Ao Som do Violão

       Após saírem do caos que estava a cidade e chegando numa casa aparentemente abandonada, eles resolvem entrar mas Richard ouve uns gemidos e uns gritos de dor vindo de dentro da casa, seu pai diz para irem procurar outro lugar pra eles ficarem, mas Richard sabe que eles precisam parar um pouco e descansar já que estava escurecendo, Richard com sua arma vai entrando sozinho e devagar até o barulho que vinha de um quarto cujo a porta está parcialmente aberta, ele a abre e vê duas daquelas coisas devorando uma pessoa ainda viva, a cena era horrível os gritos de dor e pavor com sangue, Richard tenta andar pra trás mas o chão faz barulho quando dá um paço, as coisas rapidamente olham para Richard que aponta sua arma tremendo para eles que começam a vir em sua direção.

Do lado de fora, Julia preocupada com seu pai pergunta.

— Não é melhor entrarmos atrás do papai?

José responde.

— Espere mais um pouco querida, se ele demorar mais nós entramos ok?

— Ok.

Nesse momento eles ouvem dois disparos vindo de dentro da casa, o que faz com que entrem correndo, José grita.

— Richard? está tudo bem?

Eles encontram duas coisas mortas na porta e Richard dentro do cômodo olhando pra um corpo desfigurado, mas ainda vivo, com seus órgãos para fora, sangue por toda a parte, ele estava agonizando, tampa os olhos de Julia e a retira do recinto, ao voltar tenta falar com seu filho.

— Você está bem?

Richard responde com uma voz um pouco tremula e quase chorando.

—Eles estavam comendo-a viva... os gritos de dor eram dela, quando essas coisas me viram e eu as matei, mas ela ainda está viva olhe.

José olha para a pessoa e fala.

— Temos que acabar com o sofrimento dela, atira na cabeça dela!

Richard surpreso fala.

— O que? Não, deve ter um jeito de levarmos ela para um hospital ou...

— Hospital? Sério Richard? Olha o caos que esse mundo virou e olha a situação dela.

José pega a arma da mão de Richard e atira na cabeça da pessoa sem hesitar, ele bota a arma na cintura e fala saindo do quarto.

— Tem que ser mais forte filho, pelo que vi, esse inferno está só começando.

Richard fica travado olhando para o corpo morto e José fala.

— Agora venha me ajudar a fechar essa casa, vamos dormir aqui essa noite.

Richard se levanta e o faz, eles empurram os moveis para frente das portas e janelas e já de noite Richard bota Julia ara dormir.

— Estou com medo papai, não consigo esquecer as coisas que vi hoje e a Clara, sempre que fecho os olhos eu vejo tudo de novo.

— Ei docinho, eu sei que é difícil esquecer, mas você tem que ser forte e tentar, eu também não gostei daquelas coisas que vimos, mas estou tentando, seja forte comigo e tente também ok?

— Ok.

Richard dá um beijo na testa de sua filha.

— Boa noite docinho.

Seu pai estava na sacada de vigia com o 38 na mão e Richard vai até ele.

— Não sei como a ela consegue dormir após tudo que vimos? —Disse José.

— Ela ainda não dormiu, mas vai tentar, é uma menina muito forte.

— Diferente do pai.

Richard olha para seu pai e fala indignado.

— Por que essa implicância eterna comigo?

— Você é fraco Richard, nunca conseguiu ser forte e agora no fim do mundo, com a vida de todos em perigo principalmente da Julia, você hesita em puxar o gatilho.

— Não fala assim de mim, você não me conhece, eu faço de tudo para mantê-la a salvo.

José fica com cara de decepção e fala.

— Pense o que quiser Richard, um homem que não consegue manter uma família unida nunca será forte.

— Não vou cair na tua, só está querendo me provocar.

— Só estou falando a verdade, eu que tive que te ajudar no tribunal, senão você não ficaria com a guarda da Julia e só fiz isso porquê eu amo minha neta. Cansei de falar com você, não vai levar a lugar nenhum.

