Capítulo 2

Com o carro devidamente abastecido, deixando-o estacionado em uma vaga no próprio posto de gasolina, Paige seguiu para a pousada indicada por Cora, que realmente ficava logo em frente.

                A pousada "Z" era bastante simples, mas tinha seu charme. Era limpa, rodeada por flores na entrada, além de um balanço branquinho e romântico. Mesmo que Paige não tivesse sido informada sobre a dona, rapidamente concluiria que se tratava de uma mulher.

                Tocou a campainha, ansiosa para que alguém a atendesse logo, pois tudo que mais queria era um banho e deitar em uma cama macia e quentinha.

                Contudo, a pessoa que abriu a porta não devia ter muito mais do que sete anos de idade.

                ― Pois não?

                Paige não pôde deixar de sorrir com a visão do lindo menino que a olhava com curiosidade, mas que tentava com todo esforço ser o anfitrião perfeito. Muito profissional.

                ― Olá! Eu sou a Paige. Estou procurando a Zhoe. Ela está?

                ― Está sim. Vou chamar.

                Talvez ele não fosse um anfitrião assim tão bom, afinal, deixou-a esperando do lado de fora da casa e nem a convidou para entrar.

                Mas Zhoe também não demorou para aparecer, e Paige, que esperava uma senhora mais velha, talvez da faixa etária de Cora Fairlane, se surpreendeu ao ser recebida por uma mulher deslumbrante, que não deveria ter mais do que vinte e seis anos.

                ― Boa tarde! ― ela saudou sorridente.

                ― Boa tarde! Sou Paige O'Brien e vou ficar alguns dias aqui em Green Hill. Foi Cora quem indicou sua pousada.

                ― Ah, ela é muito generosa chamando isso aqui de pousada. É uma pensão e olhe lá. ― Com uma risadinha, Zhoe abriu a porta, finalmente permitindo que Paige passasse. ― Desculpe pelos modos de Colin. Ele deveria ter te convidado a entrar.

                ― Tudo bem. Ele agiu corretamente. Eu sou uma estranha.

                ― É um bom menino. Mas dá trabalho às vezes. ― Enquanto falava, Zhoe caminhava na direção do balcão que ficava no meio da sala de estar.               

                ― É seu filho? Porque você parece jovem demais para ter um filho dessa idade.

                ― Colin tem seis anos. Eu tenho vinte e quatro. Realmente fui mãe muito cedo. ― Zhoe sorriu constrangida, mas logo se recompôs e começou a abrir um livro de anotações.

                Ela não usava computador! Isso era uma novidade e tanto. Tudo bem que também fazia tempo que Paige não usava um, mas pelo que via na televisão, eram praticamente vitais.

                ― Pode me mostrar seus documentos?

                Merda! Paige não tinha nem pensado nisso. E fora burra em não pensar, mas assim que conseguira fugir não quisera saber de mais nada, apenas de pegar a estrada para bem longe. Também estivera nervosa porque fazia muito tempo que não dirigia, e nunca percorrera estradas tão longas, mas nada deu errado. Até aquele momento, ao menos, estava a salvo.

                ― Eu fui assaltada recentemente. Posso ficar te devendo isso?

                Houve um silêncio depois de tal pergunta. Ao olhar para Zhoe, à sua frente, Paige teve plena certeza que ela a colocaria porta afora, pensando que fosse uma criminosa. Mas não foi o que aconteceu. A sorte parecia estou do seu lado, afinal.

                ― Tudo bem. Só me diga seu nome completo, data de nascimento e assine aqui.

                Suspirando aliviada, Paige informou seu sobrenome, inventou uma data de nascimento e criou uma assinatura para aquele nome que não lhe pertencia.

                Com tudo ― quase ― acertado, Zhoe pegou a chave de um dos poucos quartos em um claviculário e entregou-a a Paige, que agradeceu e seguiu o caminho que lhe fora indicado, até chegar ao seu destino, no segundo andar da casa.

                O quarto era pequeno, mas arejado e claro. E limpo, que com certeza era a característica mais importante. Não tinha vista para o mar, mas a cidade em si era tão bonitinha que já valia a pena.

