— Você já está indo meu amor?
Ouço a voz de Katelyn atrás de mim quando saio de casa com uma mala na mão. Meu helicóptero com o piloto já esperando por mim. O sol já está alto no céu, embora ainda esteja frio, será uma longa viagem e provavelmente colocarei meus pés em terra ao anoitecer. Sairei de helicóptero para o aeroporto privado, a 30 quilômetros de minha casa onde moro à beira-mar.
— Sim. — Nos vemos em breve. — Digo sem emoção. Eu a beijo rapidamente e tento me afastar, mas Kate agarra meu braço com as duas mãos.
— Você não vai me dizer para onde você está indo? E se algo acontecer? Como vou saber onde está?
Libero o ar preso em meus pulmões em frustração. Não, eu não acho que sou bom para ter uma família. Ter uma mulher me manipulando com besteiras. Só dois meses morando juntos e já estou me irritando com essa mulher. Não estou e nunca estive apaixonado por Kate. Não acredito nessas coisas, não estou interessado em herdeiros ainda, mas vou precisar deles em breve. Até então, vou encontrar uma mulher que se encaixe.
Me aproximo dela lentamente. Longe o suficiente do helicóptero que começar a ser ligado.
— Escute loira, se você quiser continuar comigo terá que se acostumar que não preciso da sua preocupação, muito menos da sua permissão Para nada. — Se eu tiver que morrer, eu vou e acabou. Agora, se você não está satisfeita com o tipo de homem que eu sou, faça o que quiser da sua vida.
Kate me encara em estado de choque. Sua expressão de tristeza está longe de me comover. — Você está terminando comigo? — Ela grita com uma voz chorosa. Quanto Drama.
— Entenda como você quiser, princesa. — Digo virando as costas para ela. Pelo visto eu nasci apenas para foder mesmo. Não tenho paciência com relacionamentos.
Entro na cabine do helicóptero e me preparo para decolar. Não olho mais na direção de Kate para ver sua reação, estava com fome de um pouco de aventura e mulheres… Isso é o que eu teria de sobra quando voltasse para casa.
O helicóptero sobrevoa a costa, passando pela densa floresta abaixo. Sinto meu corpo começando a esquentar com a excitação e o clima começando a mudar. Só ouço o som das hélices quando peço permissão para pousar na pista do aeroporto. De longe vejo Richard que já está esperando na pista com o restante da equipe que contratei.
— Sr. Ivanok. — Sua equipe já está em espera conforme solicitado. — Richard diz enquanto eu saio da cabine do helicóptero. O sol está batendo em meu rosto e coloco meus óculos enquanto caminho para o outro avião. Comprado recentemente. Uma aeronave militar equipada com as mais recentes tecnologias. Capaz de transportar soldados e cargas pesadas. Além de transportar até três tanques de combustível. É enorme, mas necessário se eu quiser encontrar a tal ilha do Peter Pan.
— Estamos prontos Sr. Ivanok, os carros já estão armazenados e os 50 homens estão prontos, o senhor disse que escolheria um dos homens para liderar, quem será? — Eu olho para o homem magro de cabelos loiros e olhos verdes e volto a encarar os homens à nossa frente. Todos eles estão ganhando bem para participar dessa loucura. Não está tão quente, mas tiro o casaco mesmo assim. Como os demais, também visto um uniforme com o emblema da minha empresa.
— Quem vai cuidar da equipe será alguém que eu conheço. — Digo com calma. Posso até ouvir suspiros de alívio ao meu redor. Eu sei que sou um homem muito exigente. Infelizmente. Todo mundo tem defeitos e esse é o meu. Mas eles vão desejar que fosse eu quando conhecerem Frost.
— Já estava partindo sem mim, Drake? — Ouço uma voz profunda se aproximando. Eu me viro e vejo Frost vindo de um dos galpões. — Imagino que você esteja cumprindo sua promessa, odiaria perder a diversão. — Diz ele enquanto me encara de perto com um sorriso forçado no rosto. Eu dou um leve sorriso que desaparece em questão de segundos.
— Pare de colocar o rabo entre as pernas, Frost. — Eu mantenho minha palavra e posso garantir que você vai se divertir até demais. — Estes são os homens que você vai liderar. — Dou um leve aceno de cabeça e cruzo os braços aguardando sua reação. Ele não parece muito feliz, talvez porque eu o insultei. Que minha palavra seja a lei. O homem parece um cachorro assustado. Para alguém que se tornou um assassino, não parece grande coisa.