— É melhor parara mesmo, só está falando merda.

José entrega o 38 para Richard e fala.

— Vou dormir, atira se for necessário, seja útil pelo menos uma vez na vida.

— Eu sempre fui útil, o senhor que não enxerga isso, espero que durma bem!

José se vai e Richard fala consigo mesmo.

— Velho estupido!

A noite estava calma, Richard só ouvia barulho de grilos e nada mais, parecia que aquele inferno foi só na cidade, a noite escura e estrelada o acalmava e trazia para o ambiente uma certa tranquilidade, no meio da noite Julia veio falar com seu pai.

— Papai!

Richard fica surpreso de vê-la ali.

— O que está fazendo acordada docinho?

Ela chega bem perto dele e o abraça.

— Tive um pesadelo com aquelas coisas, elas estavam pegando você e o vovô, eu acordei em pânico.

— Não precisa ficar assim meu bem, não vai acontecer nada comigo e nem com o vovô, estamos seguros e eu vou proteger você e o vocês.

— E quem te protege papai?

Richard se cala por uns segundos e fala com um sorrisinho bobo.

— Eu me protejo docinho.

— Eu confio em você, diferente do vovô.

— Seu vô está estressado, não ligue se um dia ele falar algum ruim de mim ok?

— Ok. Ei pai, me conte de novo a história de como você e a mamãe se conheceram?

— Por que quer ouvir essa história de novo filha?

— Eu gosto dela e faz eu me sentir perto da mamãe.

— Ok docinho, foi no ensino médio, eu já sabia tocar bem o violão e o levava o pro colégio sempre, todos gostavam, pois eu alegrava as aulas chatas, um dia uma amiga dela a chamou para nossa sala para ouvir um garoto tocar violão, então ela foi e na primeira vez que a vi me apaixonei, lindos cabelos castanhos cacheados, olhos verdes e usava óculos, ao final da aula daquele dia eu fui falar com ela.

                                                      ...

“— Ei, vi você na minha sala hoje enquanto tocava, eae curtiu?

— Você toca bem, eu gostei muito.

Richard dá um sorriso e diz.

— E a minha ouvinte tem nome?

Ela dá um sorrisinho e fala.

—Christina. E o músico tem?

— Richard.

— Nome legal.

— Pois é. Ei, você...quer sair pra tomar alguma coisa ou ouvir eu tocar um pouco mais?

— Eu ia fazer uns desenhos, sabe o tédio —deu risada— mas já que você convidou eu vou, bem melhor do que desenhar sozinha né?

Ambos começam a caminhar juntos e Richard sorriu junto a ela e disse:

— Sim...pera, você desenha?

— Sim, minhas amigas dizem que eu desenho bem.

— Posso ver? sabe quando lançar um disco vou precisar de alguns desenhos —falou com tom de convencido.

Christina riu e disse:

— Pode, mas acho que não serve pra uma capa de disco —risos— não quero estragar sua capa.

Mostrou alguns desenhos do caderno e Richard ao ver que a menina desenhava bem ficou mais interessado e disse:

— Caramba você desenha bem mesmo, já está contratada —muitas risadas.

—Sério? E quanto vai ser meu salário? —risos.

— Um.

—Um real?

— Um beijo meu.

A menina ficou vermelha feito em tomate e disse:

— Meu deus garoto, acabamos de nos conhecer.

— Eu sei, mas é que eu já gostei muito de você sabe?

Christina riu e falou.

— Ninguém nunca chegou assim em mim —risos— curti seu estilo, músico da sala ao lado.

O tempo foi passando e eles cada vez mais próximos até que veio o primeiro beijo e um namoro sério, até uma gravidez, mas ao nascer a pequena Julia, as coisas começaram a ficar ruins, contas e os suprimento que um bebê precisa e a música não estava dando certo, as pessoas não davam a mínima para músicas românticas e com isso tudo veio as brigas dentro de casa.

