Durante o jantar, Ademir notou que Karina comia tudo o que Otávio colocava em seu prato. Quando os legumes acabavam, ela comia apenas o arroz.— O que está olhando? — Otávio, irritado ao perceber o olhar de Ademir sobre Karina, ralhou. — Não sabe cuidar da sua esposa e do seu filho!Ademir ergueu as sobrancelhas, mas fingiu não ter escutado as palavras de Otávio.Mais tarde, de volta ao quarto, Ademir foi direto ao closet para trocar de roupa. Ao entrar, ele viu Karina de pé, em frente ao espelho, com as mãos suavemente acariciando o ventre.Embora estivesse prestes a completar três meses de gravidez, não havia nenhum sinal visível; sua barriga continuava plana.Ademir passou por ela, mas foi interrompido por sua voz repentina:— Quase três meses.Ele parou, confuso, e olhou para Karina, perguntando:— O quê?Karina não repetiu. Em vez disso, olhou profundamente nos olhos de Ademir e, com suavidade, disse:— Estou pensando... Talvez esse bebê não devesse nascer. O que você acha, Ademir
Era tarde da noite. Antes de sair, Ademir, ao passar pela porta do quarto, decidiu entrar de repente. Sua visão era excelente, mesmo na escuridão ele conseguia enxergar com clareza. Ademir se aproximou da cama. Karina já estava dormindo profundamente. Ademir se sentou à beira da cama, observando o rosto de Karina com atenção. Por que a Karina fez aquela pergunta para o Ademir esta noite? Será que o Túlio não queria esse bebê? Karina está triste? Uma inquietação começou a se formar dentro dele, como se formigas estivessem caminhando pelo seu coração. Repentinamente, Ademir se levantou e saiu do quarto. Afinal, esse era um problema entre Karina e Túlio, e não tinha nada a ver com ele. ...No almoço, Karina estava comendo com Patrícia. Elas conversavam sobre seus planos para o futuro. Com a boca cheia de comida, Patrícia disse: — O estágio está quase no fim. Estou planejando voltar para a faculdade antes para me preparar para os exames de pós-graduação. E você, Karin
As coisas continuavam a se desenrolar. Karina ficou paralisada, sem saber como reagir. Para sua surpresa, Lucas pegou a carteira. Ele ainda tinha o hábito de carregar dinheiro vivo, algo incomum para pessoas da sua idade. Com um gesto rápido, ele tirou uma grande quantia de dinheiro e a estendeu para Karina, dizendo:— Está faltando dinheiro? O papai tem aqui. Pegue, se não for suficiente, eu te dou mais.Karina não se moveu.O que estava acontecendo? O pai que, desde os oito anos, nunca mais se importou com ela, agora se preocupava?Vendo que ela não aceitava o dinheiro, Lucas segurou sua mão e forçou o dinheiro nela.— Pegue, fique com o dinheiro.Karina franziu a testa e puxou a mão bruscamente. Seu olhar era frio, indiferente. Não importava o motivo pelo qual Lucas estivesse fazendo isso, Karina não aceitaria sua preocupação.— Leve isso embora! Eu não quero! — Disse ela, já se preparando para ir embora.— Karina, não vá!Lucas, no entanto, a segurou com força, insistindo em lhe
— Sr. Ademir, você veio. — Ademir! — Vitória imediatamente se aproximou, segurando o braço dele. — Eu não disse para você não vir? Você está tão ocupado. Ademir se manteve impassível e respondeu friamente: — Tenho um pouco de tempo para isso. Ele continuou: — O Júlio já está cuidando dos documentos. — Então, vamos? Ademir assentiu com a cabeça, cercado pela família animada enquanto se afastavam juntos. Em momento algum seu olhar se deteve em Karina. Ela suspirou profundamente, esfregando a bochecha. Estava dolorida. À noite, Karina voltou à Mansão da família Barbosa. Durante o banho, notou que sua bochecha estava bastante inchada, precisaria de uma compressa de gelo. Desceu as escadas em busca de gelo na cozinha. Já eram dez horas da noite, todos estavam descansando, e a casa estava silenciosa. Houve um som vindo da sala de estar, e Karina parou por um momento, imaginando que Ademir tinha voltado. Ele só tinha retornado para trocar de roupa, já que sairi
