- Dr. Severino, você está dizendo que Tati de repente teve febre e a doença piorou por uma questão de probabilidade? Foi só uma coincidência que os remédios de ontem à noite não surtiram efeito? – Questionou Guilherme. Guilherme se recostou na cadeira, com uma postura claramente preguiçosa, mas que, paradoxalmente, transmitia uma forte sensação de pressão.Severino quase imediatamente sentiu vontade de contar toda a verdade ao cruzar olhares com ele. Felizmente, manteve um pouco de lucidez, talvez devido ao tempo que passaram juntos no último mês, o que o fez acreditar que, no fundo, Guilherme possuía um lado mais ameno. Mesmo que fosse apenas uma fachada, isso deu a Severino um certo alívio.Ele se esforçou para controlar todas as emoções.- De fato, não há outros problemas. – Afirmou Severino. - Se não há problemas, por que está tão nervoso, Dr. Severino? – Retrucou Guilherme com seus olhos negros e penetrantes ainda fixos em Severino.Severino abaixou a cabeça, sem ousar encarar
Tatiana despertou lentamente durante a tarde. Durante esse tempo, ela não estava completamente inconsciente, por exemplo, quando a enfermeira trocava a agulha ou quando Guilherme falava suavemente ao seu lado, ela tinha uma vaga lembrança. No entanto, sua mente estava nebulosa, ouvindo apenas ruídos sutis e sem entender claramente o que era dito.Depois do almoço, ela acordou com a cabeça pesada e o estômago roncando de fome. Incapaz de suportar mais, finalmente abriu os olhos completamente.Ao abrir os olhos e virar a cabeça, viu imediatamente Guilherme, sentado em uma cadeira ao lado da cama, descansando com os olhos fechados e a cabeça apoiada na mão. O corpo alto de Guilherme estava inclinado de forma desconfortável na cadeira, parecendo incrivelmente desajeitado. Tatiana mal podia acreditar que o jovem mestre escolheu descansar naquela cadeira dura ao invés de no sofá próximo. Se fosse por pouco tempo, tudo bem, mas ele parecia estar ali há um bom tempo, numa posição que certam
Guilherme, no entanto, parecia achar tudo natural.- Entrei para cuidar de você. – Respondeu Guilherme. Tatiana ficou sem palavras. Só de pensar em alguém a observando enquanto escovava os dentes, já se sentia completamente desconfortável. Além disso, ela não ia só escovar os dentes. Depois de dormir a maior parte do dia, sentia que tinha suado bastante e planejava se limpar com uma toalha. Não podia deixar ele ali.Imediatamente, Tatiana ficou um pouco irritada.- Não precisa, saia já! – Ordenou Tatiana. Guilherme, claro, não iria ouvir ela. Com tranquilidade, ele se aproximou da pia, pegou a escova de dentes elétrica dela, colocou a pasta de dentes e até encheu o copo com água. Quanto ao pedido para que ele saísse, ele simplesmente fingiu não ouvir.- Tem mais alguma coisa que eu possa fazer por você? – Perguntou Guilherme. Guilherme inclinou a cabeça e olhou para Tatiana, com um olhar e uma expressão que diziam claramente que, se ela precisasse, ele até escovaria os dentes par
Tatiana não conseguia encontrar a palavra certa para descrever. Como dizer? Era como a sensação de ter acabado de sair do banho. Lá dentro, envolvida pela água morna, e ao sair, se sentia instantaneamente refrescada. Como caminhar pela rua em um dia de verão escaldante e de repente entrar em um shopping com ar-condicionado e tomar uma bebida gelada. Ela estava irritada com Guilherme por tanto tempo, que a súbita gentileza dele foi um tanto inesperada. Mas aquela sensação foi momentânea, logo esquecida, e quando encarada diretamente e obrigada a expressar em palavras, Tatiana realmente não sabia o que dizer. Ela manteve o olhar fixo em Guilherme por um momento, e finalmente deixou escapar uma frase.- Você é tão lindo. – Disse Tatiana. Depois de esperar tanto, essa foi a resposta que recebeu, fazendo Guilherme soltar uma risada. Ele se sentou no sofá ao lado de Tatiana, cruzando as pernas longas e se apoiando no sofá de forma extremamente relaxada enquanto a olhava. Sua voz era i
