Quando o mundo externo estava em pleno tumulto, parecendo um mar revolto, o escritório do chefe da delegacia era um oásis de calmaria.- E então, Chefe Lúcio, o garoto aceitou? - Cobra imediatamente perguntou ansioso, mal tinha se acomodado na cadeira.- Aceitar ou não aceitar não é o ponto. Os criminosos que caem em minhas mãos acabam sempre cedendo. - Lúcio estava fumando um charuto, com um semblante despreocupado.- Com o Chefe Lúcio no comando, claro que não teremos problemas. Mas a noite é longa e pode tomar direcionamentos diversos, seria bom agir logo. - Cobra aconselhou.- O quê? Você está me dizendo como fazer o meu trabalho? - Lúcio lançou um olhar gelado.- De forma alguma, o problema é que aquele garoto tem alguém por trás. Se não resolvermos logo, estou receoso de que teremos problemas. - Cobra apressadamente fez uma expressão conciliadora.- Que tipo de problema poderia ter? Estou apenas cumprindo com o meu dever; além disso, quem na minha jurisdição poderia me abalar? -
Dentro do pequeno quarto escuro. Ademir e Beatriz estavam encostados um no outro, sentindo o calor mútuo de seus corpos. Desde o casamento até o divórcio, raramente tiveram um momento tão considerável como este, tão pacífico. Por um tempo, ambos estavam perdidos em pensamentos, sem saber como começar a conversa. - Você acha que vamos morrer aqui hoje? - Finalmente, Beatriz rompeu o silêncio. O ambiente sombrio e opressivo ao redor dela a fazia se sentir extremamente inquieta. E a presença ameaçadora de Lúcio apenas agravava seu desconforto. - Não fique pensando bobagens, nós definitivamente sairemos daqui sãos e salvos. - Ademir a confortou. - E se por acaso não conseguirmos sair, você tem algum último desejo? - Perguntou Beatriz, com um tom melancólico. - Não há "e se". Vamos discutir qualquer coisa depois que sairmos daqui. - Respondeu Ademir. - Estamos lidando com o Sr. Sergio. Com seus contatos e poder, será muito fácil para ele nos destruir. - Beatriz suspirou. Diante de
Ademir deu um chute e, como uma bala humana, um homem robusto que estava no chão voou violentamente contra ele. Lúcio soltou um grito agudo, caindo imediatamente no chão.- Eu te avisei para não encostar nela. - Ademir se aproximou lentamente, seu olhar era gélido e desapegado.- Garoto! Isso aqui é uma delegacia de polícia. É melhor você não fazer nada estúpido! - Lúcio ameaçou enquanto recuava.- E se eu fizer, o que vai acontecer? - Com um riso frio, Ademir pisou e quebrou a mão de Lúcio.- Seu moleque! -Lúcio gritou novamente. A dor intensa distorceu seu rosto por completo.- Ademir! Pare agora! -O rosto de Beatriz mudou drasticamente de cor. Mesmo que fossem inocentes, agir assim os tornaria verdadeiros criminosos!- Garoto, você tem noção do que acabou de fazer? Se você se render agora, ainda poderá ter uma chance de sobreviver. Caso contrário, não restará nada de você! - Lúcio ameaçou, com uma expressão distorcida no rosto.Ademir não disse nada e pisou diretamente no estômago
- Parem, agora! Acompanhado de um grito enfurecido, um grupo de capangas bem vestidos e armados com cassetetes avançou imponentemente para o local.- Quem são vocês? Como ousam invadir uma delegacia? Estão tentando se rebelar? - Lúcio inquiriu severamente. O homem estava com o estômago cheio de fúria. Só queria destroçar Ademir; qualquer um que o impedisse seria seu inimigo!- Grande autoridade você tem, Comissário Lúcio! - Ao surgir no meio da multidão, uma mulher deslumbrante, de corpo escultural e rosto belíssimo, adentrou com grande pompa.- Gabriela? - Ao reconhecer quem chegava, a ira em Lúcio se abrandou um pouco, e seu olhar se tornou mais pesado. - Ademir, você tem sorte, sua namorada veio te salvar.Beatriz, olhando para a imponente Gabriela, tinha um misto de sentimentos em seu rosto. Estava feliz e, ao mesmo tempo, um tanto relutante. Até um sorriso escapou de seu rosto. O orgulho feminino não deixava ela aceitar ajuda de Gabriela, mas a realidade era que somente essa mulh
