Tate estava exausto, mas tinha cumprido tudo que havia prometido ao pai. Em troca, conseguira a chave do pequeno apartamento nos fundos da loja, que era mais do que suficiente para um homem solteiro. Ele só esperava que aquela condição de solteiro fosse temporária. Queria Zhoe desesperadamente, mas do jeito certo. Queria se casar com ela, viver com ela, envelhecer com ela. Pena que tivesse percebido tão tarde.
Com as costas doendo por passar tanto tempo em pé, Tate entrou no chuveiro e quase gemeu de satisfação ao sentir a água quente tocando suas costas largas. Apesar de estar cansado, depois de seu primeiro dia de trabalho verdadeiramente duro, sentia uma imensa satisfação. Sentia-se útil como há muito tempo não sentia.
Durante o período em que estivera fora de Green Hill passara boa parte do tempo viajando, não parando em lugar nenhum, então, ganhava a vida tirando fotos de várias paisagens e vendendo-as na Internet. Algumas ele manipulava no Photoshop, fazendo parecerem locais mágicos, fantásticos, e eram as que davam mais dinheiro. Porém, na maioria das vezes, contava apenas com o suficiente para comer no dia seguinte.
Algumas vezes também fotografava pessoas, principalmente mulheres — nuas, é claro —, e desconfiava que a grande maioria o contratava porque queriam levá-lo para cama, não apenas tirar fotos sensuais para seus maridos ricos e muito mais velhos.
No início, Tate levou várias para cama, depois tudo começou a perder a graça. Sempre alegara que queria sua liberdade, mas quando a conquistara, descobriu que nunca tinha se sentido tão preso. Tão infeliz.
Fora exatamente por isso que voltara para Green Hill, para tentar ser feliz de novo. Não tinha começado muito bem, mas tinha esperança que as coisas melhorariam em breve. Não apenas com Zhoe, mas também com Colin e com seu pai.
Com apenas uma toalha enrolada na cintura e os cabelos loiros molhados, sentou-se no sofá, colocando ambas as mãos atrás da cabeça. Seus olhos imediatamente começaram a fitar o teto, e ele se pôs a perguntar a si mesmo onde diabos estava sua cabeça quando decidiu estragar tudo, exatamente quando tinha a vida que desejava naquele momento. Tinha reconquistado Zhoe, Colin o amava e o pai, apesar de repreendê-lo, não o olhava como se estivesse totalmente decepcionado. Ou seja, falhara com absolutamente todos que o amavam. E que ele amava também.
Suspirando derrotado, deu uma olhada no relógio sobre a estante e percebeu que eram apenas nove da noite. Antes de partir, aquela seria a hora perfeita para sair, pegar o carro e ir beber, mas não estava com a menor vontade , ainda mais se pensasse que novamente teria um expediente duro no dia seguinte, carregando sacos de mantimentos e fazendo entregas de compras grandes. Tudo que queria era cama. Talvez estivesse ficando velho.
Foi, então, para o quarto e qual não foi sua surpresa quando, ao acender a luz, percebeu que não estava sozinho. Havia uma mulher, e definitivamente não era quem ele queria que estivesse ali.
— Rhonda? O que faz aqui?
No exato momento em que ele terminou de falar, a garota tirou o edredom de cima de seu corpo, revelando uma sexy lingerie vermelha. O corpo era sexy também, mas Tate não estava nem um pouco a fim.
— Fiquei sabendo que tinha voltado para a cidade e resolvi vir aqui fazer uma festinha particular de boas-vindas. — Enquanto falava, ela engatinhava sobre o colchão, de forma sensual. Assim que chegou bem perto de Tate, ela colocou os braços do redor de seus ombros.
— Desculpe pela grosseria, mas como entrou aqui? — perguntou confuso.
— A porta estava aberta... Não gostou da surpresa?
— Para ser sincero, não — ele respondeu tirando delicadamente os braços dela de seu ombro. — Você não deveria entrar em uma casa sem ser convidada.
Tate estava muito sério. Talvez não devesse ser tão ríspido com uma mulher, ainda mais uma que já tinha levado para a cama, mas estava realmente puto pela audácia. Droga, ele deveria chamar a polícia. Se aquilo chegasse nos ouvidos de Zhoe, ela nunca iria acreditar em sua versão dos fatos.
