Bruno me olhou com decepção, não me deixou explicar nada. Da forma como o pai dele falou realmente parecia que fiz tudo de caso pensado para enganá-lo, tirar a empresa dele, receber o que era meu de direito como o pai dele disse.
Bruno simplesmente pediu que eu saísse.Meu coração se partiu, tudo que conseguimos construir, a história que estávamos vivendo, tudo que nós passamos, parecia não significar nada diante da traição que ele imaginava que eu cometi.Admitia que não ter contado toda a minha história, ou somente parte dela, não ter pedido a ele para descobrir sobre meu passado pesou contra mim.Saí da Invertcorp chorando, somente peguei minha bolsa e meu celular e desci sem pensar em mais nada.Quando pisei na calçada começou a chover, tentei pegar um táxi e não consegui, as lágrimas escorriam sem que eu pudesse contê-las e se misturavam com a água da chuva. Ao contrário do dia em que cheguei às portas e fiquei feliz por conseguir um emprego na Invertcorp, aEntrei no quarto e acendi a luz, Marly se assusta com a claridade repentina se sentando ereta enquanto tenta se acostuma com a luz sintética.- Querida Patrícia… - sua confusão é evidente, ela sabe que há algo errado, do contrário eu não estaria aqui nessa hora com cara de choro.- Precisamos conversar...- Aconteceu algo? Pensei que dormiria com o Bruno hoje- Você quer me contar o que realmente aconteceu com meu pai?- Não tô entendendo filha - Por favor não minta mais para mim - meus olhos encheram de lágrimas novamente.- Eu te dei sinais, te disse que deveria procurar pelo seu pai, mas todas as vezes que disse isso você não levou muito a sério. - Como levaria? você sempre disse que ele foi embora depois que nasci- Pois bem, acho que esse dia chegou. Eu sei que tenho muito a explicar filha, mas espero que você esteja com o coração aberto, que seja compreensiva comigo e com meus motivos.Ele me pede, como se fosse a coisa mais fácil do m
Eu estava chocada e ao mesmo tempo despedaçada nunca pensei que meu pai fosse tão frio, pior ainda nunca imaginei que minha vida seria uma mentira.- Quanto a me contar que sou adotada? Você pensou sobre isso? - questionei - Claro que sim, mas também fiquei com medo de você querer saber quem era sua mãe e chegasse até seu pai, fiquei com medo de te perder filha.- E quanto ao Bruno, você sempre soube quem ele era, você sabia que ele é neto do meu pai?- Não, mesmo sabendo que seu pai era bilionário, eu não sabia qual era sua empresa ou se ele tinha família, ele disse que não e eu acreditei. - Marly tentou se aproximar mas eu me afastei, precisava de tempo.Terminei de ouvir sua história com a mão tremendo saí do quarto pior que entrei e muitas vezes precisei parar no caminho para revirar o fôlego que parecia está preso. Se eu tivesse descoberto isso antes, nada disso teria acontecido e muita coisa seria esclarecida. Agora me lembrava que a Marly falava muito sob
- Calma, estou aqui... desculpe a demora – ela disse com a voz mais doce possível. — Meu anjo... olha para mim... estou aqui, você não está sozinha – continuou falando, tentando me acalmar, acariciava minhas costas e meus cabelos com as suas mãos delicadas.- Ah, Sara, eu nem sei o que dizer... eles me acusaram de tantas coisas... fiquei com tanto medo que você acreditasse... perder sua amizade seria demais para mim – disse entre soluços e lágrimas, agarrada a ela. Seu abraço trazia conforto, era como se eu estivesse envolta em um casulo de proteção do qual não queria mais me libertar.- Calma, sente-se aqui – disse me levando até o sofá – quer um chá? – perguntou.- Sim...- Vou na cozinha preparar, você comeu alguma coisa?- Sim, não, talvez no almoço... - Menina, são quase dez da noite! Vou preparar alguma coisa…- Não precisa – disse em um fio de voz.- Querida, temos muito o que conversar, mas primeiro você precisa se alimentar – disse como um coronel e eu fiquei quieta encolhid
Sara e Beatriz ouviram cada palavra com atenção, em silêncio, ao final ouvir Sara respirar fundo, olhou para o lado, ficou um tempo encarando a parede, perdida no vazio como eu fiquei enquanto ouvia tudo.Vi lágrimas descerem por sua face, e descobri o que havia de diferente em seus olhos. Pela primeira vez seus óculos eram simples, comuns, redondos, de aro fino escuro. Beatriz permaneceu em silêncio enquanto o choque era sua única reação.Olhava de um lado ao outro buscando qualquer reação de alguma delas, permaneceram em silêncio. Olhei para Sara e enxergava um metro e meio de essência de carinho, como somente uma irmã conseguiria ser e que eu jamais teria o prazer de desfrutar, não fosse ela em minha vida.- Patrícia, vem cá – Beatriz me abraçou novamente – querida, eu não sei nem o que te dizer.Ficamos abraçadas por um longo tempo, até que paramos de chorar e eu resolvi perguntar:- Como era o Otávio? Você já me falou dele, mas parecia uma pessoa tão distante da minha realidade q
