LorennaO mundo realmente não gira, capota e numa dessas eu acabei me ferrando. Sentada neste banco de cimento, olhando o vazio dessa cela, pensava em tudo que aconteceu nessas horas. Eu estava presa, acusada de ajudar quatro menores a assaltar a mansão em que eu trabalho. É algo tão surreal, que por um segundo tentei controlar o riso em meus lábios. Eu estava detida, sabe Deus por quanto tempo, até que se provasse que eu jamais ajudaria a roubar as pessoas que confiam em meu trabalho. Isso era uma brincadeira de péssimo gosto e André me garantiu que descobriria tudo e eu estaria de volta em breve. O delegado plantonista, conversou comigo após o interrogatório, dizendo que o mais velho dos quatro, continuava afirmando que eu os contratei e ficaria com uma grande parte da venda de tudo levado. Me senti muito mal, quando a policial insinuou que o fato de morar em uma comunidade me tornava criminosa e ela em nenhum momento acreditou nas minhas palavras. Ian se desculpou por não conseguir
André Há anos que não me sentia tão desesperado, como me senti essa madrugada. Voltar para casa sem Lorenna comigo, deixou-me completamente louco e com medo de que ela permanecesse presa. Minha filha me surpreendeu ao dizer, que não acreditava que Lorenna fosse culpada de algo e Lissandra também achava que existia algo que nem mesmo Lorenna sabia. Agora com minha garota em meus braços, sinto meu coração mais calmo. — Não pense besteira ou ache que vou desconfiar de você. Te conheço tempo suficiente, para saber que nunca seria capaz de algo assim — digo, segurando seu rosto com as mãos. Lorenna tenta segurar o choro, porém desaba ao ouvir falando assim. — André, não tenho ideia de quem fez isso. Juro que jamais faria uma loucura dessas, não é porque sou moradora de comunidade que sou uma criminosa. Lorenna diz, entre soluços. Sussurro em seu ouvido que acredito em tudo que me diz, aviso que vamos para o apartamento primeiro. Queria conversar com ela longe da mansão. Minha decisão
André— Por que essa conversa surgiu assim de repente?Lorenna questiona, me olhando desconfiada.— Talvez, porque o momento de contar sobre o meu passado chegou e agora que vamos assumir nosso relacionamento, você precisa saber a verdade sobre o meu casamento e a relação que tive com a mãe da minha filha.Digo, observando curiosidade em seu rosto.— Laura faleceu na noite em que nos conhecemos — solto a bomba, vendo surpresa em seu olhar. Lorenna quis falar, porém eu pedi que ouvisse tudo antes de dizer algo.— Conheci Laura quando voltei da especialização que fiz na América. Tinha assumido a vice- presidência da construtora e nos conhecemos, no coquetel de lançamento de um mega empreendimento em um condomínio de luxo. Laura era dois anos mais nova que eu, órfã de pais, vivia com uma tia solteira, us
LorennaAndré estava sendo tão paciente comigo. No café da manhã ele não fez tantas perguntas, isso fez com que eu refletisse sobre tudo que vinha acontecendo. Precisava me abrir contando sobre os meus problemas e a suspeita que rondava minha mente. Eu não queria estar julgando em falso, porém algo dentro de mim, dizia que Laisa tinha participação no assalto. Quando André diz que vai me contar sobre o seu casamento e revela que a esposa morreu na noite em que nos conhecemos, comecei a entender o motivo da mãe dele sempre se manter distante quando o assunto era a nora morta. Isabella raramente falava da mãe e minha patroa agia como se a mulher nunca tivesse existido. Até mesmo fotos com André não existiam espalhadas pela mansão, além de três portas- retratos no quarto da menina. Agora sabendo que a esposa era viciada, compreendi o motivo do preconceito que existia em relação à dona Rose e o fato de Luciana me pedir para não contar que eu morava em uma comunidade. Antes que eu pudesse c
