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Capítulo 01 - 20 anos de Guerra

AS NAVES ALIENÍGENAS CHEGARAM AO PLANETA EM UMA AMEAÇA NUNCA ANTES VISTA. Os humanos sucumbiram nos primeiros meses de guerra, a tecnologia que eles possuíam não era suficiente para deter seres vindo de origem desconhecida. Os vampiros se viram obrigados a quebrar o Sigilo, sair do mundo oculto e das cidades subterrâneas para retomar o controle do planeta.

Não foi por altruísmo. Os vampiros ofereceram aos humanos um acordo simples: proteção em troca de sangue. Vampiros possuem em suas veias o poder do Deus Nether, ele se dividiu em nove partes e criou Nove Casas, ou clãs de vampiros, cada um com um poder diferente e que se completa formando os pilares de proteção do planeta. Com esse enorme poder, revidaram contra os alienígenas, porém, fizeram dos humanos seus escravos. Salvadores, porém, demônios sedentos, que se sentem superiores aos humanos por estarem verdadeiramente no topo da cadeia alimentar.

Quando deixei de ser escravo-de-sangue e me tornei o Imperador do Grande Império dos Vampiros, aboli a escravidão dos humanos. Nada mudou. Os vampiros continuam dependentes do sangue humano e a guerra contra os alienígenas está cada vez mais intensa. São vinte anos de guerra, sem trégua, um vai e vem de exércitos de ambos os lados e atualmente estamos perdendo.

— O que pode ser mais importante do que eu, nesse momento, Zane? — De voz afinada e quase irritada, Lucretia tira a folha de relatório da minha frente e se senta no meu colo, usando um espartilho vermelho e cinta-liga na tentativa de chamar minha atenção.

— Lucretia, eu preciso terminar esse discurso e estou esperando uma ligação. — Tento afastá-la, mas sua boca lasciva já me alcança, dando beijos em meu queixo e boca, irresistível, simplesmente.

— Faça depois. Estou com saudades. — É uma exigência.

Retornei hoje de um comício político e foi desagradável ver o que meu país se tornou nos últimos meses. Estávamos vivendo uma época de prosperidade, abundância econômica e tratados de paz com os demais países que surgiram ao longo dos anos nos outros continentes. Porém, em uma guinada maluca que até agora não consigo entender o motivo, tudo escoou como água pelo ralo. O cenário é muito diferente, senão, totalmente oposto.

Os alienígenas, que alguns chamam de Anjos devido ao fato de reconstruírem a natureza que havia sido devastada no planeta, estavam quase erradicados, inclusive, acreditávamos que eles estavam se retirando dos campos de batalha. Afrouxamos nossas defesas, o primeiro grande erro do Império. Os alienígenas contra-atacaram com força total.

Mas não era só isso. O planeta parecia mais fraco, sem defesas... Há anos os vampiros batalharam para ativar os poderes dos Guardiões de Aesis, a grande Deusa da Natureza. Através de artefatos mágicos que ficavam guardados, os Guardiões foram acionados: Silph (Vento), Ignis (Fogo), Lurra (Terra) e Sirena (Água). Funcionaram como um poder extra para as Nove Casas dos vampiros. Os alienígenas recuaram diante de tanta força. O planeta estava protegido.

Não fazia sentido.

Como os insetos alados haviam conseguido revidar com tanta força?

Diversos reinos estavam sob ameaças. Não apenas o Grande Império dos Vampiros, mas também os Sulistas da América do Sul, a Dinastia Sinyi - conhecidos como os soldados azuis -, a Eurocidente (antiga Europa Ocidental) e a Aliança Tríplice (o que sobrou dos países asiáticos). Enviei tropas para todos os lugares que pediram nossa ajuda, sei que o Eurocidente há uma grande concentração de sidhes e lobos-metamorfos, além de humanos, batalhando lado a lado.

— Zane? — Lucretia me chama. Pisco os olhos algumas vezes para focar em sua imagem e seus olhos de cor brilhosa vermelho-sangue são puramente cheios de decepção agora. — Não acredito, você nem está prestando atenção em mim, seu cretino.

— Sinto muito, ando um pouco estressado. — Respiro fundo e exalo ar. Seguro em sua cintura delicada, Lucretia faz um biquinho e eu a beijo rapidamente nos lábios macios. — Prometo que te darei toda a atenção que precisar, assim que eu terminar esse discurso.