Demorou para anoitecer na cidade CH.Com o som das ondas do mar se espalhando e batendo, a escuridão finalmente caía silenciosamente.Diferente da agitação perto do hotel, os arredores do hospital eram muito mais tranquilos. Através da janela, só se viam luzes de néon à distância, sem nenhum ruído perturbador. Até mesmo o coaxar dos sapos e o canto dos pássaros só podiam ser ouvidos ao abrir a janela, e mesmo assim, apenas ocasionalmente. Parecia que, no hospital, até os animais se tornavam silenciosos.Mais perto, os postes de luz sombreados em frente ao hospital destacavam a serenidade e o acolhimento do ambiente.Depois de jantar com Guilherme, Tatiana apoiou os braços e começou a observar a vista noturna do hospital.Na verdade, não havia muito para ver, apenas algumas árvores iluminadas pelos postes de luz. Mas, depois de se acostumar com os outdoors coloridos do centro da cidade e as luzes brilhantes dos arranha-céus, observar tranquilamente a paisagem lá embaixo também se torn
Para ser sincera, quando ela jogou aqueles dois comprimidos no banheiro na noite anterior, sentiu uma pontada de culpa. Afinal, estava quebrando sua promessa a ele, e ao enfrentar sua bondade, surgiam inevitavelmente outros sentimentos em seu coração.Mas a mensagem da tarde dissipou completamente toda a sua culpa e insegurança. Afinal, ele planejava manter ela completamente sob seu controle, mesmo que isso significasse transformar ela em uma pessoa sem pensamento próprio.Como ela poderia continuar ao seu lado? Como poderia ser tão tola a ponto de se deixar levar por aquela "emoção" passageira? Como não deveria partir?No entanto, os dias que passaram juntos foram genuínos. Talvez por querer eliminar a última fagulha de esperança em seu coração, Tatiana não conseguiu evitar falar com o homem ao seu lado.- Guilherme, o que você acha que eu deveria fazer depois que sairmos do país? Você mencionou que eu já trabalhei como design de moda, mas agora esqueci de muitas coisas e provavelm
A voz suave da jovem finalmente trouxe o homem no sofá de volta à realidade.Guilherme ergueu os olhos, seu olhar profundo pousando na jovem que estava a uma curta distância.Tatiana tinha acabado de sair do banheiro, com algumas gotas de água ainda penduradas nas pontas de seu cabelo úmido. Seu corpo delicado parecia ainda mais frágil na roupa de hospital.Felizmente, após sair do banheiro, uma leve névoa de vapor fez seu rosto simples parecer menos pálido do que durante o dia, dando a ela um toque de saúde.O olhar de Guilherme se desviou de Tatiana e pousou na jaqueta fina que ela havia deixado no encosto do sofá ao seu lado.Antes ele não tinha percebido o leve aroma no ar do quarto, mas agora, sem razão aparente, o cheiro dela parecia mais forte.Especialmente após o banho, havia um toque sutil do sabonete que ela costumava usar.Guilherme reprimiu o pensamento estranho em sua mente e se levantou do sofá.- Vou me lavar. Se você não estiver com sono quando eu voltar, podemos senta
Quando Guilherme saiu do banheiro, a primeira coisa que viu foi a garota encolhida no sofá, com um travesseiro sobre a cabeça.Provavelmente tinha realmente adormecido, pois não se mexeu ao ouvir seus passos.- Tati? – Chamou Guilherme. Guilherme chamou por ela, mas ela continuou imóvel, sem reação.Ela estava largada em um canto do sofá, com a cabeça coberta por um travesseiro, virada para o encosto, sem qualquer movimento.O rosto de Guilherme exibiu uma expressão de resignação.Essa mulher, que havia dito para ele descansar se estivesse cansado, já estava dormindo profundamente.Tudo bem, afinal, ela estava doente e ele não deveria se incomodar com isso.Ele se aproximou, se inclinou ligeiramente e, ao estender o braço, se lembrou de algo e se endireitou.Ao contrário das meninas, sua higiene pessoal era rápida, um simples enxague com água fria, o que fez com que seu corpo estivesse frio.Se a tocasse, poderia agravar sua doença e ela poderia ter febre à noite.Para garantir, Guilh