— Bem, se me dão licença, já estava de saída. — Kaito me olhou preocupado, mas apenas assenti.— Por favor, entre — pedi a ela e fechei a porta.Observei-a tirar os sapatos e quase pedi que não os tirasse, mas estava agradecido por sua consideração e respeito pela minha casa, lhe indiquei a pantufa que poderia usar e entrei na porta que levava a sala.— Sente-se. — Indiquei o sofá.— Você deve estar estranhando a minha presença.— Bastante. Não imagino a gravidade do assunto para uma pesso
Yuki— Se era assim, por que não me contou a história certa? Ele escondeu a sua identidade também. Mesmo que no início ele não tivesse confiança, ele podia ter me dito depois, houve inúmeras oportunidades.— Eu sei, mas ele não conseguiu. Alex veio pra cá no pior dos momentos e encontrou você. Consegue imaginar o apego que ele criou? Não estou dizendo que justifica, é doentio eu sei, mas ele não consegue sair disso sozinho.— Não sei... eu o ajudei de boa vontade, abri mão do meu tempo para ajudá-lo, abri meu coração pra ele. Alex permitiu que vivêssemos uma mentira.— Vejo que ainda tem sentimentos por ele. Eu desejei realmente que desse certo entre vocês dois. Quando Alex contou que estava namorando um homem, confesso que fiquei em choque. — Sorriu um pouco constrangida. — Fiquei perdida, procurando justificativas. Então, eu pensei: "como não percebi antes? Que mãe desatenta que sou que não conseguiu perceber que seu filho também gosta de homens?". Sabe, eu fiquei frustrada. Gostari
Yuki— Yuki! — Ouvi Kaito chamar antes mesmo dele chegar na porta do meu quarto. — O que a mãe do Alex queria aqui? O que vocês conversam?— Bem vindo de volta, onii-chan. Como foi o seu dia? — Pule essa parte, Yuki. Anda, eu passei o dia inquieto, me conte o que aconteceu.Suspirei e olhei para fora, estava ali apoiado na janela há um tempo. Na verdade, não fiz outra coisa no dia a não ser pensar e já estava de noite.— Ela veio pedir para que ajudasse Alex.— O que ele tem? E o que você tem com isso?— Eu ainda não sei direito, parece que Alex está com sérios problemas psicológicos e se recusa a aceitar ajuda.— Isso não é problema seu!— Eu sei mas…— Não me diga que está pensando em aceitar? Yuki, depois de tudo!— Eu não disse que aceitei.— Até parece, eu te conheço. Seu coração é mole e você ainda gosta dele.— Kaito, eu não decidi nada. Só estou pensando.— Se Alex está com problemas, ele que resolva sozinho. O cara é adulto.— Parece que não é tão simples assim, Kaito.— E d
Yuki— Teremos que passar em um lugar antes de ir para casa, Yuki — avisou-me quando se aproximou.Concordei sentindo uma sensação ruim. Quando saímos do aeroporto um carro já nos aguardava, um senhor bem vestido com um uniforme de motorista abriu a porta do luxuoso carro preto. Eles se cumprimentaram em inglês, era um idioma que eu sabia o básico, mesmo assim, não me sentia seguro para falar. Então, quando o homem me cumprimentou eu apenas me curvei.Era um comportamento estranho em um país que costumava apertar as mãos, mas para mim, era algo extremamente respeitoso. — Você fala inglês? — Victoria perguntou assim que nos acomodamos dentro do carro. Até então eu estava confortável, ela falava muito bem o meu idioma, assim como Alex.— Um pouco.— Você poderia aproveitar a oportunidade que está aqui e melhorar isso, vai ser difícil você se comunicar se não falar nosso idioma, mas apenas se estiver confortável, é claro.— Não sei se vou demorar tanto para isso. E acho que não será nec
YukiTentei me afastar dele, mas ele não me soltou, continuou agarrado e resmungando.— Vamos levá-lo para casa. — Victoria falou baixo ao meu lado e em seguida passou algumas instruções para o segurança. Mesmo resmungando, Alex aceitou sair do abraço e apenas se apoiou para poder andar até o carro de Victoria. Foi inevitável não lembrar da vez que ele se embebedou na minha sala e precisei levá-lo até seu apartamento. Naquele dia ele já demonstrava não saber lidar com os problemas, pois foi justamente por isso que bebeu, apenas para esquecer.O caminho para a casa de Victoria foi complicado, Alex continuou agarrado, porém ficava falando besteiras no meu ouvido e até mesmo alto, além de ficar rindo. Ele ignorava completamente a presença de sua mãe dentro do carro. Eu estava constrangido e agradeci por estar escuro e ninguém ver meu rosto que provavelmente estava vermelho. Quando chegamos, saí com dificuldades de dentro do carro, bem, comparado a mim, Alex era grande e pesado. Olhei a