Normalmente, ela raramente ligava para ele, mas, toda vez que o fazia, ele atendia quase que imediatamente. Parecia que Mateus sempre a recebia com muita atenção.Mas, naquela noite, o telefone tocou por muito tempo e ninguém atendeu.Ela ligou uma segunda vez, e aconteceu o mesmo. Valentina sentiu uma inquietação crescer em seu coração.Depois de tentar várias vezes, ainda sem resposta, a ansiedade dentro de Valentina ficou cada vez mais intensa. Estava prestes a ligar para Délcio e Paulo quando o telefone de Henrique Coelho tocou.— Alô, Henrique, onde está seu irmão? — Assim que atendeu, Valentina perguntou, sua voz revelando uma leve tremulação de nervosismo.Do outro lado da linha.Henrique Coelho havia ligado justamente para informar Valentina que Mateus estava "ocupado" naquela noite e não poderia se desvencilhar. Mas, ao ouvir a pergunta dela, ele se sentiu estranhamente culpado.Essa momentânea hesitação fez Valentina perceber que algo estava errado.— O que aconteceu com seu
No penhasco da montanha, o vento antes do amanhecer ficava cada vez mais frio. Os homens que Paulo enviou para as buscas trouxeram notícias, e Valentina, ao ouvir as palavras "Encontraram-no", correu imediatamente. Seu corpo estava rígido de tanto esperar e, ao correr, quase caiu algumas vezes, mas conseguiu se manter de pé. — Onde ele está? Onde está o Mateus? Ele está machucado? O ferimento é grave? — Valentina despejou uma série de perguntas de uma vez só. Ainda tinha muitas dúvidas em sua mente. O mensageiro, ao ver Valentina, ficou subitamente atônito. — Sra. Mello... Desde que o Sr. Mateus anunciou que já havia se casado com a Srta. Valentina, ele deixou claro para todos que, ao encontrar a antiga Srta. Valentina, todos deveriam chamá-la de "Sra. Mello", independentemente da situação. Ao pensar na notícia recente, o mensageiro hesitou. Sua reação deixou Valentina ligeiramente intrigada. Sendo perspicaz como era, ela percebeu algo estranho e, sem continuar a qu
Ele já havia magoado muita gente.Os dois se encontraram no hospital. Antes da chegada da Sra. Nina, Vitor não tinha entrado; até agora, ele ainda relutava em encarar a situação.A Sra. Nina olhou para ele com um olhar tão afiado quanto uma faca. Ela sentia desprezo por Kayra e, ao mesmo tempo, culpava Vitor."Se não fosse pelo Vitor ter se casado com essa praga da Kayra, ela nunca teria tido a chance de se infiltrar na família Mello com intenções tão sórdidas!"E agora, isso ainda resultou no desaparecimento de seu neto!A Sra. Nina sempre admirou a força. Para seus descendentes, o que mais valorizava era a capacidade, e sempre teve grandes expectativas para Mateus. Durante o crescimento dele, ela não ofereceu muitos cuidados, mas o pouco que dava, ele valorizava imensamente.Não era porque ela oferecia muito ou de forma generosa, mas porque Mateus sempre foi uma pessoa excepcional.Frio por fora, caloroso por dentro, alguém que sabia ser grato.— Mãe, a Kayra... Quando a encontraram,
— Eu claramente... Eu claramente o amo tanto. — Kayra disse isso rindo alto, e, embora Valentina já tivesse uma leve suspeita, ainda ficou chocada ao ouvir aquelas palavras.Amá-lo?"A Kayra... Ela é a madrasta do Mateus!"— Kayra, cale-se.Desta vez, quem pediu para Kayra se calar não foi a Sra. Nina, mas sim Vitor.Vitor olhava para Kayra, deitada na cama do hospital, com uma expressão que misturava raiva, nojo e uma série de emoções contraditórias.— Louca, você é louca!Naquele dia no penhasco, ele já tinha ouvido aquelas palavras uma vez.Nos últimos dias, ele tentava afastar esse pensamento de sua mente.Mas agora ele entendia que havia certas verdades das quais não podia escapar.Ele pensava que Kayra o tinha traído, que estava envolvida com o Sadi apenas por ressentimento, como uma forma de vingança ou talvez de buscar algum consolo emocional, já que ele ainda amava Emanuele.Mas a verdade era que os sentimentos de Kayra sempre tinham sido voltados para o filho dele.— Louca? —
