Capítulo 5

Luana

Acordo com o quarto iluminado pela luz solar, pois me esqueci de fechar as cortinas, me espreguiço na tentativa de acordar os músculos do corpo e finalmente arrumo coragem para levantar.

Entro no banheiro sorrindo, não consigo acreditar em tudo o que está acontecendo, nunca imaginei que Rodrigo pudesse sentir algo por mim, toco algumas vezes meus lábios e ainda posso sentir o toque dos seus lábios sobre os meus, sorrio enquanto me lembro da sua declaração. Coloco um biquíni verde e saio distraída, quase tendo um ataque cardíaco ao sair e dar de cara com Alice sentada em minha cama.

— Bom dia, cunhadinha! Dormiu bem? — Não consigo dizer nada, pois ela mesmo responde. — Claro que dormiu bem! Depois da noite de ontem...

— Bom dia, Ali. Quer me matar coração logo cedo? E não sei do que você está falando. — Tento ficar séria, mas ao me lembrar dos beijos de Rodrigo um sorriso se abre imediatamente em meu rosto. Não tenho como negar, pois, foi tudo muito especial para mim.

— Ahhh, Luana! Sem essa agora, você sabe sim do que estou falando — comenta colocando as costas da mão na boca imitando um beijo e geme sorrindo.

— Lembrando-se dos tempos que treinávamos beijos na maçã, é Ali? — questiono sem conseguir segurar o riso.

***

Você acha que isso vai dar certo? — questionei curiosa. — Acho que foi tudo invenção do seu irmão.

— Claro que vai dar certo — respondeu enquanto cortava a maçã ao meio. — Rodrigo disse que temos que sugar toda a maçã, até não sentirmos mais o gosto, aí sim vamos estar pronta para beijar um menino. Ah e não pode morder nenhum pedacinho da maçã, imagina morder a boca do garoto durante o beijo? — Me entregou metade da maçã, depois de tirar toda a casca. — Acho que assim fica mais fácil, pra colocar na boca, — explicou enquanto colocava seu pedaço na boca e começou a chupar fazendo uma careta estranha. — é meio estranho... — disse e continuou a sugar.

— Por que você está comendo a maçã assim, Alice? — Beto questionou nos fazendo pular de susto.

— Fui na nutricionista ontem e ela disse que o melhor jeito de comermos maçã é dessa maneira, assim conseguimos absorver melhor os nutrientes.

— Vai comer o seu pedaço Luana? Quero tentar.

Entreguei meu pedaço para ele que começou a chupar, no mesmo instante Rodrigo entrou na cozinha, nos olhou sério e começou a gargalhar, era impossível não nos contagiarmos e logo estávamos os três gargalhando, enquanto Beto nos encarava sem entender nada.

***

— Não acredito que você ainda lembra essa história — comenta dando risada —, mas vamos parar de graça e conversar sério. Você e Rodrigo se acertaram?

— Não estou entendendo o motivo da sua pergunta? — Sinto que Alice está me escondendo alguma coisa.

— Eu vi vocês conversando na cozinha ontem e achei que tinham se acertado.

— E qual o problema de conversarmos na cozinha? Alice Veiga, você está me escondendo alguma coisa, aconteceu algo que não me contou?

— Ok, você venceu! Estava saindo e vi vocês conversando. Fui aquela boate nova, encontrei o Daniel — Alice fala tão rápido que quase não entendo o que está dizendo

— Opa, opa, opa... me conta essa história direito! Você saiu com o Daniel ontem? — pergunto sentando ao seu lado na cama.

