Capítulo 11No dia seguinte, Gabriel chegou à empresa ao amanhecer, determinado a entender melhor a situação de Jussara. Sabia que o setor de telemarketing funcionava 24 horas, então queria garantir que estivesse por perto assim que ela chegasse. Aproveitando o silêncio da manhã, ele adiantou alguns documentos e organizou a mesa, tentando desviar a mente do que realmente o inquietava.Quando sua secretária entrou, estava tão acostumada a encontrar o escritório vazio àquela hora que deu um pequeno grito de surpresa ao vê-lo ali.— Senhor Gabriel! Desculpe, o susto — ela disse, colocando a mão no peito, enquanto ligava os computadores na mesa ao lado.Ele soltou um breve sorriso, tentando aliviar a tensão no ar.— Está tudo bem. Cheguei cedo para resolver algumas pendências.Ela assentiu, embora curiosa com a presença dele tão cedo. Gabriel voltou ao seu trabalho, mas, no fundo, aguardava o momento certo para verificar se Jussara estava no setor.Jussara se ajeitou no assento, sentindo
Capítulo 12Gabriel ficou alguns momentos pensativo."Sentido norte... Isso não ajuda muito," pensou ele, frustrado. Ele tentou ocultar sua decepção, mas o idoso parecia notar o quanto ele estava perturbado.— Olha, rapaz... A Jussara é uma boa moça. Trabalhadora, discreta. Não parece ser o tipo de mulher que se envolve com problemas ou confusões — disse o vizinho, agora com um olhar mais brando. — Se quer mesmo reencontrá-la, talvez seja melhor pensar bem no que quer dizer a ela. Talvez um pedido de desculpas não seja suficiente.Gabriel assentiu, engolindo em seco. Sabia que havia mais do que arrependimento nas palavras que ele precisaria encontrar. Era como se estivesse tentando buscar o que havia perdido e, ao mesmo tempo, reconstruir algo que nem sabia que estava quebrado.— Obrigado, senhor. Eu... eu preciso encontrá-la, entender o que a fez ir embora desse jeito.— O coração de uma mulher, meu jovem, não se convence apenas com palavras bonitas — respondeu o idoso, esboçando um
Capítulo 13Nos dias que se seguiram, Gabriel parecia apenas uma sombra do homem que era antes. A cada dia, a mãe notava a expressão cansada e distante do filho, e a preocupação começou a crescer. Durante o jantar, ela finalmente decidiu tocar no assunto. Estavam em silêncio, apenas o som dos talheres no ambiente, até que ela o olhou com ternura e disse:— Filho, por que está tão triste, meu amor?Gabriel tentou disfarçar, abaixando o olhar para o prato e mexendo a comida com o garfo.— Ah, mãe, estou só... apenas com algumas preocupações do trabalho, nada sério.Mas ela sabia que ele estava escondendo algo mais profundo, algo que o atormentava.— Se for por Jussara, procure ela — insistiu, suavemente. — Você é milionário, Gabriel. Pode contratar quem for preciso para encontrá-la. Alguém consegue localizá-la para você.Ele ergueu o olhar, surpreso pela percepção da mãe. Os olhos dela estavam cheios de compreensão e afeto, como se soubesse exatamente o que ele sentia, mesmo que ele nun
Capítulo 14O sol da tarde iluminava a fazenda, e Jussara estava em seu melhor momento naquele dia. Cuidar de Dona Isaura lhe dava paz, uma sensação de pertencimento que não sentia há muito tempo. Além disso, sua amizade com Otávio crescia a cada dia. Ele era gentil, paciente, e parecia genuinamente feliz em ensiná-la a montar. E, com o salário que recebia, finalmente pôde dar-se ao luxo de comprar um carro, mesmo que antigo e modesto.Numa tarde, enquanto levava Dona Isaura para um banho de sol, Otávio se aproximou, sorrindo.— Pronta para mais uma aula de montaria? — ele perguntou, com aquele olhar brincalhão.Jussara riu e fez um gesto exagerado de cansaço, mas seus olhos brilhavam.— Vou confessar que minhas pernas não estão tão preparadas quanto eu — disse, tentando não rir.Dona Isaura, sentada numa cadeira sob a sombra próxima, observava com um sorriso carinhoso.— Essa menina tem garra, Otávio. Não desista dela! — disse a senhora, em tom de incentivo, o que fez Jussara rir.Ot
