À noite, na delegacia, dentro de uma cela escura. Ademir e Beatriz estavam amarrados de costas com uma cadeira. O ambiente era úmido e escuro, quase como se as mãos desaparecessem antes de chegarem aos olhos, criando uma pressão invisível.- Sinto muito, não queria te envolver nisso. - Ademir quebrou o silêncio.- Eles dizem que você roubou algo valioso. Isso é verdade? - Beatriz indagou abruptamente.- O que você acha? – Ademir perguntou.- Não acho que você teria coragem para isso. Alguém está te incriminando? Tem algo a ver com Cobra? – Beatriz respondeu.- Cobra é apenas um peão. O verdadeiro culpado é o Sergio. - Revelou Ademir.- Sergio? Você quer dizer Sr. Sergio? - Beatriz se assustou. - Vocês pareciam se dar tão bem antes, o que aconteceu?- Nós nos desentendemos. - respondeu Ademir, impassível.- O quê? - O rosto de Beatriz mudou. – Mas você atacou o Sr. Sergio? Você enlouqueceu?- Ele começou. Eu só estava me defendendo. - Ademir se manteve sereno.- Você é tão impulsivo! -
A noite se aprofundava cada vez mais. Neste momento, do lado de fora da delegacia, Eduarda e Carlos, acompanhados dos outros integrantes da família, esperavam ansiosamente. Beatriz era a coluna vertebral da família Silva; se algo acontecesse a ela, a família entraria em decadência completa. Então, para resgatá-la, a família Silva não mediu esforços e utilizou todas as conexões possíveis.Enquanto todos aguardavam ansiosamente, um policial de repente saiu. - Irmão, como estão as coisas? Minha irmã pode ser liberada? – Carlos imediatamente se aproximou.- Carlos, eu acabei de verificar. O Chefe de Polícia Lúcio está pessoalmente encarregado deste caso. Pessoas insignificantes como eu não podem intervir. - O policial sacudiu a cabeça.- E agora? Pode pensar em outra solução? - Carlos deixou escapar uma pitada de nervosismo em sua fala.- Sim, por favor, policial! Ficaremos eternamente gratos se você puder nos ajudar! - Eduarda implorou.- Farei o que puder, mas não posso prometer nada. A
Quando o mundo externo estava em pleno tumulto, parecendo um mar revolto, o escritório do chefe da delegacia era um oásis de calmaria.- E então, Chefe Lúcio, o garoto aceitou? - Cobra imediatamente perguntou ansioso, mal tinha se acomodado na cadeira.- Aceitar ou não aceitar não é o ponto. Os criminosos que caem em minhas mãos acabam sempre cedendo. - Lúcio estava fumando um charuto, com um semblante despreocupado.- Com o Chefe Lúcio no comando, claro que não teremos problemas. Mas a noite é longa e pode tomar direcionamentos diversos, seria bom agir logo. - Cobra aconselhou.- O quê? Você está me dizendo como fazer o meu trabalho? - Lúcio lançou um olhar gelado.- De forma alguma, o problema é que aquele garoto tem alguém por trás. Se não resolvermos logo, estou receoso de que teremos problemas. - Cobra apressadamente fez uma expressão conciliadora.- Que tipo de problema poderia ter? Estou apenas cumprindo com o meu dever; além disso, quem na minha jurisdição poderia me abalar? -
Dentro do pequeno quarto escuro. Ademir e Beatriz estavam encostados um no outro, sentindo o calor mútuo de seus corpos. Desde o casamento até o divórcio, raramente tiveram um momento tão considerável como este, tão pacífico. Por um tempo, ambos estavam perdidos em pensamentos, sem saber como começar a conversa. - Você acha que vamos morrer aqui hoje? - Finalmente, Beatriz rompeu o silêncio. O ambiente sombrio e opressivo ao redor dela a fazia se sentir extremamente inquieta. E a presença ameaçadora de Lúcio apenas agravava seu desconforto. - Não fique pensando bobagens, nós definitivamente sairemos daqui sãos e salvos. - Ademir a confortou. - E se por acaso não conseguirmos sair, você tem algum último desejo? - Perguntou Beatriz, com um tom melancólico. - Não há "e se". Vamos discutir qualquer coisa depois que sairmos daqui. - Respondeu Ademir. - Estamos lidando com o Sr. Sergio. Com seus contatos e poder, será muito fácil para ele nos destruir. - Beatriz suspirou. Diante de
