Filipe não conseguiu conter o riso e acenou para Júlio: — Abra logo a janela, o cheiro está muito forte. Ao lançar um olhar para o cinzeiro sobre a mesa, viu que estava cheio de bitucas de cigarro. Ele tinha fumado bastante. Ao observar Ademir, não escondeu o tom de desaprovação: — Você não liga para a sua própria saúde? Ela só está temporariamente incomunicável, e você já está agindo como se o mundo estivesse prestes a acabar? Ademir permaneceu em silêncio, soltando uma baforada de fumaça enquanto se recostava preguiçosamente. Era raro vê-lo assim. Filipe, percebendo a gravidade da situação, deixou de brincar e se sentou, perguntando: — O que você fez com ela? Júlio disse que ela ainda estava doente. Ademir deu uma tragada profunda no cigarro antes de responder: — Eu sou um monstro. Filipe ficou surpreso, levantou as sobrancelhas e perguntou: — Você não está me dizendo que... Que bateu nela, né? Ademir não respondeu. Embora não fosse exatamente a mesma co
O quarto de hospital estava silencioso.Ademir jogou o celular de lado, com uma expressão sombria e uma voz extremamente fria. — Encontre esse ladrão! — Sim, Ademir. — Enzo, apressado, pegou o celular no ar. — O Sr. Pinto disse que já está à procura e acredita que logo terá notícias. Ademir assentiu com a cabeça e se virou em direção à varanda. Ele tirou um cigarro e o acendeu. Vitória observou todo o processo com atenção, mesmo sem conseguir dizer uma única palavra. Mas ela entendeu o essencial: Karina havia desaparecido. Como isso aconteceu? Será que foi porque Ademir terminou com ela? Vitória sorriu amargamente para si mesma. Sua irmãzinha realmente tinha planos bem elaborados. E esse plano parecia estar funcionando. Veja só como Ademir estava preocupado! Mas será que ela realmente achava que isso seria o suficiente para vencer? Vitória curvou os lábios num sorriso de desdém. Impossível. Ela não iria ceder. Na varanda, Ademir terminou o cigarro e tirou outr
Somente aqueles mais próximos sabiam que quando Ademir agia dessa forma, ele estava extremamente furioso.— Eu... — O homem ficou atordoado, balançando a cabeça. — Já disse várias vezes, eu não sei...Antes que pudesse terminar, Ademir o soltou bruscamente, jogando ele no chão com a força de suas mãos. O peito do homem bateu com força contra o piso. Ele tossiu com dificuldade, tentando se levantar, mas suas costas foram imediatamente pressionadas, impedindo qualquer movimento. Ademir o pisou firmemente, sua voz transbordando uma ameaça mortal: — Se quer continuar vivo, entregue ela para mim! E se lembre, eu a quero intacta! Se faltar um único fio de cabelo...! — Mas... — O homem tremia, completamente aterrorizado, percebendo que estava diante de alguém realmente perigoso. Suplicou com a voz trêmula. — Eu juro que não sei, por favor, me perdoe... — Ademir! Vitória chegou nesse momento, e a cena diante de seus olhos a deixou boquiaberta... Ademir, com uma expressão feroz,
— Não diga assim, você não fez de propósito. — Vitória franziu levemente a testa, hesitando por um momento antes de perguntar. — O que aconteceu hoje... Foi por minha causa?A expressão de Ademir mudou, seus lábios finos se apertaram formando uma linha reta, e ele respondeu:— O que aconteceu hoje não tem nada a ver com você, o problema é meu.Ele não era o tipo de pessoa que fugia das responsabilidades.Quem deixou Vitória grávida foi ele, quem machucou Karina também foi ele. Ele sabia, desde o início, que não podia simplesmente abandonar Vitória, mas ao mesmo tempo, não conseguia se afastar de Karina. Ele havia cometido um grande erro!O telefone tocou, era Filipe ligando.Ademir olhou para Vitória, mas não atendeu.— Atende. — Vitória sorriu levemente. — Eu sei muito bem o que é mais importante agora, e o mais urgente é encontrá-la. O resto...Vitória fez uma breve pausa antes de continuar:— Você me pediu para esperar por você, e eu confio em você.— Obrigado.Nesse momento, Ademi
