- Dê-te um minuto, saia.A voz de Antônio do outro lado do telefone soou com um tom de comando.Sair? Francisca apertou o celular com força e olhou para fora da janela:- Você está aqui?- E você, o que me diz?Antônio simplesmente desligou o telefone.Francisca olhou para o celular que foi desligado e depois se virou para Henrique, um pouco envergonhada:- Desculpe, aconteceu algo e eu preciso voltar.Henrique estava prestes a perguntar o que estava acontecendo, mas ao ver a expressão nervosa e apressada dela, ele não perguntou mais nada, apenas assentiu:- Tudo bem, se cuide.Francisca pegou sua bolsa e saiu apressadamente.Henrique se levantou silenciosamente e foi até a varanda, observando sua figura desaparecer ao longe, com uma expressão complicada.Do lado de fora da mansão, um Cadillac preto, que se fundia com a escuridão da noite, estava estacionado em frente ao portão.Francisca se aproximou incerta.A janela do carro deslizou lentamente, e neste momento Antônio estava sentad
Francisca sabia que resistir era inútil e suportava em silêncio.Antônio se inclinou e sussurrou em seu ouvido:- Eu te aviso, se vocês se encontrarem novamente, farei com que nenhum de vocês fique bem!De repente, ele parou e sentiu um líquido quente e úmido em sua mão. Foi então que ele viu pequenas manchas de sangue em suas pontas dos dedos. Ele virou Francisca e percebeu que o sangue escorria do lado de sua orelha, descendo pela lateral do rosto.Antônio rapidamente retirou o aparelho auditivo dela:- Por que está sangrando novamente?Francisca não conseguia ouvir mais nada do que ele estava dizendo. Tudo o que ela queria era não ouvir mais palavras cruéis, então era melhor não conseguir ouvir mesmo.Antônio perguntou novamente:- Você trouxe seus remédios?A resposta foi o silêncio. Antônio sabia que ela não podia ouvir, então só restava dirigir o carro em direção ao hospital.No hospital.O médico tratou de Francisca, mas, por enquanto, ela ainda não conseguia ouvir.Depois que o
À luz do luar, Francisca ergueu os olhos para o rosto que amou por metade da vida, sua garganta ligeiramente apertada:- Sr. Antônio, não tínhamos um acordo?A mão de Antônio que estava em seu rosto ficou imóvel, encontrando seus olhos claros. Parecia que a qualquer momento ela poderia chorar.Antônio não sabia por quê, mas sentiu um amargor no coração. Ele retirou a mão, afastou o cobertor e se levantou, saindo diretamente do quarto. Do lado de fora, ele ainda não conseguia esquecer o olhar estranho que Francisca lançava sobre ele.Sr. Antônio?Ele se sentou no carro, fumando, e ligou para Guilherme:- Que dia é hoje?Agora era duas da manhã e Guilherme foi acordado por uma pergunta sem sentido. Ele pensou por um momento, mas não conseguiu pensar em nada importante para o dia de hoje, então teve que se levantar e verificar.Não havia projetos de colaboração hoje, nem nenhum feriado especial. Por acaso, ele notou uma tendência de aniversário em seu computador e só então percebeu que er
A babá não podia acreditar:- É verdade?Fábio assentiu, com ar misterioso.- Então por que o tio não tem esposa nem filhos?Antônio estava quase completando trinta anos, e mesmo para homens comuns, era raro não ter esposa e filhos aos trinta.A babá achou isso muito lógico.- Fábio, você realmente sabe muito. - Elogiou a babá involuntariamente.Os dois riram e brincaram, sem saber que Francisca e Antônio já haviam chegado a Vila Flor Douro.Francisca anotou o nome do lugar durante toda a viagem.Antônio observou silenciosamente suas ações, mas mesmo que Francisca soubesse o nome do lugar, ela não poderia levar a criança embora.Ao descerem do carro.Francisca caminhou rapidamente em direção ao lugar. Nesse momento, a babá recebeu uma mensagem informando que Antônio havia chegado, trazendo uma mulher consigo. Ela imediatamente contou a Fábio a novidade.Ao ouvir que seu pai havia trazido uma mulher, a primeira pessoa que Fábio pensou foi Catarina. Além de vê-la na televisão, ele nunca