— Qual a dificuldade? Você é bom com discursos. — Ela até sai de cima de mim, tirando os cabelos dos ombros. Minhas mãos escorregam por seu corpo, incapazes de segurá-la. Ugh, odeio essa distância que ela impõe sempre que se aborrece comigo.

— Tristeza. — Explico, fazendo Lucretia olhar para mim as sobrancelhas finas e desenhadas, em seu rosto delicado, quase juntas na linha do nariz perfeito.

— O que viu lá fora está tão ruim assim, meu amor?

— Pior do que imaginava, para dizer a verdade.

— Oh. — Lucretia abre bem os olhos e se senta sobre meus relatórios, amassando as folhas brancas e os aspirais pretos. — O que podemos fazer?

— Vou assinar algumas autorizações para aumentar a taxa de recrutamento das Casas à frente da batalha, desviar fundos para pesquisa de armamentos, especialmente para defesa… — Procuro organizar o pensamento, mas tudo soa superficial. — Bem, preciso colocar isso no discurso, é claro.

— É claro. — Lucretia baçlança a cabeça para frente, concordando. — Quer que eu te dê licença? Prefere ficar sozinho agora?

— Não, claro que não. — Fico em pé e alcanço sua mão.

Sinto o medo que a Rainha tem da reviravolta da Guerra por todo o seu corpo e uma enorme vontade de protegê-la disso. Deslizo os dedos por seus braços delicados e pela linha do espartilho em seus seios fartos, entre os fios de cabelos escuros. Lucretia dá uma risadinha que me incentiva, beijo a parte exposta de seu seio, depois o outro, ela segura em meus cabelos puxando minha cabeça. Seus olhos me repreendem agora.

— O que foi? O que houve com o discurso?

— Se perdeu quando senti seu calor. — Seguro em seu rosto com as duas mãos e a puxo para mim, para um beijo, mas nossas bocas não encostam, brincando. — Cretina.

— Cretino é você. — Lucretia sorri diante do apelido carinhoso pelo qual nos tratamos, algo que fazemos desde que somos crianças. Eu me casei com a minha melhor amiga. Ela não aguenta, diminuindo a distância entre nós, seus caninos rasgam a pele dos meus lábios e o sangue explode em sabor em nossas línguas misturadas.

A mordida dos vampiros é extremamente prazerosa. Libera uma espécie de ferormônio ao qual sua vítima sucumbe. Para quem é mordido, é como um orgasmo. Sou viciado nessas mordidas, no prazer que elas causam, imediato, letal... Algumas pessoas me julgam por baixo, mas sou assim mesmo: lascivo, promíscuo, entregue.

Sua saliva fica doce, misturada ao gosto do meu sangue, mas para mim, sangue tem gosto de sangue, não percebo as nuances como os outros vampiros percebem. Dizem eles que tenho gosto de boas lembranças, que ao provar do meu sangue a mente viaja para longe, um momento feliz.

Embora eu tenha me transformado em vampiro há muitos anos atrás, nem sempre foi assim e nada sobre a minha origem é conhecida. E quem se importa? Fujo dessas memórias, buscando ficar embriagado de prazer.

— Eu poderia fazer isso repetidamente até o sol nascer. — Sussurro, ofegante, meu rosto contra o dela, nossas bocas juntas, mas não com um beijo.

— Você não pode. — Seu hálito sangrento explode contra minha narina. — Prometi a Lennon que nos encontraríamos com ele na área dos bares, no território de Taseldgar, ainda essa noite. Sabe que ele está na cidade e é melhor aproveitarmos.

— Bem quando preciso escrever um discurso? — Faço bico e me afasto dela, ajeitando meus cabelos castanhos escuros e ondulados. Lennon é uma memória doce e fresca, como a brisa de primavera em minha mente. Ele também é o meu amante, e de Lucrétia, temos um novo, porém sólido, romance.

Ser Imperador permite algumas excentricidades e os vampiros com sangue da Casa Bawarrod são conhecidos por suas taras sexuais incomuns. Somos também muito racionais e letais, ótimos mentirosos e ilusionistas da mente. Eu sou conhecido pela minha excentricidade acima da média, o que procuro tomar cuidado para não deixar transparecer e acabar descredibilizando a família, o governo, enfim, muitas resposnabilidades!