— O que você está fazendo? — Karina ficou extremamente surpresa, ainda segurando o saco de gelo contra a bochecha. O rosto de Ademir, de traços perfeitos, estava tomado por uma expressão fria e distante. Ele falou lentamente: — Não aceito que você pegue dinheiro de outras pessoas! Eu não te dei um cartão? Está sem dinheiro? Karina ficou sem palavras. Nunca imaginaria que toda a raiva de Ademir fosse apenas para dizer algo assim. Até a paciência dela tinha limites. Com a mão livre, Karina empurrou Ademir e disse irritada: — Saia do meu quarto! Não quero te ver! Eu quero dormir! Mas Ademir continuou imóvel. — Você... — Karina revirou os olhos, claramente sem paciência, olhando para ele com aqueles olhos grandes e expressivos. Para a surpresa de Ademir, ele viu naquela expressão uma pitada de birra. Foi então que ele reparou no saco de gelo sobre o rosto dela. De repente, se lembrou de que Karina tinha levado um tapa de Eunice mais cedo naquele dia! Ademir segurou
De acordo com a vontade de Ademir, ele queria deixar a Mansão da família Barbosa imediatamente, sem querer passar mais um segundo sob o mesmo teto que Karina! No entanto, já era tarde, ainda estava chovendo lá fora, e na manhã seguinte teria que tomar café com o avô. Com irritação, Ademir tirou um cigarro do bolso, acendeu ele e deu duas tragadas profundas antes de se virar e entrar no quarto de hóspedes. Felizmente, a Mansão da família Barbosa sempre mantinha os quartos de hóspedes limpos e prontos, caso contrário, ele realmente não saberia onde dormir naquela noite. Ele se jogou no sofá, sentindo a umidade que ainda grudava em seu corpo. Tudo por causa de Karina, mas Karina simplesmente não parecia se importar com nada disso. ... Logo pela manhã, Rui percebeu que o casal havia dormido em quartos separados e contou isso a Otávio. Otávio acenou com a cabeça e comentou: — Deixe que eles resolvam sozinhos. Se não brigarem enquanto são jovens, será que vão esperar até a
Apesar de ser um dia de folga, Karina ainda estava muito ocupada. Os trabalhos de tradução que havia aceitado anteriormente estavam todos concluídos, e hoje ela precisava se encontrar com o editor-chefe. Karina tinha decidido se demitir, não queria mais continuar com aquele emprego. Agora que entendia os sentimentos de Túlio, ela sabia que não poderia mais aceitar a ajuda dele, para evitar alimentar qualquer esperança. Além disso, Karina precisava se preparar para os exames de pós-graduação e também aceitar o trabalho oferecido por Felipe. Não teria mais tempo para manter aquele emprego. O editor-chefe achou uma pena. Karina também foi se encontrar com Patrícia, que compartilhou do mesmo sentimento. No entanto, a preocupação de Patrícia era um pouco diferente. — E o Túlio? Não tem mais nenhuma chance? Simão já havia contado a ela sobre a situação. Só então Patrícia entendeu o quanto Túlio não tinha vivido bem nos últimos anos. Karina fechou os olhos por um breve insta
Karina levantou a cabeça e, de fato, era Ademir. Seus olhos estavam cheios de dúvidas. O que Ademir estava fazendo ali? Ademir olhou ao redor, com uma expressão fria, e perguntou: — Onde ele está? Karina ficou ainda mais confusa. "Ele? De quem o Ademir está falando?" Ao confirmar que Karina estava sozinha, a raiva de Ademir só aumentou. — Em uma situação dessas, o Túlio não está ao seu lado? De repente, Karina entendeu o que Ademir estava pensando. Ele acreditava que o bebê era do Túlio. — Ademir, me deixe explicar... — Explicar o quê? — Ele estava furioso e interrompeu. Ademir não conseguia controlar a raiva e continuou: — Ele está desprezando essa criança, não é? Está com medo de que seja como o Catarino, e por isso o Túlio não se importa com a sua saúde, insistindo para que você se livre dessa criança! — Não... — Não o quê? Karina franziu as sobrancelhas, com uma expressão confusa e complicada, hesitando por um momento antes de responder: — Eu... Eu m