— Não!! Não saí com o Daniel, nós nos encontramos por acaso — explica, porém, é possível ver a tensão em sua voz. — Inventei a dor de cabeça, porque não suporto ficar no mesmo ambiente que ele, mas não ia ficar em casa em pleno sábado, ainda mais no litoral. Então me arrumei e quando estava saindo vi vocês conversando e não quis atrapalhar, fui até o quiosque, chamei um táxi e fui para a boate recém-inaugurada, muito boa por sinal, mas voltando ao assunto... saí daqui disposta a ter uma noite quente, e estava me acabando na pista, quando alguém se aproximou de mim pelas costas e se ofereceu para pagar uma bebida, que aceitei de bom grado, quando me virei para olhar o dono daquela voz rouca e maravilhosa, imagina a minha cara ao descobrir que o dono da tal voz era o Daniel? — Escuto atentamente, ela me narrar tudo o que aconteceu. — Então foi isso, estava no meu quarto, quando ouvi vozes no corredor achei que fosse o Beto com alguma mulher descumprindo nossa regra número 1. Abri a porta devagar, querendo surpreender quem estivesse no corredor e vi você e Rodrigo se beijando — fala sorrindo. — Então... vou perguntar novamente. Dormiu bem, cunhadinha? — O sorriso volta automaticamente em meu rosto, deito na cama e suspiro alto.

— A noite foi maravilhosa, seu irmão é um príncipe!

— Quero saber tudo, todos os detalhes, menos os sórdidos, por favor, ele é meu irmão. — Jogo um travesseiro em sua direção.

— Não teve nada de sórdido, seu irmão me levou na gruta... — conto para ela tudo o que havia acontecido e como estou me sentindo.

— Com certeza ele vai conversar com você, agora vem aqui. — Nos levantamos e Alice me puxa para um abraço. — Estou muito feliz por você e por ele, vocês merecem tudo de melhor do mundo e pode contar comigo sempre.

— É melhor descer para arrumarmos o café — digo assim que dissolvemos o abraço.

— Sim, vamos. — Alice responde me puxando para fora do quarto.

Descemos as escadas abraçadas, Alice é a melhor amiga/irmã do mundo, não sei o que seria de mim sem sua amizade, mas se ela está pensando que eu esqueci a historinha que me contou a respeito do Daniel, está muito enganada, ainda quero saber tudo por trás dessa história.

Terminamos de arrumar a mesa com tudo que mais gostamos: suco, biscoitos, frutas, iogurte, pães, presunto e queijo. Não demora muito e Beto entra na cozinha todo agitado.

— Bom dia meninas! Como vocês estão? — pergunta nos beijando.

— Alguém acordou de bom humor hoje — Alice comenta sorrindo.

— Sempre acordo de bom humor — Beto retruca. — O Rodrigo já levantou? — Alice nega com a cabeça. — Vou acordar aquele preguiçoso senão vamos perder o vôlei de praia — diz já subindo as escadas e gritando por Rodrigo.

Resolvemos começar nosso café sem os meninos, pois eles não sabem saborear uma refeição como nós, sempre comem apressados e depois ficam nos apressando. Beto volta dizendo que Rodrigo já acordou e que já desce.

— O Daniel é bem simpático — Beto comenta e Alice revira os olhos sem que ele veja.

— Depende do que você entende por ser simpático — ela responde descontando sua raiva em seu pedaço de pão. — Para mim ele não tem nada de simpático, é egocêntrico, chato e não tem assunto, um completo idiota. Não sei como vocês conseguem ser amigo dele.

— Bom dia, família! — Rodrigo entra na cozinha e fazendo meu coração disparar

— Isso é que eu chamo de um verdadeiro bom humor, maninho. Conseguiu superar o Beto! — Alice fala provocando Beto, que faz uma careta.

— Bom dia, meu amor... — Rodrigo beija minha testa e meus lábios logo em seguida.

— Ora... ora... ora... vejo que o casalzinho finalmente se acertou — Beto fala e sinto meu rosto corar. — Estou muito feliz por vocês, até que enfim resolveu seguir meus conselhos. Agora não preciso mais flertar com a Lu — ele diz rindo.

— Quer dizer que... — Beto me corta.

