— Eu não entendo, explique melhor. As palavras já haviam saído de sua boca, e Karina falou diretamente: — Você gosta tanto da Vitória, pode tentar convencer o vovô. Se ele aceitá-la, então não precisaremos ficar juntos. No fundo, ela ainda não queria se casar com ele, dessa forma. Ademir apertou ainda mais a cintura dela com o braço. Karina sentiu a dor e franziu a testa: — Ademir? — Desculpe. — Ademir se deu conta, afrouxando um pouco, mas ainda a mantendo em seus braços. O sorriso não desapareceu, mas o tom de sua voz havia mudado: — Mas o que fazer? Não consigo convencer o vovô. Você só pode se casar comigo. Karina ficou em silêncio. Não era exatamente uma surpresa, mas ela não pôde deixar de se sentir desapontada. Não havia outra opção? Realmente não havia nem um pouco de esperança? — Karina! — A porta da sala de descanso se abriu, e Patrícia entrou animada, acompanhada de Catarino. Ademir tocou suavemente o rosto dela: — Seus bons amigos e seu irmão c
Neste momento, a única coisa que preenchia a mente de Túlio era Karina. Ele se lembrou das palavras dela. Karina disse que os problemas entre eles não tinham solução e que jamais teriam. Naquele momento, ele não acreditou nela. Túlio deu uma risada autocrítica. Karina estava certa! Seus pais jamais o deixariam em paz! E ele achava que poderia resolver a relação entre seus pais e Karina. No fim, uma mentira dos pais dele foi o suficiente para que ele a perdesse! Amanhã seria o casamento de Karina. Foi ele quem acreditou nos pais, então Karina teria que se casar com Ademir! Túlio respirou fundo e disse: — Vocês destruíram o meu amor e acabaram com a última confiança que eu tinha em vocês! Hoje, eu saio dessa casa e nunca mais volto! — Túlio... De repente, Túlio se virou e correu para fora. Assustados, Júlia e Zeca imediatamente começaram a correr atrás dele: — Túlio! Túlio! Mas como poderiam alcançar o filho jovem e veloz? Júlia caiu nos braços do mari
— Karina, Karina... A garganta de Túlio estava apertada, sem conseguir emitir som algum, incapaz de falar, apenas repetia o nome dela incessantemente. Karina ouvia em silêncio, e então disse: — Nuvem, adeus. Fez uma pausa de dois segundos antes de desligar o telefone, permanecendo em silêncio, sem dizer mais nada. Patrícia a observava discretamente. O rosto, com uma maquiagem impecável, estava seco. Karina não chorava. Por algum motivo, naquele momento, Patrícia sentiu uma pontada de pena, mas não por Karina, e sim por Túlio. Karina ergueu a cabeça e sorriu, dizendo: — Pode continuar com a maquiagem. ... O número de convidados naquele dia era grande. Ademir estava recebendo os visitantes, quando Júlio se aproximou dele por trás e sussurrou: — Ademir, o Túlio chegou, está na porta. Os seguranças o impediram de entrar. Júlio hesitou por um instante e acrescentou: — Parece que ele ligou para a Karina. O quê? Ademir ergueu uma sobrancelha e perguntou: —
Ao contrário de Ademir, Karina tinha plena consciência de que Túlio não se aproximaria mais dela. Ele nunca a forçaria a fazer algo que Karina não quisesse. Através da janela do carro, Karina compreendia o que seus olhos expressavam. Túlia expressava uma preocupação por ela De repente, Karina levantou a mão e apertou o vidro da janela. — Karina! — Ademir ficou chocado. "O que ela está fazendo?" Karina não lhe deu atenção, pois Túlio já a tinha visto. Ao encarar o olhar dele, suas pálpebras imediatamente se encheram de lágrimas. Era evidente que a expressão de Túlio também se tornou tensa. Ele murmurou: — Karina. Com os olhos marejados, Karina sorriu e assentiu com a cabeça em sua direção. Sem emitir som algum, ela disse em silêncio: — Estou bem. Túlio entendeu o recado, e seu coração doeu. Ele apenas acenou com a cabeça. Ele soube. Karina levantou a mão, acenou-lhe uma última vez e, então, desviou o olhar. Com a cabeça abaixada, sua voz soou trêmula ao
— Tábata! — Túlio baixou ainda mais o tom de voz, o que, para ele, já era um sinal de severidade. — Você não entende? Os meus assuntos não são da sua conta. Por favor, vá embora agora. Ele fez uma pausa e continuou: — E mais, de agora em diante, não venha mais me procurar. Não há necessidade de nos vermos novamente. Dizendo isso, passou por ela, caminhando em direção à porta. — Espere! — Tábata, tomada pela emoção, segurou seu braço. Túlio reagiu como se tivesse levado um choque, se afastando dela imediatamente. A expressão de Tábata ficou ainda mais desconcertada. Ela murmurou: — Por quê? Nós sempre nos demos tão bem. Foi algo que eu fiz? Eu fiz algo que te desagradou? Ao ouvir isso, Túlio estreitou os olhos. De repente, ele entendeu tudo. Como não percebeu antes? Essa Tábata, que dizia querer ser apenas uma amiga e ajudá-lo a enganar os pais, não era nada disso. Se fosse apenas uma amiga, ela não estaria com essa expressão agora! Túlio deu um sorriso amargo.
