Mas rapidamente Ademir percebeu que seu avô estava falando sério! Uma dor de cabeça intensa o atingiu de súbito. Franziu o cenho e perguntou:— O que o senhor fez com a Vitória?A voz saiu alta, carregada de raiva e até de reprovação.Otávio soltou uma risada fria:— Ademir, você realmente cresceu... Desde que conheceu essa pequena celebridade, só tem me trazido aborrecimentos. Já me deixou doente a ponto de me hospitalizar várias vezes! Está tentando me matar de desgosto?Com um olhar gélido, continuou:— Criei um neto tão desobediente... E um erro que eu mesmo cometi.Ademir ficou em silêncio. As palavras do avô eram duras, difíceis de aceitar, mas era verdade que tudo mudou desde que ele conheceu Vitória...— Avô. — Ademir massageou a testa, buscando as palavras. — A Vitória está esperando um filho, e o senhor sabe disso. Eu cresci sem pai e sem mãe, não quero que meu filho passe pela mesma experiência!Otávio parou, surpreso. Então era por isso. Deveria ter imaginado! A infância in
A noite toda, Vitória mal conseguiu dormir.Ela não conseguia entender: embora Otávio não gostasse dela, ele nunca a tinha incomodado. Por que agora Otávio se tornou tão implacável? Havia, sem dúvida, uma razão para isso, não?Pensou por um longo tempo, e a única mudança recente foi a doença de Lucas. E por causa disso, ela tinha ameaçado Karina. Será que...?Vitória chegou à conclusão: certamente era por causa de Karina! Tudo se relacionava com a questão da doação de fígado!Naquele momento, ela acreditou que Karina estava sem saída e que acabaria aceitando doar parte do próprio fígado. Mas, na verdade, Vitória havia forçado Karina a seguir esse caminho!Vitória sabia que o Sr. Otávio sempre gostou muito de Karina.Conspiração!Era uma conspiração de Karina!Só podia ser Karina, usando o carinho de Otávio, que o havia feito agir daquela maneira! Era uma vingança contra ela!Sim, era isso mesmo!Vitória, tomada pelo ódio, murmurava sem parar:— Eu não vou deixar você vencer, não vou f
Desde pequena, quando foi que Vitória já havia falado com ela com um tom tão manso?Ela realmente amava Ademir.Karina respondeu com frieza:— Estou indo agora para o Colinas Verdes.E desligou o telefone.Vitória queria vê-la, então com certeza apareceria por lá.Karina semicerrava os olhos, imaginando o que poderia acontecer em breve, sentindo uma certa excitação com o pensamento.Ao sair da escola, Karina pegou o ônibus que ia para o Colinas Verdes.Chegando lá, empurrou a porta do quarto e encontrou Lucas.Ele também havia acabado de chegar; ainda segurava uma sacola que nem teve tempo de colocar no chão.Ao vê-la, Lucas ficou visivelmente sem jeito, ajustando os óculos enquanto seu olhar expressava uma profunda insegurança:— Karina, você também veio.Karina fez um leve aceno com a cabeça, o que bastou como resposta.Lucas se surpreendeu um pouco; pensava que Karina talvez não quisesse mais falar com ele. Agora, ela estava apenas um pouco distante, o que, para ele, já era bem melh
Karina pegou uma laranja, descascando ela lentamente enquanto perguntava:— Diga logo, sobre o que você quer falar comigo?— Karina. — Vitória mordeu os lábios, colocando a bolsa sobre as coxas e apertando as próprias mãos. — Quero falar sobre o Ademir.Karina assentiu e perguntou:— Esse assunto você já mencionou antes. Especificamente, o que você quer conversar?A respiração de Vitória ficou um pouco ofegante:— Quero pedir que você deixe a família Barbosa!Os movimentos de Karina ao descascar a laranja ficaram mais lentos, e ela esboçou um leve sorriso.Otávio tinha acabado de falar com ela, pedindo que voltasse para a família Barbosa, e Vitória já estava sabendo dessa conversa?Vitória reuniu coragem, encarou Karina e disse:— Você e o Ademir não têm sentimentos um pelo outro. Forçar essa relação, o que mais pode trazer além de sofrimento?A casca da laranja já estava completamente retirada.Karina pegou uma rodela, colocou ele na boca e disse calmamente:— A laranja está bem doce.
