Capítulo 15Gabriel suspirou, sentindo o peso da frustração em seus ombros. Já se passavam quase dois meses desde que ele começara a procurar Jussara, mas ela parecia ter sumido da face da terra. Aquela mulher realmente não queria ser encontrada, e embora a esperança fosse cada vez menor, ele não queria desistir. Sentia que precisava, ao menos, tentar vê-la uma última vez e, se possível, explicar tudo. No fundo, ainda tinha a ilusão de que poderia consertar o que havia feito.Enquanto estava perdido em seus pensamentos, a porta do escritório foi aberta com um toque hesitante. Era seu filho, Marcos, que entrou com uma pilha de documentos.— Pai, aqui estão os papéis para você assinar — disse Marcos, parecendo ligeiramente nervoso, o que chamou a atenção de Gabriel.Gabriel olhou para os documentos apenas por alguns segundos antes de assinar, sua mente ainda dispersa. Notou, de relance, o sorriso aliviado e animado do filho ao assinar, mas não pensou muito sobre isso.— Obrigado, pai! —
Capítulo 16Assim que chegou ao aeroporto, Gabriel encontrou o carro que sua secretária havia reservado para ele. Colocou a bagagem no porta-malas e, sem perder tempo, configurou o GPS com o endereço de uma padaria em uma cidadezinha em Goiás. Dirigiu por mais de uma hora, atravessando as paisagens verdes e planas, enquanto a cidade grande ficava cada vez mais distante no retrovisor.A viagem foi silenciosa, mas seus pensamentos faziam barulho. Fazia quase dois meses desde que Jussara desaparecera, e o peso de tudo o que ele queria dizer a ela parecia aumentar conforme se aproximava do destino. Logo avistou a placa da cidade, parecia um lugar calmo, com ruas pacatas e simples em contraste com o ambiente de onde ele vinha.Chegando ao endereço, ele viu a padaria, um local acolhedor com uma pequena fachada e mesas na calçada, onde algumas pessoas tomavam café e conversavam. Gabriel estacionou o carro e entrou, observando o ambiente. No balcão, uma atendente o cumprimentou.— Boa tarde,
Capítulo 17Jussara o acompanhou até a pousada, o coração acelerado e a mente ainda confusa e surpresa ao mesmo tempo. Assim que entraram e a recepção os liberou, seguiram até o quarto. Ela ainda tentava entender o que realmente ele queria ao trazê-la ali. Talvez fosse apenas para conversar em um lugar mais privado, longe dos olhares curiosos da pequena cidade.— Gabriel... — chamou enquanto ele abria a porta do quarto. — Você está hospedado aqui desde quando?Ele entrou no quarto e olhou para ela, o rosto sério, mas os olhos revelando uma ansiedade intensa, que o estava consumindo.— Cheguei há pouco tempo — respondeu, fechando a porta atrás deles.Ela o observou, sentindo-se cada vez mais inquieta com o silêncio dele.— Como você descobriu onde eu estava? — perguntou, com curiosidade.Ele se aproximou dela, segurando seu rosto entre as mãos e a fitando intensamente.— Depois a gente conversa. Agora — disse, com um tom firme e decidido enquanto arrancava a camisa, chutando os sapatos
Capítulo 18No dia seguinte, Gabriel se espreguiçou antes de abrir os olhos, esticando-se na cama, mas logo percebeu que Jussara não estava ao seu lado. Ele franziu o cenho, levantou-se e foi até o banheiro, mas encontrou o espaço vazio.— De novo não... — murmurou, sentindo o desespero tomando conta dele.Ainda tentando manter a calma, ele rapidamente se vestiu, pegou o endereço da fazenda que o detetive havia lhe enviado, e saiu decidido a encontrá-la. Durante o trajeto, sua mente fervilhava com perguntas.Ao chegar à fazenda, ele desceu do carro e, ao olhar em volta, avistou Otávio próximo ao casarão. Gabriel respirou fundo e caminhou até ele, esforçando-se para manter a compostura.— Bom dia — disse Gabriel, com um tom educado, embora seu olhar ainda refletisse um toque de ciúme. — Você sabe onde posso encontrar a Jussara?Otávio assentiu, notando o tom de Gabriel.— Bom dia. Vou avisar aos patrões que você está aqui — respondeu o cowboy, sem mostrar nenhuma surpresa.Enquanto Otá
