O sol nasce no horizonte enquanto eu observo o oceano abaixo. O restante da equipe já se prepara para as buscas. Está quente aqui, apesar da brisa fresca que vem do oceano. Olho em volta e vejo o avião com os jipes prontos. A ilha é um lugar paradisíaco, picos rochosos desaparecem entre as nuvens, um oceano tão azul quanto o céu. Só preciso me lembrar que não estou de férias.
Mesmo estando na ilha, temo que algo dê errado. Nas anotações de meu pai, ele disse que havia civilização. É bem possível, já que a ilha é enorme, só preciso ter um cuidado redobrado para não ganhar uma flecha na cabeça.
— Qual é o plano para começarmos? — Pergunta Frost se aproximando enquanto observo um vulcão à distância. Parece longe o suficiente, felizmente eu tenho os jipes, ou levaria horas apenas caminhando.
— Essa ilha possuí civilização, ou já possuiu, de qualquer maneira é bom que estejamos armados caso haja alguma surpresa. — Digo e vo
A mulher sabe que não há saída quando mostra aos meus homens suas presas, pura raiva em seus olhos. Eles mantêm suas armas apontadas para sua cabeça. Ela só não atacou ainda porque protege a criança que está entre suas pernas com um olhar assustado.— Merda. — Me deixo levar pela simpatia. Não sei por quê, mas não quero que eles as machuquem.— Abaixem suas armas! — Não atirem! — Recuem! — Minhas ordens são claras e quando eles finalmente recuam, baixando a guarda, a mulher se move em questão de segundos, quando algo pendurado em seu pescoço brilha e em segundos eu sinto uma onda invisível me lançar brutalmente contra uma árvore. Demoro um pouco para entender o que está acontecendo ao meu redor. Mas não vejo mais nenhum dos homens da minha equipe por perto. E
— Você não vai comer? — Eu levo meu olhar para a mulher que me observa com atenção, percebendo que mal toquei na comida que ela me ofereceu. A carne que ela oferece é assada por fora e crua por dentro. Ainda estou me perguntando por que ela me deu a liberdade de estar aqui, o que ela está aprontando?— Pode comer se quiser, está tudo limpo, você não vai morrer, não se preocupe, eu acho. — Ela sorri para mim.— Por que “Eu acho?”— Não sei se o seu estômago está forte, outras pessoas que passaram por aqui, passaram mal porque era diferente da dieta deles, eu acho, mas sobreviveram.— Obrigado, mas não estou com fome. — Digo e me preparo para sua reação ao recusar sua “hospitalidade.”Felizmente, eu não confio nela e não vou fazer nenhum tipo de amizade, pois ela provavelmente vai me odiar pela manhã.Geny vem até mim, pegando a tigela da minha mão e comendo ela mesma
A viagem é cansativa. Eu mantenho a mulher sedada como um bicho e isso me deixa doente a ponto de piorar minha dor de cabeça. Mas ela me daria um trabalho extra em não cooperar ou matar alguém na esperança de voltar para casa. Um lugar que ela não verá tão cedo se não me ajudar. Mais uma vantagem para eu conseguir o que quero, são 9 mil quilômetros de mar separando a minha casa da dela. Geny ficará louca quando acordar, mas estará em um lugar seguro, longe de pessoas que podem machucá-la e com sua filha ao seu lado.Finalmente chegamos e conseguimos pousar o avião sem grandes dificuldades. Minha vontade de chegar em casa e tomar banho é gritante. Mas primeiro... Saio da cabine do avião e vou para onde o restante da equipe está. A primeira coisa que procuro é Callie e a vejo dormindo no colo de Lyz, com as mãos livres, vou até o desgraçado que já parece saber o que vou fazer. Frost tenta ficar na frente de todos para ser o primeiro a descer do avião. Mas p
Genyminha cabeça dói muito. A náusea piora quando tento abrir meus olhos e focar minha visão em algo, mas está tudo embaçado, sinto meu corpo estremecer de medo por saber que estou vulnerável. Minha memória está em branco. Tudo que me lembro são os momentos com Khan, seu sorriso, e o nó na minha garganta cresce. Não gosto de ficar sem ele, me sinto vulnerável, tenho Khan na minha vida desde criança, não sei viver sem ele. Eu me viro na cama procurando o calor de seu corpo. Ele sempre me conforta pela manhã. Eu imagino que ele foi buscar nossa comida ou outra coisa.Mas o cheiro desconhecido me deixa inquieto. Não é minha casa, não sinto o cheiro da vegetação ao redor. Minha visão vai melhorando aos poucos e analiso tudo. É um lugar claro e sem graça. há paredes estranhas e fico mais confusa. —Onde estou? — Sinto meu corpo congelar quando ouço uma voz profunda e grossa atrás de mim e isso parece me trazer de volta à
