Tatiana saiu do quarto logo depois. Ela tinha um corpo bonito, e o vestido azul e branco caía perfeitamente, e lhe dava um ar gracioso e elegante. As mangas do vestido cobriam todas as cicatrizes em seus ombros e braços, escondendo qualquer marca que pudesse assustar alguém.Quando saiu do quarto principal, Severino já não estava mais lá. Ela viu Guilherme de pé ao lado do balcão, balançando uma taça de vinho tinto com uma fina camada de vinho.Por causa da conversa anterior, a expressão de Tatiana não era das melhores. Na verdade, poderia ser descrita como bem desagradável, e seu tom de voz refletia isso.- Troquei de roupa. Para onde vamos agora?Parecia uma senhorita dando ordens a seu guarda-costas, só que sem um destino definido. Guilherme, no entanto, não pareceu se aborrecer com essa atitude.Ele desceu do banco alto, colocou uma mão no bolso da calça, os olhos estreitos fixos nela, com uma postura levemente superior. Satisfeito com a nova roupa dela, ele pousou a taça de vin
- Nada que me deixe feliz. - Guilherme repetiu as palavras dela, rindo baixinho logo em seguida. Ele levantou o olhar e continuou. - Srta. Taís quer dizer que estar comigo não é tão agradável assim?Isso não era algo evidente? Qualquer pessoa que estivesse com um louco que poderia surtar a qualquer momento certamente ficaria um pouco apreensiva. Sem mencionar que, há apenas duas horas, ele estava a ameaçando com seu irmão e pessoas desconhecidas. As pequenas coisas poderiam ser ignoradas, mas isso não.No entanto, Tatiana naturalmente não ousaria dizer isso diretamente a Guilherme. Ela havia percebido que quanto mais o contrariava, mais ele a forçava a ceder com uma atitude ainda mais rígida. Por outro lado, se ela dissesse algo que ele gostasse de ouvir, talvez seu humor melhorasse e a questão passasse sem maiores problemas.Mesmo que sua expressão fosse tão falsa que qualquer um pudesse perceber, ele ainda preferia assim.Tatiana ponderou suas palavras e então disse:- Na verdade, ne
Tatiana, depois de um tempo, percebeu que quase tinha acabado de comer o prato inteiro, enquanto Guilherme, sentado à sua frente, mal tinha tocado nos talheres.Se sentindo um pouco constrangida, ela tentou mudar de assunto para disfarçar.- Certo, por que não vi o Severino?Guilherme parecia mais interessado nas bebidas do restaurante. Enquanto servia comida para Tatiana, já tinha bebido mais da metade do copo. Ao ouvir a pergunta de Tatiana, ele levantou o olhar e disse: - Por quê? Você precisa falar com ele?Desde que chegaram à Cidade CH, na maioria das vezes, só os dois saíam para passear. Apenas o jantar da noite passada foi compartilhado pelos três, então a menção de Tatiana foi um pouco surpreendente.Tatiana percebeu o constrangimento e pegou uma fruta da mesa.- Não é nada importante, só me lembrei de repente. Antes, no hotel, vimos ele, não é? Achei que ele fosse se juntar a nós hoje.Guilherme soltou uma leve risada ao ouvir isso e, abaixando o olhar, notou a pilha de ca
Guilherme franziu a testa enquanto se aproximava. Ele retirou um lenço do bolso e a entregou.- Por que não disse antes que não estava se sentindo bem?Sem prestar atenção no que Tatiana falava, ele já havia largado todas as sacolas de compras para ir até uma loja próxima para comprar duas garrafas de água mineral. Ao voltar, ele abriu uma delas e a entregou.Tatiana aceitou a água com um agradecimento, e só depois de terminar a primeira garrafa começou a se sentir um pouco melhor. No entanto, seu corpo ainda estava fraco, e ela não conseguia levantar a cabeça.Ela segurava o lenço que Guilherme a havia entregado, mas não o usou. Sua visão estava turva, mas sua mente ainda dizia que aquele pequeno pedaço de tecido talvez custasse mais do que ela poderia ganhar trabalhando em vários turnos em um restaurante.Mas, como ela poderia trabalhar em um restaurante?- Consegue andar? - Perguntou Guilherme.A voz dele soava abafada em seus ouvidos.Ao mesmo tempo, sentiu um cheiro que a fez se
