As luzes no hospital permaneciam acesas. No entanto, Ademir sentia como se estivesse envolto em completa escuridão. Karina o havia bloqueado na lista de contatos! De repente, ele se lembrou das palavras dela: não poderiam mais ser amigos, nem se encontrarem novamente, e, mesmo que se cruzassem na rua, seriam apenas estranhos. Era como se uma lâmina tivesse arrancado um pedaço de seu peito, deixando ele vazio. Ela realmente fez o que disse que faria! Ademir levantou a cabeça abruptamente e olhou para Júlio: — Júlio! — Ademir! — Ligue para a Karina. Diga a ela que o avô está doente e quer vê-la. Júlio ficou intrigado sobre por que Ademir não ligava ele mesmo, mas não fez perguntas. Imediatamente, discou o número de Karina. Do outro lado da linha, Karina atendeu: — Júlio, aconteceu alguma coisa? Ademir prendeu a respiração. Ela atendeu o telefone. Júlio lançou um olhar para Ademir e falou suavemente: — Karina, o Sr. Otávio está doente e quer vê-la. — O av
— Foi minha falta noção. Eu causei isso ao seu avô. — Vitória chorava, cheia de remorso. — O que eu devo fazer agora? Talvez eu deva fazer uma declaração, explicando tudo... — Não precisa. — Ademir suspirou e balançou a cabeça, franzindo o cenho. — O que aconteceu, aconteceu. Deixe as coisas como estão. — Deixar como estão? — Vitória ficou atônita, sem entender direito. — O que você quer dizer com isso? Ademir a encarou por um instante e respondeu calmamente: — A Karina já saiu da Mansão da família Barbosa. Vou assumir a responsabilidade por você e pela criança. Vitória estremeceu de emoção, cobrindo a boca em puro júbilo. Finalmente! — Isso é verdade? — Sim. — Ademir assentiu levemente. O estado de seu avô não estava bom, e ele não queria prolongar aquela conversa. — Mas, por enquanto, meu avô ainda não pode aceitar essa situação. Vamos esperar ele se recuperar, e então, com o tempo, o convenceremos. Com lágrimas nos olhos, Vitória assentia repetidamente. — Eu ente
Por volta das oito da noite, Karina ficou surpresa ao receber uma ligação de Enzo.— Karina. — A voz de Enzo soou direta do outro lado da linha. — Estou a caminho da Mansão Mission Hills. Você está em casa?Surpresa, Karina perguntou:— O que você está indo fazer na Mansão Mission Hills?— Foi o Ademir quem pediu. Você já arrumou todas as suas coisas na mansão da família Barbosa, e ele me mandou entregar para você.Então era isso.Karina ficou bastante aflita, porque ela não estava na Mansão Mission Hills.— Espere um pouco, eu não estou na mansão agora.— Não tem problema. — Enzo respondeu. — Posso esperar. Venha com calma, não importa a hora, eu espero.Uma garota sempre precisava voltar para casa à noite para dormir, afinal.Karina suspirou, massageando as têmporas, e disse:— Tudo bem, estou voltando agora. Quem chegar primeiro, espera o outro.— Combinado.Após desligar o telefone, Karina pegou sua bolsa e saiu apressada em direção à Mansão Mission Hills.Ela não pegou um carro, f
Enzo sorriu ao recusar:— Eu preciso voltar, o Ademir não pode ficar sozinho.— Tudo bem.— Até mais.Depois de se despedir de Enzo e fechar a porta, Karina finalmente se sentiu aliviada. Ainda bem que Enzo não aceitou o convite para entrar e beber água. Ela estava com receio de que ele percebesse algo.Karina começou a abrir as malas devagar.Era exatamente o que ela imaginava: Ademir havia colocado todas as roupas e bolsas que ele havia comprado para ela dentro das malas. Sem demonstrar emoção, Karina apenas retirou seus pertences pessoais e os guardou cuidadosamente.As coisas que Ademir lhe comprou eram todas muito caras, mas agora, depois que haviam se separado, não havia mais ocasiões para usar esses itens. Sua vida voltaria a ser simples como antes.Nesse momento, o telefone tocou.— Patrícia. — Karina atendeu com um sorriso. — Você chegou?— Abra logo a porta!Quando Karina abriu, não era só Patrícia que estava lá, ela havia trazido Simão também.Karina lançou um olhar irritad
