Guilherme só percebeu que Tatiana estava com febre alta na manhã seguinte.Os funcionários do hotel levaram o café da manhã, e ele pediu que levassem a bandeja para dentro enquanto se dirigia para bater na porta do quarto principal. Bateu algumas vezes, mas não obteve resposta.Preocupado, ele franziu a testa e, finalmente, decidiu abrir a porta.O quarto estava escuro, e o leve aroma que agora pairava no ar era diferente do cheiro de remédios da noite anterior. Guilherme deu alguns passos rápidos até a cama, notando que o copo de água morna que ele haiva levado na noite anterior ainda estava ali, pela metade.Ao olhar para a moça deitada na cama, ele viu que ela não parecia ter percebido sua presença, parecia estar em um sono profundo.Ao confirmar que ela estava ali, Guilherme finalmente relaxou um pouco.- Tati?Ele tentou sorrir e a chamar suavemente.Como de costume, a jovem na cama não respondeu.Guilherme suspirou, um tanto frustrado. Embora fosse importante descansar quando s
Após Severino deixar o quarto principal, Guilherme também não ousou mais procrastinar e começou a arrumar suas coisas. Roupas simples para troca, itens de higiene pessoal, entre outros.Em regra, levar essas coisas embora, não era sua responsabilidade. Ele apenas as arrumou e deixou de lado para que os funcionários do hotel as enviassem mais tarde. Quanto a ele mesmo, seu único cuidado era com Tatiana.Depois de organizar tudo, pegou um cobertor fino, enrolou ela cuidadosamente e, em seguida, a tomou nos braços para sair. O hospital estava bastante movimentado na manhã, com várias pessoas trazendo marmitas para os familiares internados, o que deixava o tempo de espera pelo elevador ainda mais angustiante. Guilherme, naturalmente, não precisava se misturar com essas pessoas e subir em meio à multidão. A Cidade CH já tinha sua própria equipe no local e, sendo um hospital particular, priorizava clientes abonados. No caminho, ele já havia providenciado a internação em um quarto VIP.Seve
- Dr. Severino, você está dizendo que Tati de repente teve febre e a doença piorou por uma questão de probabilidade? Foi só uma coincidência que os remédios de ontem à noite não surtiram efeito? – Questionou Guilherme. Guilherme se recostou na cadeira, com uma postura claramente preguiçosa, mas que, paradoxalmente, transmitia uma forte sensação de pressão.Severino quase imediatamente sentiu vontade de contar toda a verdade ao cruzar olhares com ele. Felizmente, manteve um pouco de lucidez, talvez devido ao tempo que passaram juntos no último mês, o que o fez acreditar que, no fundo, Guilherme possuía um lado mais ameno. Mesmo que fosse apenas uma fachada, isso deu a Severino um certo alívio.Ele se esforçou para controlar todas as emoções.- De fato, não há outros problemas. – Afirmou Severino. - Se não há problemas, por que está tão nervoso, Dr. Severino? – Retrucou Guilherme com seus olhos negros e penetrantes ainda fixos em Severino.Severino abaixou a cabeça, sem ousar encarar
Tatiana despertou lentamente durante a tarde. Durante esse tempo, ela não estava completamente inconsciente, por exemplo, quando a enfermeira trocava a agulha ou quando Guilherme falava suavemente ao seu lado, ela tinha uma vaga lembrança. No entanto, sua mente estava nebulosa, ouvindo apenas ruídos sutis e sem entender claramente o que era dito.Depois do almoço, ela acordou com a cabeça pesada e o estômago roncando de fome. Incapaz de suportar mais, finalmente abriu os olhos completamente.Ao abrir os olhos e virar a cabeça, viu imediatamente Guilherme, sentado em uma cadeira ao lado da cama, descansando com os olhos fechados e a cabeça apoiada na mão. O corpo alto de Guilherme estava inclinado de forma desconfortável na cadeira, parecendo incrivelmente desajeitado. Tatiana mal podia acreditar que o jovem mestre escolheu descansar naquela cadeira dura ao invés de no sofá próximo. Se fosse por pouco tempo, tudo bem, mas ele parecia estar ali há um bom tempo, numa posição que certam