Quando Tatiana recobrou a consciência, sua visão ainda estava turva, como se algo pressionasse suas pálpebras, a impedindo de abrir os olhos.No entanto, aos poucos, sua mente clareou e ela pôde ouvir claramente o que estava sendo dito ao redor.Parecia ser a voz de Severino.- A febre é causada por uma infecção gastrointestinal. Vamos iniciar a infusão. Assim que a febre baixar, ela deve melhorar. Depois, é só descansar bem e evitar alimentos picantes e fortes.Logo após, se ouviu a voz grave e insatisfeita de Guilherme:- Quanto tempo vai levar para ela melhorar?Tatiana, mesmo sem conseguir abrir os olhos, ao ouvir essas palavras, sentiu vontade de praguejar.Ficar doente não era algo que se podia controlar, afinal.Isso era exigir demais do médico, não?A voz de Severino era calma, provavelmente porque ele estava preparando a medicação, já que ela estava ouvindo som de vidro.- Cerca de uma semana, mas depende do estado de saúde da Srta. Taís. Ela não está muito bem e pode precisar
A ironia nas palavras era óbvia demais, o que obrigou Tatiana a abrir os olhos, irritada, e olhar para Guilherme.- Eu só estou com febre, não quebrei o braço ou a perna! - Resmungou ela.Talvez surpreso por ela ainda ter forças para falar, Guilherme levantou as sobrancelhas e disse:- Com essa aparência, qual é a diferença?Tatiana ficou em silêncio por um momento, e depois respondeu:- Enfim, eu posso tomar banho sozinha, não precisa chamar ninguém para me ajudar.- Certo. - Guilherme não insistiu, esboçando um leve sorriso no rosto belo. - Então, façamos assim: eu peço para a cozinha enviar uma canja para você, você come um pouco e depois vai se lavar. Pode ser?Tatiana franziu o cenho.Ela lançou um olhar de soslaio para Guilherme, mas o rosto do homem não mostrava nenhuma emoção extra, nem a ironia e desprezo que ela imaginava.Ela se apoiou nas mãos para tentar se sentar, pois se deitar estava realmente desconfortável, e mal começou a se mexer, Guilherme já havia dado um passo à
Guilherme abaixou os olhos, perdido no sorriso dela, momentaneamente esquecendo o desagrado que aquele tratamento lhe causava. Quando voltou a si, a jovem apoiada na cama já estava com a pequena tigela nas mãos, comendo, e ele já havia perdido qualquer vontade de discutir.Ele desviou seu olhar profundo e engoliu em seco.- Se precisar de algo, me chame.Enquanto falava, ele já havia afastado o olhar de Tatiana, e sua voz parecia rouca.Então ele pegou o computador e o celular que estavam na outra mesa e saiu, seus movimentos eram rápidos quase como se estivesse fugindo.Quando Tatiana levantou a cabeça, seguindo o rastro de luz e sombra, o homem já havia desaparecido completamente de sua vista, restando apenas a porta do quarto principal que balançava levemente.Ela piscou os olhos, deu uma breve olhada e voltou a baixar a cabeça para continuar comendo.Fora do quarto, devido à entrega das roupas pelo responsável do hotel, Guilherme rapidamente se recompôs da confusão momentânea, reto
- Certo, não falo mais. - O jovem de olhos azuis levantou as mãos em sinal de rendição e adotou um tom mais sério. - Guilherme, você mudou muito desde que voltou para casa. Parece que você não é mais o mesmo. Será que... Você está apaixonado?Guilherme não respondeu diretamente à pergunta. Ele deu a volta e se sentou no sofá, apoiou o celular em um suporte e pegou o laptop para começar a navegar.- Você está com muito tempo livre? - Murmurou ele.O jovem de olhos azuis parecia inocente, e disse:- Só estou curioso. Afinal, ver alguém que conheço desde pequeno mudar por causa de uma mulher é, no mínimo, surpreendente. - Depois de uma breve pausa, ele continuou. - Ah, eu enviei os documentos que você pediu. Não se esqueça de verificá-los. Além disso, você precisa cuidar de alguns assuntos em Cidade Sears. Não pode deixar tudo de lado só porque tem uma bela companhia.Guilherme não lançou um único olhar ao jovem.- Não preciso que você me lembre.Talvez por tédio ou pela confiança de que