— Você escreve melhor quando ele está por perto, Zane.

— Mentirosa, eu escrevo mal. Só quer me convencer a ir.

— Ah, vamos. — Lucretia altera o tom de voz, ficando manhosa, deslizando o dedo pela lapela do paletó preto que estou vestindo por cima de um suéter. — Ou eu poderia convidá-lo para vir aqui, ficar pelo resto da noite… e o dia.

— Preciso terminar o discurso, mas você podia ir buscá-lo e trazer Lennon para cá. Seria bom jogar xadrez com uma pessoa que não perde o tempo todo.

— Cretino. — Irritada, ela revira os olhos e desce da mesa, espalhando papeis no chão. — Só por isso, cate tudo sozinho. — Passa a mão na mesa e derruba mais alguns da pilha, espalhando pelo chão, sendo uma completa criança. Mas só consigo segurar em seu traseiro macio e forçar o meu corpo, até ela se inclinar sobre a mesa de novo, rindo. Beijo seu ombro delicado e deslizo dois dedos por cima de sua calcinha. — Oh, meu amor, assim vou me atrasar. Contenha-se.

— Só mais vinte minutos e eu prometo que deixo você ir encontrar-se com Lennon.

— Não. — Ela nega, fugindo, se afastando e me deixando com uma careta de insatisfação. — Eu vou buscá-lo e você guarda esse fogo todo para quando chegarmos. Estarei de volta em uma hora, termine essa droga de discurso.

— Tá certo. — Concordo.

●●●

— E então, mamãe disse que eu nunca mais devo pisar em casa, que sou uma completa vergonha para toda a família! — A voz ressoa pela sala silenciosa de trabalho.

Metade do meu discurso pronto e preciso parar de digitar, meio em pânico e um pouco chateado também. Giro a cadeira e encaro Lucretia no sofá, abraçando Lennon, ele está péssimo, com o rosto sério e o olhar distante, coisas que não são comuns ao homem de cabelos castanhos lisos de comprido. Acho que ele está inclusive precisando de um pente, bagunçado, fora de si. Acho que ouvir de sua própria mãe que você não é mais bem-vindo em casa deve ser um choque para qualquer um.

— Ela não disse para valer, Lennon. — Levanto da mesa e caminhando até ficar de frente para eles.

— Não, foi para valer. Se você estivesse lá você veria todo ódio nos olhos dela. — Lucretia abre bem os olhos. Mordo a boca, sem saber o que dizer. — E se não fosse por causa de Mccartney, nada disso teria acontecido. Não teria como ela descobrir que Lennon é nosso amante.

— Ela me odeia agora. — Lennon passa as duas mãos pelo rosto e apoia o queixo, a barba rala nascendo em pontos escuros chama minha atenção.

— Bem, eu te amo e sei que sua mãe te ama também. — Sento do lado de Lennon, segurando em seu braço macio e morno, encostando a cabeça no seu ombro. — Ela só precisa de tempo para digerir tudo isso, não é assim tão convencional.

— É, ela só precisa de tempo. — Lucretia faz o mesmo que eu, do outro lado de Lennon. — Você pode ficar aqui com a gente enquanto isso.

— Não. Não, eu agradeço, mas não poderia. Só serviria de munição para Mccartney dizer mais coisas sobre nós. — Lennon balança a cabeça fazendo que não, empurrando o perfume doce de seus cabelos na minha direção. Inspiro fundo. — Seria ruim para vocês, quer dizer, já não basta tudo o que ele tem exposto em troca de visibilidade em sua carreira.

— Deixe que ele diga, eu não ligo. — Digo, desencostando a cabeça do ombro de Lennon e segurando em seu rosto, para ele olhar para mim. — Só não quero que você se magoe.

— É tarde demais para isso. — Ele responde. Exalo ar, chateado. — É melhor eu ir para algum canto, um hotel, ficar um tempo longe de tudo.

— Awm, Lennon. — Lucretia choraminga. — Você não pensa em nos abandonar, pensa?

— Não, nunca. — Lennon olha para Lucretia em pânico. — Mas talvez fazer uma viagem, para qualquer lugar. Um lugar distante.

