O dormitório estreito tinha camas dos dois lados das paredes e uma mesa no meio, deixando quase nenhum espaço sobrando. Era um dormitório antigo, por isso não tinha ar-condicionado. O clima estava extremamente quente. No teto, um ventilador girava lentamente, mas não trazia a menor sensação de frescor. Sobre a mesa, havia uma garrafa térmica e alguns copos.Ademir se serviu de um copo de água e olhou ao redor, procurando mel, mas não encontrou. Sem alternativa, perguntou:— Karina, onde está o mel?Karina, que estava deitada de costas para ele, enrijeceu o corpo ao ouvir a pergunta. Com incredulidade, se virou devagar, seus olhos demonstrando surpresa.Era realmente ele!Quando seus olhares se encontraram, Ademir franziu a testa. "Em apenas dois dias, ela já emagreceu novamente!" Pensou ele, olhando para Helena.— Certo, o mel! — Helena, compreendendo a situação, rapidamente foi até a mesa, pegou o mel e espremeu um pouco no copo de água. Com cuidado, entregou o copo ao Ademir.— Obr
Helena estava completamente surpresa. Ela rapidamente acenou com as mãos, tentando recusar:— Não precisa, Sr. Ademir. A Karina é minha colega, cuidar dela é o mínimo que posso fazer...— Anda logo. — Ademir a interrompeu, sem paciência para ouvir suas desculpas. — Se você não me passar, eu posso conseguir sua conta de qualquer maneira, não vamos perder tempo com isso. Você está cuidando da Karina e eu te agradeço por isso. Este é o pagamento que você merece.Sem ter outra escolha, Helena concordou:— Obrigada, Sr. Ademir. Tenha um bom dia!Depois de sair do prédio do dormitório, Ademir deu uma última olhada para trás e, após pensar por alguns segundos, deu uma ordem a Júlio:— Tenho uma tarefa para você, faça isso imediatamente!— Claro, Ademir.Dentro do dormitório, Helena estava exausta. Eram muitas coisas que haviam sido enviadas por ordem do Ademir. A mesa estava tão cheia que ela teve que mover alguns itens antigos para dar espaço, mas mesmo assim, o quarto estava completamente t
O ar-condicionado no quarto de Helena foi o primeiro a ser instalado, seguido pelos dormitórios próximos. O barulho causado pela instalação foi ficando cada vez mais distante.Depois de se despedir dos colegas curiosos que vieram ver a novidade, Helena fechou a porta e abriu a cortina da cama. Ela olhou para Karina com um sorriso:— Quer beber água com mel? O Sr. Ademir trouxe um mel saudável, sem adição de outros ingredientes. Vou preparar uma xícara para você.— Ah, obrigada.Helena preparou a bebida e a entregou para Karina. Ela suspirou de alívio, sentindo o frescor do ambiente:— Que refrescante, né?Karina não respondeu, apenas abaixou a cabeça e tomou a água.— Karina. — Helena disse alegremente. — O Sr. Ademir realmente é muito bom para você, veja só todas essas coisas que ele tem feito.Karina hesitou por um momento antes de responder devagar:— Ele tem dinheiro, né?Helena ficou sem palavras ao ouvir isso:— Ter dinheiro é uma coisa, mas também é preciso ter boa vontade. O im
Helena disse, apressada:— Por favor, avise o Sr. Ademir que a Karina está muito mal. Precisamos levá-la para o Hospital J agora, mas eu não consigo carregá-la!— Certo, estaremos aí em breve. — A voz de Júlio estava tensa. — Obrigado por avisar, colega.— De nada! — Helena desligou o telefone, pegou um doce e colocou na boca de Karina. — Tome um pouco de açúcar. O Sr. Ademir está a caminho!Karina estava tão fraca que nem conseguia acenar com a cabeça, apenas piscou os olhos em resposta. Helena ficou ao lado dela o tempo todo, sem sair nem por um segundo, enxugando o suor de seu rosto com uma toalha....Júlio atendeu o telefonema enquanto Ademir estava no meio de um tratamento médico. Por conta dos negócios da empresa, Ademir não pôde ficar no hospital durante o dia e só agora estava fazendo o tratamento necessário.— Ademir... — Júlio, sem coragem de esconder a situação, tentou suavizar. — Eu posso ir lá. Você continua o tratamento...Antes que Júlio terminasse a frase, Ademir já ha
