Emma ajustou o vestido pela terceira vez desde que saíra de casa. Não estava desconfortável, mas a ansiedade insistia em fazer com que ela checasse cada detalhe de sua aparência. O jantar com Anthony não era apenas um encontro casual. Era a primeira vez que saíam juntos fora do ambiente de trabalho, o que tornava tudo mais complicado e excitante ao mesmo tempo.Desde que fora contratada como secretária de Anthony Cooper, Emma sabia que sua relação com ele deveria se manter estritamente profissional. No entanto, as trocas de olhares, as conversas prolongadas no escritório e os momentos de cumplicidade foram se acumulando até que o inevitável aconteceu. Agora, ali estava ela, ao lado do chefe, sentada à mesa de um restaurante sofisticado, tentando controlar a inquietação.— Você está linda esta noite — Anthony disse, com um sorriso que fez seu coração acelerar.Ela sorriu de volta, tentando não transparecer sua hesitação. Ele estava absurdamente charmoso, como sempre. O terno perfeitame
A sala de Anthony parecia menor do que de costume, sufocada pelo peso da tensão. Ele observou Emma se afastar, a porta se fechando com um clique suave, porém definitivo. A impotência o invadiu como uma maré avassaladora. Ele sabia que havia cometido um erro, um erro que colocara em risco a mulher que amava.As palavras dela ecoavam em sua mente: Isso não é só sobre o emprego, Anthony. É sobre mim, sobre nós.Ele compreendia a profundidade daquelas palavras. Não era apenas um escândalo no escritório. Era o futuro deles. A confiança que ele havia quebrado.Anthony afundou-se na cadeira, o olhar perdido nas fotos espalhadas sobre a mesa. Ele analisou cada imagem, buscando um rosto familiar, um detalhe, qualquer pista que revelasse quem estava por trás daquilo. A raiva crescia dentro dele, densa e quente, misturada à frustração e à culpa.Ele pegou o telefone e discou um número.— Preciso que venha ao meu escritório agora — ordenou, a voz firme e afiada. — E traga tudo o que tiver sobre a
Emma ficou parada na porta por longos segundos após Anthony partir. O envelope em suas mãos parecia pesar toneladas, como se carregasse não apenas provas de sua inocência, mas também a verdade que ela vinha tentando evitar. A verdade sobre o que sentia por ele. Sobre o medo que a consumia.Caminhou até a mesa e o depositou ali, intocado. Respirou fundo, tentando silenciar a confusão em sua mente. Era mais fácil assim, não era? Fugir antes que algo desse errado. Antes que se machucasse ainda mais.Sentou-se no sofá e abraçou os joelhos. Desde criança, aprendera que felicidade era algo passageiro. Algo sempre ameaçado por uma tempestade iminente. Cada vez que ousava acreditar, o dest
Anthony apertava o volante com força, os nós dos dedos brancos. Seu carro cortava as ruas de Nova York em alta velocidade, a mente fixa em um único objetivo: encontrar Daniel Carter.Ele já sabia onde procurá-lo. O desgraçado não era tão esperto quanto pensava. Uma série de transferências bancárias rastreadas pelo investigador o levaram a um pequeno bar nos arredores da cidade, um daqueles lugares onde homens com dívidas e pouca dignidade afogavam seus fracassos em copos de uísque barato.Ao chegar, Anthony não perdeu tempo. Passou pelos clientes, ignorando os olhares curiosos e a música baixa que toca
O dia amanheceu frio e cinzento, refletindo perfeitamente o turbilhão dentro de Emma. Ela respirou fundo antes de entrar no prédio da empresa, tentando se preparar para o que viria. Mas, no instante em que passou pela recepção, os sussurros começaram. Ela fingiu não ouvir. Caminhou até o elevador, sentindo olhares em sua direção. Dentro da cabine, funcionários trocavam olhares significativos, alguns até rindo discretamente. — Dizem que ela dormiu com ele para conseguir o emprego. — Bom, pelo visto deu certo, né? — O chefe sempre teve um gosto refinado… O sangue de Emma gelou. Ela apertou os olhos, esperando o elevador chegar ao seu andar o mais rápido possível. Quando finalmente saiu, apressou-se até sua mesa, ignorando os olhares curiosos. Seu coração batia forte, a vergonha crescendo dentro dela como um peso sufocante. Ela tentou focar no trabalho. Tentou ignorar os olhares e a
Emma passou o resto da noite inquieta. Tentou assistir a um filme, mas sua mente vagava para os eventos do dia. Tentou ler um livro, mas as palavras pareciam embaralhar diante de seus olhos. No fim, deitou-se na cama, encarando o teto, sentindo o peso do cansaço, mas sem conseguir dormir.No dia seguinte, acordou antes do despertador tocar. Seu coração estava acelerado, e a decisão que tanto tentava evitar pulsava em sua mente. Ela não podia mais adiar. Precisava fazer algo.Vestiu-se com cuidado, optando por um blazer escuro e uma camisa simples. Queria transmitir segurança, mesmo que por dentro estivesse desmoronando. Pegou sua bolsa e saiu de casa com passos decididos.
Os dias passavam, e a saudade corroía Anthony por dentro. Ele tentava se concentrar no trabalho, mas era impossível. Cada detalhe da empresa lhe lembrava Emma: o som dos saltos dela no corredor, o perfume discreto que ficava no ar quando ela passava, o tom de voz firme, porém doce, ao falar com os colegas. Agora, tudo parecia frio, sem vida.Mergulhou no trabalho com mais intensidade do que o normal, ocupando cada minuto para evitar pensar nela. Mas não adiantava. Mesmo nas reuniões mais importantes, sua mente vagava para o dia em que Emma entrou em seu escritório e pediu demissão. O brilho nos olhos dela, misturado com mágoa e determinação, ainda o assombrava.Em casa, o vazio era ainda maior. Sentad
Na manhã seguinte, o sol fraco se infiltrava pelas frestas da cortina fina do pequeno apartamento de Emma. O despertador tocou, mas ela já estava acordada há algum tempo, encarando o teto, com pensamentos dispersos. A conversa com Anthony na noite anterior ainda ecoava em sua mente. Ele havia reaparecido como um furacão, bagunçando tudo o que ela tentava organizar dentro de si. Mas Emma não podia se dar ao luxo de se perder em sentimentos conflitantes agora. Precisava de um emprego. Precisava recomeçar.Levantou-se e seguiu sua rotina matinal, vestindo-se de maneira simples, mas profissional. Optou por uma calça de alfaiataria preta e uma blusa branca, prendendo os cabelos em um coque despretensioso. O espelho refletiu seu rosto sério e determinado, e, com um último suspiro,