— Richard. A Julia está precisando de fraldas.

— Eu sei, estou indo em todos os estúdios pra ver se eles patrocinam minhas músicas.

Christina brava diz.

— Você tem que esquecer essa história de música, não está nos trazendo dinheiro só prejuízo.

— Eu vou conseguir amor, só precisamos ter fé confia em mim.

— Richard, eu estou tentando, mas estamos vivendo na pobreza dois anos com essa história de ser músico, por favor amor, arrume um emprego que nos de uma boa vida.

— De que adianta eu ir atrás de algo que não me faça feliz? só pelo dinheiro? jamais farei isso, minha filha vai se orgulhar de mim.

— Desculpe amor, mas eu não aguento mais essa vida.

Christina chorando, começa a arrumara as coisas numa mala.

— O que você vai fazer?

— Levar Julia para minha mãe, vamos morar lá até você tomar juízo e procurar um emprego decente.

Richard com raiva fala.

— Pensei que você acreditava em mim, quando me ouvia tocar na escola.

— Aquele tempo passou Richard, erramos jovens, não sabíamos da vida real, eu acreditava muito em você, mas, a realidade está batendo na nossa porta.

— Essa é minha realidade, você não pode levar a Julia.

— E como vou deixá-la aqui?

—Vou pedir a meu pai ou a amigos uma ajuda, só confie em mim mais uma vez amor.

Christina chorando abraça Richard e diz.

— Só mais uma vez ok?

— Ok.

Mas as coisas só pioravam, e um ano após isso eles tiveram o que seria a última discussão.

— Chega Richard, chega— ela falou gritando.

Christina começa a arrumar as coisas.

— Você não acredita no meu potencial, quer ir embora? Vá!!

— Minha mãe vai cuidar bem melhor da Julia fique você sabendo.

Richard gruda Julia nos braços e diz.

— Você não tirará minha filha de mim.

— Como você vai cuidar dela? não consegue cuidar nem de si mesmo.

— Eu vou dar um jeito, mas você não vai tirar de mim minha única filha.

— Isso o juiz dirá.

— Você quer levar isso para o tribunal?

— Sim.

No tribunal Christina estava quase ganhando a guarda de Julia, mas sorte que o pai de Richard tinha mais condições e conseguiu a guarda da menina, Richard e Christina nunca mais se falaram após isso, Richard criou Julia com a ajuda de seu pai e Christina, viajou para uma cidade do interior assim nunca mais viu sua filha de novo.”                   

                                                           ...

— E fim.

Julia estava chorando e disse:

— Sempre choro no final, por que ela nos abandonou pai? Era só ele me visitar de vez em quando, mesmo vocês não estando morando juntos.

— Eu não sei filha, eu pensava que entendia sua mãe por completo, mas estava errado.

— Será que ela está por aí?

— Com tudo que está acontecendo, eu não sei mais de nada.

— Mesmo ela tendo nos abandonado, eu a queria aqui com a gente.

— Pois é, agora vá dormir filha, amanhã teremos um dia cheio.

— Ok.

A menina se vai e Richard vira a noite de vigia, e ao amanhecer, José acorda e vai até Richard.

— Dormiu bem? —Perguntou Richard.

— Sim. Por quê?

Richard entrega a arma para seu pai e fala.

— Você cuidara da Julia enquanto eu estiver fora.

— Mas, aonde você vai? E desarmado?

Richard vai até uma cômoda e retira um facão.

— As pessoas que estavam aqui também queriam proteção, eu dei uma olhada de noite e achei isso aqui e aonde eu vou? Vou ser útil, como você pediu.

— Onde você pretende ir?

— Vou procurar nos arredores algo que possamos comer ou usar, amanhã de manhã partiremos. Ok?

— Você vai morrer se sair sem o 38, para de ser cabeça dura!

— Vou entender isso como ok!

Richard segurando seu facão sai pela porta e José fala consigo mesmo.

— Tome cuidado filho.

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