Preocupado que Karina acordasse e fugisse novamente, Ademir a levou de volta para seu quarto no hospital. Ele chamou o médico para examiná-la ali mesmo.— Não há nenhum problema grave. — O médico prescreveu alguns remédios após o exame. — Desta vez, foi devido à interrupção do tratamento. Com dois dias de cuidados, ela estará saudável novamente.Ademir acenou com a cabeça e, depois de um momento, perguntou:— Vai precisar de tratamentos frequentes no futuro? A situação pode piorar?— Ainda não podemos afirmar com certeza. — O médico respondeu com sinceridade. — Mas, a princípio, não. Depois de terminar este tratamento e fazer os exames, basta prestar mais atenção à saúde no dia a dia.— Obrigado pelo esforço.— Sr. Ademir, você é muito gentil.Depois de se despedir do médico, Ademir se sentou ao lado da cama. Karina já havia adormecido.Ele começou a pensar. Se Karina estava passando por tanto sofrimento com a gravidez, até desenvolvendo outros sintomas, então Vitória também devia esta
— Me desculpe por tudo o que aconteceu.Embora uma simples desculpa não fosse suficiente, Ademir sabia que precisava dizer. Karina ficou surpresa por um instante, percebendo que ele estava se referindo àquela situação. Ela não tinha como perdoá-lo. O que ele havia feito com ela... Até agora, ao pensar nisso, Karina ainda se sentia furiosa.Com os lábios ligeiramente franzidos, ela perguntou:— Por que você me tratou tão mal? — Sua voz era uma mistura de acusação e mágoa, carregada de uma profunda tristeza.— Sim, foi tudo minha culpa.Ademir a observava intensamente, se sentindo desconfortável. Ninguém sabia o quão difícil era para ele dizer o que viria a seguir. Ele falou devagar, como se estivesse suspirando:— No futuro, eu não farei mais isso... Não haverá mais um "futuro".Karina, por um momento, não entendeu o que ele quis dizer, então assentiu com os lábios comprimidos:— Foi o que você disse. Vou me lembrar disso...— Karina. — Sabendo que ela não havia compreendido, Ademir
Nos braços de Ademir, Karina manteve o corpo rígido, com os braços soltos ao longo do corpo. Ela não retribuiu o abraço. Com um leve sorriso, disse calmamente:— Certo, eu aceito suas desculpas.Mesmo relutante, Ademir a soltou, encerrando o abraço.— Karina. — Ademir começou a falar, sem terminar. — Sobre os custos após o divórcio, vou te dar a casa na Mansão Mission Hills, além de dinheiro e outros bens fixos...Karina não conseguiu segurar o riso e deixou escapar uma risada.Ademir franziu o cenho, encarando ela, sem entender o que havia de engraçado.— Desculpa. — Karina mordeu os lábios, tentando conter o sorriso. — Só que eu não esperava receber dinheiro depois do divórcio. Na verdade, você não precisa me dar nada, afinal, nós...Ela queria dizer que eles não tinham se casado por amor, mas sim por um acordo.Além disso, Karina ainda devia dinheiro a Ademir.Mas ele não lhe deu a oportunidade de terminar.— Karina. — Ademir fechou os olhos por um instante, falando com seriedade. —
Karina balançou a cabeça e, com firmeza, disse: — Não podemos.Ademir ficou atônito, como se uma agulha tivesse perfurado seu coração. Ele não conseguia aceitar: — Você me odeia tanto assim?— Não é por isso. — Karina sorriu suavemente e o explicou. — Você sabe que minha relação com a Vitória não é boa. Para o seu bem, não só não podemos ser amigos, como também seria melhor não nos vermos mais.Depois de uma breve pausa, Karina acrescentou: — Se por acaso nos encontrarmos, vamos fingir que não nos conhecemos.Ela acenou para ele e disse: — Estou indo.— Tá bom... — Ademir a observou partir com seus próprios olhos.Ele já havia imaginado esse desfecho. Só não esperava que ela fosse embora tão rápido, tão decidida!Ademir sentiu um ímpeto de correr atrás dela. Mas seus pés pareciam presos ao chão, como se estivessem pregados. Não deu um passo.Correr atrás dela para quê? Ele já havia desistido. Já tinha dado a Karina a liberdade. Ela estava saindo com tanta pressa, prov