— Você vai me rejeitar de novo? — Rhonda parecia chocada.
— Me desculpe, Rhonda, mas não estou interessado.
— Não vá me dizer que é por causa de Zhoe.— Quando Tate ficou calado, ela pareceu compreender que tinha acertado em cheio. — Você é patético! — exclamou cheia de raiva, enquanto pegava suas roupas que estavam em cima da poltrona ao lado da cama. — Acha mesmo que ela vai te perdoar pelo que fez? Você foi um porco com ela e está sendo um porco comigo também.
— Só porque não quero transar com você? Devo ceder só porque apareceu nua na minha frente? Você é uma mulher linda, Rhonda, pode ter o cara que quiser, mas meu coração não está mais disponível. — Aquela era a coisa mais madura que tinha dito em muito tempo. Estava quase orgulhoso de si mesmo.
— Não quero seu coração, quero seu pau — Rhonda falou cheia de grosseria, mas Tate decidiu não se rebaixar ao nível dela.
— Vá para casa, Rhonda. Não vai conseguir nada aqui...
Visivelmente humilhada, Rhonda deu-lhe as costas e foi embora. Assim que ouviu a porta bater, anunciando que ela já tinha se retirado, Tate, foi até a saída e passou a chave na fechadura. Já estava farto de surpresas por aquela noite.
***
Zhoe odiava campainhas. Principalmente aos sábados, quando Darlla chegava um pouco mais tarde. Aliás, ela estava bastante atrasada, já que Zhoe precisava sair para a Sweet Dreams e ainda passar na loja de Gilbert para deixar Colin. Teria que encarar Tate para isso, mas não podia mudar seus planos por causa dele.
Contudo, a campainha tocou enquanto ainda tentava acordar o filho. Este estava novamente irritadiço, desobediente e tinha passado a noite anterior lhe dando respostas mal educadas. Por pura pirraça fora deitar mais tarde, e agora não queria se levantar. Ela só podia ter jogado pedra na cruz.
E teve plena certeza disso quando abriu a porta e se deparou com Tate.
— Ah, porque já não bastava o dia ter começado péssimo — ela exclamou de forma levemente dramática.
— O que houve?
— Seu filho está me enlouquecendo completamente. E, como se não bastasse, agora tenho que lidar com uma versão mais velha dele. E tudo isso... — ela checou seu relógio de pulso — antes das oito da manhã. Aliás, o que você está fazendo acordado a uma hora dessas?
— Vou trabalhar na loja do meu pai e pensei que poderia passar aqui para pegar Colin e adiantar sua vida.
Zhoe ficou completamente sem ação. Não esperava, de forma alguma, que Tate fosse pensar em tal coisa, muito menos que estivesse trabalhando. Aquilo era realmente uma surpresa.
Sem dizer nada, Zhoe apenas saiu da frente dele, lhe dando espaço para passar.
— Vá em frente, tente convencer Colin a sair daquela cama — ela falou com uma expressão de dúvida e desdém.
Tate passou por Zhoe, mas antes de seguir para o quarto do filho, parou bem de frente para ela, em um espaço bem limitado, encurralando-a na parede.
— Tate... por favor... — Zhoe queria repeli-lo, queria ser forte, mas a proximidade daquele corpo musculoso que ela tanto desejava, o cheiro masculino e o redemoinho de sentimentos em seu coração não estavam ajudando muito.
— Você está tão bonita...
— Ah, pelo amor de Deus, Tate! Eu acabei de acordar e... — Zhoe não conseguiu completar a frase, pois seus lábios foram literalmente assaltados por ele.
Ela ficou tão desnorteada em um primeiro momento, que simplesmente não conseguiu se mexer, mas quando sua mente processou o que estava acontecendo, viu-se completamente arrebatada. E como poderia ser diferente? Se tinha uma coisa que Tate sabia fazer muito bem era beijar. Na verdade, ele era fantástico em todos os assuntos que tinham relação com sedução, mas seus beijos eram o ápice, eram um verdadeiro perigo. Zhoe sentia seu corpo incendiar lentamente, como se cada pequeno contato espalhasse infinitas labaredas por sua pele.
