AndréSabia o quanto estava me arriscando, vindo atrás da minha funcionária na cozinha da minha casa. Lorenna ocupava minha mente, não conseguia pensar com clareza e queria apenas encontrá-la fora daqui.— André, ficou louco? Estamos na cozinha da sua casa, imagina se a sua mãe ou outra pessoa aparece aqui? Questiona, tentando sair de perto de mim. Eu permaneço de frente para ela, sem pensar nas consequências da minha impulsividade.— Só diga sim ou não, e te deixo em paz — respondo, num momento de distração ela consegue passar por mim, voltando sua atenção para a água que fervia no fogão.— Primo, perdeu algo aqui na cozinha?A voz do Ian surge, me fazendo virar de frente para o meu primo, tentando disfarçar a tensão entre mim e Lorenna.— Não perdi nada, vim aqui só beber um copo de água — digo disfarçando porque sei bem o primo que eu tenho e qualquer vacilo meu, Ian perceberia meu interesse na babá. Vejo Lorenna preparando o café no automático, sem virar o rosto ou dizer algo. Ia
AndréAcordei com uma enxaqueca após mentir que estava com uma e assim fugir do café na sala com meus pais e meu primo. Minha cabeça estava latejando e fui até o armário no banheiro, pegando um frasco de comprimido para dor de cabeça. Enchi o copo de vidro com a água da garrafa que minha mãe sempre deixava ao lado da minha cama. Tomando de uma só vez duas pílulas. Foda-se se estava de estômago vazio. Só queria trabalhar sem essa enxaqueca que me deixava nervoso sempre que aparecia. Começaria hoje o esboço do próximo projeto que eu trabalharia com Ricardo Martinez e quem sabe eu me concentraria melhor e não ficaria o tempo inteiro pensando na babá. Despi meu pijama, entrando embaixo do chuveiro quente. Deixei a água escorrer pelas minhas costas, imaginando como Lorenna estaria hoje. Era ridículo um homem da minha idade e posição, obcecado pela babá da minha filha adolescente. Entretanto, Lorenna não era apenas uma funcionária, era muito mais do que isso e ela nem mesmo tinha noção de
LorennaInventei uma desculpa para dona Rose e assim eu consegui fugir do trabalho por algumas horas. Isabela, hoje, teria aula o dia inteiro, então era fácil para que eu pudesse sair sem que minha patroa fizesse tantas perguntas. Assim que André saiu do escritório me deixando sozinha, controlei meu nervosismo e tirei meu celular do bolso, ligando para minha amiga. Juliana ainda dormia e até mesmo se assustou ao ver que eu ligava tão cedo atrás dela. Agora aguardava a chegada dela, em um café próximo da mansão. Eu estava confusa, sem saber se deveria ou não aceitar me encontrar com o meu chefe fora do trabalho. Tinha tantas dúvidas na cabeça, mal havia começado no emprego, a adolescente que eu cuidava, nem mesmo gostava de mim. Imagina se eu acabo tendo um caso com o pai dela, aí que a garota me detestaria mesmo. A porta de vidro abriu, fazendo barulho da campainha que vibrava quando um cliente novo entrava. Juliana surgiu usando uma das calças jeans, apertadas, uma camiseta de alcinh
AndréA manhã no escritório passou tão devagar, que por um momento pensei que meu relógio havia parado. Uma reunião com um novo cliente, aconteceu e eu tive que participar, sem a presença do meu pai. Mamãe me ligou avisando que papai se recusou em ir ao médico e que eu conversasse quando voltasse para a casa a noite. Acabei almoçando próximo da empresa mesmo e agora estava finalizando um esboço que precisava ser entregue amanhã. Teria que ter uma conversa séria com meu pai sobre sua saúde. Além da correria no trabalho, me desviei das perguntas do meu primo em relação a Lorenna. Ian questionou o que fui conversar com a babá da minha filha, trancada no escritório sozinha comigo. Disse apenas que era sobre Isabella e a questão das aulas. Claro que meu primo não acreditou no que eu disse, insinuando que eu parecia interessado demais na minha nova funcionária. Tive que controlar a vontade de socar a cara do meu primo, quando perguntou se Lorenna era solteira ou não.— Pronto! Esboço conclu