Capítulo 15Gabriel suspirou, sentindo o peso da frustração em seus ombros. Já se passavam quase dois meses desde que ele começara a procurar Jussara, mas ela parecia ter sumido da face da terra. Aquela mulher realmente não queria ser encontrada, e embora a esperança fosse cada vez menor, ele não queria desistir. Sentia que precisava, ao menos, tentar vê-la uma última vez e, se possível, explicar tudo. No fundo, ainda tinha a ilusão de que poderia consertar o que havia feito.Enquanto estava perdido em seus pensamentos, a porta do escritório foi aberta com um toque hesitante. Era seu filho, Marcos, que entrou com uma pilha de documentos.— Pai, aqui estão os papéis para você assinar — disse Marcos, parecendo ligeiramente nervoso, o que chamou a atenção de Gabriel.Gabriel olhou para os documentos apenas por alguns segundos antes de assinar, sua mente ainda dispersa. Notou, de relance, o sorriso aliviado e animado do filho ao assinar, mas não pensou muito sobre isso.— Obrigado, pai! —
Capítulo 16Assim que chegou ao aeroporto, Gabriel encontrou o carro que sua secretária havia reservado para ele. Colocou a bagagem no porta-malas e, sem perder tempo, configurou o GPS com o endereço de uma padaria em uma cidadezinha em Goiás. Dirigiu por mais de uma hora, atravessando as paisagens verdes e planas, enquanto a cidade grande ficava cada vez mais distante no retrovisor.A viagem foi silenciosa, mas seus pensamentos faziam barulho. Fazia quase dois meses desde que Jussara desaparecera, e o peso de tudo o que ele queria dizer a ela parecia aumentar conforme se aproximava do destino. Logo avistou a placa da cidade, parecia um lugar calmo, com ruas pacatas e simples em contraste com o ambiente de onde ele vinha.Chegando ao endereço, ele viu a padaria, um local acolhedor com uma pequena fachada e mesas na calçada, onde algumas pessoas tomavam café e conversavam. Gabriel estacionou o carro e entrou, observando o ambiente. No balcão, uma atendente o cumprimentou.— Boa tarde,
Capítulo 17Jussara o acompanhou até a pousada, o coração acelerado e a mente ainda confusa e surpresa ao mesmo tempo. Assim que entraram e a recepção os liberou, seguiram até o quarto. Ela ainda tentava entender o que realmente ele queria ao trazê-la ali. Talvez fosse apenas para conversar em um lugar mais privado, longe dos olhares curiosos da pequena cidade.— Gabriel... — chamou enquanto ele abria a porta do quarto. — Você está hospedado aqui desde quando?Ele entrou no quarto e olhou para ela, o rosto sério, mas os olhos revelando uma ansiedade intensa, que o estava consumindo.— Cheguei há pouco tempo — respondeu, fechando a porta atrás deles.Ela o observou, sentindo-se cada vez mais inquieta com o silêncio dele.— Como você descobriu onde eu estava? — perguntou, com curiosidade.Ele se aproximou dela, segurando seu rosto entre as mãos e a fitando intensamente.— Depois a gente conversa. Agora — disse, com um tom firme e decidido enquanto arrancava a camisa, chutando os sapatos
Capítulo 18No dia seguinte, Gabriel se espreguiçou antes de abrir os olhos, esticando-se na cama, mas logo percebeu que Jussara não estava ao seu lado. Ele franziu o cenho, levantou-se e foi até o banheiro, mas encontrou o espaço vazio.— De novo não... — murmurou, sentindo o desespero tomando conta dele.Ainda tentando manter a calma, ele rapidamente se vestiu, pegou o endereço da fazenda que o detetive havia lhe enviado, e saiu decidido a encontrá-la. Durante o trajeto, sua mente fervilhava com perguntas.Ao chegar à fazenda, ele desceu do carro e, ao olhar em volta, avistou Otávio próximo ao casarão. Gabriel respirou fundo e caminhou até ele, esforçando-se para manter a compostura.— Bom dia — disse Gabriel, com um tom educado, embora seu olhar ainda refletisse um toque de ciúme. — Você sabe onde posso encontrar a Jussara?Otávio assentiu, notando o tom de Gabriel.— Bom dia. Vou avisar aos patrões que você está aqui — respondeu o cowboy, sem mostrar nenhuma surpresa.Enquanto Otá