AndréCaminhava de mãos dadas com Lorenna, pela orla da praia de Copacabana. Era cedo e ainda temos tempo até a hora da queima de fogos. Eu havia comprado ingressos para ficarmos em uma parte privilegiada, de onde poderia assistir tudo sem aglomeração de pessoas e no pacote incluía a bebida e comida. O trabalho na construtora sempre dava uma pausa nesta época do ano. Costumamos dar folga para todos os funcionários da parte administrativa e os nossos funcionários da parte da construção, se dividem em duas turmas, por ser impossível as obras pararem devido aos prazos que devemos cumprir. Então era sempre escolhida uma turma para folgar no natal e a outra no ano novo. Como teria muito trabalho no novo ano, havia deixado uma boa parte dos projetos começados para dar continuidade assim que eu retornasse de viagem. Meus pais, com a minha filha, foram passar a virada do ano em Salvador. Minha mãe convidou Lorenna e eu para viajarmos com eles, contudo eu havia programado essa viagem sozinho c
LorennaFevereiro— Filha, sua irmã vai ficar tão feliz quando ver a saída da maternidade.Dirijo rumo ao presídio com minha mãe ao meu lado. Em breve minha sobrinha nasceria e estamos todos na expectativa pela chegada de Vitória. Nome escolhido por Laisa. O ano começou da melhor forma possível tanto em minha vida profissional quanto na pessoal. Lentamente tudo vai se encaixando. Depois de muitas brigas e dois dias sem falar um com o outro, acabei concordando com o carro que André comprou para mim. Contudo, eu coloquei uma condição: que eu pagasse a outra metade e com isso ele foi obrigado a parcelar para mim em suaves prestações. Sei que pode ser uma bobagem minha, porém eu não quero depender do meu namorado para nada, enquanto eu tiver condições de arcar com as minhas despesas farei isso sozinha. Não quero dar motivos para que as outras pessoas comentem da nossa relação. Falando no nosso namoro, Isabella estava mais amável em relação ao meu relacionamento com o pai dela, que até me
Lorenna — Deve estar sendo uma tortura para você, estar aqui nesse inferno, esperando a visita acabar.Laisa e eu estamos sentadas, observando as outras presas com seus filhos e familiares. Nossa mãe conversava com a filha de uma das senhoras da igreja, enquanto Jussara pediu licença para ir até um grupo de presas que não tinham parentes para visitá-las.— Se eu disser que estou feliz, é claro que será uma mentira, mas estou bem mais confortável do que na primeira vez.Respondi, encarando seu rosto do outro lado da mesa. Estamos sentadas uma de frente para outra e tivemos um bom tempo ao menos até agora.— Você deve ter estranhado o pedido para você me visitar hoje — Laisa diz.— Fiquei surpresa mesmo, até pensei se deveria ou não vir aqui, mas o André é quem me convenceu de que poderia ser algo importante que você queria conversar.Respondo.— E como anda o seu namoro com ele? Mamãe me contou que vocês dois moram juntos agora e que a filha dele vai embora do Brasil.Confirmo que est
AndréPassei o domingo na casa dos meus pais, enquanto Lorenna foi visitar a irmã no presídio. Almocei com a minha família e tive um bom tempo ao lado da Isabella. Minha filha estava mais conformada com toda a situação, disse que iria focar nos estudos, pediu desculpas outra vez por tudo que aprontou e eu como pai, queria acreditar que tudo que ela estava me dizendo era sincero. Após o almoço e uma reunião com o meu pai para tratar de negócios, minha mãe me chamou para uma conversa em particular sobre as atitudes do meu primo. Não era mais segredo o casamento fracassado e Luciana retornando para a casa dos pais. A esposa do meu primo, daria à luz a qualquer momento e a audiência de divórcio dos dois, iria acontecer na quarta-feira e por conta disso minha mãe se sentia angustiada com medo de algo ruim estar acontecendo. — André, seu primo anda perdido e sinto que Ian precisa do seu apoio como primo — foi o que ouvi dela, antes de ir embora seguir para o apartamento dele. Buzinei para
