Capítulo 50
No escritório, Gabriel sentou-se à mesa, revisando os documentos para a reunião. A manhã passou rápido, e, pouco antes do meio-dia, os participantes começaram a chegar. A reunião envolvia a negociação de um contrato milionário, algo que Gabriel não podia adiar. Apesar de toda a turbulência em sua vida pessoal, ele sabia separar os problemas e manter a compostura nos negócios.A reunião foi intensa, mas produtiva. Gabriel conseguiu firmar os pontos essenciais do acordo, embora sua mente tenha vagado em alguns momentos, lembrando-se da ausência repentina de Dona Amélia. Ele não era de questionar as decisões da mãe, mas algo na forma como ela anunciou que viajaria sem dar detalhes o deixava curioso.Depois que a reunião terminou, Gabriel aproveitou o almoço oferecido na sala de conferências. Enquanto tomava um café, um dos diretores da empresa comentou:— Senhor Monteiro, é raro vê-lo por aqui aos sábados. Acho que as coisas estão realmenCapítulo 51Na segunda-feira, Gabriel notou a ausência de Marcos no trabalho. Ele presumiu que o filho estava em consulta para retirar o gesso e, por isso, não deu maior importância à falta dele. Enquanto refletia sobre o andamento da semana, sentado em sua poltrona de couro na sala, foi interrompido por sussurros que vinham do lado de fora da porta.Curioso, ele apurou os ouvidos, tentando identificar as vozes. Em segundos, um sorriso irônico surgiu em seus lábios. Era Francisco, mais uma vez, insistindo em seu charme característico, claramente tentando conquistar Ana, sua secretária."Esse homem não desiste mesmo," pensou Gabriel, achando graça. Apesar do comportamento de Francisco ser, por vezes, inadequado, ele reconhecia que o amigo tinha um jeito descontraído que, de alguma forma, aliviava a rigidez do ambiente corporativo.Ainda assim, Gabriel optou por não interferir e voltou a revisar os documentos sobre a mesa, deixando Francisco e Ana r
Capítulo 52Dona Amélia estava em casa quando o telefone tocou, interrompendo seus pensamentos. Ao ouvir a notícia, seu rosto se empalideceu.— O que aconteceu? — perguntou, com a voz tensa.— A senhorita Jussara desmaiou, Dona Amélia. Está muito mal, não sabemos o que aconteceu, mas ela está sem forças.Dona Amélia sentiu uma pontada de preocupação. Após pedir para levarem ela para o hospital e desligar, olhou para a empregada que a aguardava na sala:— Chame o motorista. Vou para a casa de campo agora mesmo.A empregada, surpresa, tentou perguntar algo, mas Dona Amélia já estava na porta, ajustando a bolsa no ombro.— Rápido, faça o que eu disse — respondeu ela, sem esperar mais explicações.Dona Amélia saiu apressada da mansão. Antes de entrar na limusine, olhou para trás, com uma expressão firme, e disse:— Não alarme Gabriel. Se ele perguntar, diga que fui passear na casa de uma amiga. Assim que el
Capítulo 53Dona Amélia entrou no quarto com passos suaves, o coração apertado. Jussara estava ali, deitada, com o semblante tranquilo e sereno, como se estivesse em paz. Amélia se aproximou da cama, e ao ver a jovem, seu olhar se encheu de lágrimas.Com cuidado, ela pegou a mão de Jussara e a segurou com carinho, sentindo a maciez da pele da nora. Não conseguiu conter o choro, mas suas palavras saíram baixinho, quase como um sussurro.— Você é como uma filha para mim... — disse, a voz embargada pela emoção. — Eu já perdi o meu marido, aquele a quem tanto amava, e não quero perder você também, minha querida.Dona Amélia apertou levemente a mão de Jussara, sentindo uma profunda angústia ao pensar no que estava acontecendo com a saúde dela. O medo de perder outra pessoa tão querida a consumia, mas ela sabia que, nesse momento, precisava ser forte, por Jussara, pelo bebê e por todos ao seu redor.Dona Amélia ficou ali, olhando para Jussara,
Capítulo 54 Amélia olhou para Gabriel, percebendo que ele também estava tenso, como se estivesse carregando algo importante para compartilhar. O tom de sua voz agora era sério, e ela sabia que o que ele tinha a dizer poderia mudar o rumo da conversa. — O que aconteceu, filho? — ela perguntou, com um olhar atento, aguardando. Gabriel deu um suspiro profundo, sentando-se novamente à mesa. Seus dedos estavam nervosos, batendo levemente sobre a madeira, e ele olhou para a mãe com um olhar carregado de dúvida e preocupação. — Eu... eu soube de algo durante a semana, algo que mexeu muito comigo. Eu não sei se a senhora está ciente disso, mas tem uma moça, uma jovem, que apareceu para falar comigo. Ela... ela diz que está grávida de Marcos. — Ele fez uma pausa, tentando absorver as palavras que acabara de dizer. Amélia ficou em silêncio, os olhos se fixando em Gabriel enquanto a verdade começava a se formar. — O que você quer dizer com isso, Gabriel? — ela perguntou com calma, mas