Deus, ela sabia que se continuassem a se beijar daquela forma, acabariam fazendo muito mais. E esse pensamento foi como um alerta, fazendo-a despertar.
— Não! — ela murmurou ainda com os lábios colados aos de Tate. — Não, Tate! Me solta! — ela conseguiu gritar e o empurrou, afastando-o de si. A expressão nos olhos dele era de total atordoamento. Então, outra vez Zhoe o empurrou, dando-lhe um soco no peito. — Mas em que diabos estava pensando? — Ela odiava demonstrar descontrole, mas era exatamente isso que ele lhe provocava.
— Zhoe, eu...
— Vá para o inferno, Tate! — E saiu de perto dele, porque não queria que a visse chorar, que a visse enfraquecida.
Mas é claro que Tate a seguiu, para enfernizá-la.
— Eu amo você, Zhoe! Amo como nunca amei ninguém.
— Vai ficar repetindo isso que nem uma música com defeito? Não tenho tempo para essas besteiras. Preciso ir trabalhar. Já que veio buscar Colin, vá logo fazer isso.
Tate hesitou, mas acabou obedecendo. Enquanto ele subia as escadas em direção ao quarto do filho, Zhoe o observava, tentando pensar se algum dia se veria livre daquela obsessão.
***
Antes de ir ver o filho, Tate precisou passar no banheiro para lavar o rosto. Sentia suas faces queimando; o desejo por Zhoe era tão intenso que poderia explodir a qualquer momento. E com certeza não queria que Colin o visse daquela forma.
Olhando-se no espelho, ajeitou o cabelo e respirou fundo. Em seguida, entrou no quarto onde o menino ainda dormia, afundado debaixo de uma boa camada de edredon. Tentando não fazer barulho, aproximou-se da cama e pôs-se a observar a criança por algum tempo. Quando Zhoe lhe contou que estava grávida, ele surtou. Achava-se jovem demais para ser pai — e era mesmo — e acreditava plenamente que não tinha a menor responsabilidade para ser pai. Na verdade, ainda achava a mesma coisa. Porém, sempre que olhava para ele, tinha a certeza de que seu filho era a melhor coisa que já tinha feito na vida.
Sentou-se na cama com cuidado e lhe tocou o bracinho com carinho. Colin se remexeu e abriu os olhinhos azuis, coçando-os para se acostumar com a claridade.
— Papai? — ele abriu um sorriso tão radiante que Tate sentiu o coração bater mais forte.
— Bom dia, amigão! Que tal acordar e passar o dia todo com o papai?
— Jura? Será que podemos ir ao parque? — ele perguntou animado, sentando-se na cama.
— Não, filho. Vamos ter que ir para a loja, ajudar o vovô.
— Ah, não! — Colin começou a pirraça. — Mas eu não quero ficar na loja, não tem nada para fazer lá.
— Você pode ficar nos fundos brincando.
— Não quero! Mas que droga! Odeio ser criança e ter que obedecer a todo mundo! — alterou a voz.
— Ei! Ei! — Tate repreendeu. — Que história é essa? Amanhã é domingo, poderemos fazer o que você quiser. Hoje você vai me obedecer — usou de sua autoridade, se é que tinha alguma. Era a primeira vez que tinha que ser duro com ele.
— Que saco!
— Colin, eu sou seu pai — também alterou o tom de voz, de forma bem enérgica. — Já estou sabendo, pela sua mãe, que você anda fazendo muitas malcriações. Não gostei nada de saber isso. Ela não merece.
— Também não gostei quando você foi embora.
Ah, que patético! Tate tinha acabado de ser vencido em uma discussão por um garoto de oito anos. Não tinha argumentos contra aquela acusação. Estava errado, o que o tornava fraco e errado perante todos os que amava. Não tinha moral para dar bronca em Colin, mas, ainda assim, precisava ajudar Zhoe. Não era justo que todo o fardo continuasse caindo sobre ela.
— Colin, levante-se da cama agora, vá tomar um banho e se vestir. Nós vamos tomar café na tia Cora, e você vai fazer o que eu m****r ou vai ficar o dia todo de amanhã de castigo, sem parque.
