Karina balançou a cabeça e, com firmeza, disse: — Não podemos.Ademir ficou atônito, como se uma agulha tivesse perfurado seu coração. Ele não conseguia aceitar: — Você me odeia tanto assim?— Não é por isso. — Karina sorriu suavemente e o explicou. — Você sabe que minha relação com a Vitória não é boa. Para o seu bem, não só não podemos ser amigos, como também seria melhor não nos vermos mais.Depois de uma breve pausa, Karina acrescentou: — Se por acaso nos encontrarmos, vamos fingir que não nos conhecemos.Ela acenou para ele e disse: — Estou indo.— Tá bom... — Ademir a observou partir com seus próprios olhos.Ele já havia imaginado esse desfecho. Só não esperava que ela fosse embora tão rápido, tão decidida!Ademir sentiu um ímpeto de correr atrás dela. Mas seus pés pareciam presos ao chão, como se estivessem pregados. Não deu um passo.Correr atrás dela para quê? Ele já havia desistido. Já tinha dado a Karina a liberdade. Ela estava saindo com tanta pressa, prov
Karina caminhou rapidamente em sua direção, mas sem se aproximar muito, e perguntou: — O que você quer comigo? — Nada... — Lucas sorriu e lhe estendeu a sacola que carregava. — Comprei algumas coisas que você gosta de comer, leve. Karina não queria aceitar. Mas Lucas insistiu em lhe entregar. Havia muita gente por ali, e ela não queria atrair olhares, então acabou pegando. Afinal, eram só algumas guloseimas. Nada muito caro. Lucas suspirou de alívio e sorriu, observando ela: — Você emagreceu... Tem que se alimentar direito. Está se preparando para os exames de pós-graduação, né? Não se esforce tanto enquanto estuda... — Chega. — Karina o interrompeu, rindo sarcasticamente. — Por que você está me dizendo essas coisas? Você acha que pode se meter na minha vida agora? — Eu... — Lucas ficou surpreso, seu sorriso congelou. — Karina, eu sou seu pai. Não posso me preocupar com você? — Não. — Karina respondeu friamente. Ela o encarou com um olhar gélido. — Sua preocup
Karina falou com uma aparente despreocupação: — Não aconteceu nada de novo. Foi exatamente como eu imaginava: ele está com a Vitória... Ela resumiu rapidamente a conversa que teve com Ademir: — E é isso. — Como assim?! — Patrícia ficou furiosa ao ouvir aquilo. — Ele só quer quando lhe convém, e quando não quer, simplesmente descarta? Como alguém pode ser tão ruim assim? Quanto mais pensava, mais indignada Patrícia ficava: — Isso não pode ficar assim! É um absurdo! — Aonde você vai? — Karina a segurou pelo braço. — Vou atrás dele! — Patrícia respondeu, furiosa. — Só porque ele tem dinheiro acha que pode fazer o que quiser? — Patrícia. — Karina suspirou, sem forças. — Você mesma disse que ele é um homem mau. Então, por que se irritar tanto por causa de um homem desses? Para mim, isso é uma coisa boa. Finalmente estou livre, não estou? Patrícia ficou em silêncio, pensativa. Depois de um momento, ela concordou: — Acho que você tem razão. Mas, pensando mais uma vez
Talvez fosse porque já havia chorado bastante, e o momento de maior tristeza tinha passado. Olhando para a notícia, Karina pensava: "Como essa notícia foi vazada?" Ademir sempre foi muito discreto, e durante todos esses anos, as vezes em que foi exposto foram raríssimas. Quanto mais notícias relacionadas a relacionamentos, algo que nunca tinha visto. Na Cidade J, o Sr. Ademir sempre prezou por sua reputação, sendo quase um modelo para a nobreza local. Por isso, só havia uma possibilidade: essa notícia saiu com o consentimento dele. Quem ousaria desagradar o Sr. Ademir na Cidade J? Ademir queria que toda a Cidade J soubesse que a Vitória era a mulher que ele amava. Karina sorriu levemente, colocou o celular de lado e comentou: — O Ademir é mesmo romântico. Patrícia piscou e perguntou: — Karina, você está bem? — O quê? Por que eu não estaria? De repente, Karina se lembrou de algo, pegou o celular e bloqueou Ademir de sua lista de contatos. Patrícia permaneceu