— Você sabe que gosto de fazer as coisas do meu jeito. — Diz ele com um olhar sério e sua voz se aprofunda. Posso não ser o soldado de guerra que viu de tudo, mas ainda sou capaz de deixá-lo sem sua mandíbula. Até eu voltar daquela viagem maldita, vou acabar mandando o maldito para o hospital.
— Eu não quero você matando ninguém por aqui, ou eu mesmo vou acabar com você. — Digo e volto minha atenção para Richard que espera ordens atrás de mim. O homem sabe levar o trabalho a sério para um jovem de 26 anos.
— Onde estão os cientistas que você me disse? — Pergunto impaciente e o vejo caminhando em direção a dois jovens.— Eles estão aqui Sr. — Me aproximo de dois jovens idênticos, um homem e uma mulher que possuem cabelos loiros esbranquiçados e olhos azuis.
— Sr. Ivanok, prazer em conhecê-lo, me chamo Liz Chabot. — Diz a mulher alguns centímetros maior que eu. — Este é meu irmão Pieter.
— Vocês são bem jovens para dois cientistas. — Digo um pouco inseguro, esta missão está destinada a terminar em desastre.
— Somos os melhores pesquisadores de arqueologia do mundo senhor, será um prazer acompanhá-lo nesta missão e mostrar do que somos capazes. — Diz o homem ao lado da irmã com uma voz afeminada. Mantenho minha expressão neutra.
— Espero um bom trabalho de vocês dois. — Digo em tom firme e volto para o avião. — Richard, vamos embora! — Chamo e vejo todos se moverem entrando na parte de trás do avião. Entro na cabine e vejo o enorme painel com vários controles. Só confio em mim para pilotar, graças ao treinamento que tive no exército quando era mais jovem. Entro na cabine com outro piloto e iniciamos o processo de decolagem. O avião é pesado e leva tempo para ganhar velocidade. Depois de alguns minutos, o avião está no ar sem complicações.
A jornada é tranquila. Vejo pelas pequenas janelas que o céu começa a ficar nublado. Já estou preparado para o que virá em algumas horas. O painel de controle detectou uma tempestade moderada a algumas horas de distância. Já sei quanto risco estou correndo, a questão é... É tarde demais para voltar atrás.Após 8 horas de voo, olho para o lado e vejo o piloto com os olhos fechados, a boca se movendo. Aparentemente ele está orando e o motivo já está claro. Nuvens negras se formam à nossa frente e é aí que entraremos de acordo com as coordenadas.
Prestes a entrar na tempestade sinto o avião começar a oscilar ligeiramente, viro-me para olhar para o lado e vejo o piloto tremer os braços incessantemente, quase sinto pena dele.
— Controle-se, não vamos morrer tão rápido, ainda temos muito que fazer, só não suje a porra do meu avião. — Digo em tom autoritário. Eu sei que estou sendo rude, mas não me importo. Desde quando me preocupo com alguém?
— Sim senhor. — O vejo tentando parar de tremer. Deveria ter chamado outra pessoa para pilotar. Aparentemente, a ganância falou mais alto do que o medo para ele também.
Relâmpagos e trovões ecoam lá fora e a turbulência aumenta.
Não é mais possível ver nada além da escuridão, apenas a luz dos raios próximos. Eu ligo o sensor para detectar qualquer vestígio de terra abaixo de 20.000 pés. Nada.
O medo tenta me dominar. Mas eu ignoro isso. A equipe que enviei, confirmou uma ilha neste local. Eu sei que é uma missão suicida.
— Chefe… É melhor voltarmos, está ficando muito forte e podemos cair. — Diz o piloto tentando esconder o tom de pânico em sua voz. Quem é mais louco aqui? Eu, de criar uma missão suicida ou o frango ao meu lado aceitando de boa vontade me seguir?
— Ainda não! — Rosno as palavras. Estou sendo um verme. Mas minha mente não me permite dormir sabendo que recuei quando estava tão perto.
Ventos fortes tentam jogar o avião de lado com tanta força que às vezes acho que vou quebrar a manche.— Vamos, baby, mostre o que há de especial em você para ter me custado tanto.
Sinto meu corpo estremecer de tensão. O esforço para manter o avião no curso. Quando vejo o sensor apitar localizando terreno. Há uma hora de distância. Começo a me preparar para desacelerar quando já estivermos perto. Após o alerta, a tempestade começa a ficar para trás e o céu fica estrelado à medida que me aproximo da ilha. É quase surreal. Mas preciso fazer outro grande esforço para encontrar um lugar seguro para pousar.