— Sim, eu flertava com você de propósito, tinha que dar um jeito de fazer esse cara acordar para vida, antes que ele te perdesse para o primeiro playboy que resolvesse lutar para te conquistar. — Isso sim posso dizer que é o verdadeiro sentido da palavra amizade, nunca imaginei que ele fazia tudo de propósito, Beto e eu nos aproximamos por causa de problemas familiares: a morte de meus pais, descoberta da traição e a separação dos pais dele, Beto é meu irmão de coração, assim como Alice.

— Parabéns meu irmão! Vocês merecem toda a felicidade do mundo e só um aviso para você, Rodrigo Veiga. — Alice diz séria. — Se pensar, se somente pensar em fazer a Lu sofrer acabo com seu parque de diversões! — todos caímos na gargalhada.

— Nunca vou fazê-la sofrer — Rodrigo responde olhando em meus olhos, e consigo ver verdade neles. — Eu prometo!

— Mais uma promessa, Rodrigo? — Alice adverte. — Cuidado com o que promete, algumas coisas podem simplesmente sair do controle e o que é prometido pode se perder no tempo. — Sinto um aperto no coração com suas palavras, como um pressentimento ruim, mas acabo deixando para lá, agora não é hora para maus pressentimentos.  

— Vou tomar café e já vamos sair — Rodrigo diz, mudando de assunto. — Vocês já estão prontas?

Não disse que eles apressam a gente sem necessidade?

— Estamos sim — responde Alice. — Vou levar seu violão, quem sabe não cantamos algo no fim da tarde, já que vamos voltar somente amanhã.

— Também vamos voltar amanhã — responde Beto. — Cancelei minhas reuniões da parte da manhã, e o Rodrigo tem uma audiência no fórum somente no final da tarde.

— Então vamos fazer um luau hoje, só nos quatro perto da gruta, como antigamente. — Alice diz, toda empolgada. — Passamos aqui antes e preparamos uma cesta com lanches, o que acham?

dentro! — diz Beto.

— Nós também — Rodrigo responde e me dá um sorriso que é capaz de derreter geleiras. certamente é capaz de derreter as geleiras. Sorrio de volta, concordando.

— Então vamos terminar de nos arrumar para ir para o vôlei, ainda vou pegar uma gatinha hoje... — Beto não toma jeito mesmo, quero, um dia, ver meu amigo de quatro por alguém. Sei que ele é um ótimo homem, seu coração é imenso. Esse Beto, garanhão, que gosta de pegar sem se apegar é somente uma máscara que ele usa, no fundo tem medo de se apaixonar e sofrer como seu pai sofreu.

— Vamos meninos, quem é que estava nos apressando para sair? — Alice grita buzinando sem parar.

louca, Alice. — diz Beto — Seu pai vai ser banido do bairro se continuar fazendo barulho desse jeito. — Alice mostra a língua para ele, não sei qual de nós é mais criança, mas nossa amizade é bem assim: somos crianças, adolescentes e adultos... tudo na hora certa, brincamos feito crianças e puxamos a orelha como gente grande.

Eu e Rodrigo sempre fomos os mais centrados, enquanto Alice e Beto os mais doidinhos, tenho medo que apareça alguém que faça com que nossa amizade seja abalada, não sei o que faria da minha vida sem eles, cada um tem uma dose de importância para mim, somos bons juntos. um quarteto maravilhoso.

— Alice e Beto, parem com isso! Vocês são piores que crianças, achava que com a idade vocês iriam melhorar, mas a idade mental não muda... — Rodrigo fala rindo, achando graça das atitudes deles. — Vamos que a praia nos espera!

Entramos no carro de Rodrigo e vamos em direção à praia, o dia está lindo, ou será que estou vendo tudo mais bonito hoje? Rodrigo dirige com uma mão em minha perna de forma protetora e também territorial.

