-Pronta?
Matteo caminha até mim, as mãos atrás das costas. O sol ainda nem tinha saído e já estávamos prontos para partir.
-Sim. - Ajeito a bainha e levanto a cabeça para olhar para ele - Você?
-Sim. - há tensão em seu rosto, imagino que o meu esteja igual - Tenho uma coisa para você.
Franzo o cenho e me levanto para poder olhá-lo melhor. Reparando melhor agora, ele parecia nervoso também.
-Eu não me importaria se você quisesse usar a Fatiadora para sempre, mas achei que gostaria de ter a sua própria.
Traz as mãos para a frente e só então eu percebo que ele estava escondendo uma adaga embainhada, me oferece e eu a pego, desembainhando.
A adaga é totalmente negra e afiada, há duas pedras negras com detalhes violetas adornando o cabo, passo os dedos por ela, maravilhada.
-Mandei fazer antes do aniversário de Daren, mas só ficou pronta rece
-O que aconteceu com você, garota?O tom de espanto de Aurea atrai minha atenção para meu reflexo no espelho do quarto. Há sangue por todo o meu corpo e rosto, minha roupa está rasgada em várias partes mas não há ferimento algum, minha trança está desgrenhada e eu ainda seguro firme minha adaga. A embainho.-Me desculpa. - Sussurro me virando para a porta novamente - Eu vou...-Não! - Ayla grunhe, dentes cerrados - Quero você aqui, todos vocês!-Nós estamos aqui, meu amor.A rainha está deitada em uma cama em sua casa, Daren, de rosto tenso, segura sua mão enquanto uma das curandeira está posicionada entre as pernas abertas e dobradas de Ayla. Eleanor está mais próxima da irmã, Matteo, Mendo, e Aurea estão mais distantes, porém próximos o suficiente para mandarem forças para ambos, pai e mãe. Eu estou encostada no canto do quarto, o mais distante possível, não querendo macular um momento tão lindo q
A casa de Matteo parece pronta para me receber de braços abertos quando eu atravesso. Minhas pernas tremem com a exaustão e eu quase caio novamente de joelhos no chão, sou amparada por mãos fortes e femininas que passam meu braço por seus ombros.-Eleanor? - odeio como minha voz sai embargada.-Vi o modo como você estava encolhida contra a parede, imaginei que acabaria fugindo para cá mais cedo.Eleanor abre a porta e me leva direto para o banheiro. Não protesto quando ela solta meus cabelos ou tira minhas roupas, não a afasto quando me guia até a banheira e me ajuda a entrar.-O que aconteceu em Maghdon? - Se encosta na parede de frente para mim.-Nós esperamos até que os soldados aparecessem e então eu tinha um plano. - Sinto a água quente queimar minha pele e aceito de bom grado - Queria matar a maioria deles para evitar outra batalha. - Esfrego as mãos no rosto, tirando o sangue - Perdi o contro
Um passo de cada vez. Era o que eu murmurava para mim mesma enquanto esperava Eleanor e Mendo no ringue com Matteo, na casa cede em que todos se encontravam.Ele havia gostado da ideia de poder treinar com o irmão novamente e fiquei feliz de poder ver seu rosto se iluminar quando ambos se prepararam para se enfrentar. Eleanor e eu optamos por treinarmos juntas e não contra. Parávamos para conversar e observa-los a cada exercício, recebíamos mais três séries por causa disso. Passamos a nos encontrar para treinar juntos todas as manhãs.Daren havia vindo nos visitar para saber o que houve em Maghdon, meu parceiro deixou que ele entrasse em sua cabeça para ver seu ponto de vista e eu mostrei para ele o que eu tinha visto, ocultando meu surto de origem desconhecida, nenhum deles insistiu.-Gosto do jeito que eles se movem. - Eleanor faz sinal para os machos no ringue.Havíamos descoberto que se dissessemos q
Na manhã seguinte nos reunimos na casa cede para discutir os planos da rainha de Maghdon. Daren já havia contado um pouco do que o mostramos a todos os outros.-Como ela quer começar uma guerra com um número tão baixo de soldados? - Mendo pergunta.-Talvez ela se garanta com o número de bestas. - sugere Matteo.-Ou com os exercícios de outros reinos. - Ayla diz.-Eu não acho que ela tenha uma aliança com eles. - Me recosto na cadeira, lembrando das poucas coisas que sei sobre ela - Myrtle é uma mulher poderosa, quando ela quer uma coisa, não desiste até conseguir, e acima de tudo, - Forço meu corpo a permanecer imóvel quando um tremor ameaça me percorrer - não gosta muito de dividir.A expressão de Matteo se torna tensa e preocupada enquanto ele chega sozinho a conclusão de que ela também mandou me torturarem por coisas que seu marido, seu rei, fazia comigo. Desvio o olhar e pigarreio.
