Karina falou com uma aparente despreocupação: — Não aconteceu nada de novo. Foi exatamente como eu imaginava: ele está com a Vitória... Ela resumiu rapidamente a conversa que teve com Ademir: — E é isso. — Como assim?! — Patrícia ficou furiosa ao ouvir aquilo. — Ele só quer quando lhe convém, e quando não quer, simplesmente descarta? Como alguém pode ser tão ruim assim? Quanto mais pensava, mais indignada Patrícia ficava: — Isso não pode ficar assim! É um absurdo! — Aonde você vai? — Karina a segurou pelo braço. — Vou atrás dele! — Patrícia respondeu, furiosa. — Só porque ele tem dinheiro acha que pode fazer o que quiser? — Patrícia. — Karina suspirou, sem forças. — Você mesma disse que ele é um homem mau. Então, por que se irritar tanto por causa de um homem desses? Para mim, isso é uma coisa boa. Finalmente estou livre, não estou? Patrícia ficou em silêncio, pensativa. Depois de um momento, ela concordou: — Acho que você tem razão. Mas, pensando mais uma vez
Talvez fosse porque já havia chorado bastante, e o momento de maior tristeza tinha passado. Olhando para a notícia, Karina pensava: "Como essa notícia foi vazada?" Ademir sempre foi muito discreto, e durante todos esses anos, as vezes em que foi exposto foram raríssimas. Quanto mais notícias relacionadas a relacionamentos, algo que nunca tinha visto. Na Cidade J, o Sr. Ademir sempre prezou por sua reputação, sendo quase um modelo para a nobreza local. Por isso, só havia uma possibilidade: essa notícia saiu com o consentimento dele. Quem ousaria desagradar o Sr. Ademir na Cidade J? Ademir queria que toda a Cidade J soubesse que a Vitória era a mulher que ele amava. Karina sorriu levemente, colocou o celular de lado e comentou: — O Ademir é mesmo romântico. Patrícia piscou e perguntou: — Karina, você está bem? — O quê? Por que eu não estaria? De repente, Karina se lembrou de algo, pegou o celular e bloqueou Ademir de sua lista de contatos. Patrícia permaneceu
— Ela é mais bonita que a Karina? Ou talvez mais gentil e carinhosa? Ademir manteve os olhos semicerrados e a cabeça baixa, sem dizer uma palavra. Ele também estava com o humor péssimo. Otávio, impaciente, batia sua bengala contra o chão, dizendo: — O que você está esperando? Tire essa notícia do ar imediatamente e faça uma declaração dizendo que você não tem nenhum envolvimento com aquela atriz! Após um momento de reflexão, Otávio acrescentou: — A propósito, a Karina já sabe disso? A Karina não costuma ler notícias, talvez ela ainda não tenha visto. Mas, se ela souber, você precisa acalmá-la direitinho. Otávio, duvidando das habilidades do neto, perguntou preocupado: — Você consegue fazer isso? Quer que o seu avô te ajude? Ademir permaneceu em silêncio, ouvindo, mas sua expressão ficava cada vez mais séria. Diante do silêncio do neto, Otávio percebeu algo: — E a Karina? Por que não a vi? Ela não estava cuidando de você? Não está com você? — Avô. — Ademir finalm
As luzes no hospital permaneciam acesas. No entanto, Ademir sentia como se estivesse envolto em completa escuridão. Karina o havia bloqueado na lista de contatos! De repente, ele se lembrou das palavras dela: não poderiam mais ser amigos, nem se encontrarem novamente, e, mesmo que se cruzassem na rua, seriam apenas estranhos. Era como se uma lâmina tivesse arrancado um pedaço de seu peito, deixando ele vazio. Ela realmente fez o que disse que faria! Ademir levantou a cabeça abruptamente e olhou para Júlio: — Júlio! — Ademir! — Ligue para a Karina. Diga a ela que o avô está doente e quer vê-la. Júlio ficou intrigado sobre por que Ademir não ligava ele mesmo, mas não fez perguntas. Imediatamente, discou o número de Karina. Do outro lado da linha, Karina atendeu: — Júlio, aconteceu alguma coisa? Ademir prendeu a respiração. Ela atendeu o telefone. Júlio lançou um olhar para Ademir e falou suavemente: — Karina, o Sr. Otávio está doente e quer vê-la. — O av