— Chegamos. Vocês querem descer aqui enquanto estaciono? — Rodrigo pergunta e Beto desce sem responder acompanhado por Alice, quando coloco a mão na porta para descer, Rodrigo protesta. — Você não princesa, precisamos conversar. Encontramos vocês no mesmo quiosque de ontem — ele diz para Beto e Alice que fazem sinal com a mão confirmando.

Rodrigo para o carro em um estacionamento próximo, ao lado de uma praça linda, onde várias crianças brincam sob o olhar atento de seus pais, ficamos em uma parte mais distante, cercada por flores de vários tipos, cada uma mais linda que a outra, nos sentamos embaixo de uma árvore.

— Que lugar lindo! — digo com um sorriso de admiração. — Não conhecia esse lugar.

— Uma das vezes que vim para cá saí para correr, encontrei esse lugar, desde então sempre que posso, dou uma volta por aqui — explica admirando tudo ao redor. — Hoje te trouxe aqui para... preciso te perguntar uma coisa... — percebo que ele está sem jeito. — Sei que você está focada na residência, vivemos em cidades diferentes e que nossa vida é muito corrida, tanto que talvez a gente só possa se encontrar novamente nas festas de fim de ano, daqui a quase três meses, mas acho que a gente deve conversar sobre ontem, em como vamos lidar com a distância. Quero que você seja minha namorada e preciso de uma definição, se você também quer isso e como vamos fazer com que isso dê certo.

— Namorada? — pergunto surpresa.

— Sim, por que o espanto? Com você vai ser tudo diferente. E então? Aceita ser minha namorada?

— Sim, é tudo que mais quero, e quanto à distância, vamos fazer dar certo.

— Vamos sim, será pouco tempo, e com nosso trabalho, nem teremos tempo de sentir falta um do outro. — Ele me beija, selando nosso compromisso.  

Fomos até o quiosque trocando beijos e carícias, não sei que futuro nos espera e como será nosso relacionamento à distância, a única certeza que tenho nesse momento é que quero curtir muito o meu namorado.

— Até que enfim! Achei que vocês não iam aparecer mais — Beto fala bravo. — Nosso jogo já é o próximo, pensei que iríamos perder por você não aparecer — fala referindo-se ao campeonato de vôlei de praia que eles se inscreveram.

— Claro que não, vamos arrebentar! — Rodrigo dá um tapa na mão de Beto selando um acordo e se vira pra mim. — Juízo, princesa, não demoro. — Me beija e vai em direção à quadra improvisada na areia.

— E então? Se acertaram? — Alice questiona, mas no momento minha atenção está em outra coisa. — Admirando a paisagem? — ela me cutuca, sabendo que estou acompanhando Rodrigo com os olhos. — Vou comprar um babador para você.

— Desculpa, me distraí. O que perguntou mesmo?

— Sei... conheço a sua distração desde que nasci. Perguntei se vocês se acertaram, o Beto quase foi atrás de vocês. — Sei o quanto minha amiga é curiosa e com certeza quer saber de tudo que conversamos.

— Sim. Conversamos como tudo vai ficar depois que formos embora, afinal tenho alguns meses de estudo até ser efetivada no hospital e não vamos conseguir nos ver durante esse tempo.

— Não é porque ele é meu irmão, mas sabe que torço muito por vocês, homem como ele é difícil de achar hoje em dia, outros, porém achamos em pencas. — Alice muda seu tom de voz e noto Daniel se aproximando.

— Olá, meninas, como estão? — Daniel pergunta e Alice revira os olhos, como se ele não estivesse aqui.

— Bem e você? — falo cutucando Alice para respondê-lo, ele nos olha sem falar nada, aguardando a resposta dela.

— Estou bem. Luana, você percebeu que essa praia não está sendo bem frequentada ultimamente — ela diz olhando dentro dos olhos de Daniel.