FrostSe passaram horas desde que levei um soco no queixo de um daqueles selvagens em miniatura. Os dois arranhões no lado direito do meu olho estão desaparecendo lentamente. Mas a humilhação permanecerá por muito tempo. nunca imaginei que quando fosse dar uma olhada na mulher inconsciente no carro, seria atacado por uma criança. Eles são como animais. Para piorar as coisas, o filho da puta do Ivanok me atacou à toa. Isso não vai ficar assim.Levei um tempo para descobrir o que Drake Ivanok queria com aquela nativa. Talvez faça dela um animal de estimação ou algum tipo de objeto para exibir. Mal sabe aquele playboy que muita gente já está procurando o tesouro que ele possuí.Continuo sentado com os braços cruzados sobre o peito enquanto observo os dois cientistas sentados à minha frente em suas poltronas. A garota alta de pele leitosa e cabelos loiros claros, quase brancos, faz anotações em um pe
DrakeCaminho em direção à porta do quarto de Geny. Sua filha, ao meu lado segue em silêncio, sua pequena mão segurando a minha. Ela foi paciente o tempo todo, depois que eu disse a ela que sua mãe estava bem e que ela iria vê-la em breve. Callie não fez mais perguntas, o que mais me chamou a atenção é que Callie sempre guarda tudo para si, não mostra raiva, tristeza, alegria, ela tem um dom natural para se esconder, ou deve ter aprendido com a mãe desde o começo, Geny parece ser rígida as vezes. Também quero entender a cultura e os ensinamentos de Geny com sua filha.Quando eu abro a porta. Vejo que Geny ainda está usando a toalha de banho que dei a ela e está parada olhando pela janela do quarto. Eu me sinto indiferente quando ela se vira para nós. Callie solta minha mão e corre para sua mãe, que sorri esperando por um abraço. Sinto meu coração acelerar quando a vejo sorrir para sua filha e sua toalha quase cai de
Três semanas se passaram neste lugar estranho. Tive que me acostumar com tantas coisas, como reaprender a tomar banho, comer, dormir, tudo, qualquer atividade nesse lugar tem um certo conforto. Você não sofre, você não se cansa, não como é na ilha, porque sempre vejo Nana, a mulher mais velha que cuida desse lugar, reclamando de dor, não procuro prestar muita atenção, no meu mundo, ela definitivamente ficaria doente, em meu clã, se alguém se torna inválido e deixa de fazer sua parte no clã, eles não param suas vidas por uma pessoa, a menos que você não consiga sair da cama. Não somos acostumados com idosos doentes, eles nunca adoecem, estão sempre em movimento, cuidando das coisas mais leves, os mais pesados são para os jovens, mas ninguém facilita a vida de ninguém. Se você está prestes a morrer, alguém mais próximo ficará ao seu lado até você ir embora, nosso povo não é tão sensível. Eu me perdi quando Khan morreu, porque foi brutalmente assassinado, por uma antiga ri
O estridente rugido do trovão ecoa fora da cabana. O choro do bebê me deixa alerta. Ela se assusta com a forte chuva que cai lá fora.Eu enrolo seu corpinho frágil entre os cobertores contra o meu, enquanto me sento na cama. Já se passaram 10 dias desde que Callie nasceu e eu nunca me senti tão vulnerável.As lágrimas reaparecem.Recentemente, perdi meu parceiro. O homem que cuidou de mim. Não há ninguém com quem conversar e estou sozinha na escuridão da cabana. minha filha se mexe no meu colo, querendo se alimentar. Estou sem roupa e em segundos, atendo ao seu pedido.Ela se acalma enquanto segura meu seio. Eu me enrolo no canto da cama. Raios iluminam a cabana. A solidão me atinge. Eu sinto o desespero de quando testemunhei a última respiração de Khan e me encolho ainda mais quando sinto falta do calor de seu corpo para proteger a mim e nossa filha. Era para ele estar aqui comigo.