Ademir, sem dúvida, estava furioso, sentindo como se um incêndio estivesse queimando dentro de si, crescendo cada vez mais. Ele se esforçava ao máximo para conter suas emoções, mas ao pegar Karina pelo braço e puxá-la bruscamente, não disse uma palavra, simplesmente se virou e começou a andar.O aperto firme no pulso de Karina a machucou, ou talvez fosse a expressão assustadora dele que a deixou ainda mais abalada. Em um murmúrio, ela perguntou:— Para onde estamos indo?— Para casa! — Ademir lançou-lhe um olhar breve, cheio de tensão. — Você ainda tem vontade de voltar e terminar de comer?Com a situação tomando esse rumo, era óbvio que ela não tinha mais apetite. Karina balançou a cabeça e foi arrastada até a garagem, onde Ademir praticamente a empurrou para dentro do carro.Enquanto o veículo seguia pela estrada, o silêncio dentro dele era sufocante. Ademir mantinha os olhos fixos na estrada à frente, suas mãos agarrando o volante com força, até que, sem desviar o olhar, perguntou:
...Naquela noite, Ademir não voltou para casa. Karina também não conseguiu dormir bem e, antes mesmo de o sol nascer, já estava completamente desperta. Enquanto tomava o café da manhã, recebeu uma ligação de Túlio. — Túlio, como está a situação? Do outro lado da linha, Túlio suspirou e, sem esconder a verdade de Karina, respondeu: — Não está fácil lidar com isso, a atitude deles é muito rígida. O Estêvão tem uma grande habilidade nos negócios, então está um pouco complicado. Mas ainda estamos tentando uma solução, não se preocupe demais... Túlio realmente admitiu que a situação era complicada. As belas sobrancelhas de Karina se franziram, enquanto suspirava silenciosamente: — Entendi. Após desligar o telefone, Karina perdeu o apetite; qualquer coisa que comia parecia insípida. Parecia claro que ela não podia continuar assim, sem fazer nada. Simão só havia procurado Vitória por causa dela. Simão a considerava como família, e ela também o via dessa forma. Por S
Karina franziu levemente as sobrancelhas, sentindo uma premonição ruim. Vitória semicerrava os olhos, e, com calma, declarou: — Só retiro a queixa se você se afastar do Ademir. Karina ficou paralisada por um momento. Era exatamente o que ela havia previsto. Assim que as palavras saíram da boca de Vitória, ela própria se acalmou: — Pense bem. Um homem que não te ama, ou um amigo que cresceu ao seu lado desde sempre, o que você vai escolher? Vitória fixou o olhar em Karina, esperando pela resposta. Karina permaneceu em silêncio por um breve instante, mas não demorou a decidir. Ela assentiu e respondeu: — Tudo bem, eu vou deixar o Ademir. Espero que cumpra sua promessa. Dito isso, Karina se virou e saiu. "Ela realmente aceitou!" Vitória apertou as mãos, seus olhos brilhando de excitação. "É como se o destino estivesse me dando uma chance!" ... Depois de sair do Hospital J, Karina seguiu para a Mansão dos Barbosa. Já que havia concordado com Vitória, precisa
Divórcio.Do outro lado da linha, o coração de Ademir se apertou de repente, como se sua respiração tivesse parado. Era a segunda vez que ela mencionava o divórcio. Diferente da primeira vez, agora eles eram um casal de verdade. Mas ela estava sugerindo o divórcio com tanta facilidade! Para ela, ele era alguém que poderia ser abandonado com tanta simplicidade? Assim como os outros homens do passado dela, não importava o quão íntimos fossem, se separariam tão facilmente? Raiva, tristeza, ressentimento... Esses sentimentos se misturavam, e o belo rosto de Ademir já mostrava sinais claros de fúria. Quando ele abriu a boca, foi para gritar: — Karina, você acha que pode pedir o divórcio e está resolvido? Eu concordei com isso? Karina, sem entender, perguntou: — Por que você não concorda? Você não gosta da Vitória? Se nós nos divorciarmos, vocês podem ficar juntos... — Não fale besteiras! — Ademir gritou, irritado. — Não tente fazer tudo parecer tão fácil! Eu te pergu
