Capítulo 13Nos dias que se seguiram, Gabriel parecia apenas uma sombra do homem que era antes. A cada dia, a mãe notava a expressão cansada e distante do filho, e a preocupação começou a crescer. Durante o jantar, ela finalmente decidiu tocar no assunto. Estavam em silêncio, apenas o som dos talheres no ambiente, até que ela o olhou com ternura e disse:— Filho, por que está tão triste, meu amor?Gabriel tentou disfarçar, abaixando o olhar para o prato e mexendo a comida com o garfo.— Ah, mãe, estou só... apenas com algumas preocupações do trabalho, nada sério.Mas ela sabia que ele estava escondendo algo mais profundo, algo que o atormentava.— Se for por Jussara, procure ela — insistiu, suavemente. — Você é milionário, Gabriel. Pode contratar quem for preciso para encontrá-la. Alguém consegue localizá-la para você.Ele ergueu o olhar, surpreso pela percepção da mãe. Os olhos dela estavam cheios de compreensão e afeto, como se soubesse exatamente o que ele sentia, mesmo que ele nun
Capítulo 14O sol da tarde iluminava a fazenda, e Jussara estava em seu melhor momento naquele dia. Cuidar de Dona Isaura lhe dava paz, uma sensação de pertencimento que não sentia há muito tempo. Além disso, sua amizade com Otávio crescia a cada dia. Ele era gentil, paciente, e parecia genuinamente feliz em ensiná-la a montar. E, com o salário que recebia, finalmente pôde dar-se ao luxo de comprar um carro, mesmo que antigo e modesto.Numa tarde, enquanto levava Dona Isaura para um banho de sol, Otávio se aproximou, sorrindo.— Pronta para mais uma aula de montaria? — ele perguntou, com aquele olhar brincalhão.Jussara riu e fez um gesto exagerado de cansaço, mas seus olhos brilhavam.— Vou confessar que minhas pernas não estão tão preparadas quanto eu — disse, tentando não rir.Dona Isaura, sentada numa cadeira sob a sombra próxima, observava com um sorriso carinhoso.— Essa menina tem garra, Otávio. Não desista dela! — disse a senhora, em tom de incentivo, o que fez Jussara rir.Ot
Capítulo 15Gabriel suspirou, sentindo o peso da frustração em seus ombros. Já se passavam quase dois meses desde que ele começara a procurar Jussara, mas ela parecia ter sumido da face da terra. Aquela mulher realmente não queria ser encontrada, e embora a esperança fosse cada vez menor, ele não queria desistir. Sentia que precisava, ao menos, tentar vê-la uma última vez e, se possível, explicar tudo. No fundo, ainda tinha a ilusão de que poderia consertar o que havia feito.Enquanto estava perdido em seus pensamentos, a porta do escritório foi aberta com um toque hesitante. Era seu filho, Marcos, que entrou com uma pilha de documentos.— Pai, aqui estão os papéis para você assinar — disse Marcos, parecendo ligeiramente nervoso, o que chamou a atenção de Gabriel.Gabriel olhou para os documentos apenas por alguns segundos antes de assinar, sua mente ainda dispersa. Notou, de relance, o sorriso aliviado e animado do filho ao assinar, mas não pensou muito sobre isso.— Obrigado, pai! —
Capítulo 16Assim que chegou ao aeroporto, Gabriel encontrou o carro que sua secretária havia reservado para ele. Colocou a bagagem no porta-malas e, sem perder tempo, configurou o GPS com o endereço de uma padaria em uma cidadezinha em Goiás. Dirigiu por mais de uma hora, atravessando as paisagens verdes e planas, enquanto a cidade grande ficava cada vez mais distante no retrovisor.A viagem foi silenciosa, mas seus pensamentos faziam barulho. Fazia quase dois meses desde que Jussara desaparecera, e o peso de tudo o que ele queria dizer a ela parecia aumentar conforme se aproximava do destino. Logo avistou a placa da cidade, parecia um lugar calmo, com ruas pacatas e simples em contraste com o ambiente de onde ele vinha.Chegando ao endereço, ele viu a padaria, um local acolhedor com uma pequena fachada e mesas na calçada, onde algumas pessoas tomavam café e conversavam. Gabriel estacionou o carro e entrou, observando o ambiente. No balcão, uma atendente o cumprimentou.— Boa tarde,