                Paige abriu o armário, colocando sua bolsa lá dentro, e correu para a pequena suíte. Havia um chuveiro minúsculo, mas para ela era como a visão do paraíso.

                Sua mãe costumava dizer que um bom banho tinha o poder de curar qualquer coisa, principalmente um coração partido. Por malditos sete anos, aquela premissa não fez qualquer sentido para Paige, afinal, por mais vezes que se enfiasse debaixo do chuveiro nada parecia reunir os cacos de seu coração e sua vida despedaçados.

                Mas não era de pensar em tal coisa. Havia um horizonte de novas esperanças à sua frente, revelando-se e chamando seu nome. Qualquer coisa que surgisse dali em diante seria bem-vinda, mesmo as mais difíceis. Afinal, nada poderia ser pior do que suas lembranças.

                De banho tomado e sentindo-se renovada, Paige vestiu uma roupa confortável e simplesmente se jogou na cama, sem nem se preocupar com seus cabelos molhados. Havia uma televisão no quarto, mas ela nem sequer sentiu vontade de ligá-la. Precisava dormir, nem que fosse por algumas horas.

***

                Paige abriu os olhos assustada e levantou de um pulo, colocando-se sentada na cama. Na parede à sua frente, havia um relógio pendurado, mostrando que já passava das nove. O que indicava que tinha dormido apenas por duas horas.

                Já estava acostumada a dormir pouco. Sentia-se muito cansada, fechava os olhos por alguns segundos e caía em um sono profundo. Quando acordava, porém, percebia que tinha dormido muito menos do que precisava, sentindo-se mais exausta ainda.

                Como não tinha alternativa, levantou-se, decidida a pegar algo para beber. Também já sentia um pouco de fome, mas isso poderia esperar.

                Assim que chegou na sala de estar, viu Zhoe sentada no sofá lendo um livro. Parecia muito compenetrada, e Paige ficou constrangida de interrompê-la. Mas nem foi preciso, pois ela logo ergueu o olhos e sorriu.

                ― Conseguiu descansar um pouco?

                ― Sim. Estou com sede. Tem algo que possa eu possa comprar aqui?

                ― Comprar? ― Zhoe estranhou. ― Não. Aqui tudo que comer e beber está incluído na estadia. Não tem muita variedade na geladeira, mas você vai encontrar leite e limonada.

                Paige quase salivou ao ouvir a palavra limonada. Fazia anos que não tomava uma. Maravilhada, foi até a cozinha e serviu-se de um copo, dando uma boa golada e deliciando-se com o paladar ao mesmo tempo doce e azedinho que tanto apreciava.

                Com o copo ainda na mão, voltou para a sala, pronta para agradecer.

                ― Se quiser companhia, pode ficar aqui. Gosto de uma boa conversa ― Zhoe convidou, apontando para a poltroninha colorida de frente para o sofá.

                Paige hesitou. Longas conversas poderiam levar a perguntas que ela ainda não estava pronta para responder. Mas sabia que se voltasse para seu para seu quarto, ao invés de um diálogo agradável com uma pessoa simpática, teria momentos de solidão permeados por memórias que mais pareciam pesadelos.

                Sendo assim, sentou-se na tal poltrona e aguardou que Zhoe desse o primeiro passo, até porque ela parecia muito mais sociável.

                ― Está uma noite linda lá fora. Se eu não tivesse um filho pequeno, estaria na praia, molhando os pés no mar e conversando com as estrelas. ― Sonhadora, ela se encostou de forma mais confortável no sofá e suspirou. Paige sorriu.

                ― Você cuida de Colin sozinha?

                ― Na maior parte do tempo, sim. Minha tia, Cora, me ajuda muito.

                ― Não sabia que Cora era sua tia.

                ― Ah, ela é. Tia avó. A única família que me restou além de Colin.

                ― E o pai dele? ― Assim que terminou de fazer a pergunta, Paige imediatamente se arrependeu. Se não queria que entrassem em sua intimidade, como poderia ser tão indiscreta àquele ponto? Se queria ter sua privacidade respeitada, precisava respeitar a dos outros também. ― Me desculpa. Eu não deveria ter perguntado.

