— Catarino, o que houve?Assim que entraram, viram que Catarino havia jogado o celular sobre a mesa.Túlio pegou o aparelho, olhou para a tela e, em seguida, mostrou para Karina.Na tela, estava claro: Catarino havia completado o jogo!Karina ficou novamente em silêncio.Por dentro, porém, sua mente estava em tumulto, incapaz de permanecer tranquila.Túlio disse:— Há uma pequena porcentagem de pacientes autistas que possuem talentos excepcionais em certas áreas. Acho que o Catarino é um desses casos.Karina levou a mão à boca, e seus olhos rapidamente se encheram de lágrimas.Ela nunca tinha imaginado algo assim.Desde que seu irmão foi diagnosticado com autismo, embora ela o incentivasse a estudar, nunca pensou em algo além disso.Agora, Karina sentia uma pontada de culpa e disse:— Se isso for verdade, será que eu atrasei o desenvolvimento do Catarino?— Não diga isso, você já fez muito por ele.Túlio conhecia Karina por tantos anos e sabia bem o quanto ela se esforçava para cuidar
O belo rosto de Ademir ficou rígido por um momento, e seus olhos estavam cheios de escárnio. Ela realmente não fez nenhuma cena! Mas seu silêncio foi muito mais impactante do que qualquer grito! Era como se tivesse levado um tapa doloroso e barulhento. Com uma voz fria e desdenhosa, o homem disse: — É só um vestido, eu vou comprar um melhor para ela. Karina deu de ombros e respondeu: — Então, estou indo. Ela se virou e começou a caminhar para dentro, sem nem ao menos se despedir de Ademir. Fixando o olhar nas costas dela, Ademir subitamente levantou a mão, querendo jogar com raiva a sacola com o vestido no chão! Mas, de repente, ele parou. "O que eu estou fazendo? Se ela não quer, então não quer. Por que eu estou tão irritado?" Ademir se virou e foi embora, dirigindo de volta para a Mansão Mission Hills. Ao chegar, ele acendeu as luzes e se sentou no sofá da sala de estar. Quando olhou para frente, viu, encostada à parede, uma das pinturas de Fábio. Sobre a me
Ademir atendeu o telefone.— Ademir. — Vitória disse. — Eu não tenho trabalho hoje à noite, minha mãe disse para você vir jantar em casa. A que horas você vai me buscar?Pela entonação, ela parecia certa de que Ademir viria buscá-la.Normalmente, Ademir teria concordado.Mas no momento, sua mente estava longe dali.— Tenho um compromisso hoje à noite, não vou poder ir. — Ademir ainda estava preocupado com seu avô. Assim que terminou de falar, desligou o telefone.Vitória segurava o celular, completamente chocada."Ele desligou na minha cara! Isso nunca aconteceu antes! Como pode ser? Com certeza é por causa da Karina! Ela está ocupando o lugar de esposa, com certeza foi ela que impediu Ademir de vir!"Vitória levantou a mão e jogou o celular com força no chão, que se quebrou em pedaços.Recordando cada palavra que Karina havia dito, Vitória cerrou os dentes de raiva."Karina, você é realmente muito cruel!"...No consultório médico.Felipe e Karina explicaram a situação em detalhes par
Em pouco tempo, Ademir concluiu os trâmites de alta, e naquela mesma noite, a família toda se mudou para a Mansão da família Barbosa.Ademir estacionou o carro e entrou na sala de estar.Otávio, já fraco e sem muita energia, foi direto para o quarto descansar assim que chegaram.Na sala, Karina conversava com o mordomo Rui.— A alimentação e os medicamentos são basicamente esses. Vamos trocar contatos no WhatsApp, e eu te envio as informações organizadas. Se você esquecer de algo, pode dar uma olhada lá.— Isso é ótimo. — Rui sorriu, assentindo várias vezes. E apontou em direção à cozinha. — Wanessa está preparando uma sopa. Karina, você poderia dar uma olhada para ver se está tudo certo?— Claro.Os dois foram juntos para a cozinha.Ademir observava em silêncio, sentindo seu semblante relaxar gradualmente.Ele suspirou internamente, pensando em como era bom ter Karina por perto nesse momento.Com o avô doente, ele imaginava que a casa estaria tomada por uma atmosfera pesada de tristez