Tate nunca tinha falado com o filho daquela maneira. Sempre o tratara com paciência e carinho, principalmente porque Colin nunca lhe deu nenhum trabalho, mas se as coisas estavam diferentes, teria que passar a agir diferente também.
Totalmente contrariado, Colin levantou-se e foi obedecer ao pai. Quando terminou, ambos desceram, deixando Zhoe aliviada. Poderia ir trabalhar em paz, finalmente.
Ao chegarem na cafeteria de Cora, Colin escolheu um café da manhã digno de um homem de quarenta anos. Mas ele estava em fase de crescimento, não estava?
— Bom dia, Colin querido! — Cora cumprimentou com todo entusiasmo, feliz em ver o sobrinho. — Bom dia, Tate — dirigiu-se ao homem mais velho sem nem a terça parte da simpatia. — Fiquei sabendo que voltou a Green Hill, mas achei que não teria cara de pau de vir aqui.
— Estou tentando me redimir com todo mundo, inclusive você, Cora — Tate esclareceu.
— E acha que vai fazer isso só pagando pela minha comida? Você destriuiu o coração da minha sobrinha, acho que vai precisar se esforçar bem mais do que isso.
— Estou pronto para fazer o que for preciso.
Cora olhou para ele com desconfiança, fez um carinho na cabeça de Colin e se afastou, voltando para a cozinha. Algum tempo depois, uma garçonete chegou com os pedidos.
Tate nunca se cansava de se surpreender com a quantidade de comida que aquela pessoa tão pequena conseguia comer.
— Vá com calma, garotão. Vai acabar passando mal — brincou ele. — Até porque, o dia está só começando.
— Estou com fome.
— Você sempre está. — Tate fez uma pausa e começou a pensar. Sabia que o que estava prestes a fazer era um pouco sórdido, mas a pergunta estava coçando em sua língua. — Filho, você conhece o namorado da sua mãe?
Colin não parou de comer nem por um minuto, mas balançou a cabeça em negativa.
— Mamãe não tem namorado.
Por um momento o coração de Tate começou a bater mais rápido, cheio de esperança. Talvez aquela história de namorado fosse apenas uma invenção para puni-lo, mas ele logo refletiu e chegou a conclusão de que Colin poderia, na verdade, não saber, Zhoe poderia ainda não ter lhe contado.
— Ah, desculpe. Acho que me enganei, então.
E Colin simplesmente continuou sua refeição sem lhe dar qualquer atenção. Talvez fosse melhor assim.
Quando Zhoe chegou na Sweet Dreams, encontrou Craig sentado na porta de entrada. Paige ainda não tinha chegado. — Acho que temos que te dar uma chave da loja. Na verdade era para eu ter chegado mais cedo, mas, para variar, o Tate surgiu. — Tate? Você está bem? — Craig levantou-se, enquanto Zhoe abria a porta. — Estou. O que posso fazer? Ele vai aparecer sempre, quando eu menos esperar. Preciso me acostumar com isso. — Talvez tenhamos que fazê-lo acreditar que você realmente está em outra. Já disse que posso ajudar com isso. O que acha de sairmos para jantar hoje de noite? Alguém vai ver e acabar contando para e
Rolar na cama era uma das piores coisas que poderiam acontecer a um ser humano. A insônia era uma verdadeira maldição. Zhoe estava acordada desde o momento derradeiro em que fora deitar na cama, sem ter sequer cochilado. Iria passar o dia inteiro com sono, bocejando, sem mencionar as olheiras. Para sua sorte, era domingo, mas simplesmente não poderia ficar na cama, porque precisava trabalhar em algumas questões burocráticas de sua vida. Já tinha problemas demais, então, estava na hora de eliminar alguns. Pensando nisso, levantou-se da cama, sentindo-se novamente com um péssimo humor. Aquele ia ser um dia de merda. E isso já era uma certeza, se levasse em consideração a forma como a n