— Você acabou de chegar em N-D44, será ridículo sair simplesmente porque seu irmão expôs nosso relacionamento. E daí que você é o namorado do Casal Real? As pessoas se ferem por tão pouco. — Cruzo os braços revoltado.

Lennon estava contando que ao descobrir que ele tem um relacionamento estável comigo e com Lucretia, sua mãe surtou. Foi durante o almoço em sua casa que seu irmão mais novo, Mccartney, revelou o segredo. Não que eu quisesse ter guardado segredo, para dizer a verdade, mas Lucretia e Lennon me convenceram disso, visto que seus pais são extremamente tradicionais. É difícil ser bissexual (ou homossexual) no Grande Império e a religião regida pelo Conselho dos Nove Deuses é muito forte e restrita quanto a isso, por exemplo: é proibido que vampiros de Casas diferente se relacionem e tenham filhos entre si.

Como Imperador nomeado há apenas vinte anos, eu tenho que esperar o tempo de maturação. Sou considerado uma criança pelos vampiros e mal recebido, por ter nascido como humano. Na verdade, se não fosse o fato de eu ter me casado com a Princesa Herdeira, eu não teria direitos de usar a coroa na minha cabeça.

Conheci Lennon em N-D44 antes de me casar com Lucretia e uma amizade genuína nasceu entre nós três. Ele estava apenas viajando de férias. Em nosso casamento, a amizade se tornou algo a mais, tivemos um relacionamento rápido de algumas semanas, nós três. O exército o chamou para longe, entretanto, logo após isso — até achei que tinha sido propositalmente por ordem de Devon, que é meu pai e era o General na época, mas depois fiquei sabendo que não teve relação. Lennon distanciou-se, embora sempre mantivesse contato conosco por cartas, mas não tivemos realmente mais nenhum envolvimento até que sua noiva faleceu. Ela se chamava Lola.

Foi um choque quando ficamos sabendo que o esquadrão de Lennon havia sido bombardeado e que Lola não tinha sobrevivido (aliás, foi um choque descobrir que ele tinha uma noiva e era obrigado a se casar por seus pais). Achamos que Lennon também pudesse ter morrido, mas ele estava vivo. Demonstramos nossa preocupação e quando nos encontramos-nos novamente, eu e Lucretia oferecemos o conforto de que ele necessitava. Meses depois, Lennon trouxe a família para N-D44, a sede do Império e, portanto, o local mais seguro para se viver, e veja como Mccartney agradeceu a ele? Quando a mãe dele ficou sabendo, disse sentir vergonha por seu filho ser um terceiro elemento numa relação — eu não colocaria nessa ordem, mas tudo bem... Tento compreender que ela simplesmente não entende mesmo.

— Lennon, por favor, repense. — Lucretia pede.

— Se você for embora, apenas endossará tudo o que ela disse sobre nós. — Reviro os olhos. Não acredito que ele vai me abandonar!

— Zane. — Lennon segura no meu rosto e beija minha testa. — Você e Lucretia são as pessoas mais maravilhosas que conheci. Eu amo vocês. Mas também amo a minha família, não posso magoá-los.

— Em minha opinião, a única pessoa que está magoando alguém é Mccartney. — Lucretia acrescenta com a voz afiada, cruzando os braços. — Fugir, como você sempre tem feito sobre tudo, não vai resolver o seu problema com seus pais. Mas se ficar conosco, pode tentar provar a eles seu ponto. Quem sabe com o tempo eles se tornem menos rígidos?

Lennon passa o braço pelos ombros de Lucretia e um sorriso se forma em seus lábios.

— Você está certa. — Lennon concorda. — Mas não estou fugindo exatamente do meu pai, mas do de Zane.

— Ah, qual é! — Dou risada, jogando as costas contra o sofá de metalassê preto. — Devon é um pouco difícil, mas ele não é nenhum bicho de sete cabeças.

— Para você talvez não seja. — Lennon abre bem os olhos, demonstrando o medo que tem do meu pai. Todos têm, ele tem uma fama terrível que não é nada falsa, para dizer a verdade.

— Para Lucretia também não. — Digo.

— Nós seremos seu escudo, Lennon. Você sabe o quanto é importante para mim e para Zane, por favor, não jogue nossos sentimentos no lixo dessa forma.

