VivianeVitória e eu estávamos na lanchonete próxima da clínica. Voltamos da minha consulta e meu bebê estava saudável e a médica disse que a partir de agora era descanso e apenas esperar a data do nascimento. O peso bom e o tamanho também. Francisco seria alto como o Pedro e no ultrassom pude ver o rostinho do meu filho pela 3D. Leonardo avisou que viajaria no final da tarde e retornaria no domingo à noite. Nossa relação mudou depois do nosso beijo dentro do carro dele e já pensava nos conselhos que vovó me dava de outra forma. Eu me sentia bem perto dele, Leonardo sempre foi tão bom comigo e jamais forçou nada e nem situações. Eu nunca esqueceria o Pedro, eu sempre tive a certeza só que me sentia tão sozinha em alguns momentos que a pergunta do Leonardo martelava na minha mente. Antes de ir embora ele me pediu em namoro, que queria tentar uma relação comigo e que gostava de verdade de mim. Fiquei confusa ao ouvir a confissão vindo da boca dele e recordei as conversas com vovó sobre
JéssicaEle me encontrou! Meses depois estava cara a cara com o Leonardo e meu ódio por ele aumentou ao ver seu rosto arrogante e ar de superioridade me encarando.Decidir ir embora foi a decisão mais sábia que tomei na minha, largando titia que eu não tinha a noção de onde se encontrava e seguindo minha vida longe de tudo e todos. Longe principalmente daquele homem que me olhava como se eu fosse um lixo qualquer. Odiava Leonardo na mesma proporção que um dia eu gostei dele. Odiava o fato dele amar a Viviane e saber que ele vivia correndo atrás dela depois que se mudou de Estrela Guia ajudada por ele. Não morava naquela comunidade, mas ainda assim eu sabia de tudo. Uma conhecida me contava as fofocas que ali aconteciam, como se eu tivesse algum interesse em saber como todas viviam ali depois que o Pedro morreu.— Eu estou aqui para trabalhar e não ficar trancada aqui nesse banheiro contigo.Falo de forma ríspida pra quem sabe assim aquele idiota me deixasse em paz. Não queria ficar no
JéssicaOlhava minha aparência no espelho do banheiro e o que via era uma mulher que nunca teria valor aos olhos de nenhum homem. Leonardo fugiu me deixando sozinha em cima da pia, com o cheiro dele e seu gozo que deslizava entre as minhas pernas. O quão patética eu era por não ter forças de empurrar aquele maldito pra longe e sair dali agindo como se ele não existisse. Peguei uma toalha da mão que ficava num cesto. Limpei minhas pernas, tentei arrumar o meu cabelo todo bagunçado. A maquiagem borrada e depois de alguns minutos estava apresentável para retornar à festa. Chamaria Fernanda para irmos embora e pouco me importava o dinheiro que perderia nesse trabalho. Procurei minha calcinha pelo chão e não encontrei. Só então me lembrei daquele homem rasgando a peça e guardando no bolso da calça dele.— Ele nunca te considerou alguém importante sua tonta — falei para mim mesmo segurando as lágrimas. Não choraria por ele, assim como nunca chorei pelo Pedro quando me largou. Não seria mais
LeonardoEu me sentia um homem completo! Minha vida profissional se encontrava em sua melhor fase. Meu trabalho progredia tanto na comunidade como no hospital da minha família. Em alguns meses estaria assumindo um cargo muito maior do que imaginei um dia e claro que namorava a mulher, mas linda e maravilhosa que eu conheci na vida.Viviane aceitou meu pedido de namoro. Uma semana se passou desde que ela disse que aceitaria ser minha namorada e uma semana que um sorriso idiota não saia do meu rosto. Meus pais sabiam do meu novo relacionamento e minha mãe surtou quando contei que Viviane estava grávida e que ela era viúva do chefe da comunidade em que fui trabalhar. Claro que dona Soraia não poupou nas palavras ofensivas, mas meu pai disse que estava feliz por mim e pela minha nova fase. Marquei um jantar para que Viviane conhecesse meus pais e agora esperava por ela na sala da sua casa enquanto dona Zélia me fazia companhia. Sofia não acreditou quando contei a novidade e Sara me parabe