— Ela é mais bonita que a Karina? Ou talvez mais gentil e carinhosa? Ademir manteve os olhos semicerrados e a cabeça baixa, sem dizer uma palavra. Ele também estava com o humor péssimo. Otávio, impaciente, batia sua bengala contra o chão, dizendo: — O que você está esperando? Tire essa notícia do ar imediatamente e faça uma declaração dizendo que você não tem nenhum envolvimento com aquela atriz! Após um momento de reflexão, Otávio acrescentou: — A propósito, a Karina já sabe disso? A Karina não costuma ler notícias, talvez ela ainda não tenha visto. Mas, se ela souber, você precisa acalmá-la direitinho. Otávio, duvidando das habilidades do neto, perguntou preocupado: — Você consegue fazer isso? Quer que o seu avô te ajude? Ademir permaneceu em silêncio, ouvindo, mas sua expressão ficava cada vez mais séria. Diante do silêncio do neto, Otávio percebeu algo: — E a Karina? Por que não a vi? Ela não estava cuidando de você? Não está com você? — Avô. — Ademir finalm
As luzes no hospital permaneciam acesas. No entanto, Ademir sentia como se estivesse envolto em completa escuridão. Karina o havia bloqueado na lista de contatos! De repente, ele se lembrou das palavras dela: não poderiam mais ser amigos, nem se encontrarem novamente, e, mesmo que se cruzassem na rua, seriam apenas estranhos. Era como se uma lâmina tivesse arrancado um pedaço de seu peito, deixando ele vazio. Ela realmente fez o que disse que faria! Ademir levantou a cabeça abruptamente e olhou para Júlio: — Júlio! — Ademir! — Ligue para a Karina. Diga a ela que o avô está doente e quer vê-la. Júlio ficou intrigado sobre por que Ademir não ligava ele mesmo, mas não fez perguntas. Imediatamente, discou o número de Karina. Do outro lado da linha, Karina atendeu: — Júlio, aconteceu alguma coisa? Ademir prendeu a respiração. Ela atendeu o telefone. Júlio lançou um olhar para Ademir e falou suavemente: — Karina, o Sr. Otávio está doente e quer vê-la. — O av
— Foi minha falta noção. Eu causei isso ao seu avô. — Vitória chorava, cheia de remorso. — O que eu devo fazer agora? Talvez eu deva fazer uma declaração, explicando tudo... — Não precisa. — Ademir suspirou e balançou a cabeça, franzindo o cenho. — O que aconteceu, aconteceu. Deixe as coisas como estão. — Deixar como estão? — Vitória ficou atônita, sem entender direito. — O que você quer dizer com isso? Ademir a encarou por um instante e respondeu calmamente: — A Karina já saiu da Mansão da família Barbosa. Vou assumir a responsabilidade por você e pela criança. Vitória estremeceu de emoção, cobrindo a boca em puro júbilo. Finalmente! — Isso é verdade? — Sim. — Ademir assentiu levemente. O estado de seu avô não estava bom, e ele não queria prolongar aquela conversa. — Mas, por enquanto, meu avô ainda não pode aceitar essa situação. Vamos esperar ele se recuperar, e então, com o tempo, o convenceremos. Com lágrimas nos olhos, Vitória assentia repetidamente. — Eu ente
Por volta das oito da noite, Karina ficou surpresa ao receber uma ligação de Enzo.— Karina. — A voz de Enzo soou direta do outro lado da linha. — Estou a caminho da Mansão Mission Hills. Você está em casa?Surpresa, Karina perguntou:— O que você está indo fazer na Mansão Mission Hills?— Foi o Ademir quem pediu. Você já arrumou todas as suas coisas na mansão da família Barbosa, e ele me mandou entregar para você.Então era isso.Karina ficou bastante aflita, porque ela não estava na Mansão Mission Hills.— Espere um pouco, eu não estou na mansão agora.— Não tem problema. — Enzo respondeu. — Posso esperar. Venha com calma, não importa a hora, eu espero.Uma garota sempre precisava voltar para casa à noite para dormir, afinal.Karina suspirou, massageando as têmporas, e disse:— Tudo bem, estou voltando agora. Quem chegar primeiro, espera o outro.— Combinado.Após desligar o telefone, Karina pegou sua bolsa e saiu apressada em direção à Mansão Mission Hills.Ela não pegou um carro, f