Valentina olhava para Kayra, deitada na cama do hospital.Kayra tinha um olhar enlouquecido, e até mesmo um leve sorriso fazia suas feridas doerem, ao ponto de ela ranger os dentes de dor.Mas, ainda assim, ela ria descontroladamente.Ela estava satisfeita, zombando.Satisfeita por ter destruído tantas pessoas sozinha, enquanto ria dos tolos que caíram em suas armadilhas, lamentáveis e patéticos.A raiva dentro de Valentina aumentava a cada momento. Ela encarou Kayra e, em meio às risadas dela, falou calmamente:— Você não o ama!Kayra parou. Suas risadas cessaram abruptamente. O sorriso congelou em seu rosto, mas só por um instante; logo, seu semblante voltou ao mesmo ar de deboche.— Eu o amo! Eu o amo mais do que qualquer um de vocês! — Respondeu Kayra com orgulho.Valentina soltou uma risada fria.— É mesmo? Você o ama tanto que quer vê-lo morto, quer colocá-lo em perigo? Esse tipo de amor... Você acha que é amor? É só a sua mente doentia. Você está irritada, irritada porque ele nã
A Sra. Nina olhou para Valentina com um olhar ansioso. Valentina, por outro lado, ainda estava em choque com a notícia que acabava de receber. "Grávida... Ela está grávida?" O olhar de Valentina caiu sobre sua barriga, e uma sensação estranha se formou em seu coração. Quando suas mãos tocaram a barriga, ela até tremeu um pouco, e a palavra "grávida" continuava ecoando em sua mente. Ela estava grávida! O filho dela e de Mateus... — Vali? — A Sra. Nina, sem receber resposta, não pôde deixar de perguntar novamente, seu coração cheio de incerteza. Mateus havia desaparecido por tanto tempo, e eles não o encontraram até agora. Talvez ele realmente estivesse morto. Valentina era tão jovem... Ela... — Claro. — Valentina finalmente se lembrou da pergunta da Sra. Nina e respondeu com firmeza. — Eu vou ter o bebê. O filho dela e de Mateus. Ela definitivamente iria tê-lo. A Sra. Nina se emocionou até as lágrimas. — Bom, boa menina... O Mateus... Ele... — O Mateus vai
No quarto de Mateus, Valentina já havia estado ali uma vez.A tonalidade do ambiente era fria, transmitindo uma sensação de opressão; ela quase podia sentir o estado de espírito de Mateus enquanto morava ali. Ele sempre se reprimiu.— Eu quero mudar isso aqui. — Disse Valentina.A Sra. Nina se surpreendeu por um momento, mas logo respondeu:— Claro, você pode mudar o que quiser. Vou arranjar alguém para te ajudar. Se precisar de algo, é só pedir a ela.No dia seguinte, a Sra. Nina trouxe uma pessoa.— Sra. Mello, meu nome é Sofia. A partir de agora, se precisar de alguma coisa, pode me chamar.Valentina estava escrevendo e desenhando em um papel.Quando levantou os olhos, viu Sofia. A jovem tinha olhos claros e limpos, parecia muito dócil e estava na faixa dos vinte e poucos anos.Valentina não queria falar, apenas sorriu educadamente.Sofia era silenciosa, mas muito eficiente em seu trabalho.Enquanto Valentina começava a reformar o quarto, Henrique Coelho retornou à velha mansão. Ao
Janaína segurava com força o volante, e o impulso de antes desapareceu completamente.— Desça!Daniel falou pela terceira vez, batendo com a palma da mão no capô do carro. O som estrondoso fez Janaína engolir em seco.Ela tinha um pressentimento.Se não saísse do carro, Daniel certamente destruiria o veículo.Ela respirou fundo e decidiu sair.Ao abrir a porta do carro, sentiu uma brisa fria.Ao redor do carro de Daniel, vários carros de luxo a cercavam.Além de Daniel, Afonso e Henrique Castro também estavam lá.Os três provavelmente souberam que ela estava indo procurar Valentina e deixaram imediatamente o que estavam fazendo para vir até ali.Janaína se sentiu incomodada."Essa Valentina é realmente sortuda! Tanta gente protegendo ela, deve nem sentir o vento soprar."Janaína olhou para o muro da Mansão da Família Mello e, apesar de sentir inveja, seu impulso parecia fraco.— Eu só queria ver a Valentina, é natural uma tia querer ver a sobrinha, não é?Apesar de falar assim, ela est