A fúria queimava por dentro.Ademir levantou o braço com rapidez, e, com um movimento brusco, arremessou o celular contra a parede. O aparelho se estilhaçou instantaneamente em mil pedaços. Ademir não queria ouvir o nome de Karina, não queria saber de suas notícias! Não queria receber chamadas nem mensagens dela! Tudo o que tivesse a ver com Karina, ele não queria! ... Na tarde daquela reunião, todos perceberam que o Sr. Ademir não estava com um bom humor. Embora ele fosse normalmente frio e difícil de conversar, sempre mantendo uma aparência de gentleman, hoje, desde o início da reunião, ele estava com o semblante fechado, criticando todos que se atreviam a falar. Para uns, apenas palavras cortantes; para outros, perguntas ríspidas e até mesmo xingamentos.— Sr. Ademir. O gerente do departamento de projetos, visivelmente nervoso, entregou o plano do trimestre. — Este é o cronograma para o próximo mês, por favor, revise. Ademir não disse uma palavra. Pegou a pasta e
Karina já havia se passado um longo tempo sem receber resposta de Ademir, quando decidiu enviar uma nova mensagem: [O que você está pensando? Não pode ao menos dizer alguma coisa?] No momento em que a mensagem foi enviada, Karina ficou completamente chocada. Após o texto, havia um ponto de exclamação vermelho! — O quê? Karina ficou ainda mais surpresa e irritada. Ela descobriu que foi adicionada à lista de bloqueio de Ademir! Que absurdo... Ademir estava insatisfeito, odiava Karina, mas essa situação tinha algo a ver com Otávio. Será que ele agora não se importava mais com nada? Homens... Tão egoístas e mesquinhos! Suspirando, Karina decidiu que, no fim das contas, iria ficar com Otávio. Se encontrasse Ademir, seria uma boa oportunidade para perguntar a ele se, daqui para frente, não seria mais necessário Karina fingir diante do Sr. Otávio. ...— Avô. — Karina bateu na porta e entrou com calma. — Karina, você chegou. — Otávio parecia realmente bem naquele dia;
— Que tipo de documento? Júlio pegou o papel e olhou rapidamente. Era um documento do setor do Dr. Felipe do Hospital J. Antes, por causa de Karina, o segundo irmão havia feito uma doação considerável para eles. E o fato de o projeto do Dr. Felipe ter sido aprovado também se devia ao apoio do Grupo Barbosa. O financiamento não era pago de uma só vez, e não havia nenhuma restrição quanto à possibilidade de novos aportes. Já tinha se passado um trimestre, e estava na hora de liberar a segunda parcela. Mas agora, as coisas não eram como antes. — Vou tentar, vai. — Júlio suspirou levemente, mas não podia garantir nada. Entrou na sala e colocou a pasta na frente de Ademir. — O que é isso? — Ademir deu uma olhada rápida. — Um resumo, por favor. Ele estava ocupado e não podia dar atenção a todos os documentos. Nos projetos comuns, Júlio dava uma olhada primeiro e, depois, levava para ele decidir; era um costume. — É sobre a Karina... Mal começou a falar, foi interrom
Ao sair da sala do chefe, Karina estava com o rosto marcado pela preocupação.Havia aceitado a situação com muito esforço, mas e agora?— Karina. — Não esperava que Helena ainda estivesse esperando na porta, com um gesto carinhoso, ela a segurou pelo braço. — Sua barriguinho cresceu ainda mais, tome cuidado.— Obrigada.— De nada.Cuidar de Karina era algo que Helena havia prometido ao Sr. Ademir, e, claro, ela cumpriria.Observando a expressão de Karina, parecia que ela não estava bem.Helena hesitou por um momento, então perguntou:— Karina, você e o Sr. Ademir realmente brigaram?Karina ficou parada, sem saber o que dizer, e respondeu de forma vaga:— Não diria exatamente assim.Brigar envolvia desentendimentos, mas o que aconteceu entre eles foi uma ruptura definitiva.— Não precisa negar. — Helena disse com uma expressão desconfiada, como se fosse uma detetive resolvendo um caso. — Foi por causa da Vitória, não foi? Se fosse eu, falaria que ela é uma sem-vergonha! O Sr. Ademir já
