— Certo, Ademir. Depois de desligar o telefone, Vitória se aproximou: — Ademir. Ademir apagou o cigarro distraidamente e acenou com a mão, dizendo: — Entre primeiro, aqui está com cheiro de fumaça. Grávidas não podem sentir cheiro de cigarro. — Tudo bem. Quando o cheiro se dissipou, Ademir abriu a porta e entrou, pegando a água que Vitória lhe entregou. — Ainda está se sentindo mal? — Perguntou Vitória, carinhosamente. — Um pouco. — Ademir tomou a água e se jogou no sofá. — Eu me descuidei e acabei bebendo demais. Ele apontou para a cabeça, continuando: — Estou com um pouco de dor, mas só preciso sentar um pouco e vai passar. — Deixa eu fazer uma massagem em você. — Vitória se levantou e sentou ao lado dele, arregaçando as mangas, sem lhe dar chance de recusar. — Feche os olhos, quando meu pai bebia demais, eu sempre massageava ele. Ao sentir os dedos de Vitória tocarem sua cabeça, Ademir não resistiu. — Obrigado. Vitória sorriu levemente e disse: — Por qu
De volta à festa, Ademir não sentia mais nenhum prazer em estar ali. Ele olhou para Vitória e disse: — Vamos embora, não tem mais graça. Vitória, claro, não tinha objeções, mas percebeu que ele parecia estar de mau humor. — Aconteceu alguma coisa? — Ela perguntou. — Nada. — Ademir fixou o olhar em sua barriga. — Ficar acordada até tarde não é bom para vocês dois. — Sim. — Vitória sorriu e concordou, mas por dentro estava aterrorizada. O que ela faria? Ademir parecia realmente estar dando muita importância ao bebê. Se não encontrasse uma solução logo, ela corria o risco de ser desmascarada! — O que houve? — Ademir estreitou os olhos, notando a expressão tensa dela. — Você está se sentindo mal? — Não. — Vitória disfarçou com um sorriso. — Eu só preciso ir ao banheiro. — Eu te acompanho. — Não precisa... — Precisa sim. Com a situação atual de Vitória, Ademir não se sentia confortável em deixá-la sozinha e insistiu em levá-la até a porta do banheiro. — Não ten
Ademir, de fato, parou imediatamente ao ouvir aquelas palavras, soltando ela enquanto perguntava:— Como assim dor na barriga? É grave...Antes de terminar a frase, Karina se virou e começou a andar rapidamente. — Karina! Ademir ficou desesperado e correu atrás dela, abrindo os braços e a puxando para junto de si, envolvendo ela em um abraço apertado. Karina arregalou os olhos de surpresa, sentindo seu corpo ficar rígido. Ela não teve tempo para reagir, fosse para lutar ou questionar. De repente, tudo ficou escuro. A grande mão de Ademir cobriu seus olhos, bloqueando sua visão. Ela ouviu vagamente a voz ansiosa dele: — Não olhe... — O quê? — Karina, confusa e surpresa, achou que fosse algum truque dele. Segurando a mão de Ademir, tentou afastá-la. — Me deixe ver... Como ele poderia deixá-la ver? Ademir olhava furiosamente para a frente, encarando Túlio e Tábata. Não conseguia ouvir o que eles estavam dizendo, mas viu Túlio tirando o paletó e colocando ele nos ombros d
Estava bem perto de Karina. Túlio e Tábata estavam juntos. Túlio e Tábata, sem querer, acabaram encontrando Karina de frente. — Karina. — Ao falar, Túlio demonstrava claramente seu nervosismo. Tábata olhou para ele, com um leve sorriso no rosto, e perguntou: — Essa é sua amiga? — Sim, não, quer dizer, essa é a pessoa de quem eu gosto. — Túlio assentiu e logo em seguida balançou a cabeça, se corrigindo. Sem se importar mais com o que Tábata sentiria, Túlio caminhou rapidamente até Karina, abaixando a cabeça enquanto dizia com doçura: — Está tarde... Você veio aqui por algum motivo específico? Encontrar os dois ali surpreendeu Karina, mas ela rapidamente recuperou a compostura. Karina fez um leve aceno com a cabeça: — Sim, o Dr. Felipe veio para uma reunião, e eu vim trazer alguns documentos para ele. Era exatamente o que ela havia dito ao Ademir. — Ah, entendi. — Túlio assentiu. Ao ver que ela carregava uma mochila, ele, por reflexo, estendeu a mão para pegá-
Do lado de fora, Ademir, Túlio e Tábata permaneciam em silêncio. O celular de Tábata foi o primeiro a tocar. — Mãe... Sim, já acabou, logo estarei em casa. — Ao desligar, ela olhou para Túlio. — Túlio, minha mãe está me chamando para voltar. Túlio permaneceu imóvel e em silêncio. Ele estava decidido a esperar Karina sair. Tábata, sem outra opção, disse: — Então, eu vou voltar sozinha. — Certo... Túlio assentiu levemente. De jeito nenhum ele abandonaria Karina naquele momento. Mas logo seu celular também começou a tocar. Era Júlia, sua mãe. — Mãe. — Túlio, filho, como ainda não levou a Tábata para casa? Sei que se divertiram, mas já está tarde, não voltem tão tarde assim, os pais da Tábata podem ficar preocupados. Túlio lançou um olhar para Tábata, com as sobrancelhas franzidas. Júlia continuava falando: — Já está muito tarde. Leve a Tábata para casa em segurança, está bem? Você me ouviu? Com os dentes cerrados, Túlio assentiu, relutante: — Eu entendi.