Ademir deu um chute e, como uma bala humana, um homem robusto que estava no chão voou violentamente contra ele. Lúcio soltou um grito agudo, caindo imediatamente no chão.- Eu te avisei para não encostar nela. - Ademir se aproximou lentamente, seu olhar era gélido e desapegado.- Garoto! Isso aqui é uma delegacia de polícia. É melhor você não fazer nada estúpido! - Lúcio ameaçou enquanto recuava.- E se eu fizer, o que vai acontecer? - Com um riso frio, Ademir pisou e quebrou a mão de Lúcio.- Seu moleque! -Lúcio gritou novamente. A dor intensa distorceu seu rosto por completo.- Ademir! Pare agora! -O rosto de Beatriz mudou drasticamente de cor. Mesmo que fossem inocentes, agir assim os tornaria verdadeiros criminosos!- Garoto, você tem noção do que acabou de fazer? Se você se render agora, ainda poderá ter uma chance de sobreviver. Caso contrário, não restará nada de você! - Lúcio ameaçou, com uma expressão distorcida no rosto.Ademir não disse nada e pisou diretamente no estômago
- Parem, agora! Acompanhado de um grito enfurecido, um grupo de capangas bem vestidos e armados com cassetetes avançou imponentemente para o local.- Quem são vocês? Como ousam invadir uma delegacia? Estão tentando se rebelar? - Lúcio inquiriu severamente. O homem estava com o estômago cheio de fúria. Só queria destroçar Ademir; qualquer um que o impedisse seria seu inimigo!- Grande autoridade você tem, Comissário Lúcio! - Ao surgir no meio da multidão, uma mulher deslumbrante, de corpo escultural e rosto belíssimo, adentrou com grande pompa.- Gabriela? - Ao reconhecer quem chegava, a ira em Lúcio se abrandou um pouco, e seu olhar se tornou mais pesado. - Ademir, você tem sorte, sua namorada veio te salvar.Beatriz, olhando para a imponente Gabriela, tinha um misto de sentimentos em seu rosto. Estava feliz e, ao mesmo tempo, um tanto relutante. Até um sorriso escapou de seu rosto. O orgulho feminino não deixava ela aceitar ajuda de Gabriela, mas a realidade era que somente essa mulh
Após proferir a última palavra, César não hesitou e puxou o gatilho. Um disparo soou e a bala atravessou a orelha de Lúcio.- Covarde! - Lúcio gritou, recuando enquanto segurava sua orelha sangrenta. Ainda assim, não parava de gritar. - Você enlouqueceu? Você realmente atirou? - Ele pensava que Cesar só queria intimidá-lo, sem imaginar que levaria a sério.- Da próxima vez, não vou mirar na orelha. Já estou avisando. - César ajustou a mira da arma, declarando friamente. - Vou perguntar mais uma vez, vai soltar ou não?!- Você...! - Lúcio tremia de medo. Ele estava realmente com receio de que César pudesse matá-lo na emoção do momento. Justo quando estava quase cedendo, um barulho soou na porta. Um idoso de cabelos grisalhos, acompanhado por uma equipe de seguranças, entrou apressadamente.- Prefeito Ruben?! – Lúcio respirou aliviado.Ao ver o Prefeito entrando, toda a delegacia ficou instantaneamente em silêncio. Esse idoso era ninguém menos que o representante máximo da cidade, realme
- “Acabou, tudo acabou!” - Quando viu Lúcio sendo preso, Cobra se sentiu como se tivesse sido atingido por um raio, seu rosto se tornou pálido como um fantasma. Desde a aparição do prefeito Ruben até a prisão de Lúcio, tudo aconteceu tão rapidamente e de forma tão abrupta que ele ainda estava um pouco atordoado. O que ele tinha certeza era que, se o prefeito Ruben estava disposto a prender seu próprio genro, ele certamente não o pouparia. O que antes parecia um sinal de esperança se transformou instantaneamente num demônio que lhe ceifaria a vida. Como o mundo é imprevisível. De uma maneira inexplicável, Cobra lançou um olhar para Ademir, que estava indiferente ao caos. O outro homem manteve a calma o tempo todo, como se já soubesse que isso aconteceria. Que tipo de pessoa era ele, que até o prefeito Ruben o temia? "Senhor Sergio, Senhor Sergio, que tipo de monstro você ofendeu?".- Prendam todos esses homens! - Com uma ordem do prefeito Ruben, Cobra e seus homens foram imediatamente