— O Catarino teve intoxicação alimentar... — Os olhos de Karina se encheram de lágrimas, mas de repente se lembrou de que ele não conhecia Catarino. — Catarino é meu irmão!Ademir ficou surpreso. Era a primeira vez que ele ouvia falar da família de Karina. Então ela tinha um irmão.— Eu vou com você!— Não...— Como assim "não"? — Karina estava prestes a recusar, mas Ademir a interrompeu. — A essa hora, é impossível conseguir um carro na Mansão da família Barbosa! Vamos!Ademir pegou sua mão e disse:— Você não está preocupada com seu irmão?Não havia tempo a perder, e no fim Karina acabou entrando no carro com Ademir.— Me sinto muito mal por isso, tão tarde assim... Estou atrapalhando seu descanso.Ademir lançou um olhar para ela e respondeu:— Não diga isso, você já me ajudou tanto. Se eu não te ajudar agora, ainda posso ser considerado humano?— Obrigada.Karina só conseguiu agradecer....Catarino foi levado para um hospital próximo a uma clínica.Quando Karina chegou, a sala de e
O toque suave nos lábios fez os dois ficarem paralisados.Ademir se afastou apressado. Ele já havia perdido a conta de quantas vezes sentiu essa estranha compulsão de beijar Karina.Com uma leve tosse, tentou disfarçar o constrangimento.— Você não pode dizer que não está cansada. Se você não está, o bebê que está aí na sua barriga também não está?Karina baixou a cabeça, evitando o olhar dele.Ademir a colocou cuidadosamente no sofá, se virou e disse:— Então, vai dormir.Mas, na verdade, como Karina conseguiria dormir? Essa já era a segunda vez! Ele a beijou de novo! Da última vez, ele estava bêbado e confuso... E dessa vez? Karina tocou seus próprios lábios. Como poderia se deixar ser beijada pelo namorado de Vitória?Quantas vezes aquela boca já havia beijado Vitória?Foi uma noite sem sono....Na manhã seguinte, Ademir levou Karina até o hospital.Ao descerem do carro, Ademir segurou a mão dela e disse:— Daqui a pouco, vamos comprar algo para o café da manhã na lanchonete ali
Separação?Ademir sentia que eles nem sequer poderiam dizer que estiveram juntos de verdade. No entanto, ele ainda havia prometido casamento a Vitória, então assentiu com a cabeça: — Sim. No mesmo instante, o rosto de Vitória ficou pálido. — Não, eu não quero me separar... — Não tenha pressa para responder. — A voz grave de Ademir abafou suas palavras. — A realidade é que você não sabe até quando vai esperar. Uma espera longa, sem esperança. Ele se levantou, observando os olhos marejados dela. Sua voz suavizou um pouco ao dizer: — Pense bem antes de me responder. Pode ficar tranquila, mesmo que nos separemos, seus recursos continuarão os mesmos. Afinal, Ademir sabia que devia isso a Vitória. Era uma espécie de compensação por tudo o que ela passou. Ademir saiu. Vitória, enxugando as lágrimas, de repente ergueu a mão e virou a mesa com um movimento brusco. Ela lançou um olhar cheio de rancor e disse: — Karina! Eu não vou aceitar essa derrota tão facilmente! ...De
Assim que terminou de falar, Otávio continuou a encará-lo.— Falar assim... Sem nem pensar. Como você pode falar desse jeito da sua própria esposa?Ademir ficou atônito, seu olhar vacilou por um momento.— Eu não disse nada demais. — Ademir replicou, ainda confuso. — Vovô, onde ela foi?— Você está me perguntando? — Otávio disse com um sorriso malicioso. — Ela é sua esposa, não é? Ela não te contou para onde foi? Talvez seja hora de você refletir sobre si mesmo.— Refletir? — Ademir soltou uma risada fria. — Claro que eu sei, como não saberia? Ela me ligou, mas eu estava ocupado na hora e não atendi...Otávio não desviava o olhar, observando ele fixamente.Ademir, se sentindo desconfortável sob aquele olhar penetrante, finalmente cedeu:— Vovô, por que você está me olhando assim?Otávio foi direto:— Pare de fingir!Ademir ficou sem palavras.Derrotado pelo avô, ele voltou para o quarto e pegou o celular, discando o número de Karina. Entredentes, murmurou baixinho:— Tente não atender,