                ― Não tem problema. Não é segredo. O pai de Colin e eu somos bons amigos. Não posso dizer que ele não me ajuda, mas é um homem que ainda não se encontrou, sabe? Ele precisa crescer um pouco e ganhar responsabilidade. Mas é uma boa pessoa.

                ― Menos mal.

                As duas ficaram em silêncio. Zhoe se mostrou um pouco pensativa, e Paige temeu que ela pudesse começar a fazer perguntas de cunho mais pessoal. Era direito dela, depois de uma indelicadeza como a que tinha cometido.

                No entanto, não foi o que aconteceu. Na verdade, Zhoe parecia nem tencionar entrar no assunto.

                ― Sabe, Green Hill pode ser uma cidade pequena, sem grandes oportunidades ou badalação, mas é um bom lugar para se viver.

                ― Sim. É uma cidade linda.

                ― É mais do que isso. Cuidamos uns dos outros por aqui.

                Zhoe olhou nos olhos de Paige ao dizer aquilo. Havia algumas mensagens intrinsecas naquelas palavras, entrelaçadas às entrelinhas, que ela precisou interpretar. Estava claro que Zhoe tinha compreendido que sua hóspede trazia alguns problemas na bagagem, mas era discreta demais para perguntar ou ser mais direta. Então, aquela era sua forma de dizer que Paige não estava mais sozinha, que poderia desabafar, se quisesse.

                Quem sabe um dia?

                Estava disposta a não responder nada, apenas esperar que ela mudasse de assunto, mas foram interrompidas pelo som de alguém batendo na porta. Começou educadamente, mas logo passou para um chamado insistente.

                Zhoe se levantou um pouco indignada e com pressa. Olhou no olho mágico, suspirou impaciente e finalmente abriu.

                Do outro lado da porta estava um homem incrivelmente lindo, que poderia facilmente estrelar um filme em Hollywood como galã. Loiro, de cabelos lisos e charmosamente despenteados, olhos azuis e um corpo maravilhoso. Apesar de tudo isso, estava caindo de bêbado.

                ― Ficou maluco? Por que todo esse desespero? Vai acordar Colin.

                ― Ele já está dormindo? Ah, que saco! Queria ver meu filho. ― Quase não era possível compreender o que ele dizia, por causa de como seua voz soava embargada pelo álcool.

                ― Nem pensar. Não quero que Colin te veja assim. ― Ela o amparou, antes que ele caísse no chão, e o levou até o sofá conde estivera sentada minutos antes. ― Vou pegar um café para você.

                Deixando-o jogado sobre o sofá, Zhoe foi até a cozinha.

                Sem jeito, Paige ficou parada, apenas olhando para o homem à sua frente, sem saber se deveria dizer alguma coisa. Um pouco desorientado, porém, ele olhou para ela e arregalou os olhos de forma engraçada.

                ― Ih! É a loirinha da cafeteria. Qual o seu nome, loirinha?

                ― Paige ― respondeu meio insegura, sem saber se não seria melhor ficar calada.

                ― Fiquei te olhando lá. Te achei tão linda que nem tive coragem de te cumprimentar.

                ― Pelo amor de Deus, Tate! Que cantada mais barata. Deixa a garota em paz ― Zhoe gritou da cozinha.

                ― Não liga para ela, não. É uma rabugenta. Não sei como fui fazer um filho nela.

                ― Ah, você fez um filho em mim porque eu era uma boba ingênua que me deixei seduzir. E porque você morria de tesão por mim. ― Zhoe voltou para a sala com uma caneca de café fumegante.

                ― Morria mesmo. E você sabe que eu ainda morro. ― Tate tentou tocá-la, mas ela se esquivou, então, ele tomou um gole do café, fazendo cara feia logo em seguida. ― Café requentado, Zhoe? Isso é tortura.

                ― E por que eu faria café fresco para você? ― Zhoe se sentou na outra poltrona, ao lado da de Paige.

                ― Porque, no fundo, você ainda me ama.

                ― Claro que amo, querido. Mas infelizmente não da maneira como você queria que eu amasse. ― Ela falou com certo deboche, mas não desrespeitoso. Em seguida, acrescentou: ― Agora, diga o que aconteceu. Qual foi o motivo da bebedeira desta vez?