O que fazer?Karina não sabia o que fazer. Ela pensou em procurar Vitória novamente. Ademir amava tanto Vitória... Se Vitória o pedisse para deixar Simão em paz, ele certamente cederia, não era? Ela não sabia se isso funcionaria, mas precisava tentar. Sem perder um segundo, Karina foi imediatamente ao andar VIP do Hospital J. Ao entrar no quarto, ela ficou paralisada. Ao ver a cena diante de si, Karina não sabia como reagir. Tamanha era sua pressa, que ela entrou sem pensar, e não esperava encontrar Ademir ali. Ademir estava sentado ao lado da cama, segurando uma maçã e descascando ela com calma e tranquilidade. Vitória o observava com um sorriso, murmurando algo em voz baixa. Vitória foi a primeira a notar Karina. Ela levantou os olhos, e o sorriso em seus lábios se tornou ainda mais evidente. Vitória, de bom humor, acenou para Karina: — Dra. Costa, venha aqui. — Claro. Os pés de Karina pareciam pesados, ela caminhava lentamente até ficar diante deles. Co
— Certo. Assim que o homem saiu, o sorriso de Vitória desapareceu rapidamente, sua testa franziu profundamente e o olhar revelou confusão. Por que Ademir não conseguia deixar Simão em paz? Será que ele realmente estava fazendo isso para se vingar por ela? Simão e Karina sempre tiveram uma boa relação, mas ele não demonstrava qualquer consideração por isso. Fora isso, Vitória não conseguia imaginar outro motivo para tal comportamento. Talvez Karina tivesse abalado Ademir. No entanto, a posição de Vitória no coração de Ademir também não era comum. Ela pegou a maçã que Ademir havia descascado e começou a comê-la lentamente. Disse em voz baixa: — Karina, quem vai rir por último, isso ainda está para ser visto. ... Na entrada do prédio VIP. Karina estava de pé, imóvel, olhando para o horizonte, perdida em pensamentos. Ouviu passos atrás de si, mas não se virou, sabia que era Ademir quem se aproximava. Ele parou ao lado dela, permanecendo em silêncio por um mome
Ademir mal havia colocado um pé na sala de estar quando foi repreendido. — Voltou sozinho? — Otávio, apoiado em sua bengala e ajudado por Rui, exibia um semblante irritado. — Eu te pergunto, onde está a Karina? Ademir ergueu uma sobrancelha. Então, seu avô já sabia? E tão rápido assim. Mas afinal, uma pessoa como Karina desaparecer não era algo que se pudesse esconder. Ele sabia que o avô gostava dela, mas Ademir ainda estava muito aborrecido com tudo aquilo. — Sim, ela foi embora. E provavelmente não vai voltar. — Você! — A atitude indiferente do neto irritou ainda mais Otávio, que levantou a bengala e a brandiu no ar. — Sr. Otávio! — Rui, assustado, se apressou em segurá-lo. — Avô! — Por sorte, Ademir foi rápido e deu um passo para trás, desviando a tempo. — Ainda ousa desviar? — Otávio gritou, furioso. — Fale a verdade, foi você que a expulsou, não foi? — Eu que a expulsei? — Ademir achou graça. Seu avô era mesmo parcial, quem afinal era o neto dele? Mas, aquel
O coração de Karina deu um salto, e ela perguntou, nervosa: — O que aconteceu com o avô? Do outro lado da linha, Rui contou sobre o colapso de Otávio. — Rui, eu entendi. Após desligar o telefone, Karina cobriu os olhos com as mãos, refletindo em silêncio. Quando tirou as mãos, seu olhar estava mais claro. Ela percebeu que certas coisas finalmente faziam sentido para ela. Ademir não queria o divórcio por causa de Otávio. Desde o início, o casamento deles sempre foi por causa de Otávio. No momento crítico em que Otávio precisava passar por uma grande cirurgia, ela havia pedido o divórcio e saído da Mansão da família Barbosa. Era natural que Otávio não conseguisse aceitar isso ao descobrir. Karina fechou os olhos por um instante. Ela havia sido incrivelmente tola! Como pôde cometer um erro tão grave? O que fazer agora? Claro, a única solução era satisfazer Ademir. Somente se ele ficasse satisfeito, Simão poderia ser salvo. Karina entendeu tudo de imediato.