Karina não precisou dizer nada, apenas lançou um olhar de soslaio para Ademir, e ele imediatamente ficou em silêncio. Obedientemente, fechou a boca e se virou. Se ele não enxergasse, o incômodo no coração também sumiria! — Vá logo. — Karina sorriu suavemente, acenando para Túlio. — Karina. Obrigado. — Túlio assentiu. — Vou levar a Tábata de volta, e já venho te encontrar! Me promete que não vai ficar brava, nem pensar besteira! Tá bom? Karina não respondeu às palavras de Túlio e apenas disse: — Vá logo! — Certo, me espere. Antes de sair, Túlio olhou novamente para Karina, apressando o passo. Ele precisava ser rápido. Só depois de levar Tábata era que poderia voltar depressa para ver Karina. Assim que eles partiram, o silêncio tomou conta do lugar. Karina ficou olhando na direção em que Túlio havia se distanciado, como se estivesse refletindo sobre algo. — Agora já está com saudades dele? Uma voz grave soou atrás dela. Enquanto Karina olhava para Túlio, Ademi
— Vitória... Karina deixou que ela desabafasse. Porque ela entendia a raiva de ver o próprio homem com outra mulher. Mas era só isso, ela apenas compreendia. — Eu não estou perseguindo o seu namorado, realmente nos encontramos por acaso. Vitória rangeu os dentes e soltou uma risada fria, balançando a cabeça repetidamente. — É mesmo? Então me responde, por que você se recusa a ir ao tribunal de justiça assinar os papéis? — O quê? — Karina achou estranho e lançou um olhar para Ademir. — Vitória. — Ademir, se sentindo muito culpado, tentou segurá-la. — Isso não tem nada a ver com a Karina, eu que não tive tempo... — Karina. — Vitória não quis ouvir nada, seus olhos fixos em Karina, sua voz carregada de acusações. — Estou te perguntando! Você se recusa a assinar por que não quer se separar dele? Você nunca quis o divórcio, não é? Cada palavra de Vitória pressionava Karina mais e mais. — Vitória... — Vitória. — De repente, Karina apagou todo traço de sorriso em seu r
A expressão de Ademir ficou extremamente séria, e seu olhar começou a desviar. Ele não tinha como mentir para si mesmo, dizendo que não tinha mais nenhum sentimento por Karina. — Vitória, ela já foi minha esposa. Se algo acontece com ela ou se ela não está bem, eu não consigo fingir que não vejo. Você entende isso, não entende? Vitória sentiu como se o ar tivesse sido arrancado de seus pulmões. Ele era tão sincero que seria incapaz de gastar energia inventando mentiras. Ela murmurou baixinho: — E eu? — Vitória. — Ademir suspirou, visivelmente frustrado. — Eu te escolhi, e te prometi que cuidaria de você e da criança. Essa promessa não vai mudar. Essas palavras eram dirigidas a Vitória, mas ao mesmo tempo, ele também estava se lembrando de sua própria responsabilidade. — Ademir! — Vitória chorou, se lançando nos braços de Ademir. — Não me culpe! Eu estou com tanto medo! Estou realmente apavorada! Tenho medo de que um dia você de repente me diga que não me quer mais!