LorennaDesci do Uber, encontrando mamãe me esperando na porta de casa. A semana passou numa rapidez, e André cumpriu sua promessa se mantendo afastado. Eu fui várias vezes tentada a ceder quando Lissandra me pedia para levar o café no escritório ou quando nos esbarramos pelos corredores da casa. Contudo, ele reagiu diferente, se afastando de mim. Antes de sair para a minha folga, recebi uma mensagem dele, pedindo que eu enviasse o endereço para me buscar à noite. Contou que me levaria para jantar em um restaurante que foi inaugurado mês passado e que nossa noite terminaria de um jeito especial.Meu rosto ficou vermelho ao ler o final da mensagem, esperando com toda ansiedade. Paguei a corrida, desejando bom trabalho para o motorista, pegando minha mochila e a minha bolsa de costas.— Filha, acordei cedo e preparei o nosso café. Imaginei que você tomaria café aqui em nossa casa.Mamãe me conhecia tão bem, que eu saí tão cedinho da mansão com o intuito de passar uma manhã agradável com
AndréEu conferi o horário no meu relógio de pulso, marquei com Lorenna às oito da noite e faltava um pouco mais de trinta minutos para a hora marcada. O endereço que me enviou, ficava em um bairro humilde e só então percebi que se tratava de uma comunidade bastante conhecida em São Paulo. Reservei a mesa em um restaurante novo na cidade, de um amigo da época da faculdade. Isabella veio até o meu quarto, curiosa para saber onde eu iria e se eu estava me encontrando com alguma mulher. Respondi apenas que era um compromisso importante e que ela não tinha idade para esse tipo de conversa. Reclamou que eu estava muito misterioso e perguntou se ela poderia passar a noite na casa da amiga, no mesmo condomínio em que morávamos. Minha mãe não quis concordar, entretanto, disse que Bella era uma mocinha e por ser final de semana, não vi problema algum com isso. Olhei como estava pela última vez no enorme espelho que ficava no meu closet. Optei por uma calça social escura e uma camisa social br
LorennaNo caminho para o restaurante, André ficou o tempo todo, tocando meu rosto ou segurando a minha mão. Perguntou se eu morava na casa em que me buscou e até pensei em esconder, porém, achei melhor contar que era a casa da minha melhor amiga. — A amiga que mora naquela casa é a mesma que foi com você até a boate?Perguntou, ao virar a rua em direção ao restaurante. André me disse que o local estava bem próximo.— A Juliana meio que era uma frequentadora assídua daquele lugar. Me explicou como tudo funcionava e na noite em que nos conhecemos eu realmente precisava do dinheiro — respirei fundo ao responder, eu não queria ter que relembrar o que fiz para salvar o traseiro da mal agradecida da minha irmã caçula.— Eu queria conversar com você sobre a noite em que dormimos juntos, mas parece que é algo que você não deseja relembrar. Então vamos esquecer essa parte, tudo bem? Nem eu te conto o motivo de ter ido até lá e nem você relembra o que percebo que deseja esquecer.Me respondeu
LorennaO jantar com André foi muito melhor do que eu poderia esperar. Conversamos sobre nossas vidas (claro que apenas as partes boas da minha), omiti os problemas que tive com a minha irmã no decorrer dos anos e apenas contei as coisas importantes. André contou que decidiu morar fora do Brasil, ao perder a esposa, que foi vítima de um assalto, quando voltava para casa. A mulher foi abordada próxima de uma comunidade, distante da que eu morava. Notei que André evitou ao máximo me dizer, entretanto, disse por cima que a esposa voltava de um evento, porém não deu detalhes. Questionei sobre a noite em que transamos, o motivo dele ter saído sem me contar, porém, não obtive respostas. Então achei melhor não ficar perguntando demais. Ter noção da causa da morte da sua falecida esposa, era o suficiente para tentar me aproximar de sua filha.Agora ele dirigia até uma parte distante da cidade. Antes de entrarmos no carro, André me perguntou uma última vez, se eu desejava ir para um lugar rese