Talvez eu tenha sido um pouco impulsiva ao sair daquela sala tão abruptamente, mas ouvi aquelas palavras da boca de Marta Braga que deixaram rastros de ofensas profundas, não haveria outra forma de abandonar aquela conversa.
Otávio não chegou nem perto de ser um pai para mim, mas é inegável todo o amor que foi dado ao meu Bruno. Ele cuidou do meu marido como se fosse dele, e realmente talvez era.Ele fez o meu marido se tornar o homem maravilhoso que é hoje, um pai adorável, empresário implacável e um marido perfeito.Isso tudo foi possível, só pelo amor que ele depositou na filha adotada e o neto de criação.E o que dizer de Marly, aquela mulher cuidou de mim por anos a fio, esquecendo até de si mesma apenas para me dar o melhor.Cuidou de alguém por puro amor, sem laços sanguíneos. Sou o que sou hoje porque aquela mulher dedicou sua vida a cuidar de uma criança que não foi nascida dela.Hoje eu tenho uma família que a ama, te dei netos e um genro, hoje eu**Bruno**A noite começava a se desenrolar chatas demais depois que Patrícia e as crianças foram embora, a conversa com Samuel Braga é pouco fluida e o tédio começou a se abater no ambiente.Ele claramente não é alguém com quem se pode conversar muito, é pouco comunicativo e muito sem noção.Sua linguagem é unicamente negócios, embora eu já tenha deixado claro que não tenho intenção de falar sobre isso.- Esta jaqueta era do meu pai, ganhei quando assumi seu lugar nas empresas - Samuel me disse enquanto se sentava à minha frente na mesa, acendendo mais um charuto.Era um blazer de cor preta e tecido de veludo com botões de pérolas no pulso, de muito mal gosto por sinal.Um tanto quanto exagerado para o meu gosto…- Bem… interessante - consegui dizer- Era o preferido dele. Gosta?- É um bom modelo. Mas ainda prefiro coisas mais clássicas - disse apontando para o meu smoking normal.Tenho certeza que após esta sessão de fumaça, eu teria que limpá-lo, antes de ver Patrícia. Ela odiava o
Tentei não parecer surpreso com meu acerto, bilhar não era meu melhor jogo. Digamos que eu não dominava muito bem.Enquanto montava minha sequência, a sala brilhou com relâmpagos, o trovão que se seguiu foi tão alto que parecia que o castelo inteiro estava tremendo, e eu não acertei o buraco novamente.Eu me pergunto se as crianças estão bem.Quem estou enganando? Eles adoram tempestades assim, minha preocupação é em poder dormir.Samuel limpou a garganta, e eu mudei minha atenção de volta para ele. Naquele momento sabia exatamente o que ele queria.E lá vem. A proposta. É por isso que estamos aqui.É por isso o empenho exagerado para me deixar à vontade e agradecido.- Então, Bruno, eu quero falar com você, de homem para homem. Porque tanto quanto admiro Carlos, posso dizer quem é o músculo por trás da SecureVault.Bingo!- Oh, posso dizer que nós dois temos músculos. E nós somos parceiros iguais - eu o lembrei.Samuel tinha razão, que eu era
**Patrícia**As crianças e eu estávamos indo para a ala do castelo onde estávamos, passando por um corredor com janelas.Lá fora, a grama estava iluminada por uma luz verde tempestuosa. O relâmpago caiu e o trovão ribombouO lugar era incrível, mas começava a achar um tanto quanto exaustivo. Tudo aqui emava uma aura sombria e tensa, meus pelos eriçaram só de imaginar.- Menos de um segundo! Estamos bem no centro da tempestade! - Exclamou Breno olhando fascinado para fora- Você está certo sobre isso, filho - digo- Papai? - A voz assustada de Priscila me fez virar a cabeça, buscando a direção de seu olhar.- Bruno?! - Eu repeti com confusão evidente.Meu marido estava vindo em nossa direção a toda velocidade. Seu rosto estava corado.- Patrícia! Estamos saindo daqui. - ele falou entre respirações erradas - AGORA! - Ele gritou.Só então notei seus dedos ensanguentados e Samuel Braga virando a esquina atrás dele, segurando sua mandíbula.