Capítulo 17Jussara o acompanhou até a pousada, o coração acelerado e a mente ainda confusa e surpresa ao mesmo tempo. Assim que entraram e a recepção os liberou, seguiram até o quarto. Ela ainda tentava entender o que realmente ele queria ao trazê-la ali. Talvez fosse apenas para conversar em um lugar mais privado, longe dos olhares curiosos da pequena cidade.— Gabriel... — chamou enquanto ele abria a porta do quarto. — Você está hospedado aqui desde quando?Ele entrou no quarto e olhou para ela, o rosto sério, mas os olhos revelando uma ansiedade intensa, que o estava consumindo.— Cheguei há pouco tempo — respondeu, fechando a porta atrás deles.Ela o observou, sentindo-se cada vez mais inquieta com o silêncio dele.— Como você descobriu onde eu estava? — perguntou, com curiosidade.Ele se aproximou dela, segurando seu rosto entre as mãos e a fitando intensamente.— Depois a gente conversa. Agora — disse, com um tom firme e decidido enquanto arrancava a camisa, chutando os sapatos
Capítulo 18No dia seguinte, Gabriel se espreguiçou antes de abrir os olhos, esticando-se na cama, mas logo percebeu que Jussara não estava ao seu lado. Ele franziu o cenho, levantou-se e foi até o banheiro, mas encontrou o espaço vazio.— De novo não... — murmurou, sentindo o desespero tomando conta dele.Ainda tentando manter a calma, ele rapidamente se vestiu, pegou o endereço da fazenda que o detetive havia lhe enviado, e saiu decidido a encontrá-la. Durante o trajeto, sua mente fervilhava com perguntas.Ao chegar à fazenda, ele desceu do carro e, ao olhar em volta, avistou Otávio próximo ao casarão. Gabriel respirou fundo e caminhou até ele, esforçando-se para manter a compostura.— Bom dia — disse Gabriel, com um tom educado, embora seu olhar ainda refletisse um toque de ciúme. — Você sabe onde posso encontrar a Jussara?Otávio assentiu, notando o tom de Gabriel.— Bom dia. Vou avisar aos patrões que você está aqui — respondeu o cowboy, sem mostrar nenhuma surpresa.Enquanto Otá
Capítulo 19De longe, o senhor Mendes, o dono da fazenda, os observava com um olhar compreensivo. Ao seu lado, Otávio assistia à cena em silêncio.— Parece que perdi minha melhor funcionária... — comentou o senhor Mendes com um suspiro.— Parece que sim, patrão — concordou Otávio. — O senhor Monteiro é milionário, lembro de ter visto uma foto dele em algum noticiário.O senhor Mendes lançou um olhar curioso para Otávio, depois voltou os olhos para o casal abraçado, e assentiu lentamente com a cabeça.— Então ele está realmente apaixonado. — Refletiu em voz alta. — Com o dinheiro que você diz que ele tem, poderia ter inúmeras mulheres. E, mesmo assim, veio atrás dela.— Verdade, senhor. Não é qualquer um que larga tudo para vir até aqui atrás de um amor.O senhor Mendes deu um leve sorriso, aprovando o relacionamento que nascia diante dele. Com um aceno para Otávio, deu-lhe um recado.— Avise a Jussara que, quando ela tiver tempo, venha me ver. Tenho algumas palavras para compartilhar
Capítulo 20Chegaram ao aeroporto durante a noite. Quando Jussara mencionou que iria para o kitnet, Gabriel foi categórico.— Você vem comigo. Assim não há risco de mudar de ideia.Ela sorriu, sabendo que, depois de tudo que haviam passado, não havia chance de isso acontecer. O chofer os levou até a mansão Monteiro, e, ao entrar, Jussara hesitou por um instante. Gabriel, notando, parou e puxou a mão dela com firmeza, encorajando-a a continuar.— Venha. Vamos ver se minha mãe ainda está acordada.Seguiram até a sala de estar, mas dona Amélia já tinha se recolhido para dormir. Jussara se acomodou no sofá, enquanto Gabriel foi até o bar e serviu uma dose de uísque para ele e preparou uma bebida gaseificada para ela.— É estranho estar aqui assim… como… — disse Jussara, sem saber como terminar a frase.— Como minha namorada? — completou Gabriel com um sorriso.— Somos namorados? — ela perguntou, surpresa.— Somos mais do que isso, já que estamos juntos e vamos ter um filho. Mas, se você q