AlexSentia uma leve carícia nos meus cabelos, era um pouco estranho. Não conseguia abrir os olhos, queria falar, mas também não conseguia, me sentia cansado e com sono.— Espero que acorde logo… — Aquela voz era familiar. A voz masculina me acalmava… As imagens na minha cabeça estavam embaralhadas e tudo foi se apagando de novo……Abrir os olhos foi doloroso, o quarto bem iluminado incomodava mais do que devia, também havia um bip irritante que não parava, além da minha boca e garganta estarem secas, a sede era absurda. Tentei me mover, mas a dor em meu corpo foi quase insuportável, então, apenas virei a cabeça devagar, tentando ignorar a dor que estava sentindo. Havia uma poltrona grande ao lado da cama, um casaco grosso pendurado cuidadosamente no encosto e uma coberta dobrada em cima do assento. Não havia tanta coisa naquele quarto, em uma mesinha perto da janela, um vaso grande com flores, eram as minhas preferidas e aquele vaso era da coleção da minha mãe, segundo ela, uma peç
Alex— Yuki. — O chamei quebrando o silêncio daquele quarto, já era noite e eu deveria estar dormindo, mas não conseguia.— Sim, precisa de alguma coisa? — Ele tirou a atenção da tela do notebook e me olhou preocupado.— Podemos conversar?Ele ficou desconfiado, eu conhecia aquela expressão, mas fechou o notebook e puxou sua poltrona para mais perto.— Quero falar sobre nós. — Tem certeza? Nós podemos esperar você melhorar.— Acho que já passou da hora.— Tudo bem, mas não se canse. — Eu sinto muito pelo que aconteceu, gostaria que me perdoasse.— Eu já perdoei, Alex, há muito tempo.— De verdade? Ou apenas fez isso para tentar limpar seu coração?Yuki suspirou, eu sei que era um assunto desconfortável e não era simples falar disso.— Sei que minha mãe te contou sobre esse meu problema, mesmo assim, gostaria de te contar, eu devia ter feito isso desde o início.— Alex, não se esforce, nós podemos ter essa conversa em outro momento.— Aí está um erro grave que cometi, deixar para con
AlexYuki entrou no quarto de fininho, na certa achando que eu estava dormindo, pois o quarto estava com parte das luzes apagadas.— Achei que estava dormindo — disse assim que percebeu meu olhar sobre ele.— É cedo ainda. — Ajeitei-me na cama para poder olhá-lo melhor. — Pensei que não vinha hoje, aliás, não precisava, sabe que já estou bem para ficar sozinho.— Você ainda não dá conta nem de andar sozinho até o banheiro! Não pode forçar o tórax devido a fratura, fora essa perna que ainda não cicatrizou totalmente.Senti vontade de fazer o bico que sempre fazia, mas me contive.— Falando assim parece mesmo um problemão — resmunguei.— Mas é um problemão!Fiquei calado, era um exercício que vinha praticando, além disso, fazia parte do tratamento. Depois de uma conversa com a psicóloga estava me empenhando para aceitar que Yuki estava ali por sua escolha e que eu não devia me sentir culpado, eu precisava me libertar desses sentimentos. Não me faziam bem.— O que é isso? — perguntei ao
Alex— Parece um pouco complexo.— Sim, mas acho que você tem capacidade. Ela tem uma equipe grande, Yuki, trabalha com diversas coisas, você vai auxiliá-la, organizar suas demandas e em algum momento representá-la em algumas questões, apenas isso.— Esse seu apenas não se encaixa nessa frase. De qualquer forma, tenho tempo para dar uma resposta. As batidas na porta me impediram de falar, uma auxiliar entrou no quarto trazendo uma bandeja pequena.— Hora dos remédios. — Apoiou a bandeja na mesinha de apoio. — Hum, lámen… Eu já comi uma vez em um restaurante oriental e adorei. Você quem fez, Yuki?Yuki tirou a atenção da tela por um momento e confirmou, mas não deu muita atenção. Olhei a tempo de ver as bochechas coradas da mulher e tive vontade de rir, pois ela não tinha a menor chance.Terminei de engolir os comprimidos e ela saiu da sala. O controle que regulava aquela cama estava sempre do lado, então, apenas apertei o botão para que o encosto baixasse. Ainda não ia dormir, mas