Lucas nunca imaginou que Vitória pudesse ser tão cruel!Ele a encarou, falando devagar:— Repita o que você disse à Karina agora há pouco, dessa vez para mim.Vitória ficou paralisada. Como ela poderia repetir aquilo? As palavras que dissera foram apenas para enganar Karina! Na realidade, nunca teve a intenção de cumprir sua promessa.— Pai... — Vitória hesitou, incapaz de pronunciar qualquer palavra.O semblante de Lucas ficou ainda mais frio. Ele balançou a cabeça e disse:— Na verdade, não precisa repetir. Eu estava aqui o tempo todo e ouvi muito bem o que você disse. Ouvi quando você prometeu doar seu fígado ao seu pai. É verdade, não é? Se for, apenas balance a cabeça.Vitória sentiu como se uma mão invisível apertasse sua garganta, impedindo ela de emitir qualquer som. Aquilo não era algo que ela pudesse dizer sem pensar!— Não vai falar nada? — Lucas soltou uma risada fria, segurando o braço dela com firmeza. — Então, vamos mostrar com ações. Venha agora comigo ao hospital, fare
— Irmã! — Ao ver Karina, Catarino ficou radiante.Quando Karina lhe mostrou os documentos do Instituto do País de Gales, o rosto jovem e atraente do rapaz se iluminou com uma expressão de orgulho. Ele ainda não entendia bem o quanto entrar para o Instituto do País de Gales poderia mudar sua vida. Mas ele sabia que a irmã estava feliz, e isso significava que ele havia feito a coisa certa!— O Catarino é incrível. — Karina lhe entregou uma tangerina que acabava de descascar. — A tangerina é uma recompensa por isso, mas a partir de agora, você vai fazer essas coisas sozinho.— Sim! — Catarino assentiu com um sorriso. — Eu vou fazer isso.— Coma.Enquanto observava o irmão, Karina sentia um misto de emoções. Tudo isso era graças a Otávio. Se não fosse por ele, eles teriam enfrentado mais uma série de dificuldades e não haveria essa perspectiva de um futuro promissor. Mas como ela lidaria com o pedido de Otávio?Karina não era ingênua e conhecia bem suas próprias capacidades. Ela sabi
— Não, avô... — Karina instantaneamente ficou com os olhos marejados, se lembrando do prontuário que acabava de ver. — Você vai ficar saudável, você precisa me ver me tornar uma boa médica, ver o Catarino voltando com sucesso!— Claro. — Otávio sorriu. — Não chore, seu avô vai se esforçar para viver mais tempo....Quando recebeu a ligação de Otávio, Ademir estava ocupado com o trabalho e perguntou:— Avô, aconteceu alguma coisa?— Hoje você vai buscar a Karina. — Otávio disse diretamente. — Ela não está bem fisicamente, então se lembre de ajudá-la a arrumar as coisas. Não a deixe se cansar."O quê?"Embora Otávio já tivesse mencionado isso antes, Ademir ainda não conseguia acreditar; era surpreendente que essa situação fosse real.— A Karina concordou?— Claro! — Respondeu Otávio com um suspiro. — Você conhece bem o jeito dela. Se ela não quisesse, eu poderia forçá-la?De fato, era exatamente assim.E isso tornava tudo ainda mais estranho. Por que Karina teria concordado? Teria aconte
Rui saiu, e o quarto mergulhou em um silêncio que de repente se tornou desconfortável.— Vou tomar um banho. — Karina disse, sem realmente ter planejado isso, mas se lembrando de que Wanessa lhe avisou que já havia preparado a água.— Certo. — Ademir assentiu, sem acrescentar nada.Karina deu alguns passos em direção ao banheiro, mas ele a chamou de repente:— Karina.— O que foi? — Ela se virou, surpresa.Ademir franziu as sobrancelhas, hesitando antes de perguntar, com um tom de leve desconfiança:— Por que você voltou?Ela ficou momentaneamente sem palavras. Ele parecia incomodado, embora estivesse controlando o tom.Karina respondeu com sinceridade:— Voltei por causa do avô... E por você também.O que ela queria dizer com aquilo?Ademir não entendeu. Sabia que ela tinha voltado pelo avô, mas não conseguia acreditar que ela o tivesse feito por ele...Levado por algo que nem ele compreendia, ele perguntou diretamente, com um tom que beirava o ceticismo:— Por mim? Você agora gosta t