Após proferir a última palavra, César não hesitou e puxou o gatilho. Um disparo soou e a bala atravessou a orelha de Lúcio.- Covarde! - Lúcio gritou, recuando enquanto segurava sua orelha sangrenta. Ainda assim, não parava de gritar. - Você enlouqueceu? Você realmente atirou? - Ele pensava que Cesar só queria intimidá-lo, sem imaginar que levaria a sério.- Da próxima vez, não vou mirar na orelha. Já estou avisando. - César ajustou a mira da arma, declarando friamente. - Vou perguntar mais uma vez, vai soltar ou não?!- Você...! - Lúcio tremia de medo. Ele estava realmente com receio de que César pudesse matá-lo na emoção do momento. Justo quando estava quase cedendo, um barulho soou na porta. Um idoso de cabelos grisalhos, acompanhado por uma equipe de seguranças, entrou apressadamente.- Prefeito Ruben?! – Lúcio respirou aliviado.Ao ver o Prefeito entrando, toda a delegacia ficou instantaneamente em silêncio. Esse idoso era ninguém menos que o representante máximo da cidade, realme
- “Acabou, tudo acabou!” - Quando viu Lúcio sendo preso, Cobra se sentiu como se tivesse sido atingido por um raio, seu rosto se tornou pálido como um fantasma. Desde a aparição do prefeito Ruben até a prisão de Lúcio, tudo aconteceu tão rapidamente e de forma tão abrupta que ele ainda estava um pouco atordoado. O que ele tinha certeza era que, se o prefeito Ruben estava disposto a prender seu próprio genro, ele certamente não o pouparia. O que antes parecia um sinal de esperança se transformou instantaneamente num demônio que lhe ceifaria a vida. Como o mundo é imprevisível. De uma maneira inexplicável, Cobra lançou um olhar para Ademir, que estava indiferente ao caos. O outro homem manteve a calma o tempo todo, como se já soubesse que isso aconteceria. Que tipo de pessoa era ele, que até o prefeito Ruben o temia? "Senhor Sergio, Senhor Sergio, que tipo de monstro você ofendeu?".- Prendam todos esses homens! - Com uma ordem do prefeito Ruben, Cobra e seus homens foram imediatamente
Naquele momento, dentro da mansão, Sergio conversava com um jovem vestido de forma tão requintada, a ponto de causar indignação em que visse. Atrás do jovem, estavam duas mulheres guarda-costas vestidas em uniformes de combate. As mulheres tinham espadas penduradas em suas cinturas e exibiam expressões que deixavam claro: "não somos receptivas a estranhos".- Sergio, essa tal de Pílula do Corvo Dourado que você mencionou é tão incrível assim? - O jovem requintado perguntou enquanto segurava uma xícara de café.- Sr. Jair, posso garantir, por experiência própria, que é a pura verdade! - Sergio falou com grande convicção. - Há algum tempo atrás, uma lesão interna quase me matou. Foi uma Pílula do Corvo Dourado que salvou minha vida. Não estou exagerando quando digo que é um remédio milagroso para curar ferimentos!- Palavras são apenas palavras, onde está a substância? Quero ver primeiro. - O jovem requintado estendeu a mão.- Como da Pílula do Corvo Dourado é extremamente rara, ainda nã
Um grito enfurecido explodiu como um trovão no ar sobre a propriedade.Sergio, que acabara de sair, ficou instantaneamente enfurecido ao ouvir essas palavras, não podia permitir que alguém falasse assim com ele dentro de seu terreno.- Quem é o idiota que se atreve a agir selvagemente em minha casa? - Com um ar imponente, Sergio saiu a passos largos. No entanto, ao avistar Ademir à distância, seus olhos se contraíram, mostrando alguma surpresa. - É você! Não foi você que foi preso? Como conseguiu escapar? - Ele tinha subornado Lúcio para prender o rapaz na delegacia. Normalmente, mesmo com Gabriela protegendo, ele não deveria ter conseguido sair agora.- Fui incriminado e enganado, foi você que fez isso? - Ademir perguntou friamente.- Já que você veio, deve ter encontrado a resposta. - Sergio respondeu com um sorriso. - Você adivinhou corretamente, fui eu que ordenei tudo! Mas, o erro inicial foi seu por não entender as circunstâncias. Eu te dei uma chance, mas você não valorizou. Por