A porta se abriu, revelando o rosto gentil de Túlio.Ele havia acabado de tomar banho, com o cabelo ainda pingando água, e estava sem camisa. Na parte de baixo, usava uma calça de moletom folgada, que Karina havia corrido para pegar emprestada com Lourenço.Ademir ficou olhando fixamente para ele, sem dizer nada por um longo tempo.— Sr. Ademir. — Túlio foi o primeiro a quebrar o silêncio. — Você veio aqui procurar a Karina?Assim que ele perguntou, o ar ficou tenso, com uma sensação palpável de rivalidade no ambiente.Túlio continuou:— A Karina está no banheiro.Ele sabia que suas palavras poderiam ser mal interpretadas, mas as disse de propósito, ciente de que isso mexeria com Ademir. O instinto de Túlio lhe dizia que este Sr. Ademir não era apenas um paciente de Karina; havia algo mais entre eles.Ademir permaneceu em silêncio.Apesar de a cena à sua frente ser suficiente para acender sua raiva, ele se conteve.Com uma calma distante, Ademir falou:— Onde está a Karina? Quero vê-la
Sala de reuniões do Grupo Barbosa.Júlio abriu uma pasta e a colocou diante de Ademir.O Grupo Barbosa tinha um novo projeto em andamento, e eles precisavam encontrar parceiros, mas ainda não haviam encontrado alguém adequado. Aqueles eram os nomes da segunda rodada de possíveis parceiros.Ademir deu uma olhada rápida.Corporação de Tecnologia Hutchinson, com Túlio como engenheiro-chefe.Ademir bateu os dedos levemente sobre o nome de Túlio.Júlio disse:— Ademir, embora o Túlio tenha acabado de voltar ao país, ele teve um ótimo desempenho enquanto estudava no exterior, ganhou vários prêmios. Objetivamente falando, ele é um talento profissional raro.Ademir era um homem de negócios e, além disso, um homem que não deixava dinheiro escapar, tampouco permitia que questões emocionais interferissem em suas decisões.— Certo, deixe a Corporação de Tecnologia Hutchinson seguir com o processo.À noite, Ademir saiu para beber e jantar com alguns amigos, incluindo Filipe.Ademir mencionou Túlio:
Karina não respondeu a Patrícia. Mas o coração acelerado não podia mentir para si mesma. Dizer que não sentia absolutamente nada seria uma mentira. Desde pequena, poucas pessoas haviam sido gentis com ela. E, justamente por isso, cada gesto de bondade se tornava ainda mais valioso. Ela sempre foi profundamente grata por cada sinal de gentileza, guardando-os no coração. E sempre esperava poder retribuir essas boas ações em dobro...Ao sair do Hospital J, Karina retornou à Mansão da família Barbosa. Otávio ficou muito feliz e imediatamente ligou para Ademir. Segurando a mão de Karina, disse:— Esses dias que você não estava aqui, nem sei no que o Ademir estava tão ocupado, desapareceu o tempo todo. Ainda bem que você voltou. Vamos jantar juntos esta noite.No entanto, quando Otávio ligou, Ademir respondeu:— Vô, estou ocupado com o trabalho, não vou poder voltar.— Ocupado com o quê? — O rosto de Otávio escureceu. — Por mais atarefado que esteja, você não vai parar para comer? Além di
Ademir ficou surpreso por um momento, mas respondeu:— Fui eu que mandei fazer, por que pergunta?— Obrigada. — Karina o olhou com extrema sinceridade. — De verdade, muito obrigada. Poucas pessoas foram boas comigo ao longo da vida.Ademir sentiu uma pontada no coração, uma sensação suave e eletrizante. Ele teve que fazer um grande esforço para controlar o sorriso que ameaçava escapar de seus lábios.— Mas... — Karina ainda queria dizer algo, mas seu telefone tocou.Ela atendeu apressada:— Lourenço, o casaco da minha amiga ficou aí com você? Certo. Ah, eu ainda não te agradeci por ter deixado minha amiga dormir na cama naquela noite. Estava tarde demais e chovendo muito, eu não consegui reservar um hotel para ela. Você acabou dormindo no seu escritório, né? Com certeza não dormiu bem. Eu vou te levar para jantar um dia!Enquanto falava, Karina apontou para o ponto de ônibus, indicando que estava com pressa.Depois, se virou e correu para o interior da estação.— Cuidado! Ademir não s
