Seis horas da manhã, e David já havia arrumado sua mochila preta colocando apenas uma peça de roupa, assim ordenado pela Preceptora. Ele desceu as escadas e ficou na sala sentado no estofado, o primeiro até agora. Mais tarde Michelly e Abelle desceram.
— Só porque você é o Líder não quer dizer que tem que ser o primeiro em tudo. — Brincou Abelle. David estava sério, pensativo. Mas Abelle sempre sabe como o alegrar. Ele não se imagina viver sem sua amiga por perto.
— Hey! Eu sou seu Líder, me obedeça e pare de falar.
— Tudo bem, quer que eu me jogue do muro também?
— Se você levar a Michelly consigo, eu quero sim.
Eles riram.
A manhã e a tarde se passaram bem rápido, sem brigas, mas com divisão. Realmente, o grupo é mais unido quando a Álice não estar. O carro chegou na Praça do Obelisco que fica situado no centro da Sociedade. Pelas janelas os jovens puderam ver a extensão da praça e a quantidade absurda de pessoas aglomeradas. O carro estava estacionando em um local reservado e chamou muita atenção, tanto pelo seu tamanho quanto pela sua beleza. Vários carros normais e monorraundes estavam estacionados. Mais um carro daquela magnitude merecia notoriedade. Ainda era seis e meia da noite, o evento iniciaria as sete horas. Derik entrou no quarto para se arrumar e encontrou Jake e William retirando suas vestes íntimas, ficando completamente nús. Derik se virou. — Pelo amor de Deus. Vocês não
O autobús chegou ao seu destino final. A Preceptora e seus jovens chegaram ao Palácio Branco. Como já é noite, todos estavam com sono. Cada um foi para seu quarto dormir. Sete horas da manhã, todos os jovens estavam na sala de treinos. O fisioterapeuta os instruía. Eles já têm preparamento físico por conta das aulas de Lutas que eles receberam na Sociedade, nada do que foram treinados eles não sabiam. Só treinavam para não perderem a prática. Mas no dia seguinte, ele aprenderam tiro ao alvo, com armas e munições de verdade. Isso era uma coisa nova. Estavam exaustos, ficaram debaixo do sol por oito horas aprendendo a atirar, todos se sairam bem, mas se fossem seres humanos comuns, não aguentariam. Poderiam adquirir uma série de problemas. Essa vantagem fez com que o Palácio Branco explorasse esses jov
Chegaram ao Palácio cheios de sacolas de polipropileno de cor metálica com o símbolo do Grande Closet. Entraram conversando sobre como foi legal ter ido pegar roupas num lugar mais sofisticado que os locais de costume de fornecimento de vestes. Muitas coisas que tem na Sociedade Centro-Oeste não tem nas outras Sociedades. A Preceptora chamou a atenção deles. — Como vocês estão cientes, hoje haverá um jantar com o Principal, então sugiro que durmam para que a noite fiquem bem dispostos, como não comeram de manhã, tem quinhentos gramas de alimento para vocês, não vou levá-los para um jantar de barriga cheia. Quero que aproveitem o momento e tentem agradar ao nosso querido Principal. Três e meia da tarde quero todos prontos, quem não estiver até lá, vai de qualquer jeito. Com licença e
Em um dos turbomóveis o subgrupo de William conversavam por duas horas, exceto a Álice que olhava pela janela o ambiente iluminado a noite. — Álice, você está muito distraída. — Disse William. — O que houve? — Nada. — Claro que tem alguma coisa. Se foi por causa do que eu falei lá na Base Central, me desculpe. William não é igual ao David, até num pedido de desculpa, o David é melhor. Ela não podia mais desperdiçar seu tempo com quem não gostava. O amor da sua vida a espera. — William, — disse ela com muito suspense, — eu te perdôo. — Hein?
Álice está sentada de frente para o pai, e o William ao lado dele. A expressão dela é de desprezo. — Minha filha, — Disse o pai, — que tipo de lavagem cerebral aquele crioulo desprezível fez com você? — Ele não é desprezível. — Respondeu a filha. — E também não precisa fazer lavagem cerebral para que as pessoas gostem dele, ao contrário de você. — Álice, não fale assim comigo. — Então, por favor, pai, me deixe viver a vida que eu escolher para mim. — Minha filha, eu só quero o seu bem. Você não terá futuro com aquele crioulo nojento. Eu até entendo por que você
Cada jovem está usando sua roupa justa para operação em campo. Estão um de ombro para o outro, numa perfeita fila, com as mãos para trás. Michelly está ao lado de David, batendo o pé direito freneticamente no chão. Estão na mesma área de ontem. — Está nervosa? — Sussurrou David. — Não! — Disse Michelly, aquietando-se. — Para falar a verdade, estou um pouco. — Não se preocupe, fique perto de mim que eu te protejo. — Se você me proteger de mais, vai acabar me protegendo da sua namorada. Eles riram baixinho. A Preceptora surgiu, sempre com sua prancheta eletrônica na mão. — Sigam-me. Eles entraram numa sala onde somente ela tinha acesso para entrar. Sempre tiveram curiosi
Uma voz desesperada chamava por David. Ele tentava abrir seus olhos mas conseguiu com relutância. David viu os demais se levantando do chão, que a propósito era num local desconhecido, e Michelly bem à sua frente. Com um susto, ele se pôs de pé, ao seu redor haviam vários corpos mortos. — O que houve aqui? Os outros jovens murmuraram o mesmo. Todos estavam desnorteados, exceto a Michelly. — Gente, se acalmem, fiquem perto de mim que eu vou explicar tudo. Eles formaram um círculo. — Não me diga que foi a gente que fez esse massacre. — Disse William. — Foi, através de uma cabine de controle na Sociedade eles podem nos controlar
Opala guiava os jovens floresta adentro. Eles sempre paravam em algum lugar para admirar uma planta, um invertebrado ou pequenos vertebrados que encontravam pelo caminho. — Falta muito para chegarmos à sua tribo. — Reclamou Derik. — Confesso que estou gostando muito deste passeio, mas agora, eu só quero tomar um bom banho e me deitar um pouco. — Ele bateu num besouro que planava em sua frente. — Me desculpe gracinha, mas acho que a regalia que você tinha na Sociedade não vai encontrar nas tribos. Ainda falta muito chão para pisarmos. — Você me chamou de quê. Enquanto Derik discutia com Opala sobre como deve ou não deve se referir a ele, — e a garota sempre com ar de graça —, Álice, agarrada ao braço direito de David questionava sobre seu pai, sobre como ele se revelou ser um homem terrível e doente.