Passado o momento de histeria, finalmente pude pensar na nossa viagem de volta para casa. Enquanto Patrícia ajudava as crianças a arrumar suas coisas, eu comecei a trabalhar em nosso quarto. Em nossas coisas.Fui disparado em direção ao closet buscando terminar o quanto antes, joguei nossas malas de marca no chão, abri-las e mandei roupas voando para dentro delas, sem nem mesmo me dar ao trabalho de dobra-las.Então corri para o banheiro para pegar nossos artigos que estavam no banheiro e a caixa de jóias de Patrícia.Quando entrei na sala novamente, minha esposa já estava lá me esperando.- Mamãe está com as malas prontas e está ajudando as crianças - ela me disse - E Roger está arrumando as coisas deles dois- Ok, legal.Meus pensamentos estavam girando, mas notei os olhos cansados de Patrícia. Nós nem passamos uma noite inteira na cama de dossel... e eu me senti mal por isso.- Desculpe, meu amor, sinto muito por tudo isso. Não acredito que reagi assim
**Patrícia**Andamos por algumas horas, as crianças estavam impacientes. - Já chegamos? - Priscila perguntou.Eu a segurei contra meu quadril enquanto arrastava minha mala, seguindo os outros.- Ainda não, querida. - Já faz um bom tempo de caminhada.Estávamos encharcados.E ainda não tínhamos chegado ao final da entrada, pelo menos tínhamos um plano.Assim que encontrássemos o serviço de celular, ligaríamos para Tomas. Mesmo do outro lado do mundo, sabíamos que ele nos ajudaria a encontrar uma carona.- Vamos cantar uma música para passar o tempo! - Roger propôs alegremente.Roger iniciou uma música da qual nunca ouvi antes, ele cantava um refrão e meus filhos davam resposta.As crianças começaram a cantar em uníssono.Bem, acho que ele já usou esse truque antes com eles. Estava funcionando tão bem.Por sorte, pensei em levar capa de chuva para nossa aventura na Europa, mas apesar disso, eu pude sentir a água escorrendo pelo me
**PATRÍCIA**Quando acordei novamente, o carro estava parado do lado de fora de um hotel perto do aeroporto de Dublin.Apesar de ter dormido por uns bons minutos ainda me sinto exausta, talvez a exaustão seja mais mental do que física.Toda essa confusão tirou toda a minha energia e a dos meus filhos. Foi realmente desgastante toda essa adrenalina.- Não há nenhum hotel cinco estrelas por aqui - Bruno disse com uma careta - Mas podemos dormir algumas horas antes de voar de volta para o Brasil pela manhã.Ele nos observa em busca de uma resposta.- Agora você está falando a minha língua, Bruno! Não vejo a hora de chegar em casa. Todo esse luxo e esse país está me dando nos nervos - Roger chamou de fora do carro.- Parece ótimo para mim - eu concordei sem mais delongas.- Para mim também - mamãe disse em seguida.Todos estávamos loucos para chegar em casa, a falta que tudo fazia era inestimável.Bruno levou uma Priscila adormecida, e eu, um
**BRUNO**Agora, sim, isso é uma aventura. Uma fuga em meus próprios termos.Eu entrelacei minhas mãos atrás da cabeça e me recostei na cadeira, aproveitando o esplendor ao meu redor.A sala de jantar ornamentada, as altas mesas de bufê de café da manhã, minha família sentada ao meu lado, bem descansada, tomando banho e pronta para um dia emocionante.Nós havíamos nos hospedado no Glamour Retreat Por alguns dias antes, exaustos do inesperado fim de nossa estadia com os Bragas.Mas passamos muito tempo nos recuperando com sonecas, serviço de quarto e filmes sob demanda. Roger finalmente tinha assistido o jogo do seu time.Enquanto isso, Carlos e eu assistimos ao início da premiação das Grandes revelações do ano, com inícios na sexta-feira e finalização da qualificação no sábado.E agora estávamos todos prontos para o grande dia das Revelações do país, a corrida final... e, mais importante, a pós-festa do SecureVault.- Isso com certeza supera aque
**PATRÍCIA**Estava exausta já e precisava descansar, o dia passou voando enquanto estava la fora com minha família. A essa altura Inocencia, Mateus e Jade já haviam se juntado a agente.Larguei todos e vim relaxar. De volta ao hotel, tomei um banho longo e quente precisava descansar e me arrumar para a festa do meu marido e seu sócio.Eu estava tão animada para a festa do SecureVault, para passar um tempo com Bruno enquanto mamãe cuidava das crianças.Mas meu corpo se sentia exausto. Mesmo depois do banho, meu corpo ainda carregava o estresse do dia.Mas eu decidi ignorá-lo e apenas me preparar. Bruno entrou na suíte, com uma onda de energia excitada. Eu estava sentada na penteadeira do banheiro fazendo minha maquiagem, e ele beijou minha bochecha.- Você cheira muito bem - ele observou, respirando na pele do meu pescoço. - Eu tenho um presente para você.- Um presente?Ele pegou minha mão e me levou para o closet ao lado, abrindo a porta. Havia