— Isso não é problema, mas você realmente precisa ir? — Wanessa, ficar aqui não é apropriado para mim. Karina insistiu, então deixou a Mansão da família Barbosa. Era tarde, e Wanessa não se sentia tranquila. Chamou o motorista da casa para levar Karina de volta. Karina não recusou, e ao retornar à Rua Francisco Antônio, não conseguiu dormir de imediato. Ela não tinha visto ninguém naquela noite, e Wanessa mencionou que Ademir não havia voltado à Mansão da família Barbosa nos últimos dias. Então, onde mais Karina poderia encontrar Ademir? Talvez na empresa de Ademir? Por mais que Ademir saísse à noite, durante o dia ele, com certeza, teria que ir ao trabalho. Karina originalmente teria folga no dia seguinte, então pensou que seria a oportunidade perfeita para dar uma passada no Grupo Barbosa. Já havia tomado sua decisão. Na manhã seguinte, Karina foi até o Grupo Barbosa. Quando chegou, eram 11 horas. Como haviam sido casados, Karina imaginou que Ademir já tivesse
Às dez da noite, no Hotel Dynasty.Karina Costa olhou para o número na porta: Suíte Presidencial 7203.“É aqui.”Seu celular vibrou com uma mensagem de Lucas Costa: [Karina, sua tia concordou. Contanto que você acompanhe bem o Sr. Francisco, eu pago imediatamente as despesas médicas do seu irmão.]Karina leu a mensagem, com uma expressão neutra em seu rosto pálido.Ela já estava entorpecida, incapaz de sentir dor.Depois que seu pai se casou novamente, ele deixou de se importar com ela e seu irmão. Durante mais de dez anos, eles foram deixados à mercê dos maus-tratos e até abusos da madrasta.Faltar roupas e comida era normal; insultos e espancamentos eram frequentes.Desta vez, devido a dívidas de negócios, eles a forçaram a dormir com um homem!Quando Karina se recusou, eles ameaçaram cortar o tratamento do irmão dela.Seu irmão tinha autismo, e o tratamento não podia ser interrompido.Mesmo os tigres, por mais ferozes que sejam, não comem seus filhotes. Lucas era pior que um animal!
Karina se apressou para voltar para casa.Um homem de meia-idade, gordo e com a cabeça semi-careca, estava sentado no sofá da sala, olhando furioso para Vitória.— Uma estrela em ascensão, eu prometi que me casaria com você! Como ousa me enganar e me deixar esperando a noite toda?Vitória aguentava a humilhação. Nem se falava que Francisco usava essa desculpa todas as vezes para se aproveitar das mulheres. Mesmo que ele estivesse realmente disposto a se casar com Vitória, isso seria uma armadilha! Quem se atreveria a se casar com ele?Vitória teve o azar de ser notada por ele.Mas seus pais, preocupados com ela, fizeram Karina substituir Vitória.Só que não esperavam que Karina fugisse na última hora!Eunice falou cuidadosamente:— Sr. Francisco, sinto muito, a menina não entende as coisas, por favor, perdoe ela.Lucas falou timidamente:— Por favor, não fique zangado.— Não ficar zangado? — Francisco disse muito irritado. — Impossível! Já que Srta. Vitória não está disposta, eu não a
— Sr. Ademir. — Francisco de repente parou de andar. No círculo comercial, todos que tinham algum status conheciam Ademir. — O que o senhor está fazendo aqui?Ademir nem olhou para ele, com os olhos fixos em Vitória, que não parava de chorar.Essa mulher era a garota que na noite passada chorava delicadamente em seus braços...De repente, ele levantou a mão e deu um tapa forte em Francisco, jogando-o no chão!Francisco imediatamente cuspiu um dente, ainda coberto de sangue.A família de Vitória estava tão assustada que nem ousava respirar.Os lábios finos de Ademir se curvaram em um sorriso sarcástico. Sua voz, indiferente, era como uma lâmina fina e afiada:— Você ousa tocar na minha pessoa?!Francisco, caído no chão, cobria a boca, falando tremulamente:— Sr. Ademir, eu não sabia que ela era sua pessoa, eu não a toquei, juro! Por favor, me perdoe!Ademir não acreditou em suas palavras e olhou para Vitória.— É verdade?Vitória balançou a cabeça, atordoada:— Não, não é...— Saia daqu