Parte 110...CamilaMe virei para o médico, buscando algum apoio, mas ele apenas me olhava com paciência profissional. — O tratamento é essencial, Camila. Você quer ou não quer melhorar?— Eu… - engoli em seco. Odiava como todos pareciam saber o que era melhor para mim. Odiava como Alejandro assumia o controle de tudo. Mas odiava ainda mais a voz dentro da minha cabeça que dizia que ele estava certo.— Eu vou pensar.— Você vai fazer! - Alejandro disse com um tom que não permitia discussão.Bufei e desviei o olhar, cerrando os punhos no colo. — E também acho que seria bom que minha esposa fizesse terapia.— Eu já fiz isso também, Alejandro - me senti indignada por ele decidir por mim.— Não importa, agora é outra situação, outro tempo. O que acha, doutor? Minha esposa tem uma fixação por ser uma aleijada - ele me olhou apertando os lábios.— Penso que seria uma excelente ideia, senhor Calderón. A terapia vai contribuir muito para que esse pensamento de derrota seja afastado.— Jesu
Parte 111...SantiagoCinco dias depois...Eu não queria ter que levar Sofia até esse jantar, ela ainda não está cem por cento, mas Alejandro exigiu, então aqui estou eu.Eu a observava do outro lado do carro, os dedos dela brincando nervosamente com a barra do vestido leve que escolhi para a ocasião. Sofia ainda estava machucada, as costelas fraturadas limitando seus movimentos, mas o olhar dela era firme quando se virou para mim.— Ainda acho que não estou pronta para conhecer sua família - ela disse, mordendo o lábio inferior.— Não é uma escolha, Sofia. - entrei na avenida principal — Alejandro quer vê-la. Ele quer garantir que você está bem... E que eu estou fazendo minha parte como ele mandou - respondi, segurando seu queixo entre os dedos para que me olhasse nos olhos. — Além disso, você precisa se acostumar. Agora faz parte desse mundo. Aceitou se casar comigo, não foi?Seus olhos se arregalaram um pouco, e eu soube que as palavras a atingiram em cheio. Sofia ainda não entendi
Parte 112...AlejandroUm silêncio carregado se instalou entre nós. Santiago sabia que eu tinha razão. Ele só precisava aceitar isso.Então, antes que ele pudesse responder, a porta do escritório se abriu, e Gabriel entrou sem cerimônia.— Só para constar, não vou desistir de Malena. - ele ergueu as mãos antes que eu pudesse dizer qualquer coisa. — E antes que pense em proibir, lembre-se de que eu sempre faço o que quero. Não estou brincando com ela, eu realmente me interessei por ela, de verdade.Suspirei, soltando a fumaça devagar.— Dois problemas para resolver em uma noite - murmurei, encarando Santiago. — Espero que você tome sua decisão rápido. Porque o tempo de Sofia se acostumar com essa vida está acabando. - olhei para meu irmão — E você, Gabriel, se já está decidido, depois não reclame, caso algo aconteça. — E o que pode acontecer? - ele fez uma cara de preocupado — Está por acaso me rogando uma praga?— Não seu tonto, é que Malena ainda está muito fragilizada pelo que o pa
Parte 113...Alejandro Horas depois – Zona Norte da CidadeEstávamos em três carros. Gabriel dirigia o primeiro, eu no segundo e Ricardo no último, fechando a retaguarda. As ruas ali eram estreitas, perigosas. Cheiro de sangue e podridão impregnava o ar. Nosso informante nos esperava atrás de um ferro-velho.— Alejandro, você não vai gostar do que vai ouvir - disse o homem, tremendo.— Apenas fala logo - minha paciência já estava no fim.— Ela foi levada para o armazém nove, na zona industrial. Mas... Tem gente lá. Muitos. E não são amadores. Eles estão esperando por vocês. - ele nos olhou com medo. — Tem coisa grande por trás disso.— Eu espero que estejam esperando mesmo - murmurei. — Porque vou passar por cima de cada um deles.— Ainda assim, tenha cuidado.*** *** ***Armazém nove, alguns minutos depois..Chegamos com os faróis apagados. Circundamos a área. Homens armados por todos os lados. Pelo menos quinze, talvez vinte. Eu olhei para os meus irmãos.— Vamos dividir. Ricardo,