- Eu sinceramente não sei porque Otávio agiu assim, se ele tivesse me contado, com certeza Dona Edna, sua esposa, teria ajudado ou criado você como filha dela. - Sara disse depois que conseguiu me acalmar um pouco.- Obrigada, mas eu não tenho certeza disso - disse com sinceridade.- Patrícia, eu sei que é difícil, mas Otávio era um pouco frio das relações pessoais e profissionais - ela falou se ajeitando no sofá - mas acho que ele te amou, do jeito dele. Te dando dinheiro e condições de viver uma vida digna, pensou no seu futuro e na sua formação, era isso que ele podia te dar e nada mais... Não podemos esperar que o amor das pessoas seja aquilo que nós entendemos por amor.- Mas ele amava o Bruno... - disse com os lábios tremendo, estancando as lágrimas que teimaram em querer cair. - E sua filha adotiva. No final de tudo é só queria evitar que eu estragasse sua família perfeita, com a mulher perfeita, a filha perfeita e o neto perfeito. Uma bastarda não fazia parte dos seus planos,
Depois de mais alguns momentos de muita conversa, tanto Sara quanto Beatriz voltaram para casa, eu estou sozinha novamente.Minha cabeça fervilhava e me cansava, a vida resolveu pregar uma peça e o nome era: furacão.Um vendaval intenso de informações passaram do nada sobre mim, sem me preparar para recebê-la.- Filha... - saio dos meus pensamentos e vejo uma Marly receosa se aproximando lentamente.- Oi mãe - Podemos conversar?- Sim- Filha, sei que nada do que disser justifica o que fiz e também não fará o passado voltar, sei que está sofrendo pelo Bruno e pela rejeição de seu pai que é ainda pior do que você pensava. Mas filha quero que saiba que te amo, sempre te amei mesmo nossos laços não sendo sanguíneo, você ainda continua sendo minha filha.- Eu sei... - nesse momento meus olhos pareciam rios de tanto que transbordaram- Talvez ele realmente te amasse, do jeito torto dele, só tinha medo de perder a família que ele já havia construído, ele era um homem mais velho casado com
Abri os olhos e senti uma dor de cabeça insuportável. Lembrava vagamente de ter bebido muito no bar, e de Carlos e Tomas terem me carregado até o meu quarto no hotel.Olhei no relógio e vi que já passava das dez horas, nunca deixei de ir ao trabalho por conta de uma ressaca, mas hoje não estava nem aí.Olhei para o lado e vi um remédio para dor de cabeça e outro para estômago que devia ter sido deixado pelo Tomas, tomei, virei para o lado e voltei a dormir.*****Acordei novamente perto das cinco da tarde e tomei um banho. Consegui dormir tanto e meu celular estava sem bateria, por isso ninguém conseguiu me acordar. Liguei do telefone do hotel para o Tom e pedi para vir me buscar.Ele avisou que já estava esperando, esses meus funcionários eram muito competentes. Cheguei no hall e encontrei Tomas, ele só me olhou e perguntou:- Para onde senhor?- Para a cobertura - respondi.- Senhor, a senhorita Sara ligou inúmeras vezes para mim porque está preocupada, disse que nunca viu seu celul
Subimos na academia da cobertura, era completa, tinha toda parte de musculação e um pequeno ringue para luta, além de saco de pancadas.Eu e Carlos fizemos por muitos anos artes marciais para aprender a nos defender e ao menos uma vez por semana eu treinava com Tom alguns golpes para não esquecer. A ideia de Carlos foi muito boa, corri na esteira para me aquecer, depois coloquei as luvas e dei muitos socos e chutes no saco de boxe, enquanto ele fazia musculação.- Cara, chega! - Carlos me segurou depois de um tempo que nem vi passar.Meu corpo pingava, estava sem camisa e meu short ensopado de suor. Quando comecei a golpear pensei em Patrícia, aquela traidora dissimulada, nos meus pais, e em como recuperar minhas cotas da empresa caso Patrícia conseguisse reverter o testamento.Minhas mãos e pernas estavam doendo, mas a raiva não passava, se continuasse, com certeza, me machucaria.- Vou tomar uma ducha – disse e saí dali.Tomei um banho gelado mesmo, para tentar esfriar a cabeça.Qu