— Vejo que deixou a educação em casa, Alice. Até logo, Luana. — Ele sai e enquanto caminha para longe de nós, uma loira o agarra pelo braço e gruda nos lábios dele.

— É um galinha mesmo! Vou comprar água de coco, você quer? — pergunta Alice parecendo muito desconfortável com acena que tínhamos acabado de presenciar. Afirmo e ela sai apressada em direção ao quiosque.

— Toma. — Alice me entrega o coco minutos depois. Coloco ele de lado, enquanto tiro meu short e camiseta, quero pegar um pouco de sol, preciso carregar minha vitamina D.  

— Alice, o que foi aquilo com o Daniel, você não precisava ter tratado ele daquela forma — digo me ajeitando na toalha estendida no chão.

— Já disse que não gosto dele, não sou obrigada a conviver com ele!

— Alice, presta atenção! Você precisa sentar e conversar com o Daniel, ontem ele parecia que queria tentar uma aproximação com você e na boate ele não disse que precisavam conversar? Então, dá uma oportunidade para ele, tenho certeza de que teve um bom motivo para ele ter feito tudo aquilo no passado.  Apenas ouve o que ele tem a dizer, depois você vê o que faz.

— Talvez você tenha razão, mas é difícil acreditar em qualquer coisa que ele fala... olha as atitudes dele! — ela diz apontando para o local onde ele está com a tal loira a tiracolo. — Primeiro, aquela mensagem; depois não atende minhas ligações, bloqueia o aplicativo de mensagens e a rede social, o que você quer que eu imagine? Sabe Lu, eu não quero ser mais uma para ele — fala lembrando do que aconteceu na faculdade nitidamente decepcionada.

— Olha para mim! Você precisa conversar com Daniel para seguir em frente. Por favor, faça isso por você. Não quero te ver sofrendo assim.

— Vou dar um mergulho, me acompanha? — Esse é o sinal para mudarmos de assunto, ela sempre faz isso, desde pequena, quando quer dar algo por encerrado.

— Sim vamos — digo e caminhamos para a água como se nada tivesse acontecido. Tenho certeza que minhas palavras mexeram com Alice, que talvez ela possa tomar uma decisão.

Ficamos brincando como duas crianças, pulando ondas e jogando água uma na outra, faz muito tempo que não me divirto assim, de repente sinto algo nos meus pés e dou um grito que é acompanhado por Alice, olho para trás e vejo Rodrigo rindo e escuto os t***s que Alice dá em Beto por assustá-la.

Arghn! Você me paga Beto! — Ele sai nadando fugindo de Alice. — Hoje danifico seu parquinho de diversões!

— Calma, Ali!! Foi só uma brincadeira! Não vai querer ser tia? — ele grita.

— Para isso tenho o Rodrigo, seu idiota! — Alice responde e sai atrás dele que está distraído vendo uma mulata nadar, Ali chega de mansinho por trás e pula em suas costas derrubando-o, a briga termina em gargalhadas.

Como tinha saudade disso! Estar na presença de meus amigos é maravilhoso. Rodrigo beija meu pescoço perguntando:

— Mil beijos por seus pensamentos...

— Estou pensando nesse momento, em como somos felizes juntos. — Ele me vira de frente para ele. — Vou sentir falta desses dias...

— E eu vou sentir falta de você — diz me beijando —, vou tentar te ver antes do Natal, agora que você é minha, não vou aguentar ficar muito tempo longe. Já perdemos tempo demais... — Ele aprofunda o beijo e sinto várias borboletas em meu estômago, o que esse homem estava fazendo comigo? Nunca havia sentido nada assim por nenhum outro.

— Nossa! Minha taxa de açúcar no sangue acaba de subir depois de ver tanto mel entre vocês — Beto diz jogando água em nós. — Vamos para casa arrumar as coisas para o luau? O sol daqui a pouco vai embora...

— Isso mesmo! Dá para vocês dois se desgrudarem um pouquinho? — Alice fala vindo atrás de Beto. Rodrigo ri e me puxa para mais um beijo.