LorennaVoltava para a casa da minha mãe, em silêncio, enquanto ouvia minha mãe desandar a falar sobre o nascimento da primeira neta e de como estava ansiosa para cuidar da minha sobrinha. Enquanto eu ouvia tudo calada, minha estava em seu mundo rosado. Eu? Pensando no pedido que Laisa fez para mim. Jamais passou pela minha cabeça criar a minha sobrinha como filha, pois não apagaria a identidade da mãe verdadeira. Mas agora…. O toque do meu celular na bolsa, chama a minha atenção e atendo através do bluetooth. André é quem me ligava, provavelmente se encontrava em casa, esperando a minha chegada.— Oi, meu amor. Estou no carro com mamãe, seguindo para a casa dela.Digo, virando a rua da entrada da comunidade.— Lorenna, estou indo para o hospital com o meu primo. Luciana deu entrada na maternidade e o bebê deverá nascer hoje.Diz. Troco um olhar com minha mãe.— Estou chegando na casa da minha mãe. Me envia a localização da maternidade que vou daqui direto te encontrar.André, diz que
LorennaEstamos do lado de fora do berçário e através do vidro, vimos Ian com os filhos nos braços. Igor foi o nome escolhido e Rose aguardava sua vez, babando pelo vidro com o neto do coração.— Graças a Deus que o nosso anjinho já se encontra no berçário — Rose diz, abraçada ao marido. André e eu estamos um do lado do outro, observando Ian conversar com a enfermeira sobre o filho. Ao assistir toda a cena, lembro que preciso falar com André sobre o pedido da minha irmã e de como essa decisão, se eu realmente aceitar será uma mudança drástica em nosso namoro e eu não tenho certeza se André aceitaria de bom grado o fato da sua namorada, criar o filho da irmã como se fosse seu. Deixaria para pensar nisso, quando voltasse para casa. Eu explicaria tudo hoje mesmo, pois o parto da minha sobrinha não iria demorar a acontecer.— Vendo o meu primo com o filho nos braços, te confesso que eu me imaginei no lugar dele, quando for o nosso bebê e você me fizer mais feliz do que eu já sou.André co
Lorenna— É isso mesmo que eu entendi? Sua irmã quer você adotando legalmente a sua sobrinha?André me pergunta novamente e eu dessa vez confirmo em palavras.— Laisa, não vai ficar com a filha e vai me entregar a criança, assim que nascer. Ela me contou que conversou com a assistente social e com a diretora do presídio. Se eu não concordar, ela cogita enviar a menina para adoção ou pedirá para a nossa mãe encontrar alguém que possa adotar Vitória legalmente.Contei tudo o que a gente conversou e pelo olhar dele, eu sentia que André não concordaria com nada disso.— Lorenna, o que sua irmã pediu a você não é uma coisa assim tão simples. Um filho de sangue é uma responsabilidade, que dirá um do coração.Diz e eu entendo tudo que ele quer me dizer. Pois filhos não faziam parte dos meus planos, nos próximos dois anos. Tanto que ao ouvir André perguntando tratei de corrigir isso.— Eu não concordei ainda, mas também não sei como proceder. Pensei em conversar com mamãe para que ela possa a
AndréTive que atrasar a volta para o escritório, devido a um projeto antigo que tive que procurar no escritório de casa. Papai foi na frente, perguntando se ele deveria esperar, porém, disse que ele poderia ir à frente que eu seguia depois que encontrasse o que preciso.Após pesquisar nas pastas e plantas que mantemos guardadas, enfim encontrei o que queria. Organizei tudo de volta no lugar e saí, caminhando no corredor até a sala de visitas. Deparei-me com a minha mãe sentada no sofá, bebendo o seu chá e lendo sua revista.— Filho, venha tomar um chá comigo antes de voltar ao trabalho.Deixei a planta no sofá ao lado e fui sentar-me. Espero minha mãe servir o chá na xícara, me entregando. Pego a louça da mão dela, bebendo um gole. Quem sabe dessa forma acalmo os nervos. Não preguei os olhos na noite passada, pensando na conversa que tive com Lorenna. Novamente a irmã, de certa forma a colocava em problemas, mesmo que desta vez a causa seja boa, ainda assim era uma situação que eu in