Com a velocidade reduzida, o avião toca o solo e rapidamente aplicamos os freios de pouso. Aterrissamos em um grande campo aberto. Os motores são desligados e eu me permito respirar. Espero que seja a ilha certa. O sensor não encontrou nenhum outro em um raio de 300 quilômetros.
— Parece que ainda não morremos. — Digo tentando controlar minha respiração, ainda olhando para o painel. O homem está mais sem fôlego do que eu.
— Sim. — Mas ainda tem a volta para casa. Ele ri nervoso. — Estamos fodidos.
— Absolutamente. — Aceno enquanto vou até a porta e abro para descer.
Minha curiosidade aumenta quando vejo o céu estrelado e sinto a brisa fresca da noite. Caminho pela grama baixa e olho para a vasta floresta ao meu redor, na escuridão eu não consigo ver como é e só posso esperar o amanhecer.
— Você realmente sabe pilotar, Ivanok. — Diz Frost. O tom de voz é puro sarcasmo. Não me importo. Não obriguei ninguém a me acompanhar, estão todos aqui pelo dinheiro e pelas riquezas que encontrarem, estou longe de ser otário. Eu os vejo descer do avião, alguns tensos, mas todos bem. Só espero encontrar algo realmente valioso aqui.
— Vamos acampar aqui esta noite, é mais seguro perto do avião. — Aviso Frost. Primeira noite em local desconhecido. Pelo menos eles estão todos armados e prontos para qualquer perigo.
O sol nasce no horizonte enquanto eu observo o oceano abaixo. O restante da equipe já se prepara para as buscas. Está quente aqui, apesar da brisa fresca que vem do oceano. Olho em volta e vejo o avião com os jipes prontos. A ilha é um lugar paradisíaco, picos rochosos desaparecem entre as nuvens, um oceano tão azul quanto o céu. Só preciso me lembrar que não estou de férias.Mesmo estando na ilha, temo que algo dê errado. Nas anotações de meu pai, ele disse que havia civilização. É bem possível, já que a ilha é enorme, só preciso ter um cuidado redobrado para não ganhar uma flecha na cabeça.— Qual é o plano para começarmos? — Pergunta Frost se aproximando enquanto observo um vulcão à distância. Parece longe o suficiente, felizmente eu tenho os jipes, ou levaria horas apenas caminhando.— Essa ilha possuí civilização, ou já possuiu, de qualquer maneira é bom que estejamos armados caso haja alguma surpresa. — Digo e vo
A mulher sabe que não há saída quando mostra aos meus homens suas presas, pura raiva em seus olhos. Eles mantêm suas armas apontadas para sua cabeça. Ela só não atacou ainda porque protege a criança que está entre suas pernas com um olhar assustado.— Merda. — Me deixo levar pela simpatia. Não sei por quê, mas não quero que eles as machuquem.— Abaixem suas armas! — Não atirem! — Recuem! — Minhas ordens são claras e quando eles finalmente recuam, baixando a guarda, a mulher se move em questão de segundos, quando algo pendurado em seu pescoço brilha e em segundos eu sinto uma onda invisível me lançar brutalmente contra uma árvore. Demoro um pouco para entender o que está acontecendo ao meu redor. Mas não vejo mais nenhum dos homens da minha equipe por perto. E
— Você não vai comer? — Eu levo meu olhar para a mulher que me observa com atenção, percebendo que mal toquei na comida que ela me ofereceu. A carne que ela oferece é assada por fora e crua por dentro. Ainda estou me perguntando por que ela me deu a liberdade de estar aqui, o que ela está aprontando?— Pode comer se quiser, está tudo limpo, você não vai morrer, não se preocupe, eu acho. — Ela sorri para mim.— Por que “Eu acho?”— Não sei se o seu estômago está forte, outras pessoas que passaram por aqui, passaram mal porque era diferente da dieta deles, eu acho, mas sobreviveram.— Obrigado, mas não estou com fome. — Digo e me preparo para sua reação ao recusar sua “hospitalidade.”Felizmente, eu não confio nela e não vou fazer nenhum tipo de amizade, pois ela provavelmente vai me odiar pela manhã.Geny vem até mim, pegando a tigela da minha mão e comendo ela mesma