VivianeA mãe do Leonardo não disfarçou o fato de não me aceitar ao lado do seu filho. Depois das apresentações fomos para a sala de jantar e a cada momento ela falava algo que me deixava constrangida. Doutor Ricardo era sincero nas palavras, evitava citar o Pedro, mas a mãe do meu namorado em qualquer oportunidade falava o nome do pai do meu filho. Ou perguntando a causa da morte dele, ou o que Pedro fazia quando vivo. Leonardo tentava contornar a situação e eu demonstrava estar bem, mas a verdade é que queria apenas se levantar daquela cadeira e ir pra minha casa.—Viviane, meu filho me disse que você é uma ótima cozinheira — dona Soraia mudou o assunto, mas as palavras dela ainda sim mostravam que era uma forma de me destratar.—Viviane além de ser uma ótima cozinheira prepara bolos, doces e salgados muito bem.Leonardo segura minha mão me dando apoio e o doutor Ricardo diz que meus bolos são famosos na ala das crianças.—No hospital toda sexta-feira os pacientes da ala pediátrica
Um mês depois...LeonardoChegaria atrasado para o jantar com Viviane. Uma paciente acabou permanecendo mais tempo do que o normal na consulta. Dirigia com o pensamento em Francisco. Meu afilhado completava um mês de vida hoje e Viviane preparou um bolo para o filho. O garoto era forte, grande para a idade e idêntico ao pai. Uma lembrança para toda a vida que eu levaria. Conversei com meu pai sobre meu relacionamento e decidi pedir a Viviane em casamento. Marcelo conversou comigo e disse que um homem casado com filho, passava uma impressão muito melhor para o eleitorado. O ano eleitoral começaria e teria que participar de reuniões, encontros de partidos e aliados. Uma esposa como Viviane ao meu lado, favorece a campanha do Marcelo. O pedido de casamento estava na ponta da minha língua e na primeira oportunidade eu faria.O trânsito infernal, estava parado no engarrafamento há 15 minutos e Viviane ligou várias vezes para saber o motivo da minha demora. Os carros passaram a se mover, da
LeonardoO dia de hoje foi um dos mais importantes de toda minha vida. Aos 36 anos estava no meu melhor momento. Minha carreira, minha vida pessoal e amorosa eu não tinha nada a reclamar.Viviane e Francisco, conversavam com a esposa do Marcelo ao lado dos meus pais. De onde estava eu olhava orgulhoso para minha esposa. Nosso casamento era recente e aos poucos conquistava o coração dela. Comprei uma mansão no mesmo bairro dos meus pais, casei-me com Viviane quando Francisco completou seis meses de vida. Marcelo apostava todas as fichas em mim. Ninguém sabia ainda, mas eu seria o candidato para o governo nas próximas eleições. Sim, eu fui empossado secretário de saúde hoje, porém os preparativos para que eu ocupasse o cargo de governador estava sendo feito nos bastidores.—Leonardo, como sua esposa hoje irradia uma luz diferente — Marcelo vivia elogiando Viviane e dizia que eu fui sortudo em ter me casado com ela pouco tempo depois que Pedro morreu. Nos tornamos amigos com o passar do
LeonardoMe sinto dentro de um filme, sem saber qual caminho seguir e para qual lugar ir. Como o maldito bandido apareceu vivo na nossa frente, quando Marcelo me afirmou com todas as letras que deu um jeito de acabar com a vida dele. Eu tive que esconder a felicidade de todos, quando Pedro foi dado como morto. Porque sabia quem foi o responsável pela morte dele e o que eu ganharia com a partida dele para o inferno. Agora me sentia encurralado sem raciocinar direito e ainda por cima vendo minha esposa arrumando as coisas do nosso filho para ir atrás dele.—Viviane meu amor, o que você está fazendo colocando as coisas do nosso filho nessa bolsa?Controlo a voz para não mostrar meu desespero com a atitude dela. A primeira ideia que veio à minha mente foi pegar Viviane pelos braços, levando- a para longe daquele homem. O desgraçado além de bem vivo, voltou com o sorriso ainda mais sarcástico quando nossos olhares se cruzaram. Ele me mataria eu tinha certeza disso. Mas agora eu não era ape