Guilherme, no entanto, parecia achar tudo natural.- Entrei para cuidar de você. – Respondeu Guilherme. Tatiana ficou sem palavras. Só de pensar em alguém a observando enquanto escovava os dentes, já se sentia completamente desconfortável. Além disso, ela não ia só escovar os dentes. Depois de dormir a maior parte do dia, sentia que tinha suado bastante e planejava se limpar com uma toalha. Não podia deixar ele ali.Imediatamente, Tatiana ficou um pouco irritada.- Não precisa, saia já! – Ordenou Tatiana. Guilherme, claro, não iria ouvir ela. Com tranquilidade, ele se aproximou da pia, pegou a escova de dentes elétrica dela, colocou a pasta de dentes e até encheu o copo com água. Quanto ao pedido para que ele saísse, ele simplesmente fingiu não ouvir.- Tem mais alguma coisa que eu possa fazer por você? – Perguntou Guilherme. Guilherme inclinou a cabeça e olhou para Tatiana, com um olhar e uma expressão que diziam claramente que, se ela precisasse, ele até escovaria os dentes par
Tatiana não conseguia encontrar a palavra certa para descrever. Como dizer? Era como a sensação de ter acabado de sair do banho. Lá dentro, envolvida pela água morna, e ao sair, se sentia instantaneamente refrescada. Como caminhar pela rua em um dia de verão escaldante e de repente entrar em um shopping com ar-condicionado e tomar uma bebida gelada. Ela estava irritada com Guilherme por tanto tempo, que a súbita gentileza dele foi um tanto inesperada. Mas aquela sensação foi momentânea, logo esquecida, e quando encarada diretamente e obrigada a expressar em palavras, Tatiana realmente não sabia o que dizer. Ela manteve o olhar fixo em Guilherme por um momento, e finalmente deixou escapar uma frase.- Você é tão lindo. – Disse Tatiana. Depois de esperar tanto, essa foi a resposta que recebeu, fazendo Guilherme soltar uma risada. Ele se sentou no sofá ao lado de Tatiana, cruzando as pernas longas e se apoiando no sofá de forma extremamente relaxada enquanto a olhava. Sua voz era i
Demorou para anoitecer na cidade CH.Com o som das ondas do mar se espalhando e batendo, a escuridão finalmente caía silenciosamente.Diferente da agitação perto do hotel, os arredores do hospital eram muito mais tranquilos. Através da janela, só se viam luzes de néon à distância, sem nenhum ruído perturbador. Até mesmo o coaxar dos sapos e o canto dos pássaros só podiam ser ouvidos ao abrir a janela, e mesmo assim, apenas ocasionalmente. Parecia que, no hospital, até os animais se tornavam silenciosos.Mais perto, os postes de luz sombreados em frente ao hospital destacavam a serenidade e o acolhimento do ambiente.Depois de jantar com Guilherme, Tatiana apoiou os braços e começou a observar a vista noturna do hospital.Na verdade, não havia muito para ver, apenas algumas árvores iluminadas pelos postes de luz. Mas, depois de se acostumar com os outdoors coloridos do centro da cidade e as luzes brilhantes dos arranha-céus, observar tranquilamente a paisagem lá embaixo também se torn
Para ser sincera, quando ela jogou aqueles dois comprimidos no banheiro na noite anterior, sentiu uma pontada de culpa. Afinal, estava quebrando sua promessa a ele, e ao enfrentar sua bondade, surgiam inevitavelmente outros sentimentos em seu coração.Mas a mensagem da tarde dissipou completamente toda a sua culpa e insegurança. Afinal, ele planejava manter ela completamente sob seu controle, mesmo que isso significasse transformar ela em uma pessoa sem pensamento próprio.Como ela poderia continuar ao seu lado? Como poderia ser tão tola a ponto de se deixar levar por aquela "emoção" passageira? Como não deveria partir?No entanto, os dias que passaram juntos foram genuínos. Talvez por querer eliminar a última fagulha de esperança em seu coração, Tatiana não conseguiu evitar falar com o homem ao seu lado.- Guilherme, o que você acha que eu deveria fazer depois que sairmos do país? Você mencionou que eu já trabalhei como design de moda, mas agora esqueci de muitas coisas e provavelm