— Vou mandar alguém procurar agora. — Disse Júlio imediatamente.— Espere, eu vou com você!E assim partiram para a busca, que durou várias horas.Ademir permaneceu no quarto do hospital, esperando, mas ainda sem notícias. Incapaz de aguentar a espera, ele decidiu trocar de roupa e, acompanhado por Enzo, foi até a parte de trás da Universidade J.No caminho, Enzo entrou em contato com Júlio para verificar quais hotéis eles já haviam investigado, evitando buscas repetidas.— Certo, já sei. — Enzo desligou o telefone. — Ademir, eu já perguntei, nós...No entanto, ele logo percebeu que Ademir não estava prestando atenção.— Ademir? O que você está olhando?Ademir apertou os olhos ligeiramente, inclinando o queixo para frente.Ele estava apontando para Patrícia, que estava do outro lado da rua com uma colega. As duas pareciam muito felizes, carregando várias sacolas.— Isso não está certo. Algo está muito errado.— O que exatamente está errado? — Enzo não entendeu.Ademir soltou um sorriso
O dormitório estreito tinha camas dos dois lados das paredes e uma mesa no meio, deixando quase nenhum espaço sobrando. Era um dormitório antigo, por isso não tinha ar-condicionado. O clima estava extremamente quente. No teto, um ventilador girava lentamente, mas não trazia a menor sensação de frescor. Sobre a mesa, havia uma garrafa térmica e alguns copos.Ademir se serviu de um copo de água e olhou ao redor, procurando mel, mas não encontrou. Sem alternativa, perguntou:— Karina, onde está o mel?Karina, que estava deitada de costas para ele, enrijeceu o corpo ao ouvir a pergunta. Com incredulidade, se virou devagar, seus olhos demonstrando surpresa.Era realmente ele!Quando seus olhares se encontraram, Ademir franziu a testa. "Em apenas dois dias, ela já emagreceu novamente!" Pensou ele, olhando para Helena.— Certo, o mel! — Helena, compreendendo a situação, rapidamente foi até a mesa, pegou o mel e espremeu um pouco no copo de água. Com cuidado, entregou o copo ao Ademir.— Obr
Helena estava completamente surpresa. Ela rapidamente acenou com as mãos, tentando recusar:— Não precisa, Sr. Ademir. A Karina é minha colega, cuidar dela é o mínimo que posso fazer...— Anda logo. — Ademir a interrompeu, sem paciência para ouvir suas desculpas. — Se você não me passar, eu posso conseguir sua conta de qualquer maneira, não vamos perder tempo com isso. Você está cuidando da Karina e eu te agradeço por isso. Este é o pagamento que você merece.Sem ter outra escolha, Helena concordou:— Obrigada, Sr. Ademir. Tenha um bom dia!Depois de sair do prédio do dormitório, Ademir deu uma última olhada para trás e, após pensar por alguns segundos, deu uma ordem a Júlio:— Tenho uma tarefa para você, faça isso imediatamente!— Claro, Ademir.Dentro do dormitório, Helena estava exausta. Eram muitas coisas que haviam sido enviadas por ordem do Ademir. A mesa estava tão cheia que ela teve que mover alguns itens antigos para dar espaço, mas mesmo assim, o quarto estava completamente t
O ar-condicionado no quarto de Helena foi o primeiro a ser instalado, seguido pelos dormitórios próximos. O barulho causado pela instalação foi ficando cada vez mais distante.Depois de se despedir dos colegas curiosos que vieram ver a novidade, Helena fechou a porta e abriu a cortina da cama. Ela olhou para Karina com um sorriso:— Quer beber água com mel? O Sr. Ademir trouxe um mel saudável, sem adição de outros ingredientes. Vou preparar uma xícara para você.— Ah, obrigada.Helena preparou a bebida e a entregou para Karina. Ela suspirou de alívio, sentindo o frescor do ambiente:— Que refrescante, né?Karina não respondeu, apenas abaixou a cabeça e tomou a água.— Karina. — Helena disse alegremente. — O Sr. Ademir realmente é muito bom para você, veja só todas essas coisas que ele tem feito.Karina hesitou por um momento antes de responder devagar:— Ele tem dinheiro, né?Helena ficou sem palavras ao ouvir isso:— Ter dinheiro é uma coisa, mas também é preciso ter boa vontade. O im