Dimitri não ficou mais tempo lá, provavelmente porque não queria ver Leandro. Depois de garantir que Carla estava bem, ele saiu discretamente com Mariane.Quanto a Daiane, ela continuou tola, ocupada na cozinha.Ao sair da mansão, os cantos da boca de Dimitri ainda sangravam um pouco, mas ele disse calmamente:- Me leve para comer.Mariane revirou os olhos.Comida, comida, comida! Ela realmente se lembrava bem.Antes que ela pudesse dizer algo, Dimitri dirigiu alguns quilômetros à frente e parou em frente a um pequeno restaurante no sopé da montanha.Mariane deu uma olhada e percebeu que era um restaurante de comida nordestina.- Você consegue comer com a boca assim? Está sangrando. - Ela arqueou as sobrancelhas.Dimitri acendeu um cigarro e disse:- Tenha dó da sua carteira primeiro.Os dois entraram no restaurante e o proprietário parecia conhecer Dimitri, sorrindo assim que o viu:- Oh, Sr. Dimi, o de sempre?Dimitri olhou para Mariane e perguntou:- Pode ser de acordo com o meu cos
No pequeno restaurante, Dimitri levantou seu copo em direção a Mariane.- Parabéns, você foi temporariamente liberada. - Disse ele.Mariane sentiu um grande alívio em seu coração.No momento em que brindaram, ela se lembrou da hesitação e das maquinações em sua mente antes de sair correndo para defendê-lo de Leandro.Ela não era uma santa que se intrometia em assuntos alheios, mas o que ela queria era que Dimitri fosse tocado, não a considerasse apenas um brinquedo, a manipulando enquanto a usava para enojar Vinicius.Felizmente, ela não estava errada.Esse garoto travesso ainda tinha um pouco de consciência.Dessa vez, ela poderia relaxar um pouco mais, pelo menos não precisaria se preocupar com Dimitri usando ela contra Vinicius.Assim, ela poderia conviver melhor com Vinicius.Evitando que toda vez que encontrasse Dimitri, ele soubesse e causasse problemas para ela.Pensando assim, a comida ficou ainda mais saborosa.Havia uma televisão no restaurante, transmitindo notícias de entre
Depois de sair do pequeno restaurante, já estava escuro lá fora.Ao longo da estrada, havia apenas alguns postes de luz bem espaçadas, enquanto uma fina chuva caía. No momento em que Mariane se virou, viu Dimitri mexendo no curativo no canto da boca.- De onde você tirou isso? Está arrancando meus pelos. - Ele franziu a testa com desgosto.- Ter um curativo para usar já é muito bom.A Nina tinha comprado isso alguns dias atrás e era bem barato, Mariane não esperava que a aderência fosse tão forte.Na bolsa dela ainda tinha o que sobrou da última vez que Vinicius usou, mas era muito caro, então ela não quis pegar para Dimitri usar.- Espere aqui, vou pegar o carro. - Disse Dimitri.Mariane assentiu.Ela ficou parada enquanto Dimitri atravessava a rua.O ar estava úmido, não era bem chuva, parecia mais um umidificador ligado.Mariane suspirou aliviada, olhou para cima, fechou os olhos e sentiu a tranquilidade da noite.Um carro passou ao lado dela, ela deu uma olhada com os olhos semicer
Ao se despedir de Paloma, Mariane pensou que Gustavo certamente apareceria, mas ao chegar ao aeroporto, apenas duas colegas de classe vieram para se despedir de Paloma.Paloma estava muito melhor do que antes, se despedindo de cada amiga. Por fim, ela chegou perto de Mariane, com os olhos vermelhos.- Mari, muito obrigada mesmo. - Disse Paloma.Mariane olhou ao redor brevemente e não viu Gustavo, se sentindo um pouco decepcionada.Ela abraçou Paloma e, ao se aproximar, Paloma disse:- Ele já veio me ver antes.Então era isso.A voz da garota estava embargada quando ela disse:- Ele disse que vai me procurar depois do vestibular.Mariane ficou muito feliz, pois estava preocupada que Gustavo não quisesse sair daqui. Agora não precisava se preocupar mais.Depois que Gustavo fosse embora, ela não precisaria se importar com mais nada.- Tenha uma boa viagem. - Ela disse, dando um tapinha no ombro de Paloma.Paloma enxugou as lágrimas e acenou com a cabeça.O anúncio no alto-falante já estav