                ― Julie terminou comigo.

                ― Terminou o quê? Os encontros esporádicos, o sexo sem compromisso ou apenas ganhou um pouco de amor próprio?

                ― Uau, Zhoe! Você está cruel hoje! ― reclamou ele.

                ― Estou sendo sincera. Você parte o coração de todo mundo, mas não aceita quando as pessoas se cansam de você. Precisa escolher alguém para ficar de verdade, para sossegar.

                ― Você sabe que eu só ficaria assim, direitinho, com você.

                Paige estava começando a ficar sem graça. Era uma conversa íntima demais, que ela preferia não estar testemunhando, mas sentia-se ainda mais constrangida de sair, principalmente porque eles pareciam não estar nem um pouco incomodados com sua presença.

                ― Estou fora do mercado para você, querido. Acho que funcionamos melhor como amigos.

                Com uma expressão derrotada, Tate endireitou-se no sofá.

                ― Posso ficar por aqui mesmo? Acho que não estou muito bem para dirigir.

                ― Você acha? ― brincou. ― Claro que pode.

                ― Posso dormir no seu quarto, na sua cama? ― ele perguntou com um sorriso malicioso. ― Ou na cama da loirinha? ― Ele mal sabia o que estava falando.

                ― Claro que não. ― Ela se levantou e pegou uma chave no claviculário. ― Pode ficar no quarto do sótão, minha "suíte presidencial". Eu sei lidar com você, mas te quero bem longe de Paige.

                ― Como se eu fosse o lobo mau.

                ― Quase isso.

                Zhoe entregou a chave para Tate, que levantou-se com toda dificuldade e foi caminhando, lentamente e cambaleante, subindo as escadas, até chegar ao seu destino.

                ― Tate é como uma maldição. É só mencionar o nome que ele aparece. Bem, ao menos você já conheceu o pai do meu filho. Pena que foi nessas circunstâncias.

                ― Realmente vocês se dão bem... ― Foi um comentário idiota, mas Paige não tinha muita experiência com situações como aquela.

                ― Pelo bem de Colin, tem que ser assim. Não sou uma pessoa que guarda rancor.

                ― E por que, então, não ficam juntos como ele propôs? ― Mais uma vez Paige estava sendo indiscreta, mas eles, afinal, tinham dado abertura para isso.

                ― Porque realmente não daria certo. Tate não pode ver um rabo de saia, ele não conseguiria ser fiel nem por um mês. ― Zhoe riu, divertida, sendo indulgente com o rapaz.

                ― Talvez ele mude. Colin ia gostar de ver vocês dois juntos, não?

                ― Ah, não! Colin já está acostumado à nossa situação. Desde que ele nasceu, eu e Tate nunca ficamos juntos. ― Zhoe deu de ombros. ― Estamos bem dessa forma. Talvez acabássemos brigando feio e perdendo o respeito se tentássemos mudar qualquer coisa.

                ― Você tem razão. Mas nunca pensou em se apaixonar novamente?

                ― Acho que não tenho tempo para isso. ­― Zhoe gargalhou pensativa, enquanto passava as mãos pelos cabelos vermelhos. ― Bem, Paige, vou me deitar para dormir. Pode ficar aí, se quiser.

                Paige assentiu com a cabeça, mas não demorou muito para que decidisse voltar para seu quarto. Já que sabbia que não iria dormir tão cedo, ligou a televisão e escolheu um programa de sitycom que costumava assistir sempre.

                Contudo, não demorou nem dez minutos para que começasse a se sentir sufocada. A sensação era a pior possível, como um dejà vú apavorante. Sua mente a transportou para o terrível local onde passara os últimos sete anos e para as coisas que costumava fazer nesse período de tempo. As coisas que lhe eram permitidas fazer. Ver TV era uma delas, e exatamente aquele programa era um dos considerados apropriados.

                Tremendo novamente, ela rapidamente desligou o aparelho, jogando o controle longe, se encolhendo na cama.

                Não podia se permitir fraquejar. Era forte, uma sobrevivente. Precisava ficar sã e calma para pensar nos próximos passos.