Hugo pulou irritado. — Quem é que tem sentimentos profundos? Não vem com essa conversa! Todos eles são só bons amigos... Os outros três ficaram sem palavras. Hugo arqueou as sobrancelhas, sorrindo despreocupado: — Com filhos, aí é que não tem nenhum... Kevin zombou sem cerimônia: — Isso é porque ele não se interessou por ninguém ainda. Se o Hugo se apaixonar, acha que vai se importar se ela tem filho ou não? Não é mesmo? — Está me zoando, é? Os dois começaram a brincar e brigar. Hugo riu: — E se for? Que diferença faz? Que época é essa que a gente vive, a vida é tão longa assim, e você acha que uma criança vai me prender? — O que você falou está certo... Mas também não está. — Filipe, que até então estava calado, se intrometeu. — O que você quer dizer com "que época é essa"? Filipe olhou para Ademir, dizendo com um tom cheio de significado: — Quando se gosta de verdade, essas coisas externas não importam. Ademir permaneceu em silêncio, os olhos carregando um m
Alguns dias depois, Túlio foi ao Grupo Barbosa. A Corporação de Tecnologia Hutchinson havia completado os processos de acordo com as exigências do Grupo Barbosa, e hoje ele tinha uma reunião marcada com Ademir. A secretária o levou até uma pequena sala de reuniões, e assim que ele se sentou, Ademir também chegou. Túlio se levantou: — Sr. Ademir. — Sr. Martins. — Ademir acenou com a cabeça e apertou sua mão. — Se sente. Sem muita conversa, eles trataram diretamente dos assuntos de negócios. Ademir ficou bastante satisfeito com as habilidades de Túlio e rapidamente decidiu formalizar o contrato. — Que tenhamos uma parceria de sucesso. — Fico muito feliz que o Sr. Ademir tenha gostado. Espero que nossa cooperação seja proveitosa. Como de costume, havia uma confraternização marcada para a noite. Ademir convidou Túlio: — Sr. Martins, que tal jantarmos juntos hoje à noite? — Agradeço muito o convite, Sr. Ademir. — Túlio recusou com um sorriso. — Não é por falta de educ
Eles chegaram um pouco antes de Karina. Kevin e Hugo já estavam por lá.Ao ver que Ademir não parava de olhar para Karina, Filipe riu e disse:— Eu sabia que não viríamos a um lugar tão longe só para cavalgar... A esposa de alguém está por aqui, né?Ademir, sem paciência para ele, deu alguns passos para frente, decidido a se aproximar.No entanto, após andar dois passos, ele parou de repente.Filipe não entendeu:— O que foi? Sua esposa está sem quarto para ficar, e você não vai fazer nada?Os lábios de Ademir se curvaram em um sorriso discreto. Ele precisaria mesmo intervir?— Karina. — Quem apareceu foi Túlio, que já havia estacionado o carro e se aproximava. — O que aconteceu?Com um biquinho nos lábios, Karina reclamou e explicou a situação para ele.— Não se preocupe, isso é um problema pequeno. — Túlio sorriu, entregando Catarino para ela. — Deixa comigo, vou resolver. Pode ficar tranquila.— Tá bom.Assim que Túlio chegou, de fato, a questão foi rapidamente resolvida.Depois de
Nesse exato momento, Karina notou que os olhos de Ademir brilharam rapidamente. Talvez fosse apenas uma ilusão dela. Mas, mesmo que houvesse apenas uma pequena chance, ela sabia que precisava dizer algumas coisas. Ademir se inclinou lentamente para mais perto dela e perguntou: — O que você tem para me dizer? Olhando para o rosto bonito de Ademir, agora tão próximo, o coração de Karina acelerou, e só depois de um tempo ela conseguiu começar a falar: — Ademir, você não deveria ser tão bom comigo. Talvez houvesse algo sutil entre eles no passado, e ela realmente se deixou levar por esse sentimento por um momento. Mas a realidade a despertou. Ademir era o namorado de Vitória, e Karina não havia se divorciado apenas para se vingar da família Costa. Porém, se apaixonar pelo Ademir só traria sofrimento a ela mesma, e isso seria uma enorme tolice! Ela não poderia cometer esse erro. — O quê? — O sorriso no rosto de Ademir desapareceu, e seus olhos escureceram. — O que vo