Parte 114...CamilaA cama estava morna e gostosa. Depois de esperar cheia de ansiedade até que Alejandro voltasse, eu não esperava que ele voltasse trazendo Celeste e menos ainda que ela me pedisse perdão por ter feito o que fez comigo.Foi bem estranho, mas eu aceitei o seu pedido de perdão. Não foi tanto por ela, mas por mim mesma. Depois de tantos anos com meus problemas e ainda tendo fugido de Alejandro, acho que a entendo um pouco.Não que eu ache que seja algo pequeno ou normal o que ela fez, mas se Alejandro está se provando um homem diferente do que pensei e que ele está de verdade se importando comigo mais do que com o esperado para esse casamento, acho que posso dar a Celeste o benefício da dúvida. Mas vou ficar de olhos abertos para ela.Meus músculos ainda estavam levemente doloridos. O fisioterapeuta tinha me massacrado nessa semana, puxado até o último fio de resistência do meu quadril remendado. A dor já não era absurda, mas era constante, cansativa — e no fim das cont
Parte 115...Sofia— Você ainda está preocupado com o que aconteceu com a sua tia?Santiago fechou a porta atrás de nós quando entramos na casa. Ramiro estava na cozinha, pegando um chá para mim, que ele insistiu que eu tomasse tão logo abriu a porta.Disse que estava ansioso para que nós voltássemos para contar a ele como foi a noite na casa de Alejandro e quando ouviu o que Santiago contou sobre Celeste, ele se preocupou comigo. Acho que estou um pouco abatida por tudo. O começo da noite foi tenso pra mim, porque estava ansiosa por conhecer as pessoas e depois me senti bem recebida por Camila e a amiga dela.Mas não tivemos muito tempo de conversa, porque tiveram que sair rápido para resolver o problema. Isso me deixou um pouco nervosa. Não estou acostumada com essas viradas rápidas de situação. É como se eu estivesse em uma montanha - russa de emoções desde que saí do convento e vim para cá.— Preocupado, não mais - ele colocou a mão em minhas costas para me ajudar a caminhar — Só
Parte 116...SofiaNão é o comportamento adequado para alguém que saiu de um convento, mas acho que serve bem para uma pessoa que foi pedida em casamento. E se eu tenho que começar a viver do jeito que as pessoas vivem aqui fora, então creio que estou fazendo o certo.Além, é claro, de matar minha curiosidade desde que ele foi me buscar no convento. Essa boca dele sempre foi um convite para mim, mas eu jamais iria ter essa atitude se as coisas estivessem correndo como o esperado. Ele poderia até me guiar nessa nova vida, mas eu teria que me manter por conta própria depois. Poderíamos manter o contato, mas eu não iria pensar em agarrar Santiago como faço agora.Eu queria muito testar isso, mas me sinto um pouco nervosa. Lambi seus lábios de forma suave, esperando que ele abrisse a boca para mim, para receber meu beijo e retribuir. Na teoria eu sei como é a mecânica de um beijo. Mas acho que me enganei sobre ele.Santiago segurou minhas mãos e as retirou de seu pescoço, parando minha t
Parte 117...SantiagoMeu coração está batendo tão rápido agora que eu até consigo ouvir meu pulso em meus ouvidos. A noite está cheia de agito, mas nada se compara ao que eu sinto agora.Preciso de uns segundos para me recompor. E depois vou ter que dar o braço a torce e falar com Ramiro. Ele estava certo o tempo todo.— Eu não sou muito paciente... Não sempre... - me inclinei sobre ela — E no momento, devido a todo o agito de hoje, eu me sinto ansioso para reivindicar você realmente. Acho que não tem mais anda que impeça isso.— Então me reivindique - ela sorriu tímida.Rocei meus lábios sobre os dela.— Quero que me diga quando não se sente bem com qualquer coisa que eu faça, está bem? - ela fez que sim — Vamos precisar nos comunicar bem ou não vou conseguir me abrir para você.— Eu entendo...Apesar de tentar ir com calma, não resisti e colei minha boca à dela, continuando o beijo que ela iniciou antes. E meu corpo inteiro se acendeu com sua entrega.— Não existe um certo ou errad