Capítulo 19De longe, o senhor Mendes, o dono da fazenda, os observava com um olhar compreensivo. Ao seu lado, Otávio assistia à cena em silêncio.— Parece que perdi minha melhor funcionária... — comentou o senhor Mendes com um suspiro.— Parece que sim, patrão — concordou Otávio. — O senhor Monteiro é milionário, lembro de ter visto uma foto dele em algum noticiário.O senhor Mendes lançou um olhar curioso para Otávio, depois voltou os olhos para o casal abraçado, e assentiu lentamente com a cabeça.— Então ele está realmente apaixonado. — Refletiu em voz alta. — Com o dinheiro que você diz que ele tem, poderia ter inúmeras mulheres. E, mesmo assim, veio atrás dela.— Verdade, senhor. Não é qualquer um que larga tudo para vir até aqui atrás de um amor.O senhor Mendes deu um leve sorriso, aprovando o relacionamento que nascia diante dele. Com um aceno para Otávio, deu-lhe um recado.— Avise a Jussara que, quando ela tiver tempo, venha me ver. Tenho algumas palavras para compartilhar
Capítulo 20Chegaram ao aeroporto durante a noite. Quando Jussara mencionou que iria para o kitnet, Gabriel foi categórico.— Você vem comigo. Assim não há risco de mudar de ideia.Ela sorriu, sabendo que, depois de tudo que haviam passado, não havia chance de isso acontecer. O chofer os levou até a mansão Monteiro, e, ao entrar, Jussara hesitou por um instante. Gabriel, notando, parou e puxou a mão dela com firmeza, encorajando-a a continuar.— Venha. Vamos ver se minha mãe ainda está acordada.Seguiram até a sala de estar, mas dona Amélia já tinha se recolhido para dormir. Jussara se acomodou no sofá, enquanto Gabriel foi até o bar e serviu uma dose de uísque para ele e preparou uma bebida gaseificada para ela.— É estranho estar aqui assim… como… — disse Jussara, sem saber como terminar a frase.— Como minha namorada? — completou Gabriel com um sorriso.— Somos namorados? — ela perguntou, surpresa.— Somos mais do que isso, já que estamos juntos e vamos ter um filho. Mas, se você q
Capítulo 21Jussara suspirou, a cabeça descansando suavemente no ombro de Gabriel. A voz dela saiu baixa e embargada pelo sono.— Eu não imaginei que você pudesse ser tão carinhoso... — comentou, os olhos quase fechados, enquanto sentia os dedos dele deslizarem suavemente por seu ombro e braço. Cada toque era como uma faísca que percorria sua pele, arrepiando-a.Gabriel abaixou o olhar, sorrindo de leve ao vê-la tão à vontade. Ele continuou o movimento delicado, como se quisesse tranquilizá-la ainda mais.— Você merece muito mais que isso, minha querida — respondeu, a voz grave e tranquila, cheia de sinceridade.Ela abriu os olhos por um instante, encarando-o com carinho.— Nunca pensei que pudesse sentir algo assim... Tão... completo — sussurrou, apertando de leve o braço dele.Ele a envolveu ainda mais em seu abraço, ajustando a posição dela para que ficasse ainda mais confortável.— Completo é exatamente como eu me sinto com você — murmurou, aproximando os lábios de sua testa e dep
Capítulo 22Após o café da manhã, Gabriel segurou a mão de Jussara com um sorriso no rosto.— Vamos, querida? Quero aproveitar o dia ao seu lado.Jussara assentiu, ainda se sentindo radiante pela recepção calorosa de Dona Amélia. Eles saíram juntos e, após uma breve viagem, chegaram a uma joalheria luxuosa no centro da cidade.Jussara entrou no local e imediatamente ficou deslumbrada. As vitrines brilhavam com joias de tirar o fôlego. Gabriel parecia saber exatamente o que procurava.— Estamos aqui para algo especial — disse ele ao atendente, que prontamente os conduziu a uma área mais reservada.— Algo especial, senhor Monteiro? — perguntou o atendente, com um sorriso cortês.— Um anel de compromisso para a mulher mais especial da minha vida — respondeu Gabriel, apertando levemente a mão de Jussara, que ficou sem graça.— Gabriel, não precisa ser nada extravagante... — começou ela, mas ele a interrompeu.— Deixe isso comigo, querida. Não precisa se preocupar.O atendente trouxe uma b