— Vamos. Antes que eles nos afoguem de verdade. — Saímos da água indo em direção ao guarda volume do quiosque para pegar nossas coisas.

O retorno para a casa é tranquilo, muitos turistas já estavam retornando deixando a cidade mais vazia. Preparamos a cesta com lanches, deixando a cozinha em um estado deplorável, arrumamos tudo rapidamente e fomos nos preparar para a nossa última noite na praia.

***

— Estamos prontos — Rodrigo diz, carregando seu violão, enquanto Beto se encarrega da cesta com sucos e lanches, naquela noite decidimos não beber nada alcoólico, pois iriamos viajar de madrugada.

Chegando próximo a gruta, Beto e Rodrigo buscam alguns gravetos para acender uma fogueira enquanto eu e Alice arrumamos as comidas na toalha, depois de tudo pronto, nos sentamos e ficamos recordando o que aprontamos na nossa infância.

— Sabe gente... — falo encostada no peito de Rodrigo — há alguns anos perdi meus pais e vocês sempre estiveram ao meu lado, nunca vou poder agradecer tudo o que fizeram por mim, e não me refiro a bens materiais. O Beto depois de todos esses anos se tornou um irmão para mim, passamos juntos por situações semelhantes, a perda dele não é definitiva... — Olho para o Beto que está com lágrimas nos olhos, com certeza lembrando do quanto sofreu com a traição de sua mãe — A dor da decepção que ele teve, fez com que criasse uma máscara, que ele só tira conosco. A Alice sempre foi minha irmã de coração, aquela que esteve ao meu lado em tudo, o primeiro beijo, a primeira transa...

— Pula os detalhes, por favor, amor — Rodrigo comenta.

— Assim como você, eu também tenho um passado — digo chamando sua atenção — Enfim continuando, no meu primeiro porre, nas minhas dúvidas, nas minhas vitórias, sempre era você que estava comigo. — Alice sorri deitada no ombro de Beto. — E Rodrigo... — Viro ficando sentada em frente a ele. — Você... não tenho palavras para descrever como é importante para mim, primeiramente me protegendo sempre que preciso, e depois sendo esse homem maravilhoso que tenho ao meu lado. — Ele limpa as lágrimas de meu rosto que não percebo que estão caindo, enquanto balbucia EU TE AMO.

— Vamos parar com essa nostalgia, — Rodrigo diz emocionado, o laço que nos une é forte, posso definir que nós quatro batemos em um só coração, tamanha é nossa amizade. — Estamos aqui para comemorar nosso final de semana. — Ele pega um copo com suco e levanta fazendo um brinde. — A nossa amizade, que ela seja duradoura, que seja para sempre!

— A AMIZADE! — gritamos juntos, batendo nossos copos.

— Beto, lembra-se daquela música que tocaram no jogo outro dia? — Rodrigo pergunta.

— Claro que lembro, estou pensando nela agora — Beto responde empolgado, enquanto eu e Alice ficamos sem entender do que eles estão falando. — Você lembra o tom?

— Sim, ela combina perfeitamente com esse momento! — Rodrigo comenta já dedilhando as primeiras notas enquanto Beto pega uma vasilha de plástico e começa a batucar.

“Um sentimento natural

Que acontece com razão

É Deus que escolhe

Quem vai se dar bem!

A caminhada é igual

Seguindo a mesma direção

Pensando junto nós vamos além!”

Ao percebermos qual música é, nos juntamos ao coro dos meninos. Esse final de semana com certeza iria ficar gravado em nossa memória eternamente!

“Lágrimas na vitória

Sempre na derrota ou glória

É luz na escuridão

Somos um só coração

Sempre vivo na memória

Faz parte da minha história

Nada vai nos separar

A amizade é tudo!”

(A Amizade é tudo – Jeito Moleque)

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