Havia uma menininha sentada no chão de frente a casa de Matteo. O cabelo castanho de Kyla balança no vento quando ela corre até mim, as covinhas aparecendo quando ela abre um sorriso enorme, a pele esverdeada brilhando no sol da tarde.-Lucy! - Abraça minhas pernas - Estive esperando você.-Oi, pequena, cadê a sua mãe? - Eu a pego no colo e a abraço de volta.-Está ocupada... Eu vim te ver! Você ficou feliz?-Claro. - Sorrio - Muito feliz.-Que bom! Eu senti saudades.A coloco no chão e seguro em sua mão.-Quer entrar?-Depende... - Ela chuta uma pedrinha no chão, evitando me olhar nos olhos - Seu amigo assustador vai estar aí?-Amigo assustador? - Franzo o cenho.-Aquele das asas...-Matteo?Ela assente e eu caio na gargalhada. Kayla solta minha mão e cruza os bracinhos.
Faziam dois dias desde que Matteo e Mendo foram para os acampamentos de guerra e como nem eu e nem Eleanor queríamos ficar sozinhas, eu estava dormindo na cada da cede com ela.Eu havia decidido que não queria que Daren nos buscasse e levasse toda vez que precisassemos sair, então passei a tentar atravessar nós limites da da casa e cair na varanda. É claro que me estatelei no chão aos pés de Eleanor que não conseguiu manter a máscara e gargalhou por muito tempo, mas aquele passou a ser meu novo desafio, eu pulava e atravessava por várias horas, decidida a conseguir.Mantivemos a mesma rotina de treino, passávamos as tardes na cidade ou na casa mesmo e de noite líamos até adormecer, optamos por não nos arriscar treinando nossos poderes sozinhas.Também procurei por Kyla e sua mãe para avisar que não estaria na mesma casa por alguns dias. Eu continuava me comunicando com meu parceiro através de suas sombras.
-Nós temos que ir agora!Pego a mão de Eleanor e começo a correr em direção a varanda.-O que aconteceu, Lucille? - Ela puxa a mão da minha e para de andar.Eu não sabia como explicar o que tinha acontecido. Passo as mãos pelo cabelo, tentando pensar em algo.-O laço. - Ofego - Tenta sentir o seu laço com Mendo e me diga o que sente.A feérica franze o cenho e então fecha os olhos, se concentrando, suas feições mudam na mesma hora.-O que é isso? - Arregala os olhos.-O que está sentindo? - Procuro o meu para ter certeza de que ainda está ali.-Está fraco, muito fraco. - sua voz sai trêmula.-Eleanor, nós temos que ir agora. - Seguro sua mão de novo - Eu não sei o que está acontecendo, mas tem algo muito errado.-E para onde nós vamos? - Corre junto comigo.-O acampamento de guerra.
Estava escuro quando Eleanor e eu entramos na floresta. O mais sábio era esperar a luz do dia, mas não tínhamos tempo. A cada minuto perdido, Mendo poderia estar morrendo e Matteo... Eu mataria a rainha pelo que quer que tivesse feito a ele.-Eleanor. - sussurro, fazendo-a parar - Olhe!Estive procurando por Mendo desde antes de adentrarmos a floresta, mas ainda não o havia encontrado, essa era a primeira vez que notava algo com seu cheiro, sangue.Eleanor se olha ao redor rapidamente, desesperada por encontrar seu parceiro. Eu estava usando a escuridão da floresta a nosso favor, camuflando-nos, as vezes algo passava por nós e sentia nosso cheiro mas não nos enxergava.-Ele não deve estar longe. - Me abaixo e coloco as pontas dos dedos no sangue - Ainda está molhado. - Vejo que há mais na frente - É uma trilha. - Observo as manchas no chão - Ele se arrastou.-Mendo já sobreviveu a coisas piore