— Foi minha falta noção. Eu causei isso ao seu avô. — Vitória chorava, cheia de remorso. — O que eu devo fazer agora? Talvez eu deva fazer uma declaração, explicando tudo... — Não precisa. — Ademir suspirou e balançou a cabeça, franzindo o cenho. — O que aconteceu, aconteceu. Deixe as coisas como estão. — Deixar como estão? — Vitória ficou atônita, sem entender direito. — O que você quer dizer com isso? Ademir a encarou por um instante e respondeu calmamente: — A Karina já saiu da Mansão da família Barbosa. Vou assumir a responsabilidade por você e pela criança. Vitória estremeceu de emoção, cobrindo a boca em puro júbilo. Finalmente! — Isso é verdade? — Sim. — Ademir assentiu levemente. O estado de seu avô não estava bom, e ele não queria prolongar aquela conversa. — Mas, por enquanto, meu avô ainda não pode aceitar essa situação. Vamos esperar ele se recuperar, e então, com o tempo, o convenceremos. Com lágrimas nos olhos, Vitória assentia repetidamente. — Eu ente
Por volta das oito da noite, Karina ficou surpresa ao receber uma ligação de Enzo.— Karina. — A voz de Enzo soou direta do outro lado da linha. — Estou a caminho da Mansão Mission Hills. Você está em casa?Surpresa, Karina perguntou:— O que você está indo fazer na Mansão Mission Hills?— Foi o Ademir quem pediu. Você já arrumou todas as suas coisas na mansão da família Barbosa, e ele me mandou entregar para você.Então era isso.Karina ficou bastante aflita, porque ela não estava na Mansão Mission Hills.— Espere um pouco, eu não estou na mansão agora.— Não tem problema. — Enzo respondeu. — Posso esperar. Venha com calma, não importa a hora, eu espero.Uma garota sempre precisava voltar para casa à noite para dormir, afinal.Karina suspirou, massageando as têmporas, e disse:— Tudo bem, estou voltando agora. Quem chegar primeiro, espera o outro.— Combinado.Após desligar o telefone, Karina pegou sua bolsa e saiu apressada em direção à Mansão Mission Hills.Ela não pegou um carro, f
Enzo sorriu ao recusar:— Eu preciso voltar, o Ademir não pode ficar sozinho.— Tudo bem.— Até mais.Depois de se despedir de Enzo e fechar a porta, Karina finalmente se sentiu aliviada. Ainda bem que Enzo não aceitou o convite para entrar e beber água. Ela estava com receio de que ele percebesse algo.Karina começou a abrir as malas devagar.Era exatamente o que ela imaginava: Ademir havia colocado todas as roupas e bolsas que ele havia comprado para ela dentro das malas. Sem demonstrar emoção, Karina apenas retirou seus pertences pessoais e os guardou cuidadosamente.As coisas que Ademir lhe comprou eram todas muito caras, mas agora, depois que haviam se separado, não havia mais ocasiões para usar esses itens. Sua vida voltaria a ser simples como antes.Nesse momento, o telefone tocou.— Patrícia. — Karina atendeu com um sorriso. — Você chegou?— Abra logo a porta!Quando Karina abriu, não era só Patrícia que estava lá, ela havia trazido Simão também.Karina lançou um olhar irritad
O corpo de Karina ficou rígido, era Lucas! O que ele estava fazendo ali? Será que agora ele veio incomodar o Catarino também?Sem obter uma resposta de Catarino, Lucas começou a ficar ansioso. Ele vasculhou a sacola de lanches que trouxe e tirou um pirulito, perguntando: — Catarino, olha o que eu trouxe para você! Mas Catarino continuou ignorando ele. — Catarino... — Chega de falar! — Karina deu dois passos à frente, olhando para Lucas com um sorriso frio e tom de escárnio. — O Catarino nunca aceita nada de estranhos. — Como assim estranho? Eu sou o... — No meio da frase, Lucas parou, o rosto ficando pálido. Karina soltou uma risada amarga, decidindo esclarecer: — Quantos anos o Catarino viveu aqui? Durante todo esse tempo, quantas vezes você veio vê-lo? Para ele, você não passa de um estranho. O rosto de Lucas empalideceu ainda mais, e ele murmurou: — Sim, no passado, a culpa foi toda do papai... Karina franziu as sobrancelhas. O que Lucas estava tentando fazer