A viagem é cansativa. Eu mantenho a mulher sedada como um bicho e isso me deixa doente a ponto de piorar minha dor de cabeça. Mas ela me daria um trabalho extra em não cooperar ou matar alguém na esperança de voltar para casa. Um lugar que ela não verá tão cedo se não me ajudar. Mais uma vantagem para eu conseguir o que quero, são 9 mil quilômetros de mar separando a minha casa da dela. Geny ficará louca quando acordar, mas estará em um lugar seguro, longe de pessoas que podem machucá-la e com sua filha ao seu lado.Finalmente chegamos e conseguimos pousar o avião sem grandes dificuldades. Minha vontade de chegar em casa e tomar banho é gritante. Mas primeiro... Saio da cabine do avião e vou para onde o restante da equipe está. A primeira coisa que procuro é Callie e a vejo dormindo no colo de Lyz, com as mãos livres, vou até o desgraçado que já parece saber o que vou fazer. Frost tenta ficar na frente de todos para ser o primeiro a descer do avião. Mas p
Genyminha cabeça dói muito. A náusea piora quando tento abrir meus olhos e focar minha visão em algo, mas está tudo embaçado, sinto meu corpo estremecer de medo por saber que estou vulnerável. Minha memória está em branco. Tudo que me lembro são os momentos com Khan, seu sorriso, e o nó na minha garganta cresce. Não gosto de ficar sem ele, me sinto vulnerável, tenho Khan na minha vida desde criança, não sei viver sem ele. Eu me viro na cama procurando o calor de seu corpo. Ele sempre me conforta pela manhã. Eu imagino que ele foi buscar nossa comida ou outra coisa.Mas o cheiro desconhecido me deixa inquieto. Não é minha casa, não sinto o cheiro da vegetação ao redor. Minha visão vai melhorando aos poucos e analiso tudo. É um lugar claro e sem graça. há paredes estranhas e fico mais confusa. —Onde estou? — Sinto meu corpo congelar quando ouço uma voz profunda e grossa atrás de mim e isso parece me trazer de volta à
FrostSe passaram horas desde que levei um soco no queixo de um daqueles selvagens em miniatura. Os dois arranhões no lado direito do meu olho estão desaparecendo lentamente. Mas a humilhação permanecerá por muito tempo. nunca imaginei que quando fosse dar uma olhada na mulher inconsciente no carro, seria atacado por uma criança. Eles são como animais. Para piorar as coisas, o filho da puta do Ivanok me atacou à toa. Isso não vai ficar assim.Levei um tempo para descobrir o que Drake Ivanok queria com aquela nativa. Talvez faça dela um animal de estimação ou algum tipo de objeto para exibir. Mal sabe aquele playboy que muita gente já está procurando o tesouro que ele possuí.Continuo sentado com os braços cruzados sobre o peito enquanto observo os dois cientistas sentados à minha frente em suas poltronas. A garota alta de pele leitosa e cabelos loiros claros, quase brancos, faz anotações em um pe
DrakeCaminho em direção à porta do quarto de Geny. Sua filha, ao meu lado segue em silêncio, sua pequena mão segurando a minha. Ela foi paciente o tempo todo, depois que eu disse a ela que sua mãe estava bem e que ela iria vê-la em breve. Callie não fez mais perguntas, o que mais me chamou a atenção é que Callie sempre guarda tudo para si, não mostra raiva, tristeza, alegria, ela tem um dom natural para se esconder, ou deve ter aprendido com a mãe desde o começo, Geny parece ser rígida as vezes. Também quero entender a cultura e os ensinamentos de Geny com sua filha.Quando eu abro a porta. Vejo que Geny ainda está usando a toalha de banho que dei a ela e está parada olhando pela janela do quarto. Eu me sinto indiferente quando ela se vira para nós. Callie solta minha mão e corre para sua mãe, que sorri esperando por um abraço. Sinto meu coração acelerar quando a vejo sorrir para sua filha e sua toalha quase cai de
Três semanas se passaram neste lugar estranho. Tive que me acostumar com tantas coisas, como reaprender a tomar banho, comer, dormir, tudo, qualquer atividade nesse lugar tem um certo conforto. Você não sofre, você não se cansa, não como é na ilha, porque sempre vejo Nana, a mulher mais velha que cuida desse lugar, reclamando de dor, não procuro prestar muita atenção, no meu mundo, ela definitivamente ficaria doente, em meu clã, se alguém se torna inválido e deixa de fazer sua parte no clã, eles não param suas vidas por uma pessoa, a menos que você não consiga sair da cama. Não somos acostumados com idosos doentes, eles nunca adoecem, estão sempre em movimento, cuidando das coisas mais leves, os mais pesados são para os jovens, mas ninguém facilita a vida de ninguém. Se você está prestes a morrer, alguém mais próximo ficará ao seu lado até você ir embora, nosso povo não é tão sensível. Eu me perdi quando Khan morreu, porque foi brutalmente assassinado, por uma antiga ri