De todas as pessoas que poderiam aparecer na pensão àquela hora, Zhoe podia jurar que não esperava que fosse Craig a bater à sua porta. A noite estava fria, então, ele vestia um casaco de couro marrom e um pullover de gola alta marfim. Céus, estava bonito! Estava, não, ele era. Tinha um porte másculo em um rosto que, sem qualquer explicação, inspirava confiança. Era o tipo de cara com quem a mãe de qualquer moça gostaria que a filha casasse. Até mesmo Zhoe estava tendo pensamentos muito obscenos em relação a ele naquele momento. — Boa noite, Zhoe. Me desculpa aparecer sem avisar, mas eu estava entediado, agora que terminei o meu livro, ent&at
O cheiro forte do hospital penetrava as narinas de Zhoe, mantendo-a consciente e ligada à realidade. Se não fosse por isso, seria capaz de jurar que estava vivendo um pesadelo. Mas ouvia as vozes abafadas ao seu redor e quase não sentia o toque da mão pequena de Paige na sua, enquanto esta rezava. Sempre se considerou uma pessoa forte, preparada para lidar com situações adversas, mas ali estava, vegetando em cima de uma cadeira, sem conseguir se mexer ou falar, sentindo-se completamente inútil. Para sua surpresa — e alívio — Tate tinha tomado as rédeas da situação. Era ele quem falava com os médicos, que fazia as perguntas e que decidia tudo. Foi ele também quem se ofereceu para doar sangue a Colin, que precisava de uma transfus&
O dia pareceu demorar mais do que o normal para amanhecer. Quando Zhoe abriu os olhos, depois de adormecer profundamente pelo que pareceu uma eternidade, o sol já raiava lá fora. O que ela não conseguia entender era o que fazia deitada com a cabeça no colo de Tate. — Que horas são? — perguntou enquanto se sentava. — Nove e meia. — Já? — ela se espreguiçou discretamente. Estava no quarto de Colin, em uma pequena cama que tinham montado para eles ali. — Como ele está? — apontou para a cama do menino. — Bem. Acordou cedo
DOIS DIAS DEPOIS Nada era mais gratificante para uma mãe do que ser seu filho em casa, com saúde e comendo um belo pedaço de bolo feito por Paige. A palidez tinha desaparecido de seu rosto, e sua risada, por conta das palhaçadas de Tate, ecoava pelo quarto. Aquilo aquecia o coração de Zhoe. Não podia negar que as cenas de pai e filho sempre a comoviam, principalmente porque eles pareciam compartilhar de uma cumplicidade belíssima. Muitas vezes, ela tentava imaginar como seria ter uma família de verdade com eles. Os três ficaram juntos por pelo menos uma hora e meia, naquele clima familiar, até que Colin reclamou de sono. Apesar de já estar bem, precisava de repouso por causa dos remédios para a dor, que lhe deixavam mais cansado.<
Os teimosos raios de sol ganharam espaço por entre as frestas da cortina e foram brincar com os olhos de Zhoe. Ela passou a mão por eles, coçando-os e despertando bem devagar. Ainda se sentia cansada, dolorida, mas não podia passar muito mais tempo na cama, principalmente porque tinha coisas a fazer. Levantou-se e colocou-se sentada na cama, chegando a ofegar por causa da dor na costela. Tencionando se recuperar, ficou parada por algum tempo, apenas observando Tate, que ainda dormia. Ele era lindo. Até mesmo as imperfeições de seu rosto, como uma pequena marca e catapora perto da sobrancelha, uma barba mal feita e falhada, uma cicatriz no queixo e um leve entortamento no nariz, consequências de uma infância feliz — algo que Zhoe nunca teve —, o deixavam ainda mais b
A notícia, por incrível que pudesse parecer, não pegou ninguém de surpresa. Todos na cidade pareceram ficar felizes e, principalmente, se sentiram quase aliviados. A opinião de que Zhoe e Tate deveriam ficar juntos em definitivo era praticamente unânime. Colin, sem dúvidas, era o mais feliz. Não apenas tinha ganhado uma avó de presente, como também tinha os pais juntos, o que, sem dúvida era seu sonho. Hans continuava preso, sempre confabulando com seu advogado, aguardando a liberação de um habeas corpus ou a decisão definitiva. Mas, apesar de toda a alegria da família, nem todas as pessoas de Green Hill estavam muito satisfeitas com a notícia do ca