Breno percebeu que Francisca não estava bem e imediatamente começou a fazer charme.- Mamãe, você esqueceu de algo?Francisca voltou a si:- O que?- Beijinho.Fábio apontou para a própria bochecha. Francisca prontamente deu um beijo na bochecha dele.- Está melhor agora?- Sim.Francisca sentiu que nunca havia experimentado tanta ternura ao lado de Fábio. Todas as injustiças que havia enfrentado nesses dias desapareceram como fumaça.O tempo que passaram juntos voou e a tarde chegou, marcando o momento da despedida. Francisca deu uma série de recomendações, diferente de quando estavam no exterior. Hoje, Fábio estava especialmente responsável, sem fazer birra para impedir Francisca de ir embora.Antes, quando Francisca precisava retornar para Cidade C, Fábio chorava e fazia um escândalo para não deixá-la partir. Era preciso muito esforço para acalmá-lo antes que ele consentisse.Francisca sempre achou que seu filho mais novo não era diferente das outras crianças, exceto pelo fato de qu
Antônio falou sem pressa.Francisca sentiu seus olhos se estreitarem. Ela sempre soube que Henrique tinha uma posição complicada no exterior, mas nunca soube exatamente o que ele fazia. Muitas vezes, ela percebia que ele sofria ferimentos graves.- Fazer algo que prejudica os outros e a si mesmo não parece ser o seu estilo.Francisca fingiu estar calma.A imponente figura de Antônio bloqueou o caminho de Francisca.- Parece que você me conhece bem, não é? Como você sabe que eu não me beneficio?Seu pescoço se contraiu enquanto falava.Francisca manteve seu olhar firme nele:- Gastar mais dinheiro para fazer negócios não lucrativos, isso não é se prejudicar?Antônio soltou um riso frio:- Você está errada. Eu nunca faço negócios que não sejam lucrativos. No meu atual posto, eu sei que há certos negócios que não são apenas pelo dinheiro.“Ele oprimiu repetidamente os empreendimentos de Henrique no país nos últimos anos, tornando suas empresas cada vez mais difíceis de operar. Mas afinal,
Francisca não esperava que o amor que dedicou a ele por tantos anos fosse descrito com apenas duas palavras baratas. Ela se sentiu profundamente desvalorizada.- Sim, agora eu sinto que não vale a pena. - Respondeu Francisca.As veias na testa de Antônio pulsaram, seus olhos ficaram vermelhos, e ele pressionou sua cabeça contra o peito. Francisca sentiu-se sufocando.Ela respirou pesadamente. No entanto, Antônio não estava disposto a soltá-la, esperando que ela se desculpasse. Mas Francisca era obstinada, e se ela decidisse algo, não voltaria atrás, assim como quando ela se apaixonava por alguém.Agora, ela havia decidido algo e não se desculparia facilmente.Francisca já não estava bem de saúde, e com essa situação, sua respiração gradualmente enfraqueceu.Antônio percebeu e rapidamente a soltou, mas antes que ela pudesse recuperar o fôlego, ele a beijou novamente.Os olhos de Francisca tremeram ligeiramente, sua mente ficou em branco. À medida que ela lentamente recuperava a consciên
Henrique também notou Francisca logo atrás de Antônio e lançou-lhe um olhar reconfortante, em seguida estendeu a mão para Antônio.- Sr. Antônio, prazer em conhecê-lo. - Cumprimentou Henrique.Sem a tensão imaginada, entre eles havia uma excepcional gentileza.Antônio apertou sua mão e depois olhou para Francisca, apresentando-a:- Esta é minha esposa, Francisca.Durante a cerimônia de posse, Antônio envolveu a cintura de Francisca com um braço. Francisca queria afastar sua mão, mas ele apertou ainda mais, se recusando a soltar, mesmo que ela arranhasse suas costas até sangrar. Seu rosto permanecia tranquilo.Henrique observava tudo em silêncio, sem demonstrar qualquer surpresa:- Não precisa apresentar, Francisca e eu somos amigos de infância. Eu a conheço melhor do que o Sr. Antônio.Francisca. Ele a chamou de um jeito tão familiar. Ele a conhecia melhor do que ela mesma?Antônio olhou sombriamente para trás e encarou Francisca.- Querida, como é que nunca me contou sobre esse amigo