Mariane estava parada no quintal, atônita por um momento, olhando desamparada para o vazio do quintal.Ela tentou chamar duas vezes:- Florida?Sem resposta.Ela fechou os olhos, incapaz de descrever seu estado de espírito. Já não era apenas raiva assim, tão fácil.Era apenas uma galinha, não era exatamente um animal de estimação.Mas foi algo que a Raquel havia dado a ela, era algo dela.O mais importante era que Raquel gostava tanto da Florida, mas ainda assim estava disposta a presentear Mariane com ela. Quando ela recebeu, não pôde deixar de chorar e sorrir, mas ao pedir para Dona Josiane cuidar dela, falava sério.Quem deu a Vinicius o direito de mexer em suas coisas? E ela era uma criatura viva, ele a matou só porque estava de mau humor?Ela estava tão irritada que não conseguia respirar direito. Ela se virou sem expressão e correu de volta para a sala de estar.Dona Josiane viu seu rosto insatisfeito e não entendeu o que estava acontecendo, então tentou perguntar:- Senhora, o q
- Jesus! Como essa galinha está aqui?!- Agora me lembrei, à tarde choveu um pouco e ventou, eu pedi ao seu Pereira para fechar as janelas do quarto de vocês. - Dona Josiane pegou a galinha e começou a tagarelar, mas virou a cabeça e percebeu a expressão complicada de Mariane, com os lábios pálidos. - Senhora?Mariane respondeu com um grunhido seco. Ela virou a cabeça e tentou perguntar:- Quem pediu o jantar tarde da noite?- Pedir? - Dona Josiane ficou surpresa. - Não são pratos regulares? Você e o senhor não pedem nada em especial, a cozinha faz o que tiver ingredientes frescos.A expressão de Mariane ficou completamente ruim, ela não se importava se havia penas de galinha no sofá e simplesmente se sentou.Ela foi precipitada demais.Ela começou até a suspeitar se aquele prato que ela viu realmente era frango assado.Passos podiam ser ouvidos na porta.Dona Josiane foi abrir a porta com a galinha e percebeu que Vinicius estava ainda mais frio, nem mesmo ousando falar.Vinicius olhou
Não havia nenhum som lá em cima, enquanto Dona Josiane tremia de medo lá embaixo, pensando se deveria ligar para a Mansão dos Lopes e pedir à Sra. Hebe para intervir.De repente, um grito de galinha agudo e anormal ecoou.Ela instintivamente se virou e olhou para cima.Viu a porta do quarto sendo aberta, parecia que Vinicius estava prestes a sair, mas a galinha tomou um passo à frente e voou para fora.No momento em que ele se virou, o pé da galinha voadora passou arranhando seu canto do olho.Dona Josiane gritou.Lá em cima, Mariane também ficou paralisada.Num piscar de olhos, Florida pousou no chão, e Vinicius deu dois passos para trás e bateu na moldura da porta. Naquele segundo em que ele virou o rosto, Mariane viu claramente o ferimento no canto do seu olho.Um arranhão de dois ou três centímetros.Ele levantou a mão e, com os nós dos dedos curvados, tocou o canto do olho. Depois de sentir claramente a dor, virou a cabeça e olhou friamente para Mariane.Mariane abriu a boca para
A porta do escritório não estava fechada. Mariane deu duas batidas leves e empurrou a porta para entrar.Um forte cheiro de tabaco atingiu seu rosto.Ela tossiu duas vezes assim que entrou. O escritório estava totalmente escuro, e o lugar em que ela permanecia de pé perto da porta era o único ponto iluminado.Vinicius estava sentado no sofá, inclinado para a frente, com uma expressão sombria e olhos cheios de melancolia. Ele batia as cinzas do cigarro no cinzeiro de cristal.Ao ouvir o barulho, ele lançou um olhar rápido para ela.- Saia daqui. - Disse ele.Mariane não se moveu e disse:- A vovó me pediu para vir ver você.- Já viu, agora pode sair. - Respondeu Vinicius.Mariane respirou fundo.Ela entrou, colocou o kit de primeiros-socorros na mesinha de centro e começou a abri-la metodicamente.O homem soltou uma baforada de fumaça e a observou com os olhos semicerrados.- Você pensou bem, achou que ainda sou útil e voltou para representar o papel de uma pessoa sofredora e carente, s