Capítulo 55 Gabriel, ainda atormentado pela preocupação, pediu à mãe que permanecesse ao lado de Jussara pelo tempo que fosse necessário e que garantisse que ela fosse atendida pelos melhores especialistas disponíveis. Dona Amélia concordou prontamente, e na manhã seguinte, começou a se arrumar para viajar novamente. Enquanto observava a mãe se preparar para partir, Gabriel sentia uma tensão crescente. Ele precisava saber mais sobre o estado de saúde de Jussara; a incerteza o corroía por dentro. A vontade de compreender melhor a gravidade da situação o fez tomar uma decisão: assim que possível, pediria à mãe que lhe fornecesse todos os laudos médicos e exames. Ele queria entender cada detalhe, não apenas como forma de aliviar sua ansiedade, mas também para se sentir útil de alguma forma. Afinal, não poderia mais se permitir ficar alheio à situação. Jussara e a bebê eram agora sua prioridade absoluta. *** No dia seguinte, Gabriel tentava manter o foco no trabalho, mas sua mente ins
Capítulo 56Gabriel desligou o telefone fixo do escritório e encarou a tela do celular, frustrado pela falta de notícias de Marcos. O filho parecia estar fugindo das responsabilidades, e isso só aumentava sua tensão. Ele tentou ligar novamente, mas a ligação foi direto para a caixa postal.— Droga, Marcos! — murmurou para si mesmo, apertando o aparelho na mão.Suspirando profundamente, ele decidiu tentar novamente mais tarde. Por ora, precisava de algo que o acalmasse. Com os dedos ainda tensos, digitou uma mensagem para sua mãe:"Chegou bem? Está tudo certo por aí?"O celular vibrou quase imediatamente com a resposta. Dona Amélia ligava, e ele atendeu rapidamente.— Mamãe?— Sim, meu filho. Cheguei bem, estou no quarto me ajeitando. Como você está?— Tentando resolver uma confusão atrás da outra — respondeu, suspirando. — E a Jussara? Como ela está?— Está ótima, Gabriel. Está no sofá assistindo televisão e alisando a barriga. Parece tão tranquila... — A voz de Amélia parecia cheia d
Capítulo 57Na manhã seguinte, Jussara caminhava pelo jardim, aproveitando o ar fresco enquanto fazia os exercícios leves recomendados pela obstetra. Mas, de repente, ela sentiu o coração acelerar. Uma leve tontura a incomodou, e ela começou a bocejar repetidamente, como se o sono tivesse tomado conta de seu corpo de forma inesperada.Percebendo que algo não estava bem, Jussara decidiu interromper a caminhada e voltou para dentro da casa, com passos lentos.Na cozinha, Dona Amélia conversava com a cozinheira sobre preparar um almoço especial. Quando viu Jussara entrando, notou imediatamente que ela estava pálida e abatida. A preocupação tomou conta, e ela se aproximou rapidamente.— Querida, o que você tem? — perguntou Dona Amélia, segurando-a gentilmente pelo braço, avaliando seu rosto com atenção.Jussara balançou a cabeça, tentando disfarçar o desconforto.— Acho que só me cansei um pouco, Dona Amélia. Meu coração ficou acele
Capítulo 58Dr. Henrique assinou os papéis para a liberação de Jussara, explicando com calma para Dona Amélia os cuidados necessários durante os próximos dias.- Vou manter contato regularmente para acompanhar como ela está, mas ela já pode descansar em casa. Só não se esqueça: nada de esforços, Dona Amélia. Qualquer alteração, por menor que seja, me avise imediatamente.- Pode deixar, doutor. Estou cuidando dela como uma filha.Dr. Henrique sorriu, apertando a mão de Dona Amélia antes de se despedir. Assim que voltou para seu escritório, ele organizou os papéis no prontuário de Jussara e pegou o telefone. Discou o número que havia anotado e esperou.- Alô?- Gabriel?- Sim, quem fala?- Henrique Dias, seu velho colega da faculdade de medicina. Faz tempo, hein?Gabriel, surpreso, demorou alguns segundos para responder.- Henrique? Não acredito! Quanto tempo mesmo! O que você tem feito?- Pois é, bastante. Estou atuando como cardiologista e, por coincidência, cuidando de uma paciente q