Capítulo 4

Alexander continuava a observar seu filho, Vitor, com um olhar pensativo. A ideia de casar Vitor com Daiane havia ocupado sua mente por um bom tempo. No entanto, as lembranças dos últimos momentos de Helena, sua falecida esposa e mãe de Vitor, ainda estavam frescas em sua memória.

Helena, a mulher que Alexander amava profundamente, havia feito um último pedido antes de partir: que ele cuidasse de Vitor. Naquela época, Vitor tinha apenas três anos. Como um bom marido e pai, Alexander prometeu a Helena que faria de tudo para garantir a felicidade do filho.

Após a morte de Helena, Alexander mergulhou em uma tristeza profunda, mas a promessa que fez à esposa o manteve firme. Ele se dedicou a criar Vitor, colocando a felicidade do filho acima de qualquer outra coisa. Embora desejasse que Vitor se casasse com Daiane, sabia que o reconhecimento social era menos importante do que a verdadeira felicidade de seu único filho.

Com um gesto carinhoso, Alexander colocou a mão no ombro de Vitor e, com um sorriso sincero, disse:

— Meu filho, você não precisa se casar com a Daiane. Eu sei... Eu sei que isso não é o que você quer. Não importa o quão prestigiada seja a família dela, o que realmente importa para mim é a sua felicidade.

— Sério? Isso é... Isso é incrível! — Vitor exclamou, jogando-se no sofá com um copo d'água na mão.

Alexsander se aproximou, intrigado pela felicidade incomum de Vitor.

— Vitor... Aconteceu alguma coisa quando você saiu mais cedo?

— Sim, conheci uma mulher maravilhosa! — Vitor respondeu, olhando para o endereço do hotel anotado em um pedaço de papel. — O nome dela é Catherine, mas ela é casada...

— E como você conheceu essa mulher tão rápido? — Alexsander perguntou, levantando uma sobrancelha.

— Ela bateu o carro dela no meu. O carro está lá fora, todo destruído. — Vitor admitiu, sorrindo.

— Vitor! — Alexsander disse, com um tom sério, segurando o olhar do filho. — Eu não quero que você se envolva com uma mulher casada, entendeu?

Vitor concordou e, em seguida, dirigiu-se ao banheiro. Enquanto isso, Alexander permaneceu na sala, aguardando a chegada das visitas. Ele precisava informar a Albuquerque que Vitor não se casaria mais com Daiane.

Quinze minutos depois, alguém bateu à porta. A empregada, diligente, foi atender. Ao abrir, deparou-se com o Sr. Albuquerque e sua filha, Daiane Albuquerque. Alexander os convidou a entrar e ficar à vontade.

Daiane entrou na casa, seus olhos percorrendo cada canto, ansiosa para encontrar Vitor. No entanto, ele ainda estava se arrumando para o almoço.

Albuquerque e Daiane sentaram-se, aguardando o almoço ser servido. Daiane, inquieta, não conseguia esconder sua ansiedade. Finalmente, levantou-se do sofá e, com um olhar determinado, dirigiu-se a Alexander.

— Sr. Alexander, onde está Vitor? — perguntou Daiane, sua voz carregada de expectativa.

Alexander respirou fundo, preparando-se para a difícil conversa que estava por vir.

— Ele não irá demorar.

Foi então que Vitor apareceu, e Daiane se levantou, com os olhos em direção a ele.

— Meu noivo! Você está tão lindo... — disse Daiane, quase se perdendo na beleza do rapaz.

Vitor, com uma expressão séria, deu um passo à frente.

— Que noivo? — exclamou ele, com firmeza na voz. — Eu não vou me casar com você, Daiane. O que você sente por mim é desejo, não amor!

Daiane ficou parada, e irritada ao mesmo tempo.

— Como assim? Não estou entendendo! Eu e meu pai viemos até aqui e é assim que você me trata?

Vitor respirou fundo, tentando manter a calma.

— Daiane, se eu me casasse com você, no mesmo dia você me trairia. E uma coisa que eu odeio é traição. Você mesma me disse naquele dia que tudo o que sentia por mim era desejo.

Daiane sentiu o chão desaparecer sob seus pés. As palavras de Vitor eram como facas afiadas, cortando fundo. Porém, ela sabia que tudo o que Vitor estava dizendo era verdade.

— Vitor, eu... — começou ela, mas as palavras morreram em sua garganta. Ela começou a olhar para Alexander, a qual estava um pouco bravo.

Vitor balançou a cabeça.

— Eu preciso de alguém que me ame de verdade, Daiane. E você precisa ser honesta consigo mesma sobre o que realmente sente.

— Então é verdade, Daiane? — perguntou Alexander, com a voz carregada de decepção. — Você me disse que queria um casamento sério!

— Eu... É porque ele é lindo... Mas eu não quero um casamento sério.

— Saia da minha casa, Daiane. — ordenou Alexander, firme. — Albuquerque, continuamos amigos, mas não quero mais sua filha perto do Vitor, entendeu?

— Claro, Alexander. Eu entendo. — Entendeu Albuquerque, saindo da casa com Daiane.

Albuquerque e Daiane saíram da casa, deixando Vitor para trás. Enquanto isso, um pouco mais afastada de Vitor, Catherine estava ocupada organizando os papéis do hotel. Ela sempre esperava por Miguel para o jantar, um costume que eles tinham desde a época que eles se conheceram.

No entanto, naquela noite, o relógio já marcava oito horas e Miguel ainda não havia aparecido. Catherine começou a sentir uma pontada de desconfiança. Será que ele estava com outra mulher? De fato, Miguel estava com Lília naquela noite.

Meia hora depois, Miguel finalmente chegou. Catherine, visivelmente decepcionada, o encarou.

— Miguel! — Exclamou ela. — Onde esteve esse tempo todo? E o nosso jantar?

— Desculpa, Catherine. Tive alguns problemas na empresa e acabei me atrasando — respondeu Miguel, tentando disfarçar a verdade.

Miguel tentou desfarsar e mentir para não ser descoberto.

Catherine lançou um último olhar para Miguel, seus olhos refletindo uma mistura de resignação e tristeza. Sem mais palavras, ela entrou no elevador ao lado dele, o silêncio entre eles tão pesado quanto o ar ao redor.

Ao chegarem na garagem, o brilho do carro de luxo de Miguel contrastava com a escuridão que parecia envolver os pensamentos de Catherine. Eles entraram no veículo, e Miguel, tentando quebrar o gelo, perguntou com um sorriso gentil:

— Em qual restaurante você gostaria de jantar hoje, Catherine?

Mas Catherine estava longe, perdida em pensamentos sobre o rapaz que conheceu mais cedo naquele dia. A lembrança de seu sorriso e a conversa envolvente a distraía completamente. Miguel chamou seu nome novamente, desta vez com um um pouco mais alto.

— Catherine?

Ela piscou, voltando à realidade, e respondeu de forma automática:

— Pode ser qualquer um.

Miguel estranhou a atitude distante dela. Ele conhecia bem Catherine e sabia que algo estava errado. Mesmo assim, decidiu não insistir e seguiu em direção ao restaurante que costumavam frequentar.

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