Esta noite, às vezes foi extremamente suave, outras vezes, foi bruta.No final, Karina estava tão cansada que mal conseguia manter os olhos abertos.— Karina, beba um pouco de água. — Ademir a abraçou, segurando um copo de água, e a fez beber um pouco.— Obrigada. — Ao contrário da voz de antes, agora a sua voz soava muito mais suave.Ademir sorriu e respondeu:— De nada, Sra. Barbosa.Realmente, entre marido e mulher, algumas coisas não podoam ser ditas, deveriam ser demonstradas por ações.Ademir se lembrou de algo, se levantou e foi procurar na caixa de remédios. Encontrou um creme e, puxando o cobertor, segurou o tornozelo de Karina. Ele notou que o calcanhar dela estava machucado.Ela geralmente não usava saltos altos, mas hoje, durante o casamento, mesmo grávida, usou um par durante a cerimônia. E foi isso que causou o ferimento.Ademir abriu o tubo de creme, colocou um pouco nos dedos e aplicou cuidadosamente na área machucada. O creme estava um pouco frio, o que causou uma le
— Vai para a cama?Ainda era cedo, ela poderia dormir mais um pouco.— Sim.Ele a colocou delicadamente na cama. Karina se esticou, esfregando a lombar, e não conseguiu deixar de olhar fixamente para ele, resmungando:— Tudo é culpa sua!— Sim, é tudo culpa minha. — Ademir respondeu com um sorriso, assentindo com a cabeça.Karina, irritada, disse:— Se você não vai dormir, pelo menos me ajude e massageie a minha cintura.Ela realmente foi direta nas ordens, não?Mas Ademir não se opôs. Aceitou de imediato:— Claro, eu faço a massagem. Minha técnica talvez não seja tão boa quanto a sua, mas minha força é maior que a sua.Ele colocou a palma da mão sobre a parte inferior das costas dela, aplicando uma pressão suave, e perguntou:— Assim está bom?Ademir ainda sabia o que estava fazendo. Afinal, os homens tinham uma vantagem natural quando se tratava de força física.— Está ótimo. — Karina fechou os olhos com prazer. — Assim, isso mesmo.Ela parecia uma gatinha fofa, toda relaxada.Quando
Karina e Ademir foram os últimos a chegarem.Ao entrarem, foram imediatamente alvo das provocações de Filipe e dos outros:— Não cansaram muito ontem? — Que esforço, Sra. Barbosa! — E vocês, não pensam em se casar, pretendem viver solteiros a vida toda? Os homens riam e brincavam, mas suas piadas pareciam imaturas.Karina preferiu não se envolver, se limitando a observar Catarino.Neste momento, Catarino e Otávio eram as duas figuras mais silenciosas da sala. Estavam jogando xadrez.Patrícia, em tom discreto, se aproximou e comentou com Karina:— Já estão jogando há um bom tempo. No começo, o Sr. Otávio ainda conversava com o Catarino... Ou seja, logo o silêncio tomou conta do ambiente.Por quê?Karina olhou para o rosto sério de Otávio, sentindo uma leve preocupação. A expressão do avô não estava boa, ele parecia claramente angustiado.Otávio adorava jogar xadrez, mas raramente encontrava alguém à altura. Quem diria que hoje ele enfrentaria um adversário tão inesperado, e aind