Alex— Claro, na sua geladeira não tinha nada. Não sei como sobreviveu esse tempo todo.— Eu também não faço ideia. Vamos para a cozinha então, vou te dar meu apoio moral.— Você deveria ir se deitar e descansar essa perna.— Eu estava deitado há duas horas, não aguento mais. Sabia que minha bunda já murchou de tanto ficar deitado?Yuki me olhou de cima a baixo e depois desviou a atenção, certamente envergonhado dos próprios pensamentos.— Tudo bem, aceito seu apoio moral.Sorri da sua vergonha, ele ainda era adorável apesar de tudo. Yuki virou as costas e seguiu para a cozinha. Enquanto seguia atrás dele não pude deixar de observar que, ao contrário da minha, a bunda dele não tinha murchado nenhum pouco, aquela calça jeans mesmo não sendo tão colada, moldava muito bem aquela área.Certo, seria difícil me manter longe, mas iria me empenhar ao máximo. Ainda tinha um longo caminho pela frente. Três meses depois…— Entre — respondi no automático assim que escutei batidas na porta.Aque
Alex— Posso escolher por você? — perguntei tentando desviar um pouco o seu foco, mas não adiantava muito.— Escolhe.Yuki continuou me olhando enquanto eu fazia os pedidos, não posso negar que essa preocupação dele comigo me agradava, os nossos sentimentos não eram segredos entre nós.— Então? — perguntou mais uma vez assim que o garçom saiu.— Para falar a verdade, eu não sei bem porquê aconteceu, uma noite eu acordei no meio de uma crise. Eu consegui me controlar sozinho com os exercícios. De qualquer forma, a médica me alertou que isso poderia acontecer, eu passei muito tempo negligenciando o problema, então a chance de ter recaídas ainda é grande.— Por que não me ligou?— Não quis te incomodar. — Fui franco, afinal, essa era a verdade. Eu não queria continuar jogando meus problemas em cima dele.— Você sabe que não incomoda!— Não se preocupe, ficou tudo bem.— E se não tivesse ficado?Alcancei sua mão que estava em cima da mesa e fiz um breve carinho.— Mas ficou. Eu não te lig
AlexEu tinha ganhado meu dia, então iria terminar aquele trabalho burocrático com um sorriso bobo no rosto, literalmente, sim porque ele realmente estava estampado no meu rosto. Esse sorriso me acompanhou durante todo o percurso de volta para a empresa e quem passou por mim, recebeu um boa tarde sorridente.— Boa tarde, Senhor Langley. — Henry me cumprimentou da sua mesa. — O senhor está... radiante.— Que exagero, Henry. Boa tarde.— Que bom que está de bom humor pois seu pai pediu que fosse a sala de reunião assim que chegasse.— De última hora? O quê aconteceu? — Foi inevitável não desmanchar o sorriso.— Novidades no processo dos Sinclairs. O advogado já deve estar chegando.— Que ótimo — Perdi todo o encanto do encontro com Yuki. — Espero que sejam boas notícias.— Seu pai não parecia muito satisfeito.— Nada que venha daquela família nos deixa satisfeitos, Henry. Só ficaremos no dia em que nos livrarmos de vez. Bem, vou resolver isso logo, tem uma papelada na minha mesa espera
AlexAlguns minutos depois ele voltou com uma roupa confortável para ficar em casa, eram as mesmas de sempre, calça e camisa largas e pantufas.— Quer ajuda? — Yuki sentou no banco alto da ilha, bem de frente para mim, já que o fogão ficava ali embutido no balcão. Os cabelos úmidos e soltos molharam a região da gola da camisa clara, ele apenas trocou o pijama, agora vestia um conjunto com calça comprida.— Não precisa, na verdade agora é só esperar o arroz cozinhar. — Juntei o caldo temperado e o arroz na panela de pressão. — Será rápido.— Tem certeza que isso se faz na panela de pressão?— Tenho sim, na receita diz que dá certo.Yuki olhou para a panela e depois para mim. Ele não estava acreditando, mas eu estava confiante.— Pegue, tome um pouco de vinho. — Despejei um pouco de vinho branco na taça que já tinha deixado separada em cima do balcão, a minha estava ao meu lado. — Então, descansou?— Muito. Depois que cheguei em casa ainda precisei arrumar algumas coisas e demorei para