— Quando você coloca dessa forma, eu não tenho como recusar um convite.

— Ótimo! — Levanto do sofá com um sorriso, batendo as mãos uma na outra. — Agora preciso terminar o discurso.

— Não agora. — Lennon segura no meu braço e me joga entre ele e Lucretia. — Depois que vocês me derem boas vindas.

— Já vi que não vou terminar hoje. — Dou risada e os dois juntam suas bocas para me dar um beijo.

●●●

— Zane? — Escuto a voz de Jaylee, a pessoa mais bisbilhoteira que eu conheço na face do planeta, enquanto ela invade o escritório e entra sem pedir permissão.— Zane?

Jaylee e uma jovem moça de cabelos castanhos ondulados, que eu gosto de dizer que puxei dela para todos os desavisados que não conhecem nossa história. Quando se tornou vampira pela Casa Riezdra (os vampiros conhecidos por controlarem os poderes dos raios elétricos), casou-se com meu pai adotivo e me adotou. Na época eu ainda era humano, como ela, mas já estava me transformando em vampiro pela Casa Bawarrod, os vampiros que controlam os campos mentais como pensamento, memória e percepção. Agora Devon e Jaylee têm mais três filhos biológicos, além de Brenda, que é uma lobo-metamorfo que eles adotaram.

Cruzo os braços e fico esperando o momento que ela vai perceber que eu estou bem aqui em pé, atrás do sofá, vestindo minhas roupas. Jay parece extremamente invocada com todas as coisas, exceto minha presença, fuxicando a lata de lixo e o monitor que exibe um mapa mundi com todas as mais recentes informações sobre a guerra. Rapidamente visto minhas roupas, um terno qualquer que tirei do armário extra do escritório, afinal, hoje tem reunião com os nobres do Conselho.

Caminho até ela, cutucando seu ombro:

— O que você está fazendo?

Jaylee vira-se de frente para mim, o nariz alongado e os olhos dourados de vampira concedem a ela uma beleza única, baixinha e pequena, ela parece ser uma menina delicada e frágil, mas na verdade é bem durona. Estreito os olhos, como sinal de que não queria que ela entrasse sem bater, ela engole em seco, assustada.

— Zane! Essas novas linhas são as fronteiras comprometidas? — Ela reage, finalmente, apontando para a tela. Apago o monitor. Se eu pudesse, diria que ela é uma enxerida, mas apenas calo a boca comprimindo os lábios. — Os alienígenas estão atacando novamente? Oh, céus, Zane, vamos todos morrer! Por que não estão falando a ninguém?

— Para evitar reações cheias de pânico como a sua.

— Seu pai sabe disso?

— Há algo que eu faça e que seu marido não saiba?

— Não. Realmente não. Devon mantém um controle imenso sobre você. — Gira os olhos para o teto e coloca o indicador no queixo. — Mas...

— Estamos tomando medidas de defesa e avaliando a situação. Não vou dizer que não é uma situação complicada, afinal, é muito complicada, mas deixe que as pessoas encarregadas se preocupem com isso. Certo?

— Ah, sim. Claro. — Ela me analisa com desconfiança.

Dou as costas para ela, vou até a porta e fico segurando, como sinal de que é hora dela sair. Jaylee estreita os olhos e suspira com revolta, caminha firme até onde estou, jogando o espartilho e a calcinha de Lucretia em cima de mim.

— Controle seus impulsos sexuais, quem sabe ganharemos a guerra.

— Acredite, estou controlando. — Faço a piada, rindo, colocando a língua na ponta do canino humano.

Os dentes dos vampiros ficam em cima dos humanos e no meu caso, é uma mutação muito mal sucedida, eles ficam dentro da gengiva, nunca saem. As características humanas em mim ainda gritam, como um lembrete de que talvez eu não devesse ser Imperador.

Ela sai pela porta e eu também, trancando em seguida.

— Discurso preparado para a reunião?

— Mais ou menos, talvez eu improvise. — Dou um sorriso. — Sim, eu terminei, mas não achei que ficou bom.

— Seu pai vai detestar saber disso. — Jaylee brinca rindo.

— Devon terá mais coisas para se preocupar hoje, acredite. — Passo o braço pelos ombros dela e a guio para a sala de jantar, onde o café é servido.

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