LorennaChegamos ao escritório do amigo do Ian, um pouco depois das três da tarde. Acabei pegando no sono e André não quis me acordar, por dormir em uma cela sem nenhum conforto. Dona Rose e seu Antônio estavam cientes do roubo, porém não sabiam da acusação contra mim e nem que minha irmã era uma das suspeitas. O doutor Cortez, estava em reunião com outro cliente, então André e eu ficamos aguardando na recepção do luxuoso escritório.— Com toda confusão, acabei esquecendo de te contar — André disse, segurando minha mão sem importar com as outras pessoas ao redor.— O que houve?Perguntei, curiosa, ao ver o sorriso no rosto do meu agora namorado.— Sua amiga contou para o meu primo que está grávida dele — fiquei surpresa com a revelação da gravidez da minha amiga de faculdade.— Não acredito que os dois… quero dizer… seu primo e Luciana passaram a noite juntos?Perguntei e André balançou a cabeça concordando.— Na festa da Bella, os dois saíram juntos e pelo que meu primo contou, Luci
Lorenna— Amor, é melhor você deixar para conversar com a sua irmã, quando estiver mais calma — André segura minha mão, tentando me tranquilizar. Porém não estava nenhum um pouco tranquila, após ouvir o que o advogado contou e ler sobre o depoimento do Iranildo. Minha irmã, era uma pessoa má, cruel e que não pensa nas consequências dos seus atos nem em prejudicar qualquer pessoa no caminho.— Eu estou calma André! Vira nessa esquina que a casa é no final da rua — André me acompanhou até a comunidade e depois iria comigo até a minha casa. Chega de ser a Lorenna boazinha, pacífica que tenta resolver tudo na conversa. Mamãe iria descobrir hoje mesmo a verdadeira face da sua filha.O carro estacionou na porta da casa do Luciano, passava um pouco das oito da noite. Após o encontro com o advogado, André levou-me para uma caminhada no parque da cidade, assim eu poderia pensar melhor. Decidi que iria confrontar Laisa, antes que a polícia chegasse. O doutor Cortez avisou que a polícia estava
LorennaNão ficaria mais calada, nem mesmo abaixaria a cabeça para tudo que minha irmã fez. O limite da minha paciência chegou ao fim e eu não vou limpar a sujeira da minha irmã outra vez. Mamãe continuava chorando, dizendo que Laisa era inocente, que com toda certeza Luciano foi quem armou tudo para incriminar a namorada. De certa forma era irônico, porque tanto na primeira como agora na segunda, aquele vagabundo se livrou da prisão, enquanto a tonta da minha irmã foi quem levou a culpa. Não vou me surpreender se, no final de tudo, a única a pagar pelos crimes seja a minha irmã.— Mamãe, preciso contar toda a verdade para a senhora — comecei a falar, mamãe levanta o rosto que não esconde a raiva no olhar. Sou surpreendida com isso, pois minha mãe sempre foi amorosa comigo.— Contar qual é a verdade? Que você se prostitui? Que foi trabalhar na casa de gente rica, e não satisfeita com o salário que recebe, dorme com seu chefe, com idade para ser o seu pai, em troca de uma boa vida? Não
LorennaAndré dirigia de volta para casa. Desde o momento em que saí da delegacia, não pronunciei uma única palavra. André foi quem conversou com o advogado, pedindo que o homem encontrasse alguém para representar a minha irmã. Era engraçado, o homem que teve sua casa roubada, pagando um advogado para representar a mandante do crime. Ouvi a conversa dos dois, antes de entrar no carro. Laisa, até o momento, estava levando a culpa por tudo, até as drogas a polícia colocou como dela. Luciano continuava desaparecido e eu teria que conversar com Juliana depois sobre como andava a situação em casa. Mamãe, com toda certeza, moveria céus e terras para salvar a filha de ser presa. Olhei a hora no meu relógio de pulso, era um pouco mais de dez e meia da noite. Logo os meus patrões chegariam em casa, então eu teria mais um problema para enfrentar. Será que André continuaria comigo? Eu não acreditava em nada de bom acontecendo de agora em diante. Passei a mão pelo rosto, tentando manter minha men