O corpo de Karina ficou rígido, era Lucas! O que ele estava fazendo ali? Será que agora ele veio incomodar o Catarino também?Sem obter uma resposta de Catarino, Lucas começou a ficar ansioso. Ele vasculhou a sacola de lanches que trouxe e tirou um pirulito, perguntando: — Catarino, olha o que eu trouxe para você! Mas Catarino continuou ignorando ele. — Catarino... — Chega de falar! — Karina deu dois passos à frente, olhando para Lucas com um sorriso frio e tom de escárnio. — O Catarino nunca aceita nada de estranhos. — Como assim estranho? Eu sou o... — No meio da frase, Lucas parou, o rosto ficando pálido. Karina soltou uma risada amarga, decidindo esclarecer: — Quantos anos o Catarino viveu aqui? Durante todo esse tempo, quantas vezes você veio vê-lo? Para ele, você não passa de um estranho. O rosto de Lucas empalideceu ainda mais, e ele murmurou: — Sim, no passado, a culpa foi toda do papai... Karina franziu as sobrancelhas. O que Lucas estava tentando fazer
Túlio havia mentido para ela. Ele escondeu os custos, provavelmente com a intenção de pagá-los em segredo. Aquelas avaliações que o Instituto do País de Gales havia feito no Catarino também deviam ter sido cobradas. — Ele realmente é... — Karina cobriu os olhos, frustrada. — Túlio, quanto mais você quer que eu te deva? Ela precisava descobrir exatamente quanto Túlio havia gasto. Tinha que devolver o dinheiro de alguma forma. Mas, em vez de ligar diretamente para ele, Karina decidiu pedir ajuda ao Simão. — Simão, você pode me fazer um favor? — Ela explicou toda a situação sobre o dinheiro que Túlio gastou. — Você poderia perguntar a ele quanto foi? — Vocês dois... — Simão suspirou, mas aceitou o pedido. — Tá bom, eu vou perguntar.Algum tempo depois, o celular de Karina tocou. Ela pensou que fosse Simão, mas ao olhar a tela, viu que era Túlio. Respirando fundo, Karina atendeu: — Túlio. Do outro lado da linha, Túlio ainda estava no escritório, sem ter terminado o expedi
Júlio, Enzo e Bruno ficaram em silêncio, observando furtivamente a expressão de Ademir. As portas do elevador começaram a se fechar lentamente de forma automática.De repente, Ademir estendeu a mão.Sua mão ficou presa nas portas.— Ademir! — Júlio e os outros correram para ajudá-lo. — Se precisar de algo, pode nos dizer!Ademir segurou o braço que havia sido preso e disse:— Está tudo bem.Foi apenas um impulso.Ele apenas pensou de repente: A Karina veio aqui para jantar, não foi? Com quem ela estaria jantando?Karina estava muito curiosa para saber....Dentro da sala privativa.Karina e Túlio estavam sentados frente a frente.Túlio serviu-lhe um copo de água:— Prefere água ou quer que eu troque por chá?— Não precisa, assim está bom. — Karina segurou o copo com as duas mãos e tomou pequenos goles.— Já fiz o pedido, quer dar uma olhada?Ele havia chegado antes de Karina e fez o pedido de acordo com o gosto dela.Karina balançou a cabeça, respondendo:— Eu como qualquer coisa.Ela
Júlio abriu a porta do carro, e Ademir se abaixou para entrar. O veículo partiu logo em seguida. Todo o processo durou apenas alguns minutos.Túlio viu tudo com clareza. Era realmente Ademir. Ele foi embora assim, sem dizer nada?Surpreso, Túlio olhou para Karina e perguntou hesitante:— Vocês...Karina piscou os olhos, esperando que ele continuasse.Túlio tinha pensado em perguntar se ela e Ademir haviam se divorciado, já que nem sequer se cumprimentaram ao se verem. Mas, após refletir, decidiu não perguntar.Afinal, a maneira como eles estavam lidando com a situação era algo que, para ele, parecia ser uma vantagem.— O carro chegou. — Túlio sorriu, indicando as escadas. — Vamos, eu te levo para casa.No carro, Ademir recebeu uma ligação de Estêvão:— Sr. Ademir, o contrato está pronto. Incluí todos os pontos que o senhor pediu, conforme suas instruções. Já enviei para o senhor revisar. Veja se há algo que precisa ser alterado.Estêvão era um amigo de confiança, e Ademir não queria pe