                Precisava respirar.

                Respirar...

                Respirar...

                Respirar...

***

                Já fazia duas horas que estava naquela porcaria de cadeira, observando as estrelas. As duas horas mais inúteis da sua vida.

                Não era seu passatempo preferido. Era o dela. Conhecia o nome de cada uma daquelas porcarias de estrelas por causa dela. Como se isso fosse mudar sua existência em alguma coisa; como se fosse relevante para sua existência. Fora só mais uma coisa que o deixara obcecado.

                Por causa daquelas estrelas, passara a odiar o céu, janelas abertas e até a Lua, que não tinha nada a ver com a história. Mas sempre ficava ali, na varanda de sua casa, olhando para a noite. A mesma noite que a tinha levado embora para nunca mais voltar.

                Ficava ali quase todos os dias até que Cora surgisse com seu jantar, que foi exatamente o que aconteceu naquele momento.

                ― Você deveria procurar alguma coisa útil para fazer ― brincou ela.

                Cora era uma criatura abusada, totalmente sem limites, que falava e fazia o que queria. O problema era que todo mundo a adorava; ela era como a tia que muitos em Green Hill não tinham, sempre solícita, alegre e cheia de bons conselhos a dar. Jacob odiava o fato de gostar tanto dela, o que o tornava um banana, deixando que o fizesse de gato e sapato.

                ― Não enche, Cora! ― esbravejou, enquanto ela pousava o embrulho que trazia sobre a mesinha de vime. Pelo cheiro, era sopa. Maldição! Ele adorava a sopa que ela fazia.

                ― Ah, você sabe que eu estou certa! Em plena sexta-feira você deveria estar na praça, divertindo-se e caçando uma boa mulher.

                ― Eu já tive uma mulher e, sinceramente, não estou em busca de outra.

                ― Aquela ali não era boa. Ela te prendeu com um belo chá de calcinha, isso sim.

                Jacob não pôde deixar de rir.

                ― Você vive dizendo isso. Qualquer dia vou acabar acreditando.

                ― Já deveria ter acreditado. Aquilo não era amor. Era uma obsessão. E tem que acabar.

                Cora podia ser abusada, mas normalmente estava certa. E era o caso daquele momento.

                Contudo, além de sábia, ela também sabia ser solidária e gentil. Por isso sentou-se ao lado dele no banco de madeira na varanda, respirou fundo e pegou sua mão na dela. Jacob não esperava pelo toque, então, se sobressaltou.

                ― Você sabe que não pode se isolar dessa forma para sempre, não sabe?

                ― Isolar? Não me considero uma pessoa isolada. Tenho muitos amigos.

                ― Acho que não precisa se fazer de desentendido comigo. Sabe muito bem do que estou falando. ― Ela fez uma pausa. ― Só porque Emma fez o que fez não quer dizer que outras farão.

                ― Eu sei disso, mas esse não é o problema. ― Cora quase se arrependeu por ter iniciado aquele assunto ao perceber a expressão derrotada de Jacob, mas já fazia dois anos desde que tudo tinha acontecido e nunca tivera a oportunidade ou coragem para confrontá-lo. Estava na hora.

                ― E qual é o problema, Jake?

                ― O problema é que não sinto vontade de me relacionar com ninguém.

                ― Claro que não. Porque a garota certa ainda não apareceu.

                Mais uma vez ele teve que rir. Cora era uma romântica incorrigível, acreditava em almas gêmeas e em destino.

                ― É, quem sabe? ― Dando dois tapinhas carinhosos na mão dela, Jacob concordou levianamente, apenas para encerrar o assunto.  

                Cora entendeu o recado. Podia ter vários defeitos, podia ter um certo probleminha com limites, mas de forma alguma suportaria ferir o coração de um amigo. Ainda mais um que já estava mais do que retalhado por cicatrizes.

                E os dois ficaram em silêncio, ambos olhando para as estrelas, compartilhando um momento só deles.

                Mas os pensamentos de Cora faziam festa dentro de sua cabeça, criando mil e uma teorias para ajudar Jacob.

                E uma delas parecia muito promissora. Talvez alguma daquelas estrelas lhe concedesse apenas um desejo.

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